terça-feira, 2 de outubro de 2018

Luisão, antes de Chaves

"Luisão jamais foi igual ao seu anagrama ilusão. Como benfiquista estar-lhe-ei sempre grato

1. De um dia para o outro, Luisão passou de activo a reformado, como futebolista, entenda-se. Uma situação algo embaraçosa talvez escusada. Afinal, havia renovado aos 37 anos para fazer a sua última época. Mas depressa se percebeu que havia passado rapidamente de (ainda quase) primeira opção para quinta escolha, atrás de dois novos contratados, deixara sequer de ser convocado e não foi incluído na lista para a Champions. Nada tenho a contrapor a esta situação e respeito obviamente as opções de treinador. Mas, esta situação de interrupção contratual talvez pudesse ter sido evitada. Como diz o humorista, «não havia necessidade». Quis o acaso que, dois dias depois do seu voluntário afastamento dos relvados, voltássemos a suspirar por Luisão, depois da lesão de Jardel, do castigo de Conti e dos zeros minutos de Lema. E até tenho para mim, que com o actual Luisão em campo, o Benfica teria ganho em Chaves.
Anderson Luís da Silva - mais conhecido pelo aumentativo Luisão, não tivesse ele 1,94 de altura - foi o jogador do Benfica com mais longa permanência no clube, após a generalizada globalização e vulgarização de transferências no futebol. Ainda me recordo de o ver jogar como debutante encarnado em Setembro de 2003, marcando um golo no que seria, contudo, insuficiente para uma recuperação do Belenenses de 1-3 para 3-3 nos últimos minutos.
De Luisão não se pode dizer que «chegou, viu e venceu». Precisou dessa variável, às vezes tão desprezada e traiçoeira, que é o tempo. Hoje é vertiginosa a velocidade com que, num ápice, se transforma um jogador banal num astro e como se reduz a pó uma antes cognominada estrela. Luisão teve de vencer, com inegáveis profissionalismo, perseverança e determinação, fases de desconfiança da exigente óptica tribunícia encarnada. Passo a passo, soube conquistar a consideração e gratidão dos adeptos e construir uma carreira brilhante, enquanto jogador e na qualidade de capitão de equipa (é na história do SLB o jogador com mais jogos como capitão).
Entre muitos momentos marcantes da sua carreira, elejo o seu golo, em Maio de 2005, que derrotou o SCP e permitiu acabar com um penoso jejum de títulos no campeonato.
Com a precisão de um relógio suíço, soube conjugar eficiência, experiência, autoridade, discernimento, rigor, solidariedade, inteligência, posicionamento. Uma trave-mestra que qualquer treinador gostaria de ter.
Parte significativa do Benfica do século XXI deve-se à acção de Luisão. Líder da equipa, transmitia vigor nos relvados e respeito pela camisola que envergou. E até juventude, pois tal como ele disse um dia «sinto-me como um adolescente a desfrutar da profissão».
Gostei de ver a cerimónia da passada terça-feira no Estádio da Luz, ainda que tenha pena de lhe faltar o calor dos adeptos. A sua intervenção foi brilhante, serena, elegante. O seu futuro no meu clube pode e deve ser frutuoso.
Luisão jamais foi igual ao seu anagrama ilusão. Como benfiquista estar-lhe-ei sempre grato.

