"Falemos de cultura…sim, cultura! Cultura de futebol…conhecimento do jogo, da sua história!
Associemos tal realidade com a do nosso país.
Um rectângulo abençoado, apaixonado pelo desporto-rei, ainda que a sofrer pelo facto de ter uma mentalidade tripartida e baseada no forte apoio aos três clubes mais titulados do país.
Tal é o grande filão que é explorado por quem tem a possibilidade de divulgar a sua opinião.
Analisemos, agora, o panorama que relaciona o desporto com a cultura.
O nosso país tem três jornais desportivos.
Estas três publicações para apresentarem números interessantes, têm de realizar 99% das capas a falar dos três clubes com mais títulos e em 40 páginas, 30 falam do triopólio.
Acresce, ainda, que o nosso país possui pouquíssimas (para não dizer nenhumas!) revistas a falar de futebol, sendo que os projectos que se afastem de uma mentalidade que discuta a “pertinência deste ou daquele lance”, ou o “incensar deste ou daquele craque dos clubes com mais apoio” são votados ao insucesso.
Bastará, pois, relembrar projectos como a Mundial (há cerca de 20 anos), mas também a Quatro-Quatro-Dois que, passados alguns meses de surgirem, viram-se na contingência de fecharem portas por… falta de vendas!
Mas, cotejemos com o que se passa fora do nosso país!
Em Espanha projectos como a “Panenka”, a “ Libero”, em Itália o Guerin Sportivo (um projecto editorial com mais de cem anos), a Undici, ou em Inglaterra a Four-Four- Two, ou em França a France Football são exemplos de longevidade e de como conseguiram implantar-se no mundo editorial dos respectivos países.
Então, Portugal será diverso dos outros países?
A resposta será dolorosa, a nosso ver, para quem gosto do jogo, acima dos seus clubes.
Dolorosa…mas crua!
Os adeptos de futebol do nosso país, infelizmente, preferem olhar para o jogo, através do êxito dos seus clubes, das suas vitórias, reproduzir as palavras (sábias ou não) dos seus opinion-makers, deleitar-se, de modo necrófago, com as opiniões difundidas em programas de painel!
A história do jogo, apenas, interessa para apresentar argumentos aos adeptos rivais, acerca de quem foi mais beneficiado pelos juízes.
Os momentos protagonizados pelos ídolos de outros tempos, simplesmente, servem para cultivar momentos de grandeza em relação aos demais!
Tal, leva ao profundo desconhecimento do jogo!
A acrescer a isso, a inexistência da capacidade do nosso país apresentar um panorama literário futebolístico.
Voltemos a comparar com o que passa nos demais países. Bastará percorrer o Amazon, caso não tenhamos a possibilidade de entrar numa livraria de outro nação.
A oferta de (boas!) histórias futebolísticas prendem a atenção dos aficionados. A existência de autores especializados em escrever sobre o futebol tornam o tema algo de diverso do que sucede em Portugal, em que pouquíssimas obras conseguem ter êxito.
Assim, para quem ama ler o desporto rei, a solução será perscrutar mercados internacionais… aprofundar os conhecimentos linguísticos e deleitar-se com pérolas literárias, em que se entrecorta a boa escrita com o futebol!
Ao invés, Portugal continua-se a apostar no clubismo e na promoção dos mesmos de sempre.
É mesmo uma questão de cultura…futebolística!"
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