sábado, 6 de julho de 2019

Fartotes

"Neste primeiros dias da pré-época - fase que também pode ser definida pela efeminada designação de 'janela de mercado' - tenho-me fartado de rir... E, desta vez, mais frequentemente que das anteriores: até parece que os mais inesperados personagens fazem questão de pedir meças aos mais suspeitosos e boçais 'artistas de variedades' que circulam na melosa órbita gravitacional do futebol português, para literalmente dispararem em rotunda frenética, com os mais inqualificáveis disparates que alguma vez seria possível imaginar ler escarrapachados em letra de forma, na imprensa, ou nauseamente ouvirmos assinalar nas pobrezinhas rádios que nos dão a ouvir e, pior do que tudo, os vemos discutidos nos entediantes fóruns das televisões cá do burgo, para fatalmente acabarem como prato forte das avacalhantes manjedouras das redes sociais.
Mas não há pachorra para tanto dislate, tanta mentira e tanta insinuação. Só bolas para o pinhal. E cada vez pior! Jogadores a 'sair' do Benfica eram mais que muitos... Jogadores a entrar, ainda mais do que as mães deles... Custos e valores de uns e de outros, um fartar vilanagem... Percentagens para estes e aqueles agentes, intermediários e empresários, um fartote... Pagamentos e terceiros e a quartos, por conta de segundos e primeiros, uma mala cheia deles... Desconfianças, incredulidades, desesperos... Nem os 'dados' e as 'certezas absolutas', até sobre treinadores e directores-gerais, escapavam aos pseudoespecialistas, nessa roda livre da asneira em que, à falta de assuntos plausíveis e de factos conformados e fundamentados, o chamado 'jornalismo desportivo' que desprevenidamente somos obrigados a consumir num simples zapping nos quer submergir.
Portanto, está visto que, durante estes períodos, só nos resta rir das especulações. E, no caso, rir da desgraça alheia - o que, convenhamos, não constituindo propriamente um procedimento recomendável, segundo os cânones da caridade cristã, acaba por ser o que de melhor tiramos para o nosso equilíbrio espiritual, dos deploráveis espectáculos mediáticos dos 'mercados abertos', dos 'mercados de transferências' e quejandos subprodutos da comunicação electrónica. Por isso, ainda bem que, sensatamente, os benfiquistas sabem resistir a esse voyeurismo.
É nestas alturas que melhor podemos reconhecer, no nosso jornal, na BTV e na poderosa frente multimédia do Benfica, que a seriedade informativa que aqui prevalece como critério essencial é um bem próprio e cada vez mais exclusivo de quem escolheu a autêntica e genuína Verdade Desportiva como irrevogável modelo de competitividade e de superação dos seus (cada vez mais desgraçados e pobres) adversários."

José Nuno Martins, in O Benfica

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