sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Macacões

"No passado fim de semana, o mundo do futebol assistiu, quase sem acreditar, a um feito inédito. Pela primeira vez na sua história (recebeu o estatuto de membro da UEFA só em 2013, apesar de existir desde 1895), a selecção de Gibraltar ganhou um jogo oficial. Foi por um a zero, fora contra a Arménia. No final da partida, jogadores e equipa técnica caíram nos braços uns dos outros, havendo até lágrimas à mistura. Gibraltar é um território ultramarino britânico com pouco mais de 30 mil habitantes. Sendo um paraíso fiscal, é também um destino turístico procurado por quem viaja entre o sul de Espanha e o norte de Marrocos.
Como aqui há uns tempos vos contei, Gibraltar é também conhecido pelos macacos que habitam neste rochedo à beira do Mediterrâneo. Os macacos-ladrões, não sei se se lembram. Aqueles para quem leis não existem, aqueles que vivem impunes, saqueando os turistas mais distraídos, ficando-lhes com sandes, chocolates, sumos ou o que estiver mais à mão.
Curiosamente, no fim de semana da grande vitória dos heróis de Gibraltar, tivemos mais um belo exemplo do comportamento de pouca urbanidade por parte de um bando que anda igualmente impune há décadas em Portugal. Não sei se para comemorar o feito gibraltino, ou se apenas movidos pela curiosidade de ver como se trabalha no merchandising desportivo em Portugal, a loja oficial do SL Benfica num centro comercial de Matosinhos foi invadida por uma dúzia - ou coisa assim - de indivíduos que esbracejavam, entoavam insultos e tiravam fotografias junto aos produtos oficiais do Glorioso. Entre eles, a camisola do Seferovic. Mais uma macacada, portanto."

Ricardo Soares, in O Benfica

Passem a bola ao Alfa

"Pizzi e Salvio fizeram o gosto ao pé e desenharam a vitória do Benfica em Amesterdão por 0-2. Confesso que o Ajax até fez por merecer o golo de honra, mas encontrou sempre um elástico Vlachodimos entre os postes. Vibrei, celebrei e depois desliguei a PlayStation. Já cumpri a minha parte do FIFA 19, a partir daqui já não é comigo. O resto está nas mãos da equipa e, claro, dos sempre presentes benfiquistas que se irão fazer ouvir nas bancadas do Amsterdam Arena. Poderia odiar qualquer um desses adeptos que vão assistir ao vivo ao Ajax-Benfica, afinal foi um deles que ficou com o bilhete que deveria a esta hora estar na minha posse. No entanto, o sentimento de respeito por quem viaja para apoiar o Glorioso é bem maior do que a inveja, mesmo que esses patifes se tenham antecipado na corrida aos ingressos e me tenham obrigado a acompanhar o jogo sentado no sofá. No máximo, vá lá, que lhes dê uma dor de barriga daquelas muito levezinhas e passageiras só para eu me sentir vingado, mas que estejam a 100% mal avancem o torniquete do estádio.
Quanto ao desafio em si, antevejo um duelo exigente. Basta ver a espectacular exibição do Ajax em Munique, diante do Bayern, ou a facilidade com que despachou o AZ Alkmaar há 15 dias com um contundente 5-0. Os níveis de concentração terão de estar no máximo, especialmente nos momentos defensivos, e a criatividade terá de ser primorosa na hora de atacar. Caso o jogo não esteja a correr de feição, a estratégia é simples: passem a bola ao Alfa Semedo. Se a estatística não me falha, sempre que o Alfa dispara fora da área na Liga dos Campeões, o remate dá em golo. Bem mais eficaz que o Pogba e meia dúzia de milhões mais barato."

Pedro Soares, in O Benfica

O caminho

"Perdi o meu pai em Novembro de 2004. Foi ele que fez de mim o benfiquista que sou. Foi pela sua mão (a outra mão já segurava uma bandeira) que entrei pela primeira vez no Estádio da Luz, para, de olhos esbugalhados, ver um Benfica - Altay Izmir da Taça das Taças em 1980. Foi pela sua voz que ouvi contar, com um entusiasmo quase poético, as façanhas de Eusébio, José Augusto, Coluna e Simões. Foi pelo seu exemplo que aprendi a amar o clube e a respeitar os adversários.
Ouvi o discurso do nosso presidente na passada semana, e a emoção que ele não conseguiu disfarçar, ao lembrar o seu pai, foi provavelmente a mesma que senti, nesse mesmo momento, ao lembrar o meu.
Também ele teria gostado de vivenciar o impressionante salto organizativo, estrutural e desportivo que o Benfica deu desde então. Também ele teria orgulho em ver o seu clube festejar quatro campeonatos consecutivos, voltar às finais europeias e formar tantos jovens de qualidade num Centro de Estágio que, infelizmente, não chegou a conhecer. E ninguém me tira de cabeça que ele terá tido alguma coisa que ver com o título que, poucos meses após a sua morte, conquistámos no Bessa. Em 2004 estávamos ainda na fase da credibilização institucional e do investimento infra-estrutural. Mas quando Luís Filipe Vieira anunciou nas eleições de 2009 que, então, sim, estavam criadas as condições para privilegiar os resultados desportivos, eles logo apareceram. Em 2014 insistiu com a aposta na formação, e hoje vemos uma selecção nacional cada vez mais cimentada no Seixal. Agora, que fala em título europeu, já ninguém nos vai impedir de sonhar."

Luís Fialho, in O Benfica

O sonho

"Luís Filipe Vieira traçou os planos para o futuro, e o sonho revelado impressiona. Quem preside a um clube que já atingiu uma dezena de vezes finais europeias tem de sonhar com uma conquista internacional. A aposta na formação permite realizar o sonho? Sim! Mas com uma nuance - capacidade de reter talentos. Ferro, Florentino Luís, Jota e Willock estão a caminho da equipa principal, e ficamos descansados em relação a Rúben Dias, Gedson Fernandes e João Félix. Uma das provas da excelência do trabalho realizado na nossa academia foi a saída de João Tralhão para o Mónaco. Foram 18 anos a servir o SL Benfica. Começou nos sub-9 e passou por todos os escalões. Duas vezes campeão nacional de juniores A e duas vezes vice-campeão europeu de sub-19, 2018 foi o ano da grande afirmação de um dos melhores treinadores portugueses da formação. Galardoado com o prémio Treinador de Formação do Ano - Quinas de Ouro 2018, atribuído pela Federação Portuguesa de Futebol, o João cresceu no maior clube português. Graças ao SL Benfica licenciou-se com os cursos UEFA A, em 2015, e UEFA Pro, neste ano. Na hora da saída, o João revelou-se grato e deixou uma mensagem de confiança. Continuarei a torcer pelo seu êxito e tenho a certeza de que o João será mais um dos nossos embaixadores. É esta forma de gerir que perturba muito os nossos adversários.
A divulgação das contas da FC Porto SAD permite tirar uma conclusão óbvia - o SL Benfica tem gestores de excelência. Quem apresenta, pelo quinto exercício consecutivo, lucro e quem, em cinco épocas, apresenta quatro de prejuízo não precisa de mais explicações."

