domingo, 17 de junho de 2018

Juvenis - 8.ª jornada - Fase Final

Benfica 4 - 0 Braga


Tudo na mesma, a duas jornadas do fim do campeonato, temos 1 ponto de vantagem... e teremos o jogo decisivo no Seixal, na última jornada...
Os 4 pontos perdidos com dois empates parvos, podiam dar mais tranquilidade...!!!

De olhos bem abertos

"O VAR, Ronaldo e BdC. Ou como se calhar devíamos olhar mais para fora e, talvez, perceber as figuras que fazemos cá dentro.

Às vezes precisamos de olhar para fora para perceber as alarvidades que dizemos quando teimamos em menosprezar o que temos dentro de casa. Vem isto a propósito do videoárbitro, por cá tão maltratado - nunca a FIFA se teria atrevido a estreá-lo no Mundial se passasse algum cartão ao que em Portugal se diz e escreve... - e que na Rússia também já dá que falar. É perfeito? Claro que não. Mas não é tão mau como alguns por cá querem fazer crer. É verdade que nos falhou logo a nós, naquele primeiro golo da Espanha - incrível como, pelo que diz a FIFA, não aconselhou, pelo menos, Gianluca Rocchi a ir ver o lance. Mas acertou em cheio no França - Austrália, descortinando um penálti que existindo, não era tão claro quanto isso. Ou no Peru - Dinamarca.
Não vale, portanto, embarcar em teorias da conspiração quando os nossos VAR tomam decisões que nos parecem incompreensíveis. Acontece em Portugal e acontece também em palcos tão maiores como um Campeonato do Mundo. Não é mais, perceba-se, que uma questão de competência. E é nisso que nos devemos concentrar: chamar os melhores para a função e formar a pensar no futuro. Tudo o resto é, só, alguém a tentar mandar areia para os olhos, numa tentativa - às vezes bem-sucedida, infelizmente - de nos fazer mais cegos do que pareceu o videoárbitro do nosso jogo com a Espanha.

Às vezes precisamos de olhar para fora para perceber as alarvidades que dizemos quando teimamos em menosprezar o que temos dentro de casa. Vem isto a propósito de Cristiano Ronaldo, que alguns por cá tão maltratam apenas porque cometeu o pecado de nascer português. A esses - aos que continuam a olhar para Cristiano, e para os nossos maiores, com a pequenez própria de quem nunca aspirará a ser grande - aconselho apenas uma consulta (e nem precisa de ser muito aprofundada) à imprensa internacional deste sábado. Talvez assim percebam que os que, por cá, destacam os feitos daquele que é o nosso melhor jogador de sempre não sofrem de qualquer complexo de saloiice aguda. É (muito) mais ao contrário...

Às vezes devíamos ser proibidos de olhar para dentro para não termos de ver as alarvidades que dizemos quando queremos defender o que não tem defesa. Vem isto a propósito de um dos últimos episódios da crise do Sporting - peço desculpa mas a novela desenrola-se a um ritmo tão elevado que se torna difícil acompanhá-los todos -, que parece não ter fim à vista. Começou por dizer Bruno Carvalho, numa das muitas (e infindáveis) conferências de imprensa para que chamou os jornalistas, que o juiz que suspendeu as duas assembleias gerais por si pensadas para legitimar o que, percebe-se, criou sem legitimidade não tinha feito considerações, tinha apenas decidido sem mais. Dois minutos depois estava a dizer que o mesmo juiz, na mesma decisão, tinha determinado que «os sócios do Sporting não eram mentalmente capazes de decidir o seu futuro». Isto não é uma consideração?
Mas foi, logo a seguir, mais longe o presidente do Sporting - embora ninguém consiga perceber bem se ainda o é. Disse Bruno de Carvalho que, não em nome dos «superiores interesses do Sporting» mas em respeito aos sportinguistas, iria permitir a Jaime Marta Soares consultar os cadernos eleitorais e, pasme-se, iria até suportar os custos da AG de destituição de dia 23. Estaria tudo bem, não se tivesse sabido no dia seguinte que tinha BdC sido, afinal, obrigado a isso em mais uma decisão de um tribunal. Como me dizia alguém que muito respeito há uns dias, chegámos a um estado em que a verdade já pouco interessa. O importante é, afinal, a realidade que se passa para o exterior, mesmo que toda truncada. E o mais ridículo é que estratégia funciona. Porque há sempre gente com uma incrível disposição para andar sempre de olhos fechados."