2. O empate do Benfica em Chaves foi, naturalmente, uma decepção, sobretudo pelo modo como a equipa deixou fugir nos instantes finais os três pontos. Não que o resultado não tenha sido justo. O Desportivo de Chaves fez uma excelente partida, sobretudo na primeira parte. Mas as incidências do jogo nos minutos finais deixaram-me desiludido. Tudo começou pelo temporal que fez adiar a partida uma hora. E, nesse aspecto, os flavienses estiveram sempre melhor adaptados a um terreno pesado e lamacento, embora, verdade seja dita, o relvado tenha estado bem melhor, em iguais circunstâncias, do que a larga maioria dos outros campos da primeira divisão. O D. Chaves, depois de sofrer o primeiro golo numa jogada de excelência do Benfica, foi senhor do jogo na primeira meia-hora. Curiosamente, o Benfica acabaria por vencer a primeira metade do jogo, sem o merecer (jogo estranho de um Benfica medroso e sem controle de jogo) e perdeu a segunda parte, quando foi melhor e teve várias ocasiões para matar o jogo. A lesão de Jardel foi, na minha opinião, decisiva para que o Benfica não trouxesse os três pontos. Ao contrário de uma indisfarçada satisfação de alguns jornais e televisões que fazem agora de um anti-benfiquismo a sua bandeira de tiragem e audiências, e embora desiludido, não creio que esse relativo desaire tenha muito de dramático. Não sei se os outros candidatos ao título lá passarão incólumes. Curiosamente, na mesma semana, o Real Madrid foi a Sevilha levar 3 golos sem resposta, o Barcelona, depois de ter estado a ganhar, perdeu com o até então último classificado, o Leganés por 2-1 e empatou de seguida em casa, o quase imbatível a nível do seu campeonato Bayern de Munique perdeu por 2-0 contra o Hertha de Berlim, e tudo foi visto com relativa normalidade de sempre interessante imprevisibilidade do futebol. Por cá, aqui d'el rei, que já há crise... Somos uns exagerados: ou oito ou oitenta!
O árbitro, o inefável João Capela, continua a acumular no seu notável currículo expulsões a eito de jogadores encarnados. Cito apenas três: uma num Benfica - Sporting de 2011, no início da segunda parte, com o resultado em 1-0, expulsou Cardozo com um segundo amarelo exagerado depois de um murro do paraguaio na relva (e o primeiro por causa de um jogador - que não Cardozo - ter saído da barreira num livre a favor do adversário). Uma segunda, em Olhão, com Pablo Aimar (assim impedido de jogar a seguir contra o SCP) num lance igual a tantos outros em que, às vezes, nem falta se marca. Agora, a expulsão de Conti, num lance passível de livre e de cartão alanrajado, que - mais uma vez na véspera de um jogo contra o FCP - o árbitro nem hesitou em classificar como vermelho. Aqui, como num lance punido por falta do Chaves na grande área, mas transformado em livre directo fora da área, mandou às malvas o VAR. Aliás, começa a ser prática corrente a relativa inutilidade do papel do VAR nos jogos em que entra o SLB. Quanto à expulsão, e apesar do relvado lamacento, não é que não possa ser defendida, mas gostaria de saber quantas jogadas do género, antes e no futuro, vão ter igual punição.Recordo-me do mesmo Capela nos longos 10 minutos de tempo extra no Tondela - Sporting do ano passado ter ignorado uma falta passível de cartão vermelho de William sobre um tondelense que ficou com a perna desgraçada, antes do golo vitorioso dos leões. Vou estar atenção ao dragão Felipe que, por exemplo, no ano passado, abalroou sem dó, nem piedade Jonas e um (outro) árbitro nem sequer falta assinalou. O mesmo Felipe que continua isento de cartões como ainda agora vimos num lance gratuito contra o Tondela...

Contraluz
- Ídolo: Morreu Alves Barbosa, um dos meus ídolos de infância. Nem tempo em que o ciclismo era o desporto de eleição de Agosto na Volta a Portugal, ele representou o meu ideal desportivo. Corria pelo Sangalhos, terra da minha Mãe, e foi sempre um senhor na sua vida de ciclista e depois dela. Lembro-me de assistir a um contra-relógio que terminou naquela terra bairradina e onde conquistou a camisola amarela e de, logo a seguir, na etapa final de consagração ter sido impedido, nos Carvalhos e com a meta à vista, por espectadores de prosseguir no pelotão. Os tempos eram outros e hoje já não seria assim. Ganhou 3 voltas, teria ganho a quarta que assim lhe foi usurpada e cometeu o feito - na altura - de ser o 10.º classificado no Tour.
Paz à sua alma!
- Em apuros: O futebol tem tanto de exultante, como de ingrato. Dois treinadores portugueses, José Mourinho e Leonardo Jardim, estão a passar um mau bocado no Man. United e no Mónaco. O treinador do Man. United quase passou de special one para special zero e o treinador do Mónaco esrá a sofrer com as constantes sangrias do seu plantel feitas em nome do primado financeiro num clube onde a nação de adepto é algo difusa e distante.
- Frangos, Galos e Pintos: Bem sei que é um acaso, mas por acaso com alguma repetição. Há guarda-redes que são sempre brilhantes mas que, em momentos-chave, dão o seu frangote. É um galo, dirá, por exemplo, o guarda-redes do Tondela. Faz-me lembrar o pintainho que, ao nascer, exclamou: «a postura da minha mãe, chocou-me...»
- Trocas: do VAR. No jogo Benfica - D. Aves foi anunciado um VAR e apareceu um outro. Em Chaves estava anunciado Hélder Malheiro e eis que, à última hora, foi substituído por Bruno Esteves. A Liga não se dá ao trabalho de tornar públicas as razões destas súbitas alterações. Curiosamente Malheiro, indisponível para Chaves na quinta-feira, haveria se der o VAR no Dragão no dia seguinte. Que aconteceu, afinal? Onde está a apregoada transparência?"

Bagão Félix, in A Bola

'Putos' superiores...!!!


AEK 1 - 3 Benfica
Santos(2), Umaro


Vitória tranquila, que peca por escassa... Mesmo com um péssimo relvado (relva muito alta...), dominámos e só por alguma displicência sofremos um golo... e no 2.º tempo por excesso de 'gestão' não marcámos mais...