Pedro Guerra, in O Benfica

Os Açores

"Que Portugal fantástico esse dos Açores. Chega a parecer irreal o que a natureza ali oferece, naquela largueza de horizontes semeada em pleno coração Atlântico. Mas é bem real, e, mal se pousa ou atraca em terra açoriana, vêm de lá sorrisos e dizeres que nos acolhem tão calorosamente, que temos a estranha sensação de chegar a casa apesar de termos dela saído voando horas para poente sobre mares desconhecidos. São coisas da identidade, ou melhor, do que nos une e faz de nós povo. Em cada ilha, com as suas particularidades, está tudo lá e tudo é encantadoramente familiar. Falo da paisagem rural, bem rural quando subimos o monte por mais que o mar se imponha a toda a volta e também da paisagem urbana e da arquitectura tradicional. Mas falo sobretudo das gentes e do português, falado e sentido muito para além da língua ou dos matizes do sotaque. Os Açores têm o estranho poder de nos desafiar e de nos acolher, de nos fazer regressar às origens e às memórias do que somos, reconciliando-nos connosco próprios.

Sei que esta portugalidade se acentua pela distância e pelo cultivo do sentido de pertença. E aí, o Benfica pontua sempre, e de que maneira!
Por isso, a Fundação Benfica não poderia nunca deixar de responder à chamada e apoiar a instalação, também neste arquipélago, do Walking Football. Sabemos que é uma aposta ganha, até porque a dinâmica local é grande e a vontade de fazer trabalho conjunto se manifesta a cada dia. Teremos na cidade de Ponta Delgada, para já, um núcleo duro de praticantes organizados em torno da Universidade Sénior e uma dinamização crescente das actividades desta equipa, impulsionando a formação de mais grupos e a interacção ao longo do ano. Vamos acompanhá-los com gosto e expectativa, fazendo sempre a nossa parte e estimulando o crescimento do número de participantes e de equipas no arquipélago. Sabemos que desta forma estaremos a contribuir decisivamente para a prevenção em saúde e para a vida activa dos açorianos com mais de cinquenta anos. Sabemos, sobretudo, que a presença inspiradora do Benfica, através da Fundação, é um forte catalisador de vontades e um motivo de orgulho na Região Autónoma. Por isso é com grande expectativa e sentido de oportunidade que iniciamos esta caminhada. E que marquem muitos golos!"


Jorge Miranda, in O Benfica

As palavras nem sempre chegam só das ideias...

" 'Talvez que as palavras nos escondam
mais coisas invisíveis do que, afinal, nos
revelem apenas aquilo que é óbvio'
Albert Camus

No passado fim de semana, fiquei positivamente agarrado à intervenção do Presidente Luís Filipe Vieira, perante o conjunto dos profissionais responsáveis que trabalham nos equipamentos do Caixa Futebol Campus, transmitida em directo pela BTV.
Aparentemente, tratar-se-ia, apenas, de mais um discurso de circunstância do responsável máximo por uma obra, já de si, notável, que tem gerado resultados extraordinários, para coroar um evento especial naquelas instalações de excelência. Mas, realmente, não foi, de todo, apenas isso.
Luís Filipe Vieira subiu ao palco e, depois de ter historiado, de improviso, a evolução do Caixa Campus com absoluto conhecimento de causa e inteira simplicidade, deixou falar o coração. E foi aí que tudo se transformou. A força das palavras pode vir apenas da força das ideias. E os conceitos do Presidente do Benfica acerca da história e aos desígnios do Clube, das aspirações dos seus Sócios e adeptos, das capacidades dos staffs e das missões dos técnicos e atletas são, evidentemente, muito sólidos e seguros. O seu profundo conhecimento sobre tudo o que se passou e vai acontecendo no complexo do Seixal, que ele próprio idealizou e fez construir e desenvolver, permite-lhe, evidentemente, o mais completo à-vontade em qualquer tipo de análises especializadas acerca de qualquer área de trabalho, ou a respeito de todos os fenómenos relacionados com a vida do vasto centro de treinos e estágios e com as carreiras profissionais das centenas de profissionais que o frequentam. Por isso, não me admirei da natural fluência e espontaneidade de intervenções, sem recurso a quaisquer apontamentos escritos.
Mas, neste caso, a singularidade do discurso do Presidente esteve no facto de que muito mais da força das palavras que proferiu lhe ter chegado, também, do coração.
O afecto, a dedicação, o amor, a paixão pelo Benfica (e o orgulho que sente pelo seu próprio trabalho) vieram trazer uma poderosíssima carga de significados e de emoção ao trecho final desta sua impressionante intervenção.
Nenhum Benfiquista pode ter ficado impassível perante a genuína emoção de Luís Vieira: ela foi a expressão genuína de mais de dezoito anos de um admirável mix em que ele sempre soube conjugar um agudo sentido da histórica força colectiva da instituição Sport Lisboa e Benfica, com ousadas visões estruturais para redefinir um novo e formidável futuro para o Clube e o seu universo, mediante um generoso trabalho sempre constante, devotado e profícuo na determinada perseguição dos objectivos sucessivamente alcançados e renovados. Não é sempre, nem é comum, que se possa ouvir e ver um testemunho assim, tão carregado de razão e emoção, quando a emoção credibiliza a razão, porque a própria mente se deixa validar pelo coração. E de cada vez que isso acontece, Camus não tem razão."

José Nuno Martins, in O Benfica

Por onde navega o futebol português

"A Taça de Portugal é uma prova muito especial, historicamente marcada pela possibilidade de levar o melhor do futebol nacional aos quatro cantos do País. E foi precisamente para reforçar essa valente romântica que foi introduzida, há poucos anos, a obrigatoriedade de, na primeira eliminatória com clubes da Liga, estes jogarem fora de casa. É uma pena que esta porta, que em boa hora se abriu, esteja a ser fechada, por razões essencialmente económicas. Perde o espírito da Taça, perde o futebol. 
Esta será, porventura, uma contrariedade benévola, quando comparada com a perversidade pantanosa em que o nosso futebol se movimenta.
O caso que opõe a Liga a Andreia Couto, que ontem teve óptima prestação televisiva, é o mais recente e só deverá conhecer desfecho em tribunal, mas outros, nomeadamente o da pirataria informática que vitimou o Benfica e consequente divulgação dos emails roubados, cavalgam a galope para um desenlace rápido.
O mesmo está a acontecer com o caso de Alcochete, este com desenvolvimentos que obrigaram o presidente do Sporting a uma abordagem mais conservadora das rescisões de Patrício e Gelson. Com guarda-redes (que mostrou uma fidalguia que devia ser reconhecida) as contas possíveis estão feitas; segue-se avançado, num contexto de mera gestão de danos, com os custos inerentes. O desafio que se coloca ao Sporting e aos sportinguistas é imenso, o próximo mês permitir-nos-á ter um retrato mais nítido da saúde financeira dos leões e, ao mesmo tempo, os resultados dentro das quatro linhas da equipa de José Peseiro temperarão humores, amores e desamores."

