"O Sporting é o clube de futebol mais parecido com um partido político.
Calma! Não acendam já a fogueira! Pousem lá os archotes.
A comparação tem que ver com as distintas facções, ânsias de protagonismo e alianças tácticas que o clube nos habituou nas últimas décadas.
A instabilidade é permanente, agravada pela falta de conquistas relevantes no futebol.
As tendências são múltiplas e raramente convergentes. Basta ver que nas últimas eleições para a presidência surgiram sete candidaturas válidas. Para além destas, mesmo a facção afecta à anterior direcção dividiu-se em duas.
Até quando o assunto é fazer coreografias e entoar cânticos, tudo se balcaniza. Só claques são quatro.
À fragmentação juntam-se figuras eminentes, alguns nomes distintos com consoantes dobradas no apelido, grupos de notáveis… Cada um dando uso ao seu púlpito. Em suma: enquanto FC Porto e Benfica se perfilam atrás dos seus presidentes e cerram fileiras, não falta dissensão ao Sporting.
No futebol, onde táctica é mais relevante que o tacticismo, o Sporting é sempre um foco de instabilidade à espera de emergir.
O presidente Frederico Varandas, eleito há menos de meio ano, não convence uma franja significativa dos adeptos; tal como acontece com o treinador que escolheu, há pouco mais de três meses. Marcel Keizer viveu um curtíssimo estado de graça até ver os lenços brancos e assobios que o seu antecessor, José Peseiro, também já havia visto esta temporada.
Exceptuando as antigas glórias, que ficam para a história, é transversal a falta de consenso em torno de algo no presente do clube. E é aqui que se ergue sobre todos os outros Bruno Fernandes, talvez a única honrosa exceção capaz de fazer sorrir qualquer sportinguista.
Há este Bruno para bem do Sporting. O que levanta a cabeça e faz jogar, o que passa com precisão e remata com igual acerto, o que vê mais longe e corre por todo o campo.
Há este Bruno que lidera em campo. Apesar do ar franzino, é esse rapaz da Maia quem carrega sobre os seus ombros uma equipa inteira e as esperanças de milhares de adeptos, com a naturalidade com que jogava no rinque perto de casa.
Houvesse um momento capaz de resumir o consenso que só o filigrânico futebol de Bruno Fernandes consegue gerar, seria o minuto 33 do Sporting-Sp. Braga da última jornada.
Ainda antes do intervalo, já Alvalade estava em convulsão. Uma das claques entoava «joguem à bola» na bancada, quando no relvado o camisola 8 leonino sofre uma falta, coloca a bola e se prepara para marcar o livre.
Remate… Golo! E todo o estádio a celebrar sem reservas o que haveria de tornar-se num triunfo claro sobre um candidato ao título.
Unir um clube dividido: esse é o superpoder de Bruno Fernandes, o único herói do Sporting actual."
um candidato ao título, o Braga? A sério? Ainda não se fartaram dessa?
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