sábado, 27 de outubro de 2018

Vitória, no regresso à liderança, 'à condição'!!!

Benfica B 3 - 2 Sp Covilhã
Anjos, Benny, Florentino


O jogo não reflecte a superioridade do Benfica durante os 90 minutos! Chegámos ao 2-0, com alguma facilidade e alguma felicidade no 2.º golo... o golo do adversário foi contra a corrente do jogo. No início da 2.ª parte fazemos o 3-1... e a restante 2.ª parte foi um festival de desperdício... O 3-2 de penalty, já nos descontos, foi só para a estatística!

Vitória em Belém...

Belenenses 2 - 3 Benfica

Mais um jogo fora muito complicado, desta vez ficaram de fora o Fits e o Tolrá... Estivemos quase sempre em desvantagem, e só nos últimos minutos, quando apostámos no 5x4 demos a volta ao marcador com dois golos...
O Roncaglio foi expulso com um duplo Amarelo... tal como o ano passado no mesmo local!!!

Depois de Ponte de Sor e Viseu, nova vitória à justa, fora da Luz... Avisos não têm faltado!!!

PS: Curiosamente a nossa equipa feminina de Futsal, também jogou com o Belenenses em Belém... Acabou por vencer mais folgadamente, por 1-6...

Vitória em Guimarães...

Guimarães 71 - 74 Benfica
16-14, 23-20, 15-18, 17-22

Vitória muito difícil, num jogo onde estivemos quase sempre a correr atrás do prejuízo, mas um 4.º período de bom nível, deu para manter a invencibilidade... Ainda sem o Xavi... e hoje sem o José Silva!

Vitória em São Mamede de Infesta

AA São Mamede 1 - 3 Benfica
21-25, 29-27, 13-25, 17-25

O estranho aqui, foi mesmo o Set perdido...!!!

Amanhã, temos novo jogo em Famalicão...

PS: A nossa secção feminina de Voleibol, estreou-se hoje oficialmente, neste regresso à competição, com uma vitória clara...

Os GOA (as claques) e a violência desportiva

"O nosso legislador não teve qualquer prurido e agrediu a Lei Fundamental para salvar o que não carecia de ser salvo: a violência do Desporto geneticamente a cargo das claques, na óptica do legislador.