José Manuel Delgado, in A Bola

Crescer e ganhar

"Todos pretendemos que as nossas equipas cresçam a ganhar. Nem sempre é possível derrotar os adversários, mas conseguir vitórias é fundamental para o processo de crescimento. Uma grande verdade, mas a maioria não está neste grupo.
Os insucessos têm que ser ultrapassados como momentos de reacção à adversidade inerente a um jogo. Fazem parte desse mesmo processo. Nas competições entre jogadores mais jovens, um ou dois anos de diferença na idade é, muitas vezes, um forte factor de desequilíbrio. Por vezes o segredo está em procurar vencer essa diferença com a criação de um conjunto de desafios que proporcione antecipar esses momentos. Contudo, o valor intrínseco do praticante é o factor, a meu ver, que devemos valorizar antes de qualquer outro. Não podemos ficar estáticos se a nossa equipa vence os jogos todos, como não devemos desistir no caso contrário. Os desafios têm que ser ajustados em consonância com a real competência da equipa e dos seus elementos. Ter níveis competitivos diferentes para participantes do mesmo escalão etário é uma solução muitas vezes utilizada para potenciar e equilibrar as competições. O principal objectivo é sempre o praticante e o seu desenvolvimento.
Na verdade, um dos problemas que nos vão surgindo está relacionado com o processo de avaliação de desempenho. Trata-se de jogadores ou treinadores. E até dos outros agentes, como dirigentes e árbitros. Os treinadores cada vez mais são avaliados de forma linear - se a equipa ganha ele está em alta, a equipa perde e é posto em causa. Poucos analisam a evolução individual e colectiva. Este sim, o aspecto decisivo. O crescimento e desenvolvimento do praticante e da equipa são elementos fundamentais para essa avaliação. As gerações não são idênticas e os recursos são distintos, o que implica muito bom senso na análise. Para potenciar o talento e formar com educação, ajuda, e muito, crescer e ganha!"

José Couceiro, in A Bola

O efeito dominó de Rúben Neves

"O impacto crescente do médio do Wolverhampton na Selecção Nacional

Rúben Neves integra uma linhagem de jogadores que combate aquela ideia gasta de que o «6» tem de ser um «trinco». Como se fosse obrigatório ter ali um segurança com cara de mau a barrar a entrada no último terço. Não quer dizer que estes perfis sejam censuráveis, ou menos nobres, mas também ninguém decretou a obrigatoriedade de ter ali alguém alto e espadaúdo.
Até pode fazer sentido ter ali um jogador focado quase em exclusivo nos momentos defensivos do jogo, aplicando maior ou menor dimensão física naquela zona do terreno. E nem precisamos estar a falar de uma equipa com uma abordagem mais expectante, mais submissa. Até por ser uma formação com vertigem ofensiva, que precise de alguém para esconder os desequilíbrios inerentes a essa tentação.
Todas as soluções são válidas, naturalmente, e tornam-se eficazes quando a equipa consegue encontrar complementaridade. Se o «trinco» contribui pouco para a construção de jogo, então a equipa precisa de encontrar formas de viver bem com isso. Da mesma forma que o «6» pode ser alguém mais forte com a bola nos pés do que a recuperá-la, desde que a equipa tenha alternativas para garantir uma boa organização defensiva.
É este encaixe de peças que Fernando Santos parece ter encontrado no meio-campo da Selecção, e que permitiu finalmente ter espaço para Rúben Neves. Sem prescindir de William Carvalho, agora mais adiantado no terreno. A equipa das quinas melhorou muito a primeira fase de construção, com a entrada do médio do Wolverhampton, e com isso ganhou capacidade para gerir o jogo com bola. Sem perder a solidez defensiva.
Fica assim a ideia que este ciclo da Selecção começa em Rúben Neves. Não propriamente como responsável maior dos sinais positivos, mas pelo efeito dominó que a sua entrada parece ter gerado na forma de jogar da equipa. No bom sentido."