Os símbolos da longevidade

"Esta semana quero assinalar o fim de carreira do Luisão, pela longevidade e dedicação a um clube, cada vez mais rara nos dias que correm, pelo cumprimento exemplar da função de capitão de equipa e pela capacidade que teve para se integrar na sociedade portuguesa, transmitindo-nos um sentimento de pertença ao futebol português. Desejo-lhe as maiores felicidades para esta fase de transição de carreira e espero que possa ter a oportunidade de continuar a inspirar novas gerações de jogadores. Para além da carreira do Luisão, a longevidade marca a ordem do dia em clubes e instituições, designadamente pelos 125 anos do FC Porto e pelo centenário da Associação de Futebol da Madeira.  
O futebol é um sector em constante mudança e com enormes desafios para clubes e organizações desportivas, desde a base até ao topo da pirâmide. Devemos assinalar estes feitos e valorizar o nosso património desportivo. Parabéns ao FC Porto, pelo legado que tem construído, pelos grandes jogadores que deu a conhecer a Portugal e pelas conquistas nacionais e internacionais, fruto de uma identidade forte e de um apoio fervoroso da massa associativa. Parabéns, também, à AF Madeira, que num contexto de insularidade tem sabido promover este desporto e expandido para além daquela região autónoma o talento dos jovens jogadores portugueses.
Reconheço a importância que o trabalho de jogadores, enquanto referências dentro das equipas e na relação com a comunidade, clubes e organizações têm para o desenvolvimento e promoção do nosso futebol.
Finalmente, quero associar-me aos elogios pelo gesto do Bruno Fernandes para com o colega de equipa recém-regressado aos relvados, Carlos Mané. Num contexto de forte competitividade, este gesto revela o carácter e maturidade do jogador e enobrece toda a classe."

De Rafa e Zivkovic até João Félix e Tiago Dantas

"Há jogadores que nos ficam na retina pela qualidade que aparentam ter e pelo pouco rendimento que conseguem nas suas equipas. E esses jogadores, em que se colocam enormes expectativas, são desde logo apelidados como “flops” sem se tentar perceber alguns dos possíveis motivos do seu menor rendimento.
O motivo primordial pelo qual os jogadores não conseguem ter rendimento é a confiança. Porque os pés é que rematam mas é a cabeça que manda rematar, e se a cabeça não estiver bem o remate vai para fora. E essa confiança começa a ser construída desde o momento que o jogador chega, e lhe dado ou não o sinal do plano para o seu desenvolvimento dentro da equipa, das tarefas que se esperam que ele cumpra, e sobretudo o que é que ele vai acrescentar e trazer de mais-valia ao clube. 
Não é fácil chegar e lesionar-se, por exemplo. E isso é algo que pode transtornar um jogador e fazer com que os adeptos numa fase em que o jogador deveria estar a render (mas ainda se está a adaptar porque esteve lesionado) tenham menos paciência e o assobiem de forma constante cada vez que entra em campo por não estar a dar o que se esperava de si. É uma bola de neve que se transforma num problema enorme de desconfiança do jogador de si próprio, do treinador no jogador, e do público impaciente por resultados. Mas, se o plano for bem definido à partida, e for mostrado ao jogador por A+B qual o caminho a percorrer tudo isto pode ser amenizado.
A impressão que fica nos casos de Rafa e Zivkovic é que ninguém na equipa técnica percebeu, exactamente, o que é que cada um deles pode dar ao colectivo.
Quais são às suas melhores características, como é que se sentem mais confortáveis a jogar, e (sabendo que eles se têm que adaptar à equipa) como é que a equipa se poderia ajustar para tirar o melhor rendimento deles e elevar o rendimento colectivo. Ou seja, parece que ninguém percebeu o porquê de terem chegado estes jogadores em particular e não outros quaisquer.
Rafa e Zivkovic têm um problema em comum: a posição onde sentem maior conforto. Se quiserem, a posição onde tiveram mais rendimento, e onde chamaram à atenção para serem contratados para o Benfica.
No Benfica, quem decide, ainda não percebeu que há uma mudança abrupta de rendimento dos dois quando jogam “com o pé contrário”. Isto é, Zivkovic à direita e Rafa à esquerda. Os melhores momentos de cada um deles aparecem com os movimentos interiores que fazem, e conseguem com isso desequilibrar o adversário criando espaço para eles ou libertando depois num colega livre. É tão gritante a diferença que não se percebe ao fim deste tempo todo com os jogadores nos treinos e nos jogos o porquê de se insistir em colocá-los em posições menos confortáveis para que eles possam render. É claro que num caso de necessidade deve-se prioritizar aquela especificidade, mas o que vemos é que se continua a colocar os jogadores em zonas em que sabemos a priori que não vão estar tão bem quanto noutras.
Um bom jogador vai sempre conseguir tirar partido de uma ou de outra situação, e sabendo que ali não estará no seu melhor saberá também proteger-se do erro. Mas, por melhor jogador que seja, nunca vai render o mesmo na sua melhor posição do que numa posição mais estranha.
Porque é ali que vai estar cem por cento seguro, estável, e que poderá criar onde está habituado a criar normalmente. Veja-se Zivkovic: quando passou a jogar como médio ofensivo ofereceu um rendimento bem superior do que o anterior. Porquê? Porque as tarefas que tinha, as zonas que pisava, a forma como recebia e tinha que jogar o jogo estavam mais próximas daquilo que de melhor ele pode trazer ao jogo, tendo em conta que o futebol que a equipa joga não vai de encontro ao que ele de melhor pode oferecer.
E esse é outro factor pelo qual os jogadores não vingam: a forma de jogar da equipa não ter pontos de contacto com o que eles possam trazer de melhor. E é por isso que não se percebe como é que se pode tirar o melhor destes jogadores, e o que é que afinal eles podem trazer de tão bom ao jogo.
João Félix e Tiago Dantas, talentosíssimos, são dois outros casos em que ficará difícil perceber o porquê de não terem rendimento. Porque a inteligência com que eles jogam, a forma como desafiam o que se pensa do jogo por cá, poderá não ter a resposta adequada na equipa principal e poderá até ameaçar e melindrar quem pretere a inteligência pela força.
Porque os franzinos e criativos, para vingarem, precisam que a equipa lhes ofereça condições para que possam mostrar o melhor de si. Precisam que sejam atrevidos o suficiente para desafiar a norma vigente de evitar, por exemplo, jogar-se para dentro do bloco, onde eles estarão à espera e confortáveis para receber/enquadrar e criar mesmo que sem tempo e sem espaço."

