"Com 7 anos andou de patins pela primeira vez e aos 17 anos já se sagrava campeão nacional
Ainda bastante pequeno, Fernando Cruzeiro abandonava, muitas vezes, as partidas de futebol a meio para assistir aos treinos de hóquei em patins. Inusitadamente, encantava-o um desporto que nunca havia praticado. Aproveitava para coleccionar algumas peças, 'roda velha ou esfera perdida que visse no chão, era certo e sabido que a guardava religiosamente, para coleccionar algumas peças, 'roda velha ou esfera perdida que visse no chão, era certo e sabido que a guardava religiosamente, para, mais tarde (pensava), poder construir uns patins'. O tio foi quem mais aguçou o gosto pela modalidade, levando-o, com 7 anos, a andar de patins pela primeira vez. 'Agarrado à vedação, cai, levanta-se acolá, não foi preciso muito para que aprendesse os «rudimentos da arte»... De tal forma que, ao fim da primeira sessão, já adquiria certa desenvoltura'. O encanto tomou proporções de paixão!
E tal como todas as paixões, anima quem a vive e quem a rodeia. Foi o caso do seu tio, que ficou tão entusiasmado que quis partilhar com o resto da família. Entre uma demonstração e outra, foram horas de patinagem que valeram a Cruzeiro enormes bolhas nos pés. O resultado foram 48 horas deitado, sem sequer poder andar. A paixão avassaladora tem destas coisas, traz prazer, mas por vezes também sofrimento. Contudo, o desfecho é sempre o mesmo: a persistência. Continuou a praticar e, aos 12 anos, aventurou-se num treino do Benfica. Agradou, mas era muito novo.
Teve de esperar até 1947, ano em que fez 17 anos, para requerer a licença de patinador. Todavia era necessária a autorização do seu pai para que o processo ficasse completo. Cruzeiro, com medo que o progenitor recusasse, achou por bem imitar-lhe a assinatura. 'No Benfica deram pela esperteza e disseram-lhe que assim não (...) que levasse o «papelinho» com a assinatura verdadeira'. Ainda que com algum receio, pediu ao pai, que acedeu de pronto.
Superada toda a burocracia, integrou o conjunto de juniores dos 'encarnados'. Na época de estreia, sagrou-se campeão regional e nacional. Na temporada seguinte, começou a alinhar pela equipa de honra. Foi o início de uma carreira brilhante. Ao longo de 10 anos ao serviço do Clube, conquistou 3 Campeonatos Nacionais, 4 Regionais e 5 Taças de Honra. Pela selecção nacional, foi um dos elementos que mais se destacou na conquista do título mundial de 1956. A imprensa teceu enormes elogios à sua prestação, 'um «príncipe» e jogar, com a sua técnica portentosa, inexcedível. Nas fintas, no domínio da patinagem e do «stick» em tudo o que define um grande jogador'.
Saiba mais sobre as conquistas deste fantástico hoquista na área 3 - Orgulho Ecléctico do Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
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