Memphis e “aquela” atitude

"Recuemos trinta anos. O cenário era em Düsseldorf, durante a fase de grupos do Euro 88. Os jogadores de Holanda e Inglaterra estavam alinhados no túnel, à espera da ordem para entrar em campo, e Tony Adams, embora o mais novo de uma família que tinha Bryan Robson, Barnes, Hoddle e Lineker, chegou-se à frente para o grito que ecoou nas paredes estreitas do túnel: “Bora, malta! Vamos matar estes c..rões!”
Há alguns anos, Ruud Gullit contou este episódio e juntou ainda a reação do resto dos colegas holandeses quando ouviram o berro do defesa-central inglês: “Olhámos uns para os outros e só nos deu vontade de rir. A atitude holandesa é mais relaxada, descontraída. Só queremos ir para dentro do campo e jogar bem, nas tintas para o adversário ou para lhe chamar nomes.”
Convenhamos que o semi-grotesto toca-a-reunir de Adams acabou por não ser muito bem sucedido e não foi, de facto, a gritaria do túnel que inibiu Van Basten de silenciar a Inglaterra com um toque de classe. O ‘Cisne de Utrecht’ marcou três golos e o primeiro foi mesmo a pedido, judiando um defesa inglês dentro da grande área antes de rematar cruzado pelo chão. Já fazem uma pequena ideia de quem foi o defesa que Van Basten entortou, não já?
Os mais atentos recordar-se-ão, mas o apuramento da Holanda nesse grupo do Euro para as semi-finais foi um sufoco. Rinus Michels perdeu o primeiro jogo contra a URSS, ganhou bem contra a Inglaterra, mas só venceu a Irlanda no terceiro desafio com um golo de Kieft marcado com a orelha, de tão desajeitado que foi o cabeceamento para a baliza de Pat Bonner.
Foi à justa, mas era incrível como a Holanda, com monstros como R.Koeman, Wouters, Rijkaard, Gullit e Van Basten, nunca perdia a confiança, mesmo nos momentos mais tremidos. Michels sabia comunicar e tinha a intuição para dizer aquilo que os jogadores precisavam de ouvir. E também por isso se verificou uma diferença tão grande de comportamento na Holanda do Euro 88 para a do Mundial 90, com Beenhakker tendo uma base de jogadores quase igual, mas com uma equipa completamente dividida, estilhaçada e mentalmente “fora dela”, como até se percebeu pela cena da dupla cuspidela de Rijkaard a Völler em San Siro.
Serve esta espécie de preâmbulo para lembrar que, apesar do triunfo esmagador da Holanda no sábado, em Amesterdão, contra a Alemanha por 3-0, ainda estamos longe de ver o mesmo nível de moral, de estaleca e de qualidade em comparação com os fabulosos elencos de 74, de 88 ou até o de 98, que também tinha nível para ser campeão do mundo.
No entanto, depois da travessia no deserto, em que foram barrados à porta dos grandes torneios de 2016 e de 2018, Ronald Koeman, agora seleccionador, tem dado algumas luzes na regeneração e na orientação. RK inspirou, agrupou, organizou e aproveitou a maturação de uma série de jogadores desenvolvidos no Ajax e no PSV.
Tiro o chapéu a Cillessen, que não tem jogado em Barcelona, mas que tem guardado bem a baliza laranja. Porém, a verdadeira coluna estabelece-se atualmente em três pontos: Van Dijk na defesa, Wijnaldum no meio-campo (mais adiantado do que no Liverpool) e Memphis na frente. À volta deles, De Ligt ultrapassou o trauma da Bulgária e assume-se como o melhor defesa-central do mundo na sua faixa etária. Frenkie de Jong transporta como Seedorf e roda com o compasso de Bergkamp, enquanto Babel, Promes, Bergwijn e Groeneveld aquecem os motores nos flancos. Contra os alemães, De Roon, com menos incursão do que mostrara em Middlesbrough e Bérgamo, deu a combatividade e a cobertura no centro-direita do meio-campo que era necessária, não só para ajudar De Jong e Wijnaldum, mas também para dobrar Dumfries, o estreante lateral que tinha de lidar com os avanços de Héctor.
Desconhecemos se houve muitos roubos de bicicletas como em 88, depois do triunfo contra a RFA na semi-final, mas toda a Holanda se entusiasmou com o resultado de sábado, pela consolidação da melhoria que já tinha sido evidenciada em St.Denis, nos sinais de retoma contra a França campeã do mundo, mas também porque esta vitória foi obtida contra o melhor oponente possível: a Alemanha. 
Ganhar à Alemanha dá direito a uma energia extra, por uma rivalidade que Van Hanegem já explicou com todas as letras na sequência da súbita inversão de prioridades em plena final do Mundial 74. A crispação até pode ter decrescido desde que entrámos no novo milénio, mas ainda haverá muitos resquícios da II Grande Guerra e da ocupação nazi. “Os alemães mataram o meu pai, os meus irmãos e outros familiares meus. Odeio-os!”, afirmou o centrocampista da Oranje e do Feyenoord, justificando a razão porque, a certa altura, depois de estarem a ganhar por 1-0 na final de Munique com o penalty convertido por Neeskens, tentaram jogar mais para humilhar do que propriamente para segurar a vantagem com o devido discernimento. E perderam mesmo contra a RFA por 1-2.
Durante muitos anos, essa derrota em Munique ficou atravessada. Não conseguiram vingá-la no Euro 80 e Karlheinz Förster, central da RFA e do Estugarda, dizia, então, que os holandeses odiavam muito mais os alemães do que os alemães os holandeses. Daí que muitos se lembrem como Koeman celebrou a vitória, em Hamburgo, contra os germânicos na semi-final de 88, catorze anos depois da mítica decisão perdida por Cruyff em Munique. Terminado o jogo, Koeman trocou de camisolas com Olaf Thon e foi festejar à frente dos seus adeptos, fazendo o gesto de limpar o traseiro com a camisola alemã que tinha na mão direita.
Felizmente, nem Koeman, nem ninguém ajavardou dessa forma no sábado, na Liga das Nações, e a verdade é que foi um espectáculo com entretenimento, incluindo homenagens bonitas feitas a Van der Vaart e Kuyt, já retirados da Selecção, mas que tiveram um papel proeminente durante a Oranje da chamada “Geração Robben”.
Hoje, é justo considerar que temos a “Geração Memphis”. O atacante do Lyon, com uma função de máxima mobilidade em toda a largura e profundidade do campo, arrasou os alemães numa exibição cabal de técnica, velocidade e força, tendo ainda enviado uma bola à baliza de Neuer que fez estremecer a trave e toda a Alemanha.
Memphis encabeçou a lista de heróis da Holanda e teve um pouquinho “daquela” atitude que tem andado perdida na Oranje ao longo desta década e que era preciso recuperar, com estilo e com a insolência quanto baste para mostrar quem joga mais. Tanto funcionou que houve momentos, durante a transmissão do jogo, em que olhei para Boateng e Hummels e só me ocorria uma palavra: Adams."

Fraude internacional das eleições no Brasil e a irresponsável desmoralização das instituições

"A suspeita de crime eleitoral é grave, no entanto o desespero do PT em ganhar a eleição a qualquer custo não justifica recorrer a instâncias internacionais antes de esgotar os recursos

De acordo com reportagem publicada pelo jornal brasileiro Folha de São Paulo há suspeita de envolvimento de empresas na compra de pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp, com contratos que podem chegar a três milhões. A prática é proibida pela legislação que regula as eleições no país e o candidato do PT, Fernando Haddad, deu declarações dizendo que pretende denunciar o caso para a Organização dos Estados Americanos (OEA) como fraude internacional, além de pedir investigação pela Polícia Federal do Brasil.
O Brasil possui uma justiça eleitoral internacionalmente elogiada pela sua imparcialidade, eficácia e eficiência. A denúncia é grave e deve ser apurada, dentro do país que é uma democracia que consolidou suas instituições. Ao recorrer à OEA antes de esgotar as instâncias internas o PT está adoptando uma conduta ilegal, irresponsável e desmoraliza o país perante a comunidade internacional.
O Brasil possui instituições adequadas para investigação e punição dos envolvidos, assim como fez anteriormente em casos de corrupção e abuso do poder económico tendo como resultado grandes empresários e importantes políticos presos, cumprindo pena, sendo um deles o ex-presidente Lula.
O sistema de direito internacional regido pela Carta da (OEA) possui uma comissão de observação eleitoral que tem a finalidade de preservar o direito ao sufrágio universal, por voto secreto, que constitui uma pedra angular do sistema democrático. Neste sentido, é preciso que os cidadãos de cada país possam contar com processos eleitorais livres, pacíficos e transparentes. A avaliação de Gerardo de Icaza, director do Departamento de Cooperação e Observação Eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) é muito assertiva ao dizer que a palavra “fraude” é a mais contagiosa a ser dita durante o período eleitoral e contamina a confiança no processo de escolha dos representantes.
No entanto, a regra de esgotamento dos recursos internos, no âmbito do direito internacional, representa medida que específica como um Estado deve responder internacionalmente por danos que não teve a oportunidade de reparar valendo-se de seu direito interno. É importante dizer que esta regra representa um dos requisitos de admissibilidade de petições perante o Sistema Interamericano de Direitos Humanos (SIDH). Encontra previsão no art. 46(1)(a) da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (CADH).
No entanto, verifica-se que a própria CADH traz a exceção à regra em seu art. 46(2), pois apenas em situações em que:
a) não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal para a proteção do direito ou direitos que se alegue tenham sido violados;
b) não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele impedido de esgotá-los;
c) houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos.
Bolsonaro pode ser qualificado como um canalha a porta do planalto, autoritário, machista e representar um grande retrocesso para a democracia no Brasil. Porém, a democracia deve ser preservada no país, sobretudo quando não concordamos com aqueles que são eleitos pela vontade popular. A suspeita de crime eleitoral é grave, no entanto o desespero do PT em ganhar a eleição a qualquer custo não justifica recorrer a instâncias internacionais antes de esgotar os recursos internos. 
A verdade, no fim das contas, é que a adopção de tácticas desmoralizantes tanto por parte do candidato Bolsonaro ao dizer levianamente impropérios como aquele que sugere que as urnas eleitorais brasileiras são passíveis de fraude, como por parte de Haddad que de forma imprudente trata um assunto deste em esfera internacional sem se assegurar de prévia investigação, servem apenas para a irresponsável desmoralização internacional das instituições políticas e jurídicas do Brasil."


