terça-feira, 30 de abril de 2019

A desconfiança como boa conselheira

"Pegue-se no exemplo de Guardiola e perceba-se o que falhou no FC Porto. Nesta altura do campeonato não há jogos fáceis...

Os jogos da fase final dos campeonatos são sempre muito diferentes dos outros. Todas as partidas devem ser vistas com inúmeros cuidados e só os tolos é que podem pensar em facilidades quando se chega a esta altura das Ligas. Torne-se por exemplo aquilo que aconteceu ontem em Burnley, onde o Manchester City, que disputa, palmo a palmo, a Premier League com o Liverpool, venceu por 1-0 depois de muito sofrimento. Para se ter uma ideia da dificuldade destes derradeiros jogos da época, veja-se com atenção as opções de Guardiola, pai do tiki-taka e tio do jogo bonito, nos últimos quinze minutos em Burnley. Pep Guardiola não teve complexos em mostrar a sua faceta assumidamente pragmática e tirou do jogo Sterling e Aguero, dois avançados, que substituiu por dois defesas, Stones e Otamendi. O mais importante, naquele momento, para Guardiola, era preservar a magra vantagem que lhe assegurava três pontos que são sinónimo de liderança. Quem quer ser campeão tem de estar alerta e desconfiado, nunca fazendo como Mofina Mendes, sob pena de acabar a chorar sobre o leite derramado.
O que aconteceu ao FC Porto, em Vila do Conde foi um acidente de percurso, é certo, face ao que o jogo tinha mostrado, mas só foi possível pelo visível relaxamento da equipa da Sérgio Conceição, quando os jogadores pensaram que o duelo estava ganho.
Já o Benfica, em Braga, entrou desconfortável no jogo e nunca se entendeu com a pressão alta dos arsenalistas. Na primeira parte, a equipa de Bruno Lage mostrou-se inibida, retraída e a acusar demasiado a responsabilidade de não desperdiçar a ajuda dada dois dias antes pelos dragões.
No segundo tempo, o que mudou? O Benfica soltou-se e começou a ganhar ritmo e confiança. Porquê? Essencialmente porque o SC Braga gastou demasiados cartuchos, do ponto de vista físico, nos primeiros 45 minutos. Era virtualmente impossível que os minhotos aguentassem a metade complementar com a mesma disponibilidade e, quando, por falta de oxigénio, passaram a marcar apenas à zona, o Benfica teve finalmente hipótese de colocar no relvado o futebol versátil que tem sido a grande imagem de marcar de era Bruno Lage.
Com a vitória de ontem o Benfica já é campeão? Nem por sombras. Quem dormir na forma sujeita-se. Não é FC Porto?

Ás
Rafa
A adaptação do internacional português ao Benfica foi demorada mas acabou por dar certo. Ontem, em Braga, a segunda parte do velocíssimo jogador foi decisiva para o triunfo encarnado e o golo que marcou, após estonteante slalon, fica não só para o álbum de recordações de Rafa mas também da disputadíssima I Liga de 2018/2019.

Ás
Sérgio Vieira / Carlos Pinto
O Famalicão, propulsionado pelo combustível financeiro dos investidores israelitas que também são donos do Atl. Madrid, está de regresso à I Divisão, após longa ausência do convívio dos maiores. Sérgio Vieira e Carlos Pinto, os treinadores que lideram, à vez, esta gesta famalicence, merecem o nosso aplauso.
(...)

'El Loco' Bielsa deixa marca no país do 'fair play'
«Devolcemos o golo (ao Aston Villa). Os factos foram os que estiveram à vista. Mas isto não deve ser novidade, estamos em Inglaterra?
Marcelo Bielsa, treinador do Leeds
O Leeds, num jogo que não era a feijões, marcou um golo à revelia do fair play ao Aston Villa. Marcelo Bielsa, conhecido por el loco, não gostou de ver a sua equipa em vantagem daquela forma e mandou abrir a baliza, permitindo o empate dos Villains. Uma  decisão para a eternidade do futebol e um debate sem fim que se adivinha entre os puristas e os pragmáticos do planeta Bola.

CR600 de olhos postos na história
O golo de Cristiano Ronaldo, que salvou a Juve da derrota em Milão, foi o 60.º do craque madeirense em campeonatos nacionais. A estes devemos somar os 85 que facturou de quinas ao peito, o que nos dá um número que faz sonhar com o lugar mais alto do pódio dos marcadores universais quando decidir arrumar as chuteiras. Ás!
(...)"

José Manuel Delgado, in A Bola

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