Basquetebol 2018/19

Começa amanhã a época oficial do Benfica, logo com um jogo Europeu, com um adversário da fortíssima Liga Italiana... o Sassari !!!
Uma revolução, é a forma mais directa de explicar o que se passou neste defeso na secção de Basket do Benfica... Dos jogadores da rotação 'normal', ficaram somente 3 jogadores (Barroso, Silva e Fonseca). Os resultados do ano passado, assim o exigiam! Mesmo com a transferência do Robinson a meio da época, e a lesão do Sanders, podíamos e devíamos ter feito mais...

Novo treinador: Arturo Alvarez, espanhol com experiência na Liga portuguesa...
Novos jogadores: Miguel Maria Cardoso, Snider; Jaques, Micah Dows, Lima, Hallman, Suárez e Rey !!! São muitos jogadores...
Sendo que já tivemos a 'substituição' do Kris Joseph (lesionado) pelo Micah Dows, situação que na minha opinião, ficámos a 'ganhar'!!!

O potencial 'problema' deste plantel, poderá ser no posição de Poste: Rey e Fonseca, podem ser curtos, principalmente se o Xavi Rey tiver algum problema físico... Agora se o Rey estiver apto, será claramente o melhor Poste da Liga!!!
O Dows e Suárez são reforços a sério... prometem muitos pontos e atitude... Recordo-me bem do Dows, como adversário nos jogos com o Saratov, o ano passado...
O Snider é um jovem que vem da Universidade, com talento, mas nos primeiros jogos demonstrou alguma timidez, mas parece ser um organizador ao estilo do Sanders, mas com melhor lançamento...
Em relação aos reforços internos, o regresso do Fábio Lima era esperado com a saída do Carlos Andrade... vamos ver se o Fábio consegue estar apto... outro regresso (longínquo) é o Arnette, que tem de jogar perto do cesto... A contratação mais 'estranha' acabou por ser o Jaques da Conceição, um jogador que ofensivamente está muito longe do pai... poderá ser uma opção defensiva em alguns jogos, mas...
O Miguel Maria deu alguma polémica, devido aos seus comentários antigos nas redes sociais, mas daquilo que li, não me pareceram graves (como já aconteceu com outros, noutras modalidades...). Uma coisa é ser adepto de um Clube, outra coisa é ser ofensivo para o Benfica, neste caso específico, não houve ofensas... Na questão prática do jogo, parece-me que o Miguel acaba por ser uma contratação positiva, pois é um base que sabe organizar e tem bom lançamento exterior...

Como a pré-época demonstrou a temporada vai ser novamente discutida a três: os Corruptos têm um 5 base forte, mas estão muito dependentes de um jogador, que passa grande parte das épocas lesionado; a Oliveirense, a actual Campeã, não está mais fraca...

