"O mundo é quase uma esfera, visto do espaço, aparenta simetria perfeita e gira a uma só velocidade. Mas não é essa a realidade que nele se vive. Pelo contrário, é socialmente feito de enormes assimetrias e desenvolve-se a distintas velocidades, tirando energia de uns lados, que definham, para acelerar nos outros. Por isso, inspira harmonia e perfeição à pequena parte da humidade que vive nos países desenvolvidos. Precisamente aqueles que mais energia consomem que produzem mais impactos socioambientais à escala global. Nos países em vias de desenvolvimento, a vida é mais difícil, e as assimetrias estão à vista de todos, tornando insustentáveis os seus modelos de desenvolvimento e irrompendo em movimentos de contestação de dimensão crescente. Nos países subdesenvolvidos, que ocupam regiões e subcontinentes inteiros, cada dia é uma luta pela sobrevivência, da água ao abrigo e segurança, e a esperança de vida mede-se por escassas dezenas de anos, fazendo este indicador de saúde pública recuar a tempos medievais e mais atrás do mundo desenvolvido. A globalização faz avançar as economias desenvolvidas ao mesmo tempo que cava mais fundo o fosso entre ricos e pobres, hoje abissal à escala planetária, perpetuando a injustiça social. A mudança climática agudiza a crueza dos elementos naturais e precipita sofrimento sobre toda a humidade, mais sofrido, sempre, do lado dos mais fracos.
Neste cenário preocupante, acorda crescentemente a consciência humana e cada vez mais se juntam vozes e mãos para mudar o futuro. Os jovens, as elites informadas, as redes sociais, os movimentos cidadãos e solidários criam uma onda que precisa de ganhar dimensão e massificar-se. Neste quadro de mudança positiva e urgente, o papel que o futebol e o desporto desempenham é gigantesco. Na verdade, enquanto denominador comum das paixões humanas e construtor de pontes de diálogo, mas sobretudo pelos seus valores, o desporto assume uma importância crescente na sustentabilidade global. E clubes como o Benfica, os grandes clubes do coração de milhões, estão na linha da frente."
Jorge Miranda, in O Benfica
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