PS: Antes que alguém acuse O Indefectível de 'opinião' política, esclareço que a publicação deste artigo deve-se exclusivamente ao tema das Fake News, a partidarite Brasileira é irrelevante neste caso...!!!

Corrupção desportiva – um país pouco saudável

"Será compreensível e até admissível que uma condenação possa ser “inconsequente”, em termos práticos?

notícias que nos despertam mais a atenção do que outras. Se atentarmos bem ao conteúdo das que se referem ao fenómeno da corrupção podemos perceber como vai o “estado da arte” do nosso país nessa matéria. Algumas delas (ver notícia infra) escondem interpretações curiosas, outras, simplesmente, traduzem a realidade do fenómeno, tal como a notícia que revela os resultados de um estudo no qual Portugal é apontado, em 2016, como o 29º país mais corrupto de um total de 176, segundo a Transparency International.
Em termos gerais o país atinge níveis de corrupção, no mínimo, desconfortantes. Todavia, o mais inquietante é nenhuma (ou quase nenhuma) medida ser tomada no sentido de a prevenir, de mitigar os seus efeitos e punir os seus militantes.
No senso comum paira a ideia que os casos são denunciados, tornados públicos, que há investigação, que há conhecimento dos factos, porém nem sempre há vontade de colocar a justiça a funcionar: julgando e condenando. Principalmente no que se refere ao sector público.
O fenómeno da corrupção em Portugal é debatido e comentado como nunca. No campo desportivo, ganha ainda mais destaque, essencialmente associado aos casos do futebol que têm sido trazidos a público.
Não obstante esta crescente percepção da corrupção desportiva, destaco três factos:
1 – estes eventos recentemente conhecidos não são “novos”;
2 – reflectem práticas comuns de inúmeros clubes de futebol;
3 – não são eventos exclusivos do futebol.
Em termos gerais, as entidades responsáveis pelas diversas modalidades desportivas nacionais gozam de uma certa impunidade legal e até prevaricam em conluio com distintos poderes políticos e/ou instituições públicas.
A notícia infra suscita alguma curiosidade, relativamente à forma como as instituições públicas se posicionam sobre os casos de corrupção.

Corrupção faz cair delegado da FPF
“O ex-presidente da Académica José Eduardo Simões perdeu o mandato de delegado da Assembleia- geral da FPF, por ter sido condenada, em 2013, por corrupção passiva. A Federação, que antes se recusara a afastar Simões, tomou aquela decisão, anteontem, por força de um parecer da Procuradoria-Geral da República que a avisava de que lhe poderia ser suspenso o estatuto de utilidade pública desportiva.”
Vejamos:
Há um funcionário público que foi condenado por corrupção em 2013 e que não é afastado das funções que exerce numa instituição de utilidade pública (a Assembleia-geral da FPF);
E que só é afastado perante a perspectiva “ameaçadora” de um parecer da Procuradoria-Geral da República.
Desconheço a leitura que o cidadão comum faz destes factos, mas a mim, causam-me bastante perplexidade e preocupação. Será compreensível e até admissível que uma condenação possa ser “inconsequente”, em termos práticos?
Obviamente que este comportamento é revelador de alguma inércia que as instituições públicas aparentam ter perante os corruptos condenados. Situações há, extrafutebol, nas quais são as próprias instituições públicas a desenvolver “parcerias” com privados. Há Câmaras Municipais (CM) a ceder instalações públicas a Associações Desportivas Sem Fins lucrativos a custo zero. As CM não prestam contas aos seus eleitores, as associações sem fins lucrativos não são assim tão pouco lucrativas. Elas são, na sua grande maioria, pertencentes a particulares com usufruto do espaço público, com vista ao enriquecimento. Não há vestígios de qualquer concurso público nestas atribuições e, … continuam as irregularidades, sem qualquer impedimento ou constrangimento.
Há situações bem mais graves e preocupantes? Sim há, sem dúvida. Mas isso não deve impedir que se intervenha nos ditos “pequenos casos”, que irradiam um pouco por todo o lado.
A questão a colocar deveria ser: haverá vontade política para travar esta corrupção?"

Top performance: desporto limpo ou… nem por isso!