Base:
Miguel Maria Cardoso (ex-Guimarães)
Quentin Snider (ex-Louisville Cardinarls)
Aljaz Slutej

Base/Extremo:
Tomás Barroso
Jaques da Conceição (ex-1.º de Agosto)
Rafael Lisboa

Extremo:
José Silva
Fábio Lima (ex-CAB Madeira)
Micah Dows (ex-Avtodor Saratov)

Extremo/Poste:
Gonçalo Delgado
Alex Suárez (ex-Zaragoza)
Arnette Hallman (ex-Oliveirense)

Poste:
Cláudio Fonseca
Xavi Rey (ex-Zaragoza)

ADENDA: Xavi com rotura muscular... parece que sou bruxo!!!

O Combate das Feras!

"Em 1973, Eusébio conquistou a sua segunda Bota de Ouro como melhor marcador dos campeonatos de toda a Europa. Bateu-se palmo a palmo com o alemão Gerd Muller. Em Maio, em Nuremberga, um desafio de rematadores colocou-os frente a frente...

Gerd Muller e Eusébio. Eusébio e Gerd Muller. Começo em toque ligeiramente enciclopédico, se o paciente leitor me dá licença.
Muller - Nascido no dia 3 de Novembro de 1945, em Nordlingen, Gerd Muller foi um dos mais extraordinários avançados da história do futebol mundial. Conhecido por Der Bomber, o Bombardeiro, jogou no Bayern de Munique entre 1964 e 1979, partindo depois em busca dos dólares americanos no Fort Lauderdale. Golo era o seu apelido: 68 em 62 internacionalizações pela Alemanha Ocidental; 365 em 427 jogos da Bundesliga; 66 em 74 jogos para as taças europeias. Muller tinha uma tal admiração por Eusébio, que, depois de o ter visto jogar no Mundial de 1966, em Inglaterra, adoptou o seu número nessa competição (o 13) e levou-o consigo para o Mundial de 1970, no México, e para o Mundial de 74, na Alemanha, no qual se tornou campeão do mundo. Por várias vezes, Eusébio e Muller se cruzaram no areópago do futebol mundial. Como Eusébio, Muller foi uma vez  Bola de Ouro (1970), e duas vezes Bota de Ouro (1970 e 1972). Em 1972-73, Eusébio levou-lhes a melhor numa luta apertada que só ficou resolvida nas últimas jornadas dos campeonatos dos dois países.
1973, portanto.
A luta entre Eusébio e Muller pela Bota de Ouro - criada na época de 1967-68 pela revista francesa France Football para premiar o melhor marcador de todos os campeonatos europeus - foi renhida como poucas.
Eusébio tinha 31 anos; Muller, menos três.
O Pantera Negra terminou o campeonato nacional com a formidável marca de 40 golos marcador, superando o alemão do Bayern de Munique, com 36, e o búlgaro Peter Jekov, do CSKA de Sófia, com 29.
Muller não lhe poupou elogios mais tarde. No momento de receberem o prémio, queixou-se: em Portugal era mais fácil marcar golos.

Feras à solta em Nuremberga
No dia 22 de Maio de 1973, pôs-se em campo uma ideia que vinha medrando na cabeça de alguns empresários ligados ao futebol. Eusébio e Muller frente a frente. Uma espécie de Combate das Feras!
É verdade que Eusébio e Muller já se tinham defrontado num particular, em Paris, no Estádio de Colombes, com vitória do Benfica sobre o Bayern por 2-1.
Mas agora era Eusébio contra Muller! Em Nuremberga.
O adversário do Benfica era um misto. Quero dizer, uma equipa com base no Nuremberga mas reforçada com três jogadores do Bayern de Munique - o principal destes Muller, como é evidente!
Estavam decorridos dois minutos de jogo e já Eusébio marcara um golo, de cabeça.
O público, a rondar as 20 mil pessoas, delirava nas bancadas. Afinal era para isso mesmo que tinha comprado o seu bilhete.
E voltou a delirar 18 minutos depois: numa recarga, à queima-roupa, Muller fuzilou José Henrique.
Eusébio, 1 - Muller, 1: nem de propósito, convenhamos.
A primeira parte fo divertida, cheia de movimento.
O meio-campo encarnado, com Jaime Graça, Matine, Toni e Vítor Martins, ia dominando as operações.
Aos 35 minutos, Matine fez o 2-1 num remate distante, bem colocado e violento. Dir-se-ia que um remate à Eusébio.
No minuto seguinte, 2-2: Muller, de cabeça.
Veio o intervalo e tudo mudou. Muitas substituições de parte a parte, a partida perdeu ritmo, houve excessos de individualismo, a paixão sumiu-se.
Na verdade, o combate tinha acabado. Eusébio não voltara para a segunda parte (entrou Artur para o seu lugar), e os assobios foram uníssinos quando toda a gente percebeu que o ombro a ombro entre as feras não teria novo capítulo.
Muller pareceu sentir-se só sem o Pantera Negra do outro lado.
Afastou-se da baliza, arrefeceu a chama.
Nem mais um golo em Nuremberga.
O Benfica partiu no dia seguinte em direcção a Hong Kong, para mais uma das suas infinitas digressões.
Nesse mesmo ano, a Imavox editou um single com duas faixas: Bota de Ouro, de Natalina José, e Os Invencíveis, de António Calvário. Tema: Eusébio e a sua segunda Bota de Ouro e a vitória do Benfica no campeonato sem derrotas. Lá dentro vinha um pequeno livrinho com textos de Carlos Pinhão e fotos de Nuno Ferrari.
O futebol era tão mais divertido..."

