"Por serem ambos ateus e agnósticos desportivos, os meus pais nunca entenderam bem o fanatismo Benfiquista que viam nascer e recrudescer em mim. Geralmente tentava acalmá-los dizendo que isto passava com os anos, que era coisa de jovem, mas vendo agora tudo em retrospectiva, sinto que apenas lhes apresentava uma enorme mentira, um logro no qual, em minha defesa, também eu fui apanhado.
Sinto que estou cada vez pior do Benfiquismo, que por paradoxal que pareça, significa estar melhor do Benfiquismo. Os segundo, minutos, horas e dias que mediaram o 3-0 contra o Marítimo e um telefonema recebido em roaming anunciando a boa nova dos 4-1 "mas espera, espera que ainda vamos ao quinto... só para veres como isto está, o Sálvio na pequena área chutou contra o Seferovic", foram altamente reveladores para alguém que um dia pensou que quando estivesse à beira dos 40, via os resultados no Telejornal e seguia feliz pela vida fora.
É difícil descrever a ansiedade continua que vivi naquela semana. Tão difícil que chega a ver embaraçoso. Vendo em resumo o que foi o jogo de domingo, após 7 dias alimentado a unhas, duvido que a minha saúde cardiovascular tivesse resistido aos primeiros 45 minutos da peleja, até porque aos 38 anos sinto-me com força para viver até aos 120, excepto durante os jogos do Glorioso, onde me chicoteio mentalmente por não ter feito um testamento antes do apito inicial.
Este campeonato tem que acabar com urgência, para que eu não acabe nas urgências. A 3 jornadas do final da temporada, vejo-me obrigado a rogar ao Futebol Clube do Porto "por favor, percam com o Desp. Aves" e evitem uma tragédia. Eu preciso de ser campeão rapidamente. Não posso esperar mais um trio de semanas. A minha saúde física e familiar estão de rastos. Estou nervoso e impossível de aturar. Se pouco falta para que me torne num sem abrigo com bypass coronário, ao menos que seja com uma medalha de Campeão Nacional ao peito."
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