sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

O lugar do outro

"Roubo de informação, com notícias falsas à mistura e devassa de privacidade: isto não só acontece, como parece não merecer grande censura por parte da população

Comecemos com uma afirmação que se situa no campo da banalidade: as coisas mudaram, e mudam rapidamente. A tal ponto que coisas há tempos impensáveis são hoje banais ou quase. Pensemos nas chamadas “fake news” (abrangendo todo o tipo de falsidades, montagens, deturpações). Ou no roubo de informação, com destaque para aquela que ocorre no mundo digital, e muitas vezes com a sua subsequente adulteração. Pensemos ainda na devassa da vida privada ou no esbatimento das fronteiras desta, chegando amiúde à intimidade. Ou nas violações – reiteradas e em “cascata”, isto é, com vários degraus de divulgação – de segredos, tão importantes quanto o segredo médico, o de justiça ou o da advocacia. E pensemos, para finalizar os exemplos, e para adensar o terror, na combinação possível de todas ou de várias destas coisas. Por exemplo, roubo de informação, com adulterações ou notícias falsas à mistura e devassa de privacidade e total desrespeito por este ou aquele tipo de segredo.
Ora, isto, não só acontece com frequência, como parece não merecer grande censura por parte da população, sendo certo que há mesmo consumo indiferente, ou até consumo com aplauso – seja em homenagem ao voyeurismo ou a sentimentos ainda menos nobres, seja em homenagem a uma enganosa e, sobretudo, perigosa ideia de transparência. E julgo que essa ausência de censura merece preocupação, pelo menos equivalente à preocupação que merece a proliferação dos fenómenos referidos. Equivalente ou mesmo superior, pois essa ausência de censura é campo aberto para que aqueles fenómenos proliferem e minem tudo quanto minam (e é muito).
E o que deve perguntar-se é quais são as razões dessa ausência de censura, ou mesmo do aplauso. São várias, e complexas, e não cabe tal análise numa mera crónica. Mas há uma causa – que é velha como o tempo, embora a “modernidade” (pelas suas características) lhe dê fertilidade – que me parece óbvia, e uma das mais importantes, sendo certo que, se ela não fosse uma característica tão humana, grande parte disto não acontecia ou, pelo menos, mereceria vivo repúdio por parte da generalidade das pessoas (o que tende a não acontecer). E é ela a incapacidade de cada um se colocar no lugar do outro, do outro vítima de notícias falsas, do outro a quem roubam e publicam informação, do outro que se vê devassado, do outro que é objeto de adulteração, construção ou manipulação, et cetera. Se não houver essa capacidade de colocação no lugar do outro, então isto, não só nunca parará, como crescerá, até sabemos lá onde. E essa colocação no lugar do outro é necessariamente de identificação a dois níveis: identificação com o sofrimento e a violação de que o outro é alvo, mas também uma bem mais elementar e egoísta consciência de que aquilo também poderá acontecer a quem em certo momento não censura, ou consome ou até mesmo aplaude. Aliás, só essa consciência já poderia ser um travão bem forte. É que estes infernos não acontecem só aos outros (sejam eles quem forem), ao contrário do que distraída ou superficialmente se possa pensar."

2 comentários:

  1. Este país está a ficar pior que a Sibéria com tantos gatunos ladrões e selvagens a serem protegidos pelo gelo dos euros estes dr trafulhas deveriam ter de pagar impostos por serem uns trafulhas e troca tintas das leis O que está a dar em Portugal é ser gatuno e selvagem pois a sempre um ilustre advogado de leis que ajudam Os pobres a ficarem ricos pode ser que se comessem a foder qq dia tempo

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  2. O MP é a polícia judiciária simplesmente tem de fã, er o seu trabalho e deixar que a justiça funcione caso contrário qq dia até o MP é a polícia judiciária vão ser presos porque os gatunos os Ladrões os piratas os selvagens depois de roubar e coagir as pessoas ficam com milhões nas suas contas p contratar bons advogados e ficam imunes e impunes as suas ladroagens e as leis do país do saque

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