Instalou-se na cultura mediática a sub-divisão entre claques legais e claques ilegais.
A superficialidade dos analistas, mas acima de tudo, a impreparação técnica dos responsáveis, leva-nos, a todos, a perder de vista o que, verdadeiramente, está em causa.
Comecemos por onde se deve começar: pelo princípio.
E o princípio diz-nos que o legislador cometeu erros primários, quer quando insere a previsão normativa das claques (GOA) no diploma sobre violência no desporto, quer quando consagra a mais perversa responsabilidade objectiva dos Clubes e das S.A.D.’s face ao comportamento ilícito das claques (GOA).
Ora vejamos: o legislador entende que as claques são, geneticamente os agentes da violência, ou seja, empresta-lhes uma vocação estranha ao apoio ao seu emblema, antagónica da festa do desporto e, bem ao invés, consagra o regime legal das claques na “desordem” jurídica, na violência.
De facto, é o legislador que o diz: as claques criam-se para a prática da violência, não visam a festa do desporto.
Mas há mais danos, a cargo do legislador.
O IPDJ (agora a ACVD) têm o encargo de “registar” as claques e, bem assim, os seus membros.
Mas tal registo é estranho ao Clube e à S.A.D., ou seja, o defunto IPDJ sabe o que o Clube e a S.A.D. não sabem. Mas, apesar desse registo no IPDJ também ele não controla, porque não pode, a autenticidade e a actualidade entre os adeptos inscritos nas claques e a realidade, ou seja, aqueles que, de facto, nelas se inserem.
Como se verifica e conclui, nem o IPDJ (ACVD) sabe quem integra as claques e, muito menos, os Clubes e as S.A.D.’s sabem quem são os seus apoiantes integrados em claques.
Facilmente se conclui que o sistema legal em vigor tem a virtualidade de ser um vazio, que é accionado para punir quem se quer, quando se quer, em perfeito tiro ao alvo.
Mas não podemos ficar por aqui.
A Lei manda que os GOA (as claques) se constituam em associações (pessoas colectivas dotadas de personalidade jurídica) e os membros das claques, para o serem, terão de estar nelas inscritos.
O nosso legislador não tropeçou, mas devia, no Art.º 46.º da Constituição da República que diz, nada mais, nada menos que “Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação nem coagido por qualquer meio a permanecer nela”.
Ora se um cidadão quiser integrar um GOA e apara o conseguir terá de integrar uma associação que, por sua vez, teve obrigatoriamente de ser constituída.
O nosso legislador não teve qualquer prurido e agrediu a Lei Fundamental para salvar o que não carecia de ser salvo: a violência do Desporto geneticamente a cargo das claques, na óptica do legislador, como é evidente.
Mas, agora, surge um outro obstáculo: a Lei 103/2015 de 24 de Agosto proíbe o registo dos dados pessoais de cada Cidadão.
Isto significa que, para ser membro de uma GOA, terá de registar os seus dados pessoais, o que a Lei proíbe e a União Europeia impõe que cada Estado observe.
Perante este quadro normativo, anacrónico, ilegal, inconstitucional, o que fazer?
1.ª Hipótese: ilegalizar as claques (os GOA)?
2.ª Encontrar um quadro normativo bem diferente daquele que vigora e promover a adequação da realidade à disciplina desportiva, à adesão organizada, sem colidir com a auto-organização dos adeptos, com a sua auto-regulação, mesmo com a auto-disciplina.
Só então, mesmo só então, a hierarquia das responsabilidades será legitimada, começando pelos dirigentes, passando pelos Clubes e S.A.D.´s e, finalmente, pelo hetero-regulação da ACVD.
No entanto, para alcançar esses objectivos será necessário varrer o pó e a poeira que grassa nos decisores políticos e administrativos e, também, nos comentadores iluminados.
Desde logo e em primeiro lugar, é ostensivo que não é a admissível impôr a constituição de associações, seja por força da Constituição da República, seja por respeito pela protecção dos dados pessoais.
Parece, igualmente, apodíctico, que a previsão legal dos GOA (claques) não pode inserir-se no diploma sobre violência no desporto.
De facto, só mesmo um legislador vesgo é que cairá nessa solução absurda e anacrónica.
Os GOA destinam-se, prima facie, a exaltar o seu emblema, a dar brilho à festa do Desporto, e a colorir a competição (pois é de competição que estamos a tratar).
Isto significa que a previsão normativa que regula a constituição e actividade dos GOA terá de alcançar-se e formalizar-se em diploma legal autónomo, dirigido exclusivamente para tal objectivo e finalidade.
E, nesse diploma, deve consagrar-se a auto-regulação de cada GOA, a sua autodisciplina e a respectiva e consequente responsabilização.
Para se organizar não carecem de criar associações com personalidade jurídica (que, como se viu, seria inconstitucional) mas, tão só, agrupar-se em Comissões de Adeptos, cuja previsão legal se acha nos Art.ºs 199, 200, 201, e 201-A do Código Civil.
Essas Comissões de Adeptos reger-se-iam por estatutos e os actos ilícitos recairiam, em primeira linha, sobre os seus dirigentes e, naturalmente, sobre os autores materiais de actos contrários à ética desportiva e ao fair play.
È minha sensibilidade que deveria ser imposta a qualidade de sócio do Clube a todo o membro do GOA (da claque), como condição sine qua non para dele fazer parte.
E, finalmente, o registo do GOA recairia sobre o Clube ou sobre a S.A.D o que, sem mais indagações, justificaria a imposição legal da responsabilidade supletiva e objectiva emergente de condutas omissivas que lhe fossem assacáveis.
Naturalmente, a IPDJ (a ACVD) não perderiam a sua função reguladora, mas limitada à competência instrutória para municiar as instâncias com competências disciplinar, se a ela houvesse lugar.
Em suma:
1. Não misturemos legalmente claques com violência;
2. Respeitemos a Constituição da República e a Lei;
3. Responsabilizemos os membros das claques por actos ilícitos e que violem a ética desportiva e o fair play;
4. Consagremos os princípios da auto-regulação e da auto-organização;
5. Impunhamos a criação de Comissões de Adeptos de acordo com o Código Civil; 
6. Responsabilizemos, em cascata, os dirigentes dos GOA e, só depois, supletivamente, os Clubes e as S.A.D.’s;
7. Registemos os GOA nos Clubes e nas S.A.D.´s;
8. Obriguemos os membros das claques a serem sócios dos Clubes.
Por esta via, desaparece a ilegalidade e o tiro ao alvo que nos tem envergonhado, ou seja, urge impedir a violência no desporto e responsabilizar quem deve ser responsabilizado: os autores materiais dos actos violentos."

O ocaso de José?