"Ao desportista de alto rendimento exige-se-lhe a realização de proezas atléticas. Não raras vezes com incredulidade, verificamos que os recordes do mundo são sistematicamente superados. Até quando será isto possível? Há limites para o desempenho desportivo humano?
A evolução tecnológica dos materiais desportivos, a alteração dos regulamentos em determinadas modalidades e especialidades, a formação dos treinadores, bem como a melhor fundamentação científica dos meios e métodos de treino, contribuem sem dúvida para a não estagnação dos resultados desportivos.
Mas, qual o preço a pagar?
De facto, tudo tem o seu preço e a superação desportiva humana não foge a esta regra. Apesar da intervenção especializada em Medicina Desportiva objectivar a preservação da saúde do atleta, a compatibilização entre esse objectivo e a constante superação desportiva consubstancia um desafio técnico e científico de grande complexidade.
Não é exagerado afirmar que o “grande atleta” é um indivíduo diferente do “Homem vulgar”. O seu organismo é sistematicamente posto à prova. É submetido a situações extremas de agressão psicofisiológica, nem sempre compatíveis com aquilo que se pode considerar uma actividade saudável.
Como superar esta inevitabilidade ditada pelas crescentes exigências impostas ao atleta?
Há dois caminhos, o “limpo” e o da “batota”. Neste contexto, é com licitude que podemos colocar a seguinte questão:
Não há competição de alto rendimento sem dopagem?
A dopagem é uma realidade. Uma realidade bem antiga, mas que se apresenta bem actual, sempre com variantes novas e contornos graves. Pode afirmar-se que, nos dias de hoje, não existem desempenhos desportivos de excelência “completamente insuspeitos”. Muitos acreditam que os grandes feitos atléticos não se alcançam unicamente com preparação séria. Dependem também da “preparação farmacológica”.
A revelação de testemunhos públicos proferidos por ex-atletas, são profundamente inquietantes. Tais factos, associados à sofisticação científica conferida ao tema pelos grandes prevaricadores, deixam-nos fortes dúvidas quanto à real dimensão do problema. Muito provavelmente, o que se conhece é apenas a “ponta do iceberg”.
A utilização de substâncias dopantes é, com maior ou menor sofisticação, generalizável a praticamente todas as modalidades desportivas. A vitória a qualquer preço está presente em várias vertentes da alta competição desportiva e não se confina à dopagem. Tomemos como exemplo a integridade das competições e a manipulação de resultados. É escusado negá-lo. O que importa é reconhecer a existência do problema e criar estratégias para a sua minimização.
Em jeito de conclusão, acreditamos poder referir que não se conhecem os limites do desempenho desportivo humano. Os recordes mundiais não deixarão de ser superados. No entanto, importa também salientar que o ”preço a pagar” é, em alguns casos, extremamente elevado. Casos há em que foram pagos com a vida. A sofisticação e a procura de métodos cada vez mais eficazes e sem olhar a meios tem conferido à dopagem uma dimensão inimaginável. É uma dura realidade, mas que tem de ser claramente reconhecida. Só a ciência aliada à ética poderá conferir ao desporto de competição e ao espectáculo dele decorrente o estatuto de idoneidade e de verdade que constituem a sua essência."

Orgulho...

"Ontem, dei comigo a pensar como nós, benfiquistas, temos sido desviados, através do leito diário das notícias, do verdadeiro caudal clubístico que nos deve interessar mais. Cercados de porcaria mediática e digital, de chicos espertos e até benfiquistas ressabiados, não nos damos conta do que se está a passar e, afinal, está a desfilar diante dos nossos narizes. E acreditem, no meu caso é obra, dado o tamanho faraónico do meu.
E o que se está a passar é que o Benfica todos os dias dá-nos sinais de que é o melhor e o maior clube português.
O golo de Gedson, a estreia de Jota, os seis jogadores formados no Caixa Futebol Campus que ontem estiveram em campo, sucedem aos quatro golos made in Seixal na selecção de sub-21, a outros tantos na selecção de sub-17 e a nova enxurrada de jovens talentos do Benfica nas mais variadas selecções de Portugal.
Isto numa semana em que o Benfica passou a ser o único clube português a figurar no top 20 de clubes com mais seguidores no Instagram, depois de já o ser no Twitter - parabéns à excelente equipa de comunicação digital do clube que tem realizado um trabalho de enorme qualidade, nem sempre reconhecida por alguns benfiquistas mais afoitos nas redes sociais.
É também a semana em que se realiza uma votação internacional para os melhores estádios da Europa e lá está o nosso estádio como único representante de Portugal.
O mesmo estádio que, sabe-se agora, permite ao nosso clube estar entre os maiores da Europa em termos de lotação média anual. Mais uma vez é o único representante de Portugal nesse top internacional.
E se juntarmos tudo isto ao facto de ser o único dos grandes em Portugal a apresentar contas positivas, de ter o menor passivo e de ser o único clube português a ultrapassar os 200 milhões de facturação, acabamos por perceber melhor duas coisas.
Que andamos a perder demasiado tempo das nossas vidas com a canalha que nos ataca mas não nos atinge. E que ser do Benfica é cada vez mais um orgulho do caraças.
Viva o Benfica.... 💪💪💪💪💓💓💓💓💓"

Cadomblé do Vata (especial Coimbra)!!!

"Segue normalmente monótono o jogo de Taça de Portugal entre uma equipa onde sobra vontade e falta talento, contra outra onde o talento triplica em quantidade a vontade. Nisto, um desengonçado lateral esquerdo pega a bola no seu flanco, flecte para o meio, tabela com o ponta de lança mais desinspirado de que há memória na Gloriosa Nação e assiste D. Jonas I, Rei da Luz e dos Algarves, de Aquém e Além Mar, do Jogo Rasteiro e do Futebol Aéreo, para que este à meia volta coloque a redondinha no fundo da rede, com o mesmo carinho com que eu deito os meus pequenotes na cama. Uma equipa inteira corre para abraçar o craque e no meio do acampamento que se proporciona espontaneamente à entrada da área sertanense, emerge a mão de João Félix a distribuir calduços na já acinzentada cabeça genial. É isto a vida de um jovem de 18 anos em Portugal: joga no SLB, marca golos pelo SLB e ainda pode dar uns calduços no Jonas. O American Dream ao pé disto é apenas um pesadelo contado em espanhol com sotaque de Chiapas.
Conquanto o filme em transmissão televisiva apenas focasse o emaranhado de camisolas encarnadas em festa, com a sorrateira mão imberbe em constante movimento, do outro lado do campo, solitário estava Mile Svilar ajeitando a fita no cabelo que parece aumentar de tamanho com o passar dos tempos. O que era uma bandolete na estreia com o Man. United, já é praticamente uma mini saia, que poderá chegar a barrete de campino, mediante os anos que ele por cá se aguentar. Ofuscando contudo o pano que trazia à cabeça, apareciam desta vez as calças térmicas que vestia debaixo dos calções, que o belga usava como se de um sul americano ainda em adaptação ao gélido inverno norte europeu se tratasse. É isto a vida de um jovem de 19 anos, com tantas saudades do lar aconchegante, que se equipa como se por lá estivesse. Para o promissor guarda redes Benfiquista, aquelas calças foram como o pijama que se veste na sexta feira às 19h00 e só se despe na segunda feira às 07h00.
No intervalo que mediou "ambos os dois" acontecimentos anteriormente descritos, apareceu retumbante e ribombante um pontapé de Gedson, emulando novamente Renato Sanches com um golo à distância, permitido por um guarda redes com dificuldades em levantar os "calcantes" da relva. No festejo a naturalidade de quem nos quer convencer que facturar lá de onde um guardião com miopia nem um vulto consegue ver, não é mais do que uma terça feira no escritório. Tudo isto, em frente ao olhar atento de alguém que lutou durante toda a sua curta carreira de guarda redes com 1,70m e problemas oftalmológicos, contra a relação peso-da-bola/força-do-pontapé. A facilidade com que Gedson colocou aquela longa distância foi proporcionalmente igual à dificuldade com que eu colocava o esférico fora da minha área. É isto a vida de um jovem de quase 20 anos, cujo colorido do topo da cabeleira é como um farol para o futebol do Glorioso. Ser de águia ao peito no relvado, aquilo que os sem talento toda uma vida sonharam sem sucesso ser."

