"Vitória em Braga não foi uma pedra no caminho do título, foi uma pedreira na construção do 37
No passado domingo fiz a auto-estrada para Braga (A3) à frente do autocarro do Benfica e assisti a uma das mais impressionantes manifestações de apoio dos últimos anos. Os viadutos carregados de adeptos mostravam lençóis com «37», «Reconquista», «Sempre juntos» e muitas outras mensagens entre dezenas de bandeiras.
Num jogo em que só cederam 1500 bilhetes ao Benfica, éramos uma clara maioria no municipal de Braga. Pode o benfiquista (do norte) não ter 60 euros para dar pelo exorbitante bilhete, mas nunca falta a alma e o amor para apoiar a equipa nem que seja empoleirado no viaduto de auto-estrada mais perto de sua casa. Aquela viagem Porto - Braga foi arrepiante na paixão de adeptos que dão tudo o que podem, para lá do que é imaginável, na busca do sonho colectivo.
Naquela primeira parte de Braga, onde houve pouco Benfica em campo, nunca faltou benfiquismo a clamar por outra alma nas bancadas. Esse Benfica, com essa alma, chegou em grande esplendor nos segundos 45 minutos. Foram quatro e podiam ter sido oito não fosse a exibição excelente dum Tiago Sá que parecia defender o impossível.
Que grande segunda parte fez o Benfica no passado domingo.
Não foi uma pedra no caminho do título, foi uma pedreira na construção do 37. Queremos convocar esse Benfica dos segundos 45 minutos, para não nos abandonar nos 270 que ainda faltam. Apenas centrados em nós e naquilo que falta fazer, com um ilimitado apoio nas bancadas e sem adeptos a sair antes do apito final.
Falta tudo, faltam 270 minutos e não podemos falhar um minuto no apoio como adeptos. Esse é o tributo material e moral que devemos àqueles que sem 60 euros para dar um bilhete assistiram agarrados aos filhos nos viadutos da auto-estrada por um instante de passagem do vermelhão para aquele enésimo de apoio que pode fazer a diferença.
Bruno Lage sabe, como eu, que neste momento ainda falta tudo. Aquela diferença tão pequena que separa o tudo do nada é neste momento uma tarefa colectiva, para a qual ninguém pode faltar e por isso há milhões de tarefas distribuídas.
Todos os benfiquistas têm que cumprir a sua parte. Porque o amor daquele pai sem dinheiro para os bilhetes, agarrado aos filhos no viaduto da A3, jamais me sairá da memória. Todo o apoio amanhã na Luz!"
Sílvio Cervan, in A Bola
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