"A última versão de José Mourinho é observada com uma atenção particular. Porque se trata de uma personagem muito diferente daquela a que nos habituámos nos últimos quinze anos. Durante este longo período, conhecemos o homem de Setúbal em versão “Special One”, o treinador que coloca o ego acima da equipa e o torna uma potente força de transformação. Nos últimos tempos, porém, vemos uma versão que oscila entre o irritado e o resignado. E, tanto num caso como no outro, não é o Mourinho que construiu uma imagem e uma marca capazes de o destacar tanto no plano global.
Os acontecimentos da semana passada deram indicações bastante claras de que este seja uma fase de passagem. E para melhor compreender se se trata de uma passagem definitiva ou se é apenas um facto transitório é bom examiná-los. A partir do mais recente: a recusa de muitos jogadores do Manchester United em participar num evento organizado por um patrocinador. A motivar esta clamorosa tomada de posição terá estado o descontentamento dos jogadores com algumas falhas organizativas do clube. Mas não é este o detalhe que mais interessa. Mais importante é o facto de, como rezam as crónicas, Moutinho ter ficado de parte em relação á decisão dos seus jogadores. Os quais teriam, de qualquer modo, sido livres de tomar a decisão, independentemente da posição e da opinião que o treinador tivesse expressado. Mas mantém-se o facto de um treinador, especialmente um com esta personalidade e esta liderança sobre um grupo de jogadores, não ter intervindo numa situação que arrisca tornar-se de difícil gestão nas relações entre o clube e os jogadores.
Esta inércia foi a mesma que Mourinho mostrou na terça~feira á noite, em Old Trafford, na partida perdida pelo Manchester United frente à Juventus. Durante quase todo o jogo, Mourinho esteve de pé, em frente ao banco, de mãos nos bolsos e expressão fixa. Não deixou transparecer uma emoção. Os repórteres presentes nas imediações dos bancos confirmavam a impressão que os tele-espectadores tinham de olhar para os ecrãs: a de um homem distante, quase ausente. Como se fosse um espectador neutro, a passar ali por acaso e que por isso não quisesse incomodar.
O que descrevi até aqui é um Mourinho inerte e quase fatalista. Mas existe também um outro: o Mourinho irritável e pronto para a polémica, semelhante àquele a que estamos habituados. É pena que as suas reacções não estejam à altura do seu passado. Durante a semana passada, o treinador do Manchester United mostrou por duas vezes, em dois contextos diferentes e com dignificados distintos, o sinal do “três” com os dedos. A primeira vez que o fez foi no sábado, no final do jogo em Stamford Bridge entre Chelsea e Manchester United, empatado pelos donos da casa num final de temperatura elevada e emotiva. Após o apito final, o público do Chelsea mostrou reprovação a Mourinho, recordando uma relação que teve momentos de glória mas depois acabou mal. E o treinador do Manchester United exibiu os três dedos para lembrar que com ele à frente da equipa, os Blues ganharam três campeonatos, pelo que os adeptos de Stamford Bridge deviam estar-lhe gratos. 
A cena repetiu-se três dias depois, na parte final do Manchester United-Juventus. Do sector ocupado por adeptos italianos partiram repetidamente cânticos ofensivos para José Mourinho, que a dada altura decidiu responder-lhes, voltando a mostrar três dedos. O significado era agora diferente: referia-se, nesta circunstância, ao triplete que ajudou a conquistar no banco do Inter, em 2009/10: campeonato, Taça de Itália e Liga dos Campeões. Um feito que se tornou mítico para os adeptos interistas e que a Juventus dos sete campeonatos ganhos de seguida nunca conseguiu igualar.
Tanto em Stamford Bridge como em Old Trafford, as mensagens foram claras. Mas resta o facto de ambas terem deixado um sinal pouco assegurador para Mourinho. O sinal de que para responder às polémicas começa a agarrar-se aos sucessos do passado. E isto não é bom. Porque quando nos agarramos às glórias passadas é porque o presente é pobre. E as perspectivas de futuro não são assim tão promissoras."

