terça-feira, 5 de março de 2019

Lage e o futebol não é ciência oculta...

"Bruno Lage recorre à linguagem verdadeira do futebol, não usa e abusa das palavras como faz quem não sabe do que fala

frases feitas no futebol que por vezes são desvalorizadas, mas que acabam por encerrar uma sabedoria ancestral que o tempo não apaga. Há muitos anos partilhei balneário com um futebolista brasileiro, já veterano, que usava uma máxima que faz todo o sentido: «Quem pede, recebe, quem desloca tem preferência». Ou seja, se um companheiro pede a bola, deve recebê-la; se são dois a pedir, terá preferência quem estiver em movimento, para não ficar desposicionado e assim não desequilibrar a equipa. Outra máxima, que ouvi repetida à exaustão por mestres da sabedoria com quem tive a fortuna de poder aprender, de Medeiros e Juca e mais tarde com Hagan, Manuel de Oliveira, Artur Jorge, Eriksson, Mortimore e Toni, tinha a ver com o que era realmente importante preparar. Hoje vivemos tempos em que tudo corre depressa, até a velocidade a que amanuenses da teoria são graduados em mestres da teorização, falando de cátedra do que não conhecem, não sabem, não viveram, apenas ouviram dizer, fazendo uso de uma terminologia rebuscada, sem aderência à realidade, que seria motivo de chacota em qualquer balneário. Mas é o que é, nesta conjuntura em que as aparências iludem e a generalidade dos consumidores paga para ser iludido.
Voltando ao que importa preparar, a verdade é que nada é mais relevante do que o jogo que se segue. A frase, «vamos pensando jogo a jogo», ridicularizada por muitos especialistas de aviário, traduz com fidelidade o que é de boa prática fazer. «O jogo mais importante é sempre o próximo», repetia, amiúde, Sven-Goran Eriksson, «porque é o único que temos para jogar. Para quê estarmos focados no jogo de daqui a duas semanas se o que temos para ganhar é o de amanhã?» É este regresso ás origens, às noções básicas e aos princípios fundadores, que está sempre presente no discurso de Bruno Lage, simples mas profundo, que não desperdiça palavras nem brinca com elas, limitando-se a usar a linguagem do futebol.
O mais difícil é fazer fácil, e é nesse pressuposto (só ao alcance de muito poucos) que deve entender-se o sucesso do arranque de Bruno Lage como treinador principal do Benfica. Quanto aos outros, que para mascararem insuficiências próprias querem fazer do futebol uma ciência oculta, são, como dizia a canção de Hermes Aquini, «nuvem passageira, que com o tempo se vai...»

Ás
Bruno Lage
Ao contrário do que vinha a acontecer de há muitos anos a esta parte, o Benfica apresentou-se no Dragão com a ousadia dos que confiam no seu valor e sabem que fazer história não depende das omissões de terceiros mas sim dos actos próprios. Tanta personalidade em tanta juventude não é normal. É obra de autor.
(...)

Duque
Pepe
Dele diziam no universo culé, que o único defeito que tinha era não jogar no Barcelona. Pepe é um daqueles casos em que qualquer adepto do clube que representa o adora, enquanto que é odiado pelos adversários. No clássico, a forma como encarou João Félix, tentando condicioná-lo, deu razão a quem defende esta tese...

João Félix e Fernando Chalana
No dia 16 de Janeiro de 1977, o Benfica, que nessa época conquistou o tri, foi vencer o FC Porto ao estádio das Antas por 1-0, graças a um golo de Fernando Chalana, que estava a cerca de um mês de completar 18 anos. No último sábado, no Dragão, foi um menino de 19 anos, João Félix, a desequilibrar a balança para o lado encarnado, batendo Iker Casillas, que quando Félix nasceu já era titular do Real Madrid. Encontrar semelhanças entre Chalana e Félix, só no talento (mais génio em Fernando, horizonte mais vasto em João) e na forma desinibida de assumir os desafios. Mas fica o registo, mais de quatro décadas volvidas, de um outro 'menino-águia' que não teve medo de fazer a diferença na casa do dragão...

Os anos mais sujos da história do futebol
«Os jogadores do PSG foram desestabilizados com uso de uma droga psicotrópica, Haldol, que foi injectada nas garrafas de água»
Marc Fratani, colaborador de B. Tapie no Marselha
Um dos mais próximos colaboradores de Bernard Tapie, antigo presidente do Marselha, resolveu contar detalhadamente algumas das malfeitorias realizadas na viragem dos anos 80 para os anos 90.
Nada que já não fosse abundantemente comentado, mas que revela um modus operandi que não era exclusivo do Marselha de Tapie. Hoje, nada é perfeito, mas é mais limpo...

«Caro Roger, bem-vindo ao clube dos três dígitos»
Foi assim que Jimmy Connors, 109 vitórias ATP no palmarés, saudou Roger Federer pelo centésimo triunfo na carreira, que teve lugar no Dubai, no último fim de semana. O tenista suíço, de 37 anos, pode ainda pensar em ultrapassar Connors (109 vitórias), embora tenha já dito que não faz disso uma obsessão..."

José Manuel Delgado, in A Bola

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