Prudência...

"Nas redes sociais alguns benfiquistas e outras pessoas que seguem, atentamente, o futebol português opinaram sobre uma alegada responsabilidade de Andreia Couto na divulgação de informação confidencial relativa a contratos do Benfica. O assunto requer prudência. E não é o facto de ser portista que se traduz em chancela do que quer que seja, neste caso. Se é verdade que Andreia Couto, desde o início do mandato de Pedro Proença, estava arredada de funções relevantes, então não será Andreia Couto responsável por todas as trapalhadas em que o organismo se vê envolvido.
Em primeiro lugar, Andreia Couto não fez uma carreira marcada por sucessivas decisões erradas prejudiciais ao Benfica.
Na maior crise de sempre sobre suspeições no futebol português, não foi Andreia Couto que geriu, parcialmente, os silêncios após a evidência de crimes informáticos que lesaram o Benfica.
Não terá sido Andreia Couto que validou a vergonha imensa que foi o Estoril - FC Porto da época passada.
Nem terá sido Andreia Couto que terá conformado ou contribuído para a parcialidade do funcionamento da Comissão de Instrutores, que culminou, entre vários episódios, na lamentável tentativa de interdição do Estádio da Luz durante um Benfica - FC Porto.
Não foi Andreia Couto que difundiu comunicados a validar declarações parciais e ofensivas que uma directora executiva da Liga, que foi ou é advogada de Pedro Proença, dirigiu contra o Benfica.
Não é, pois, a Andreia Couto que se pode apontar o dedo pela total incapacidade de mediar tensões e contribuir para uma pacificação necessária, assente em práticas éticas.
Não foi Andreia Couto que realizou despesa numa auditoria com a única finalidade de declarar que os contratos do Benfica não tinham sido obtidos na Liga, quando afinal podem ter sido!
Não é Andreia Couto que escreve semanalmente num órgão de comunicação, alinhado com o FC Porto, com postulados anti-Benfica.
Não é a "suma" incompetência de Andreia Couto que contribui para a falta de transparência verificada no sorteio da Liga NOS em Agosto deste ano, com prejuízo para o Benfica e benefício para o FC Porto.
Quem garante que o processo disciplinar iniciado com alegadas ofensas, ao que seja a honra e dignidade do presidente da Liga não é, afinal, um álibi conveniente para branquear a responsabilidade da Liga em práticas ilícitas de subtracção de dados confidenciais, imputando-as a uma pessoa estacionada na prateleira, servindo de garantia de continuidade das mesmas e, simultaneamente, perturbando uma investigação?
Existindo um inquérito criminal sobre tais práticas, quem está sob investigação: a Liga ou Andreia Couto? Não conheço pessoalmente Andreia Couto, mas registo uma grande diferença na sua intervenção, relativamente às pessoas que representam a Liga: fala abertamente sobre os temas, submete-se ao escrutínio, não se esconde..."

Cadomblé do Vata

"1. João Manuel Pinto disse antes do jogo que o Sertanense se ia inspirar na vitória do Gondomar na Luz em 2002... esqueceu-se foi de referir que naquela equipa do SLB, até o João Manuel Pinto era titular.
2. Terminamos o jogo com Dias, Yuri, Alfa, Gedson, Felix e Jota... já se pode chamar a esta fornada do Caixa Futebol Campus a "Ínclita Geração do Seixal"?
3. Notei que houve ali uma altura em que os jogadores do Sertanense começaram a provocar o Jonas... eles estavam chateados com o Pistolas porque viam o tempo a passar e ele não lhes marcava o golinho da ordem para contarem aos netinhos.
4. Gabriel tem um pé esquerdo aveludado que faz lembrar o Matic... o problema é que joga a um ritmo tão baixo que traz à memória o Bruno Caíres.
5. O início da segunda parte foi atrasado para reparar danos resultantes da tempestade que assolou Coimbra há dias... as redes da baliza norte estavam todas rebentadas devido ao Furacão Estoril que na última jornada deu 7 à Académica naquele recinto."

Vermelhão: Regressos, estreias e golos...!!!

Sertanense 0 - 3 Benfica


Nas últimas épocas, a partir do momento em que o Sorteio da Taça de Portugal deixou de ser livre e passou a ser condicionado, temos encontrado nesta eliminatória quase sempre equipas do CNS (III Divisão), e os resultados têm sido sempre muito apertados... hoje, terá sido o jogo mais 'folgado', mesmo sem jogando bem...!!!

Foram 3 e podiam ter sido muito mais, mesmo sem sufocando, desperdiçamos várias oportunidades, e o Svilar só fez uma defesa mais complicada...
Acabámos o jogo, com muita juventude: Svilar, Dias, Alfa, Yuri, Gedson, Zivkovic, Félix e Jota... o futuro do Benfica!
Acabou ser um bom treino, para dar ritmo a alguns jogadores: Jonas, Ferreyra, Corchia, Zivkovic... Samaris...
Destaco o 'sacrifício' do Yuri, que em 48 horas, acabou por fazer dois jogos (90+90), a boa atitude do Corchia, a confirmação que o Rafa 'encontrou' os golos, o grande golo do Gedson, o regresso aos golos do Jonas (sem ritmo)... e o bom jogo do Zivkovic... E ainda a estreia do Jota: afirmei-o na pré-época, o Jota será jogador do plantel principal antes do final da temporada...!!!

A primeira parte correu mesmo mal ao Gabriel...; a 'problema' do Conti, obrigou a utilização do Alfa a Central e fez novamente um excelente jogo: muito sinceramente, ainda tenho dúvidas na posição onde o Alfa se irá afirmar definitivamente: Trinco ou Central?!

Agora temos Champions em Amesterdão, um jogo que não podemos perder, se quisermos chegar aos Oitavos!!! Sem o Rúben, espera-se a recuperação do Jardel... creio que a equipa deverá ser a 'esperada', provavelmente com o Conti (ou o Lema)... A minha grande dúvida, está na canhota: Cervi ou Rafa... com o Rafa em forma, e a marcar, num jogo onde provavelmente vamos ter pouca bola... apostaria no Rafa!

Sabe quem é? Com o Maradona no pé - Digui (Diogo Gonçalves)

"Pequenino, já andava por balneários e campos do pai (em espanto); Depois imitou Simão (até na cor das botas

1. Jogando pelo Almodôvar e pelo Castrense. Vítor Jacob, o pai, espalhou golos pelo Alentejo. De pequenino, ele desatou a dar nas vistas - por andar sempre à beira do pai, dos balneários aos campos, de bola no pé, deliciante.