Afonso de Melo, in O Benfica

Paixão sem fronteiras

"O Benfica sempre teve a capacidade de ligar pessoas tão distintas entre si

A paixão pelo Benfica não se circunscreve a uma só realidade. É partilhada por milhões de pessoas espalhadas pelos quatro cantos do mundo, com vivências e experiências completamente diferentes, sendo esse sentimento aparentemente, o único que os une.
Numa tentativa de explicar o que é ser benfiquista, apesar de nem gostar de futebol, o escritor Miguel Esteves Cardoso comparou o Clube a outras colectividades. 'O Sporting e o Porto podem jogar bem e o Belenenses e a Académica podem calhar bem em sociedade, mas só o Benfica, como o próprio nome indica, é o próprio Bem Que Fica'. Os próprios jogadores são diferentes de 'águia ao peito'. 'Eusébio só chorou quando jogou por Portugal'. Pois quem joga de 'encarnado' tem o 'privilégio e o condão de estar sempre a sorrir. Não conseguem resistir'. E sustenta a sua afirmação: 'o Benfica não joga - digna-se jogar. Não joga para vencer - vence por jogar'.
Talvez tenha sido essa a razão para Mark Secker, residente em York, Inglaterra, ter-se tornado benfiquista após assistir a um jogo do Clube. Tudo aconteceu quando, em 1980, de férias em Portugal, assistiu ao encontro entre o Benfica e o Boavista. 'Além de ganhar, mostrou técnica muito apurada, um futebol bonito, factores que impressionaram sobremaneira e que não estava habituado a ver no futebol inglês'. Bastou para ficar rendido, e desde aí, mesmo em outro país, continuou a acompanhar todas as partidas do Clube, chegando muitas vezes a deslocar-se, de propósito, a Lisboa para assistir ao vivo os 'encarnados'. Apesar de estar longe, não se sente afastado, antes pelo contrário,vê-se mais como um embaixador do Clube, sempre com um emblema do Benfica na lapela.
Esta é uma paixão fora do comum, tal como Mário Wilson sintetizou: 'é qualquer coisa de brilhante, apaixonante, (...) Vocês não imaginam, não podem imaginar. (...) Que vem de berço, de quase berço. (...) É de uma magia única, só nós nos sentimos assim, por muitos desgostos que possamos ter, valores mais altos se levantam, e o valor mais alto chama-se Benfica'.
Poderá sentir esta inexplicável paixão na área 13 - Viagem ao Coração Benfiquista do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

