"O Futebol Português é um verdadeiro 'case-study' no panorama internacional. Para o bem e para o mal. Campeão das trapalhadas e dos escândalos fora do campo, onde a maioria dos dirigentes cospem no próprio negócio ao invés de o promover, ao mesmo tempo que personagens sinistras como César Boaventura ou Vítor Catão conseguem adquirir visibilidade no meio de um lamaçal de fruta, toupeiras, emails e padres, o país futebolístico também merece ser olhado pelo lado positivo. Que país da nossa dimensão conseguiu granjear tanto sucesso quanto Portugal ao longo da sua História?
Ao nível da Selecção Nacional, somos os campeões europeus em título e só não somos bicampeões porque em 2004, no nosso Euro, aconteceu aquela tragédia grega na Luz. Já ganhámos dois Mundiais de sub-20 e mais uns quantos títulos internacionais em diversas categorias de base. Além disso, não falhamos uma grande competição (Mundial ou Europeu) desde o ano 2000.
No que às competições de clubes diz respeito, já conquistámos 10 títulos internacionais, fora as várias finais perdidas, umas ingloriamente, outras nem tanto! O FC Porto conquistou uma Taça dos Campeões, uma Liga dos Campeões, uma Taça UEFA, uma Liga Europa, uma Supertaça Europeia e duas Taças Intercontinentais, o Benfica levantou duas Taças dos Campeões e o Sporting uma Taça das Taças.
Somos, a par da Alemanha [Beckenbauer (2), Rummenigge (2), Müller (1), Matthäus (1) e Sammer (1)] e da Holanda [Cruyff (3), Van Basten (3) e Gullit (1)] , o país que mais (7) Bolas de Ouro conquistou: Eusébio (1), Figo (1) e Cristiano Ronaldo (5). E só não estamos sozinhos na liderança porque em certos anos aconteceram coisas estranhas, nomeadamente em 1966 com Eusébio a perder para Bobby Charlton, em 1987 com Futre a receber menos pontos que Gullit, ou em 2004 quando Shevchenko foi mais votado que Deco.
Temos José Mourinho que, pese embora ter entrado numa espiral negativa nos últimos anos, é um dos treinadores mais reconhecidos de sempre e que, há quase 20 anos, entrou como um furacão no futebol de alto nível. Ganhou imensos títulos em quase todos os clubes por onde passou, com destaque para duas Champions League. Temos outros treinadores de qualidade insuspeita como Jorge Jesus, Leonardo Jardim, Paulo Fonseca, Marco Silva, Bruno Lage, Sérgio Conceição, Vítor Pereira, Paulo Sousa, Luís Castro, Miguel Cardoso, Silas... Até temos Jorge Mendes, o maior empresário à escala planetária, vejam lá!
Dispomos sobretudo de um talento natural para o jogo. A capacidade de um país tão pequeno gerar tantos jogadores de grande nível é simplesmente admirável. Houve Peyroteo. Hernâni. E logo Eusébio. Simões. Oliveira. Gomes. Damas. Jordão. Bento. Apareceu o génio de Chalana. E logo Futre. Rui Barros. Vítor Paneira. E a geração de ouro emancipou-se. Figo, Rui Costa, Vítor Baía, Fernando Couto, Paulo Sousa, João Vieira Pinto, todos de uma vez. Pedro Barbosa. Nuno Gomes. Sá Pinto. Capucho. Sérgio Conceição. Simão. E apareceu a geração de 2004, com Miguel, Ricardo Carvalho, Jorge Andrade, Costinha, Maniche, Deco e... Ronaldo! O tal das cinco Bolas que ainda se mantém no topo do futebol mundial, passados 15 anos! Pepe. Tiago. João Moutinho. Raúl Meireles. Quaresma. Nani... Uns ainda por aí andam, outros já abandonaram. Mas face à magnífica capacidade de regeneração e reinvenção do jogador português, surgiram entretanto novos intérpretes que garantem a continuação de um filme com argumento a condizer para os próximos 10 anos.
Não! Portugal não vai ficar órfão de Cristiano Ronaldo. Como nunca ficou órfão de ninguém, porque outros valores sempre se levantaram. É o ciclo natural da vida. Não podemos ter sempre 20 anos! E se atentarmos nas jovens certezas ou promessas que são o presente e o futuro do futebol português, julgo que há razões para estarmos optimistas quanto aos tempos que vêm por aí. Na baliza, Rui Patrício é presente e futuro próximo, com Diogo Costa como candidato a senhor que se segue. Na lateral direita, nunca houve tanta fartura e temos quatro elementos de nível internacional: Nélson Semedo, Cancelo, Ricardo Pereira e Diogo Dalot. Na esquerda, Raphael Guerreiro é o homem do lugar, havendo Mário Rui como alternativa muito credível. No centro da defesa, é chegada a hora de apostar na juventude: Rúben Dias, Ferro, Diogo Leite, Diogo Queirós. Para médio mais posicional, há os distintos William Carvalho e Danilo, mas vai chegar o momento de o soberbo Rúben Neves se assumir em definitivo como titular da nossa equipa. Bernardo Silva, genial e homem da confiança de Pep Guardiola é, hoje por hoje, o mais talentoso e criativo jogador português, e devia ter lugar cativo no corredor central. Bem coadjuvado, claro está, pelo exuberante Bruno Fernandes, existindo ainda boas alternativas como João Mário, Gedson ou André Gomes. Na frente, abram alas para o prodigioso João Félix, o elo mais forte do Benfica, seja em zonas de finalização, seja mais atrás na criação. Candidatos para o acompanhar nos anos vindouros não faltam: André Silva, Gonçalo Guedes, Gelson Martins, Rafael Leão, Gonçalo Paciência, Rafa, Diogo Jota...
Portugal já foi referenciado como o país dos 3 F's: Fátima, Fado e Futebol! De Fado percebo pouco, na questão de Fátima não tenho bem a certeza, mas no respeitante ao Futebol, estamos conversados! É cuidar! E um dia o Mundial vai chegar!"
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