Apuramento possível mas menos provável

"Há algo no sentimento de Rui Vitória que gostava que fosse verdade: o sentimento de injustiça e que os jogadores vão mostrar revolta no Jamor

O Benfica mantém um apuramento possível na Liga dos Campeões, mas deixou de ter provável. Ganhar ao Ajax em casa, por mais de um golo, é a única matemática interessante nestas contas com difíceis algoritmos europeus. Há, no entanto, algo no sentimento de Rui Vitória que eu, mesmo desconfiado, gostava que fosse verdade, quando refere que o Benfica (os seus jogadores) ficaram com um sentimento de injustiça, e no próximo jogo (contra o Belenenses) vão mostrar essa revolta. De facto o jogo de amanhã no Jamor é o mais importantes desta semana. Uma vitória, uma boa exibição e três pontos cimentam o maior objectivo da época.
Custou mais o golo de Chaves aos 90+3, que o golo de Amesterdão aos 90+2 (embora ambos evitáveis), até porque na Holanda jogamos melhor. Mas não há vitórias morais, nem meias derrotas, perdemos o último jogo e queremos vencer o próximo.
Grande jogo de Conti em Amesterdão. Não pode um lance menos conseguido apagar um valor mais que seguro.
Em Amesterdão ficou mais claro algo que repito aos meus amigos com frequência: com Vlachodimos na baliza ano passado e este ano lutávamos pelo hexa. Assim vamos ter que segurar o Alemão/Grego mais seis anos para alcançar o mesmo objectivo.
Amanhã frente ao Belenenses jogamos o jogo que na última época começou a ditar a perda do campeonato.
Lembrar o resultado do Restelo da última época, pode evitar problemas no Jamor este ano, onde para o Benfica, ao contrário de outros, ninguém telefona a gritar penalty ao minuto 90+4. Ao contrário do que alguns títulos envenenados sugerem, amanhã não é para poupar, amanhã é para ganhar.
O estádio da Luz festeja 15 anos, e o Benfica pediu vários testemunhos aos jogadores que marcaram a história do estádio. Numa constelação de testemunhos estrelas, Pablo Aimar destaca com palavras mágicas. Disse: «O tempo parece parar quando os adeptos cantam o hino». O astro argentino é um de nós, sente como qualquer um de nós e vive como nós um clube que é também seu. Faz até sentido alguém imortal como Aimar sentir o tempo parado, pois só esses o podem sentir assim... Obrigado Aimar, por isso durante tantos anos cantamos «Pablito Aimar que a glória voltará, como Eusébio e Rui Costa outro 10 imortal». Isto não é só para quem quer, é para quem sente."

Sílvio Cervan, in A Bola

Dois pontos perdidos...

Benfica 3 - 3 Beleneneses


Primeira parte muito má, muito passivos... má atitude em vários jogadores!
Segunda parte totalmente diferente, ouviram das boas no balneário!!!
Tudo somado, o resultado acaba por ser penalizador: sofremos um golo praticamente no primeiro minuto; depois sofremos o 2.º golo num penalty inexistente (a bola ressalta na perna do Ramirez para o braço...); e depois, já a ganhar por 3-2, sofremos o 3.º num frango do Azevedo (quase igual ao golo do Man United na Luz o ano passado com o Svilar)... logo o Azevedo que vinha fazendo excelentes exibições!!!
Mesmo assim, até ao fim falhámos 4 ou 5 golos feitos...!!!

Grandíssimo golo do Tomás Domingos (ex-Belenenses)!!!

Arouca

Desta vez, o sorteio da Taça de Portugal, deu-nos um Arouca (na Luz)... agora na II Liga!!!
O Arouca tem feito uma má época, começou com o Miguel Leal a treinador, mas já mudou para o Quim Machado... Tem um plantel repleto de estrangeiros, especialmente brasileiros...

Como é óbvio temos tudo para passar esta eliminatória, apesar do calendário: o jogo será disputado a seguir a nova paragem para as Selecções (jogos decisivos da Liga das Nações); e antes da ida potencialmente decisiva a Munique (a uma Terça)!!!
Portanto, o jogo deverá ser disputado a uma Quinta, ou uma Sexta, provavelmente sem vários Internacionais (os sul-americanos não devem chegar a tempo, quase de certeza).
Como observámos com o Sertanense, estes 'cenários', com muita rotação no onze, dá quase sempre quebras de rendimento colectivo...

Passados quinze anos...