Um acórdão coxo, vesgo e birrento

"Este artigo estava predestinado para ser a continuação do anterior, que versou sobre jornais desportivos. No entanto, tal não pode ser!
A secção profissional do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol tomou uma decisão no âmbito do processo disciplinar n.º 77 - 17/18, que versou sobre o eventual arremesso perigoso de objectos com reflexo no jogo entre a Estoril Praia - Futebol SAD e a Sport Lisboa e Benfica - Futebol SAD, realizado no dia 21 de Abril de 2018, a contar para a 31.ª jornada da Liga NOS.
O acórdão teve como relatora a dra. Fernanda Santos.
A questão sempre mais importantes numa decisão desta natureza é a matéria de facto que se dá como provada. É com base nela que se parte para toda e qualquer aplicação de matéria de direito, e, como é bom de ver, é através da sua fixação (da matéria de facto) que se pode dirigir uma decisão para aquele ou para o outro lado.
Transcreveremos o que consideramos mais importante dessa matéria de facto dada como provada:
3) Aos oito minutos da primeira parte e aos 45+2 da segunda parte, coincidindo com os dois golos da equipa do Benfica, o jogo esteve interrompido durante um minuto, em cada ocasião, devido ao arremesso por parte dos adeptos afectos ao clube B de tochas, cadeiras (pelo menos 4 no segundo golo), isqueiros e outros objectos.
4) Em virtude da ocorrência dessa factualidade e como sua consequência directa, o jogo esteve interrompido por um minuto, em cada um desses dois momentos, para a remoção dos objectos do terreno de jogo.
5) Os autores dos arremessos mencionados em 3) e 4), situados nas Bancadas Nascente e Norte, usavam roupas, acessórios e objectos alusivos à Arguida, manifestando apoio a esta efusivamente.
7) A SLB-SAD não adoptou as medidas preventivas adequadas e necessárias e evitar os acontecimentos protagonizados pelos seus adeptos, descritos nos factos provados 3) e 4), devendo-se a respectiva ocorrência a tal omissão.
8) A SLB-SAD agiu de forma livre, consciente voluntária, bem sabendo que, ao não evitar a ocorrência dos factos perpetrados pelos seus adeptos, cumpriu deveres legais e regulamentares de segurança e de prevenção da violência que sobre si impediam, enquanto clube participante nos ditos jogos de futebol.
Afinal o que é que interessa disto tudo?
* Que se determinadas pessoas tiveram roupa e adereços alusivos a um clube, é esse o clube responsável por qualquer acto praticado por essas pessoas;
* Que o Benfica é responsável pelos seus adeptos (a serem seus os adeptos), quando vai jogar fora;
* Que o Benfica agiu de forma consciente e voluntária porque não evitou os factos do arremesso das cadeiras, tochas e outros, incumprindo deveres especiais de prevenção e segurança;
Mas que absurdo?
Em primeiro lugar, se alguém se vestir de adepto do Benfica e arremessar objectos para o terreno de jogo, quem é responsável é o Benfica. Lembram-se do caso do Avelino Ferreira Torres? Sabem o que são infiltrados?
Em segundo lugar, o Benfica é responsável por todo e qualquer adepto que vá a um jogo de futebol em que o Benfica seja visitante. Talvez seja possível através da utilização de drones pelo Benfica controlar os milhares de adeptos! Mas atenção, que, se o jogo for no Jamor, poderão ficar na rota dos aviões!
Em terceiro lugar, o Benfica tinha de adivinhar que alguém iria lançar objectos, que haveria golos, quem especificamente arremessaria objectos, onde e quando isso iria acontecer, provavelmente colocando 30000 seguranças, 1 por cada espectador, e, prior ainda, fê-lo de forma voluntária e consciente!
Havia uma expressão muito comum na zona pobre onde cresci.
- Vão dar banho ao cão!
Se lermos o acórdão que vimos abordando, lemos que o relatório do policiamento diz:
Relatório de Policiamento Desportivo
'20h42 - Visualização de três tochas nos sectores L (2) e N (arremessada para o relvado, não atingido ninguém), M e N'.
'20h43 - Visualização de 3 flashes nos sectores L (2) e N (arremessado para o relvado, não atingiu ninguém)'.
Dois suspeitos do arremesso identificados, indivíduo caucassiano com cerca de 30 anos, casaco preto comprido, afecto ao SL Benfica, e indivíduo caucassiano com cerca de 25 anos junto a bandeira branca com símbolo do SL Benfica com casaco preto à cintura, brincos nas orelhas e cabelo curto com riscas nas laterais.
O policiamento identifica dois sujeitos, afirma que um está ligado ao Benfica e sobre o outro nada menciona.
O policiamento identifica dois sujeitos, afirma que um está ligado ao Benfica e sobre o outro nada menciona.
Mas como se pode dizer que o primeiro está ligado ao Benfica se não foi devidamente identificado? E ao estarem identificados dois indivíduos, não estão identificados os autores dos arremessos? Porque se torneia essa realidade e se vai punir a Benfica SAD?
Mas o mais espectacular deste acórdão é a tomada da decisão mais grave, quando os pressupostos em que a mesma assenta estão totalmente coxos, vesgos e birrentos!
A decisão que veio a ser tomada foi esta:
- Julgar procedente, por provada, a acusação, consequentemente, condenam a Sport Lisboa e Benfica - Futebol SAD pela prática de um ilícito p. e p. no artigo 183.º n.ºs 1 e 3 do RDLPFP 2017, com a sanção de realização de 1 (um) jogo à porta fechada, e, acessoriamente, com a sanção de multa que se fixa em 150 (cento e cinquenta) UC que, por aplicação do factor de ponderação do 0,75 (estatuído no artigo 36.º, n.º 2, do RDLPFP 2017), se quantifica em 11474,00 (onze mil quatrocentos e setenta e cinco euros).
Esta decisão não prima pela qualidade e muito menos pela lógica das coisas.
Amanhã, existe um ataque bombista algures na Europa, e somos todos responsáveis por ele porque não erradicámos os bombistas do cimo da Terra! Francamente!
Até lá, fica a memória (...) do golo da vitória.
Até para a semana."

