terça-feira, 7 de maio de 2019

Falando de coisas quase mitológicas

"96 golos no campeonato?! 19 golos no campeonato?! 91 golos nos campeonatos?

É quase recorde: 96 golos do Benfica na Liga. A última vez em que os portugueses puderam assistir a tal vendaval ofensivo fora em 1973/74, quando o Sporting treinado por Mário Lino e com jogadores como Yazalde, Damas, Fraguito e Dinis, entre outros, chegaram igualmente aos 96 golos. Mas em apenas 30 jornadas. A diferença, porém, é mínima: 3,20 golos por jogo dos leões, 3,00 para as águias. Claro que Bruno Lage está a marimbar-se em chegar aos 100 golos. Ele quer é ser campeão nacional. Até pode bastar marcar apenas mais um golo para Lage ser campeão: 1-0 ao Rio Ave e 0-0 ao Santa Clara. Ou o inverso. Mas chegar à centena de golos seria quase mitológico 10-0 ao Nacional. Só quatro equipas portuguesas chegaram aos 100 golos na Liga. O Sporting de 1946/47 (123) e de 1948/49 (100) e o Benfica de 1963/64 (103) e de 1972/73 (101). Os encarnados cavalgam numa avalancha de golos na Liga: 4-1 ao Feirense, 4-2 ao V. Setúbal, 6-0 ao Marítimo, 4-1 ao SC Braga e 5-1 ao Portimonense. Nada menos de 23 em meros cinco jogos. Impossível aproximar-se dos 123 golos dos cinco violinos, difícil atingir os 103 do Benfica dos anos 60, mas perfeitamente acessível chegar aos três dígitos. Quem tem Seferovic (21 golos na liga), Rafa (15), João Félix(13), Pizzi(12) e Jonas(11) pode sonhar com algo quase mitológico.
(...)
Não menos quase mitológica é a tarefade Fernando Santos na Liga das Nações. O povo pede um quarteto de luxo na frente: o melhor português de sempre (Cristiano Ronaldo), o segundo português da actualidade (Bernardo Silva), o melhor jogador da Liga portuguesa (Bruno Fernandes), a maior esperança portuguesa dos últimos anos (João Félix). Porém, entre aquilo que o povo pode e as ideias do seleccionador nacional poderá haver grande diferença. Este quarteto de luxo marcou nada menos de 91 golos está época pelos respectivos clubes: Bruno Fernandes (31), Ronaldo (29), João Félix (18) e Bernardo Silva (13). Mas quem defenderá se este quarteto jogar junto de início? O melhor mesmo é pensarmos que este quarteto se transformará num trio."

Rogério Azevedo, in A Bola

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