Ricardo Quaresma, in A Bola

Cristiano e Messi deuses do futebol

"A abertura do Mundial correu excepcionalmente bem a Cristiano Ronaldo e excepcionalmente mal a Leo Messi. Na verdade, Portugal ficou a dever a CR7 evitar a derrota com a Espanha, enquanto Messi ficou a dever uma vitória à Argentina, após uma exibição sofrível e um penálti falhado no jogo com os islandeses.
Claro que os ventos da sorte e do azar de dois dos melhores futebolistas de sempre podem variar, mas parece-nos importantes aproveitar este tempo em que Cristiano é cantado por todo o mundo e em todas as línguas como um extraterrestre, para dizermos que não é um jogo, nem, mesmo, um campeonato do mundo inteiro que muda o essencial: o melhor jogador do mundo é apenas uma designação, um estatuto, um título, com toda a carga de subjectividade que a mente humana é capaz de produzir para aproximar, tanto quanto possível, o homem ao seu Deus.
Cristiano e Messi são, ambos, fantásticos jogadores de futebol. Messi será, talvez, mais intuitivo, mais 'esplendor na relva', mais mãe natureza; Ronaldo é um exemplo supremo de 'besta humana'. Um atleta único, criado pelo sonho, pela ambição, pela força mental de um homem que é, de facto, um ser humano invulgar e que se juntou a um fabuloso talento.
É bom que ambos coexistam e que tenham feito deste tempo, que não durará muito mais, um dos mais belos hinos ao futebol (sorte de todos os que o viveram). Cristiano e Messi foram, juntos, responsáveis por mais milhões de adeptos no jogo universal e constituíram para o desenvolvimento do futebol como espectáculo de multidões.
Aconteça o que acontecer, nunca, um, se sobreporá ao outro."

Vítor Serpa, in A Bola

O meu melhor

"Porque no seu futebol há o corpo desempenho perfeito para jogar futebol por um deus: na velocidade, na agilidade, na força (e no encanto).
Porque no seu futebol há o duende do Lorca a estender-se da sua cabeça aos seus pés fazendo com que todo ele transmita a valentia e não o medo, o entusiasmo e não a mesquinhez, o assombro e não a resignação, o brilho e não o breu.
Porque no seu futebol há o jogo despojado de frivolidade - e a astúcia para dar a volta a qualquer destino mesmo quando o destino o ameaça (ou à equipa...) de dentes afiados, contrariando a verdade sagrada que diz que, numa equipa, um sozinho nunca é suficiente.
Porque no seu futebol o remate capaz de transformar um jogo inteiro numa história de pasmar - com a bola a saltar de dentro da sua imaginação para dentro da baliza alheia (e o livre contra o Espanha foi mais um exemplo disso...)
Porque no seu futebol há a poesia a correr pelo campo aberto nas linhas do seu horizonte, apaixonado na sua vontade e firme no seu carácter - sem que nunca deixe de jogar para manchete do jornal do dia seguinte em qualquer parte do mundo, desafiando o destino, desafiando a história.
Porque no seu futebol há o fervor no movimento e o génio na acção - e o herói a desmultiplicar-se na vida que o mostra, deslumbrante, para lá do seu mito.
Porque no seu futebol há tudo isso (e muito mais) é que eu acho que não há Maior Português do que Cristiano Ronaldo na História da Humanidade. Aliás, se dúvida ainda tenho é se ele não é já o Melhor Jogador de Sempre - que o Maior Europeu de Todos os Tempos e o Maior Goleador de Toda a História, para mim é.

PS: Para que não me acusem de ronaldite pegajosa, direi então: até pode não ser (ainda) o Melhor jogador de Futebol de Sempre - mas no patamar de Pelé, de Maradona (e, apesar de tudo, de Messi, o do Barça, não o da Argentina) já está - mesmo faltando-lhe o que ainda lhe falta à história que ele não pára de desafiar (e de vencer)."