Pragal Colaço, in O Benfica

As vendas de jornais desportivos

"Este título na era digital e da criptomania não será o título adequado. Talvez o título mais adequado fosse - venda de informação desportiva!
Mas, mesmo assim, o título também não estaria correcto, pela simples razão de que a informação desportiva, que antigamente não passava disto mesmo, fazendo-nos sentir saudades dos jornais desportivos que líamos, hoje deixou de ser descritiva e passou a ser propagandista.
A informação desportiva hoje é ela essencialmente política e económica. Política porque pretende interferir com o rumo dos acontecimentos desportivos e influenciar o pensamento de todos e de cada um, e económica porque em cada momento está sempre subjacente um interesse económico.
'O que podemos observar depende da nossa posição em frente do objecto de observação. O que decidimos acreditar é influenciado pelo que observamos.
Como decidimos actuar relaciona-se  com as nossas crenças. O nosso posicionamento está dependente das observações, das crenças, e acções que são centrais para o nosso conhecimento e razão prática', Sen, Amartya (2004:126)
É impossível quantificar qual a importância económica, social e política que possuem os sites de informação desportiva complementares e muitas vezes principais centros de veiculação de notícias.
Como método, podemos partir do pressuposto de existência de três grandes conglomerados que operam na área desportiva e que têm ligações dos jornais desportivos - a Sociedade Vicra Desportivo S.A,. a Cofina Media S.A. e a Controliveste Conteúdos S.A., as quais detêm para o que aqui nos interessa, respectivamente, o jornal A Bola, o jornal Record e o jornal O Jogo.
Faremos o nosso texto utilizando duas fontes de informação, a APCT e os relatórios e contas das identificadas sociedades.
A APCT é a Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação, www.apct.pt.
Desde logo, a Vicra não fornece à mencionada associação a tiragem do seu jornal A Bola. Ficamos assim apenas com as informações referentes ao jornal Record e ao jornal O Jogo.
Vejamos (...) o que nos diz a mesma fonte sobre a tiragem de todo o ano de 2017.
Da análise do que acabamos de reproduzir retira-se que existe uma diferença considerável entre o volume de tiragens e o volume de circulação. As tiragens respeitam a todos os exemplares produzidos, enquanto a circulação respeita apenas ao volume que circula nos balcões de venda por assinaturas.
(...) um gráfico com as tiragens no ano de 2017 de ambos os jornais.
Desconhecemos qual é o volume incluído nas tiragens mencionadas que corresponde a ofertas, ou a outro tipo de não recebimento pelas mais variadas razões.
Considerando que a taxa desses 'gratuitos' corresponderá a 10% temos que, por mês, a empresa do jornal Record facturará de receita em média cerca de 33000,00€ enquanto a empresa que comercializa o jornal O Jogo facturará cerca de 16200,00€ o que dará por ano respectivamente, cerca de 198000,00€ e 972000,00€.
Convenhamos desde logo que são valores muito baixos para os custos que a impressão e a distribuição dos mesmos acarretam.
Por esta razão, as sociedades que comercializam os referidos jornais têm de recorrer e economias de escala, seja pela via do aumento de soluções de receita, seja pela concentração de custos.
Nesse sentido, verifica-se que o grupo Cofina Media S.A. edita/explora o generalista Correio da Manhã, o jornal económico Jornal de Negócios, os gratuitos Destak e Mundo Universitário, a revista de moda Máxima e está também na área dos audiovisuais com a CMTV.
Por sua vez a Controlinveste Conteúdos S.A. marca presença nos sectores da imprensa, rádio e Internet.
Encontramos no sector da rádio a TSF e no sector da imprensa, o Diário de Notícias e o Jornal de Negócios, a marca digital de informação económica Dinheiro Vivo. Na área de revistas contam-se a Evasões, a Volta ao Mundo, de venda autónoma, e a Notícias Magazine e Notícias TV, distribuídas pelos jornais do grupo.
No âmbito da fotografia, vídeo e conteúdos multimédia inclui-se a Global Imagens.
Na imprensa regional, tem ligações ao Açoriano Oriental, ao Jornal do Fundão e ao Diário de Notícias da Madeira.
Mas ambas as empresas operam também na área gráfica e na área da distribuição fechando verticalmente sectores de actividade que acabam por ter domínio em exclusivo.
O grupo Cofina opera assim na distribuidora VASP, que é detida em partes iguais, por si, pela Controlinveste e pela Impresa.
Já na área gráfica a Cofina detêm uma participação de 100% na Grafedisport S.A. e a Controlinveste Conteúdos S.A. detêm presença em duas empresas gráficas (Naveprinter, no Porto, e a participada Empresa Gráfica Funchalense, em Lisboa).
Estamos então na presença de negócios multidependentes e interdependentes, que bem geridos criam receitas significativas.
Quanto à Vicra deixaremos para próxima artigo."

Pragal Colaço, in O Benfica