"O mundo é redondo e parece simétrico no Google Earth, mas como bem sabemos se clicarmos muito e levarmos o zoom ao máximo a homogeneidade planetária desvanece-se, revelando friamente os contrastes e mostrando um mundo bem áspero em África quando o vemos a partir da beleza do Estádio da Luz e da abundância europeia que, felizmente, caracteriza o nosso país. Só que, o Benfica não se centra em si, mesmo e, como gigante planetário que é, olha para o mundo com a responsabilidade de quem quer fazer alguma coisa para o melhorar. E para isso fez a Fundação e incumbiu-se de não esquecer o lado B do mundo, sobretudo quando passa pelas maiores provocações como foi o caso do povo irmão de Moçambique. Por isso fizemos a campanha 'Alimentos por Moçambique' e fomos à Beira, de armas e bagagens, levar 138 toneladas de alimentos à zona mais afectada, o vale do imenso rio Búzi, onde a água subiu aos telhados e matou como quis...
Não é relato dessa missão que constam estas linhas, mas de uma reflexão que não pode deixar de ser feita em nome das assimetrias do mundo, mesmo para povos que falam a mesma língua e partilham História: Em Portugal a Fundação desenvolve projectos de combate ao absentismo escolar, para tornar atractiva a escola e a educação. Em Moçambique, a escola é ainda um sonho para muitas crianças e jovens nesta zona mais remota onde é difícil prosseguir estudos além da 4.ª, por isso, é na escola que se central as atenções da nossa acção e na insuficiência de recursos pedagógicos e de subsistência, apesar da obra notável das missões e da ONG católica Esmabama, nossas parceiras. Se em Portugal o envelhecimento é o grande desafio devido ao aumento, abençoado, da esperança média de vida, em Moçambique a população jovem passa de 50% mas a vida humana raramente alcança os 50 anos e isto nas zonas urbanas e mais privilegiadas. Em Búzi, está bom de ver, não é assim. A pobreza e as condições de saúde são dois factores primordiais, com um desemprego gigantesco e endémico e indicadores assustadores, por exemplo da prevalência de HIV entre os 30 e os 55 anos que atinge 23%, quase uma em cada 4 pessoas. Aqui, pelo meio destes dois mundos, está a Fundação a trabalhar em simultâneo, porque o Benfica sabe ser!"
Jorge Miranda, in O Benfica
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