"Recordo-me de ter aderido imediata o entusiasticamente à proposta da construção de um novo Estádio da Luz, apesar de partilhar, então, os mesmos anseios da generalidade dos benfiquistas, como a eventual perda da identidade ou as dificuldades financeiras prementes após anos de má gestão (e danosa em parte deles) que, eventualmente, se agudizariam face ao elevado investimento necessário. Conhecia bem o estado de degradação do velhinho estádio, colocando de lado a mais simpática, hipótese de remodelação. A propalada partilha de um estádio com o Sporting, motivada por um economicismo, para mim, incompreensível, nunca foi solução, e sempre que a questão se colocou, bati-me ferozmente com quem defendia esse ponto de vista.
O que não vislumbrei na altura é que um estádio é mais que uma mera infra-estrutura (a edificação do Caixa Futebol Campus é também um belo exemplo). Luís Filipe Vieira e Mário Dias, os homens a quem, nessa fase de indefinição, se deve a ousadia da empreitada, bem clamavam por supostos benefícios que julguei não passarem de promessas vãs. Acreditava que evitar que o Sport Lisboa e Benfica se visse, um dia, a contas com intervenções forçadas e muito onerosas que não passariam de remendos era argumento suficiente.
Mas, passados quinze anos, torna-se evidente a diferença entre sonhadores e visionários. Sonhar é fácil. Ter a capacidade para sonhar, implementar o sonho e cumpri-lo é outra conversa. O novo Estádio da Luz foi, de facto, o catalisador prometido para o Benfica moderno, pujante associativa e desportivamente e viável económica e financeiramente preconizado. Sempre fomos o maior clube português, voltámos a ser o melhor."

João Tomaz, in O Benfica

Azia

"Diz-me o dicionário que se trata de uma sensação de ardor no estômago ou de um estado de grande irritação ou de mau humor. Azia, quatro letras apenas e um mal-estar tão grande, que se estende dos relvados aos pavilhões, das pistas às estradas, dos estúdios de televisões regionais às redacções onde o que mais interessa é marrar no vermelho. E já nem vos falo das salas sombrias onde anónimos - que agora são famosos e tremem por causa disso - cometem ilegalidades e teclam mentiras a troco de compensações monetárias que tanto podem passar por uma noite de copos em Budapeste ou por um serviço de quartos de café com leite num hotel manhoso.
A azia que hoje tantos sentem não é causada por comida picante ou avinagrada. É uma condição de saúde física e psicológica que deriva dos resultados das exibições e das convocatórias das selecções nacionais de futebol dos diversos escalões. É causada também pelas apostas e pelos resultados na formação e nas primeiras equipas de voleibol, basquetebol, hóquei em patins, andebol ou futsal - e em ambos os sexos.
Para piorar-lhes a condição, ainda têm de ver os resultados financeiros do marketing e merchadising a passar-lhes pelo inflamado esófago, caindo com estrondo naqueles estômagos vazios há tanto tempo sem petiscar alguma coisa que os satisfaça. E sabem o que é pior?
É que, apesar da existência de sais de frutos, a azia não lhes vai passar tão cedo.
Mastiguem bem e engulam com cuidado, porque a refeição ainda nem vai a meio."

Ricardo Santos, in O Benfica

Entre o céu e o inferno

"Gostaria de informar o leitor da dificuldade que é para mim escrever a crónica desta semana. Redigia-a na terça-feira, no entanto apenas hoje, sexta, é publicada. Ora, o que é que sucede? Neste espaço de tempo decorreu a visita do Benfica a Amesterdão e, uma vez que não nasci com os dotes do Professor Chibanga, no momento em que componho este artigo não faço a mínima ideia se Rui Vitória deve renovar contrato até 2050, blindado por uma cláusula de 200 milhões, ou se Rui Vitória deve ser despedido.
Não sei bem se Vlachodimos é um valor seguro para guardar as nossas redes, quem sabe acima do nível de Ederson, Oblak e Benji Price, ou se Vlachodimos é a versão greco-alemã de Carlos Bossio e deveria ter optado antes por uma carreira na área da construção civil.
Sei lá eu, a esta hora, se o Pizzi é um digno maestro capaz de liderar a orquestra rumo à vitória na Liga dos Campeões ou, então, se é um jogador banal que teria dificuldade em conquistar a titularidade no Arsenal de Crespos, que participa no campeonato do INATEL em Braga. São questões pertinentes, contudo teria de conhecer o desfecho do jogo na Holanda para lhes dar resposta - embora saiba que as mesmas dúvidas se irão colocar repetidamente na véspera de qualquer desafio. Na generalidade, o adepto benfiquista é mesmo assim: eufórico nas vitórias, desesperado nos fracassos.
Até é compreensível em certa medida: o Benfica tem a obrigação de ganhar sempre. Aos meus olhos, por exemplo, esta já é uma época perdida: não será possível amealhar a totalidade de pontos em disputa no campeonato. Mediante essa expectativa, já levo 24 anos de frustração. Enfim, é difícil ser adepto do maior clube dom mundo."

Pedro Soares, in O Benfica