segunda-feira, 8 de julho de 2019

Sporting é de todos e não é de ninguém

"Na ascensão e queda de Bruno de Carvalho há matéria imperdível para doutoramentos em ciências sociais e políticas

No dia 17 de Fevereiro de 2018, no pavilhão João Rocha, Bruno de Carvalho obteve uma vitória esmagadora na AG que lhe alargou poderes e na qual exortou sócios e adeptos a apenas verem a Sporting TV e a lerem o jornal do Sporting. Depois dessa reunião magna, disse o então presidente da mesa da AG, Marta Soares: «O Sporting ganhou a consolidação de uma liderança, que hoje ficou demonstrado ser inquestionável. Poderá não se gostar do estilo, mas o que conta é a dedicação que Bruno de Carvalho devota ao Sporting, com inteligência, competência e vontade de levar o Sporting àqueles momentos altos que desejamos».
Quatro meses e uma semana depois, a 23 de Junho, os sócios do Sporting, em AG destituiva, decidiram, por 71 por cento contra 29, afastar Bruno de Carvalho da presidência do clube. Nesse curto espaço de tempo, houve o jogo no Wanda Metropolitano e, a seguir, o post suicidário de BdC, a rábula do Paços de Ferreira, o adeus à Champions e o ataque a Alcochete. Centro e vinte dias alucinantes bastaram para que o líder supremo passasse a persona non grata.
Entre a AG destituiva do Pavilhão Atlântico e as eleições mais participadas de sempre no Sporting distaram apenas dois meses e meio. Frederico Varandas, eleito com 42,3 por cento dos votos, iniciou um novo ciclo e BdC deu sempre a ideia de que não estava a perceber o que tinha acontecido, habitando numa realidade alternativa. Veio a seguir e decisão do Conselho Fiscal e Disciplinar de expulsá-lo, por actos que foram contra os estatutos do clube, e BdC continuou a falar de injustiça, depois de tudo o que tinha feito pelo Sporting. De AG, em AG, até à reunião magna do último sábado, o ex-presidente foi sucessivamente derrotado, até dizer realmente o que lhe ia na alma: «Sinto vergonha da massa associativa». Entre a AG norte-coreana de Fevereiro de 2018 e esta declaração passou menos de ano e meio. Em síntese, honra ao Sporting que, dentro da mais estrita legalidade, resolveu de forma superior um problema que colocou em causa a natureza do clube. Só uma entidade com uma matriz tão vincada seria capaz de acordar do pesadelo e retornar ao espírito de 1906.
E daqui para a frente? O brunismo, sabedor da volatilidade das maiores nos clubes, continuará o seu caminho, procurando alimentar-se dos insucessos desportivos do Sporting. Esta é a nova circunstância, nascida da queda de BdC.

A profecia que se realizou um ano depois
«Hoje, deixei de ser, para sempre, sócio e adepto deste clube»
Bruno de Carvalho, no Facebook, a 24 de Junho de 2018
cerca de um ano, após a AG que o destituiu da presidência do Sporting, Bruno de Carvalho fez uma declaração, por escrito, em que dava conta de que deixava de ser sócio e adepto do clube de Alvalade. Parecia que estava a adivinhar o que lhe havia de acontecer. Aliás, confesso que nem sabia que era possível deixar de ser adepto de um clube, como quem desliga o interruptor e apaga a luz...

Ás
André Gomes
Depois do Everton ter pago 25 milhões ao Barcelona pelo seu passe, foi-lhe perguntado porque não vingou em Camp Nou. O campeão europeu por Portugal, pura e simplesmente, explicou tudo com o facto de não ter aguentado a pressão e agradeceu aos blaugrana pela oportunidade de jogar com alguns dos melhores. Um senhor!

Ás
Megan Rapinoe
Prevaleceu a lei dos mais forte e os Estados Unidos venceram, pela quarta vez, o Mundial de futebol feminino, que teve na capitã norte-americana, Megan Rapinoe, a principal figura mediática. Os próximos anos vão aprofundar a popularidade do futebol jogado por elas, que está a crescer de forma exponencial...

Rei
José Mourinho
O Special One tem estatuto e condição financeira que lhe permitem dizer não, até a uma oferta de cem milhões de euros para treinar na China. Para Mourinho, o mais importante é encontrar um projecto na Europa que lhe agrade, e é essa parte que, com as equipas de topo a entrar na pré-época, se mostra mais difícil de concretizar.

Que pena não termos outro Agostinho
Está na estrada a 106.ª edição do 'Tour de France', um dos eventos desportivos mais importantes, à escala mundial. É deveras notável a vitalidade que a 'Grand Boucle' demonstra, depois de todas as tormentas relacionadas com o 'doping' que teve de ultrapassar. É a força de uma marca e a força de uma modalidade.

Vitória histórica
São os grandes palcos que moldam a história dos desportivos de elite. A João Sousa, melhor tenista português de sempre, faltava o que lhe está a acontecer em Wimbledon, ou seja, mostrar-se à altura ao mais alto nível, na catedral do ténis. Vi o jogo do vimaranense com o inglês Daniel Evans num restaurante das Avenidas Novas, que está muito longe de ser uma clientela de 'sports café'. E a verdade é que, quando Sousa consumou a vitória, um aplauso espontâneo percorreu as mesas, entre um misto de orgulho nacional e admiração pela forma como o tenista português se entregou à maratona de cinco sets de intensidade elevadíssima. Quando João Sousa entrar no 'court' principal de Wimbledon para defrontar Nadal, sabe que, aconteça o que acontecer, já ganhou..."

José Manuel Delgado, in A Bola

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