"Haverá talvez, a tentação de dizer, por há muito as atenções estarem centradas em Benfica e FC Porto, que esta jornada, por muitos vista como decisiva, deixou tudo na mesma. Não é, percebe-se, nem assim. Porque embora o nome do futuro campeão não tenha ficado mais definido, este sábado gordo de emoções deixou a luta pelo título em definitivo reduzida a dois. Águias e dragões - que tiveram de suar muito para vencer, o que, sendo expectável na deslocação do FC Porto à Pedreira, foi bem mais inesperado na recepção do Benfica ao Tondela, podendo isso, ou não, ser um sinal para o que aí vem... - lutarão corpo a corpo até ao final, restando a SC Braga e Sporting competirem pelo terceiro lugar. Há muito que se anunciava, mas não era, até ontem, assim tão certo. Isso, pelo menos, ficou resolvido.
O VAR continua a ser olhado com desconfiança. Nada de anormal, se a tendência revelasse que esse sentimento ia diminuindo à medida que o sistema se consolidava. O problema é que está a acontecer o contrário. Não por culpa da tecnologia, entenda-se, mas por responsabilidade de quem há tanto a reclamava e está, agora, a destruí-la. O que aconteceu ontem é sintomático: em Braga Jorge Sousa acertou quase sempre, mas na única vez em que dela precisou (penálti de Corona sobre Wilson aos 88') não teve do VAR a colaboração que merecia; em Chaves, um videoárbitro tão atento à entrada de Ristovski não deu depois qualquer sinal em penálti de Acuña; e por fim, na Luz, o VAR que tão bem esteve a anular golo a Jonas não vira, antes, falta clara para penálti sobre Samaris, deixando Carlos Xistra (que não tem, de facto, sorte com os VAR que lhe tocam...) desamparado. Pior do que uma questão de falta de competência, que já é grave, começa a parecer caso de falta de coragem. O que é bem mais preocupante."
Ricardo Quaresma, in A Bola
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