2. Aos seis anos apareceu a jogar pelo Almodôvar «com os miúdos mais velhos». A cada dia que passava, mais se lhe percebiam os pés em flor - e o sonho que o espicaçava: ser jogador do Benfica. Como o FC Ferreiras era filial do Benfica - para lá se mudou aos 10 anos (e para ir aos treinos tinha de fazer 70 quilómetros para o campo, 70 quilómetros para casa).

3. Também se percebeu num ápice: o FC Ferreiras já não cabia no talento que ele espalhava por onde andasse - e o Benfica desafiou-o para o Seixal. Começou por ter Simão Sabrosa a iluminar-lhe o futuro - dizia-se que gostava tanto dele que não lhe imitava apenas os jeitos e os gestos - imitava-lhe até a cor das botas.

4. Ao fascínio pelo Simão, logo juntou outro (mais empolgante): Cristiano Ronaldo. Tornou-se o seu modelo por jogar como jogava (a dar ideia de estar para além da humanidade), mas não apenas «procurei segui-lo pelo seu exemplo no trabalho, no crer, na ambição». (Também adorava Di Maria - e outros encantos acrescentaria ao rol - do Gaitán ao Hazard).

5. Pelo Seixal, sempre que podia punha-se à espreita do treino dos A - e aos seus jogadores pedia-lhes autógrafos. «Chegaram a dar-me várias chuteiras e camisolas». Isso revelou-o em entrevista ao Correio do Alentejo, quando andava pelos 15 anos - e acabara de viver as suas primeiras glórias: ao título de campeão de iniciados, juntou o de melhor marcador, com 37 golos: «O mais especial foi aquele que marquei em Alcochete quando ganhámos 1-0 ao Sporting». (Pelo caminho abriu-se-lhe a selecção de sub-15. Pelas selecções, não deixaria mais de andar - e vários outros títulos foi conquistando pelo Benfica, entretanto).

6. Se lhe pedissem que levantasse o véu ao sonho, a resposta não variava: « jogar pela equipa principal do Benfica, o clube do meu coração». Oito dias após fazer 18 anos, esteve 20 minutos em campo pela equipa B, contra a Oliveirense - e pela equipa B fez o primeiro golo no mês seguinte.

7. Destaque especial no L'Equipe mereceu nos 11-1 do Benfica ao Galatasaray para a Youth League e não só pelos três golos que marcou nos 64 minutos que esteve em campo. No Europeu de sub-19 (em que Portugal foi afastado da final pelo França de Mbappé), a UEFA considerou-o um dos seus 10 craques: «rápido a pensar e a executar, a ameaça constante a todos os adversários, desencadeando contra-ataques de forma lúcida e inteligente, sempre a desmentir a idade que na verdade tem».

8. Pelo Benfica B se foi soltando em mais fulgores -e a 9 de Agosto de 2017 o sonho tornou-se-lhe realidade: Rui Vitória pô-lo a jogar na vitória por 3-1 frente ao Braga. Mais emocionante ainda o que aconteceu a 18 de Outubro: foi titular contra o Manchester United, para a Champions. (Já com a camisola 7, o número de Ronaldo não me pesa nada» - o seu golaço ao Uruguai no Mundial de sub-20 levou até a que Peixe, o seleccionador, atirasse, deslumbrado, as mãos à cabeça - mas o destino dos penalties, acabou por ser-lhe cruel, Portugal ficou-se pelos quartos).

9. Luís Filipe Vieira, ao renovar-lhe contrato, colocara-lhe a cláusula de rescisão em 35 milhões - e tendo a tapar-lhe o caminho, o Cervi e o Zivkovic, no arranque desta época, o Benfica emprestou-o ao Nottingham Forest. (Se quiserem ficar com ele terão de pagar 15 milhões de euros - e no contrato de empréstimo não deixou de se colocar, à cautela, «cláusula anti-rivais» de mais 5 milhões em caso de passagem para o FC Porto ou o Sporting).

10. Terça-feira, no Funchal, no apuramento para o Europeu sub-21, no golo que marcou à Bósnia, num embasbacante bailado por entre cinco adversários (e um túnel até ao Jota antes do disparo letal...) o que se lhe viu foi o Maradona (o Maradona daqueles imortais golos contra a Bélgica e a Inglaterra no Mundial da Mão de Deus...) a entrar-lhe sublime pelo pé (e a dar no que deu: um fogacho mais de história)."

António Simões, in A Bola

Formação

"Deixemos para trás as promessas não cumpridas no passado por Luís Filipe Vieira sobre a aposta na formação e uma grande razão que fez mudar a ordem de prioridades: a torneira da banca que se foi fechando, obrigando as águias a uma gestão mais racional. Posto isto, olhemos para o presente e, fundamentalmente, para o futuro. Em Portugal, o Benfica é actualmente o clube que dá mais cartas no sector, quer na prospecção quer no método de ensino graças à qualificação dos seus quadros técnicos, boas condições estruturais, metodologia transversal a todos os escalões e gente em constante procura de conhecimento. Mas pode o Benfica ganhar uma Champions com base na fábrica do Seixal, como sonha Vieira? Além do Barcelona (um caso à parte), só um clube venceu a Champions graças aos seus meninos: o Ajax - 7 dos 13 utilizados na final (1-0), com o Milan eram da casa: os irmãos De Boer, Seedorf, Davids, Reiziger, Kluivert e Rijkaard. Isto foi em 1995, na era pré-Bosman. Isto quer dizer tudo. Mas não é menos verdade que o Benfica (e o FC Porto) tem o dever de, ciclicamente, apontar a umas meias-finais, imitando a Roma em 2018 e o Mónaco em 2017.

Futebol 'sexy'
A Selecção de 2000 foi o nosso Brasil-1982: não ganhou mas encantou. 2020 ainda está longe mas podemos acreditar em nova vitória no Europeu. Com alguns bombos e muitos violinos.

Gelson e o Atl. Madrid
Gelson não convence Simeone, um dos técnicos mais exigentes do mundo. É só problema de adaptação ou aos colchoneros não convém valorizá-lo mais até se resolver o dossier Alcochete?

Multas da Liga
A culpa é dos clubes, que criaram os regulamentos: um dirigente ameaçar a integridade física de um jogador paga a módica quantia de 230 euros. Metade que pagou o... Jubas."

Fernando Urbano, in A Bola

PS: Realmente o Atlético de Madrid deve estar a 'tremer' com o caso de Alkacete!!! Então depois do OLA ter sido preso preventivamente, depois do Geraldes Cashball 'bufar' tudo sobre as atitudes, palavras e reuniões do Babalu na preparação do ataque terrorista, o Atlético de Madrid deve estar mesmo com 'medo'!!!