domingo, 31 de março de 2019

Quando se fala em centralização, os mais abastados assobiam para o lado

"1 - Recentemente, a Federação Portuguesa de Futebol reuniu com a Liga e com os representantes de quase todas as SADs e clubes para apresentar um estudo que, analisando as várias vertentes relacionadas com a competitividade externa das equipas portuguesas, propõe dois cenários distintos: se houver remodelações e medidas importantes a curto e médio prazo (cenário que permitirá aumento da competitividade) ou se nada for feito. Todos concordaremos, por certo, que a competitividade das equipas portuguesas "lá fora" está muito dependente da própria competitividade das competições internas e esta é, como bem sabemos, muito baixa. O estudo propõe quatro medidas, que passam pela reorganização das competições (mais outra...), por forma a diminuir a carga de jogos, pela valorização dos jogadores formados localmente, pela diminuição da carga fiscal e pela implementação de um modelo financeiro mais solidário. Se relativamente às três primeiras medidas o acordo de todos parece existir, já quanto à última as coisas não parecem tão pacíficas. Isto porque quando se começou a falar na centralização da negociação dos direitos televisivos (a liga portuguesa é a única que não tem os direitos centralizados), os mais abastados começaram a assobiar para o ar. Como se, nesta matéria, a conversa não fosse nada com eles...
2 - É inglória a tarefa de escrever a presente crónica, pois será lida no dia seguinte ao de um importante jogo, um Braga-Porto. O caro leitor saberá já, quando ler esta crónica, o resultado deste importante jogo. Mas eu, enquanto redigo estas palavras, não o sei. Por razões profissionais, encontro-me na Holanda para o Festival Rewire e não pude ver o jogo de ontem. Aliás, escrevo esta crónica antes de embarcar no avião, na passada sexta-feira (a escrita permite estas automáticas viagens no tempo, saltar no tempo entre quem lê e quem escreve). Ora, na sexta-feira passada vivia-se ainda a ressaca dos jogos da selecção nacional e os jornais já antecipavam o jogo de ontem. Falarei da selecção: não partilho com a grande parte dos comentadores a visão negativa do que sucedeu. Ou melhor, sei que, em termos pontuais, os resultados foram maus. Mas continuo a pensar que temos a equipa mais forte e mais capaz de vencer este grupo, no qual, estou convicto, só a Sérvia nos pode atrapalhar. Tivemos sempre melhor jogo do que os nossos adversários nestes dois primeiros jogos e estou fortemente convencido que iremos recuperar os pontos perdidos nas suas casas (na Ucrânia e na Sérvia). Somos campeões europeus e, agora, jogar contra nós é mais motivador. E as vocações dos nossos adversários serão cada vez mais defensivas quando nos defrontarem (embora, nos seus estádios, não poderão sê-lo da mesma forma tão fechada como foram no Estádio da Luz) . Daí a importância de Dyego Sousa na selecção nacional, jogador muito físico, que nunca desiste da luta pela bola, jogador de área, bom de cabeça e que incomoda, e muito, os centrais. A aposta de Fernando Santos, de o colocar de início junto de Cristiano Ronaldo, não foi, é certo, bem-sucedida, pois este lesionou-se com meia hora de jogo e a estratégia desmoronou-se aí. Mas, apesar disso, mostrou que poderá, e muito, ser útil à equipa nacional."

1 comentário:

  1. Isso é um mito. Então o Benfica vai receber o mesmo que o Rio Ave, tendo 60% da população, ao passo que o Rio Ave nem 10 mil adeptos deve ter? As receitas têm que ver com popularidade, quem tem mais adeptos e audiências é que recebe mais. Isso é uma demagogia e falácia.
    Os clubes pequenos têm é de crescer e ganhar adeptos.
    Isto não é Inglaterra onde os clubes pequenos são 90% da população, em Portugal os grandes são 97% da população. Não faz sentido aplicar um modelo inglês a uma realidade distinta.
    Que veremos a seguir? o Benfica tem de partilhar as cotas de sócios com os pequenos, porque coitadinhos são mais pequenos?
    Se o Benfica tem 60% de adeptos, de arrasta audiências ao passo que outros não, tem de receber muito mais. Isso é roubar o Benfica. Então de que valerá ter mais adeptos, se isso não se traduz em mais receitas?
    De caminho vamos ter de dar metade do nosso plantel aos outros em nome da competitividade não?
    Os pequenos têm é de crescer, têm de ganhar adeptos, não exigir o que não é deles por direito. As receitas televisivas são como os salários, quem produz mais ganha mais. Acaso Messi não ganha mais que outros? Então se joga muito mais, ia ganhar o mesmo que um gajo do Getafe?

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