António Simões, in A Bola

Guerrero no Mundial

"Em jogo disputado a 5 de Outubro de 2017 contra a selecção Argentina, um teste de doping realizado ao jogador Pablo Guerrero deu positivo para cocaína. Em consequência, o capitão do Peru foi sancionado pela FIFA com 12 meses de suspensão, tendo posteriormente, em recurso, a sanção decidido para 6 meses.
Desta decisão, a WADA - World Anti-Doping Agency - recorreu para o Tribunal Arbitral do Desporto de Lausanne (TAS) pedindo a alteração da sanção entre uma que se situasse entre 1 e 2 anos, com expressa preferência pela aplicação de suspensão por 22 meses; também o jogador recorreu, pedindo a sua absolvição.
O TAS alterou a sanção determinada pela FIFA, sujeitando Guerrero a uma sanção de suspensão por 14 meses. Deste modo, o jogador ficaria fora do Mundial da Rússia.
Como reacção, o jogador requereu ao Tribunal Federal Suíço e emissão de providência cautelar tendente à suspensão dos efeitos da decisão do TAS de modo a poder participar no Mundial, o que veio a suceder. Aquele tribunal entendeu que os danos para o jogador, de 34 anos, por se ver impedido de participar no Mundial - onde, de resto, o Peru não estava presente há 36 anos - eram muito elevados.
Esta amplitude na medida das sanções decretadas pelos vários órgãos não deve estranhar quem acompanha minimamente questões relacionadas com dopagem: com efeito, o consumo de cocaína em competição, por jogadores de futebol, apesar de proibida, é vista por muitos como uma substância menos grave quando comparada com outras pois, para além de estar ligada a questões culturais e recreativas, não se mostra susceptível de melhorar o desempenho do atleta, tendo efeitos limitados a um curto espaço de tempo."

Marta Vieira da Cruz, in A Bola

Mundial, dia 3: Messi também falha e o VAR, afinal, funciona

"Messi falhou (uma grande penalidade) pela terceira vez ao serviço da selecção e pela primeira vez num jogo oficial da Argentina. Há momentos em que, como demonstrou Cristiano Ronaldo no dia anterior, o fundamental é manter a frieza e não vacilar. Desta vez, Messi não foi capaz.

O futebol não é apenas habilidade técnica, também se faz de capacidade mental. Messi confirmou-0 a partir da marca de grande penalidade. ‘Bastaria’ um remate colocado, como já tantas vezes fez na vida, e a Argentina passava para a frente, derrubando o muro de gladiadores islandeses apoiados pelas suas alegres gentes. Mas o guarda-redes Halldórsson esticou-se e defendeu. Messi falhou pela terceira vez ao serviço da selecção e pela primeira vez num jogo oficial. Há momentos em que, como demonstrou Cristiano Ronaldo no dia anterior, o fundamental é manter a frieza e não vacilar. Desta vez, Messi não foi capaz. A sua candidatura ao prémio de ‘melhor do mundo’ para a FIFA (do ano em curso) sai beliscada depois da primeira ronda russa.
No jogo em que o veterano Mascherano passou a ser o mais internacional de sempre pela Argentina (144 jogos), outra constatação: a equipa é muito mais dependente de Messi que Portugal de Cristiano Ronaldo. E não tem a capacidade de circulação de bola da Espanha ou do Brasil. Faz impressão ver Dybala de fora e a ‘revelação’ Meza a titular. Di Maria também já teve melhores dias. Por tudo isso, e pela capacidade de luta demonstrada, a Islândia mereceu escapar à derrota na sua estreia num Mundial. No jogo anterior (França, 2-Austrália, 1), outra verificação importante: o VAR, que deixou passar a falta de Diego Costa sobre Pepe, afinal funciona. Detectou uma grande penalidade e um golo! Óptimo. Oxalá se mantenha assim, a cuidar da verdade do jogo.
A França conseguiu os três pontos mas sentiu dificuldades. Teve de substituir Griezmann e Dembelé. O futebol físico parece bloquear a equipa, que não tem um líder criativo. Kanté dá referência e equilíbrio. Pogba junta o músculo. Tollisso não convence. Falta algo. Percebeu-se o recente empate com os EUA, no último jogo de preparação.
A Croácia, eliminada do Euro’2016 por Portugal, volta com a sua equipa carregada de estrelas – Modric, Perisic, Rakitic, Mandzukic, etc. – e de maturidade. Passará, com certeza, esta fase de grupos e será sempre um adversário difícil para qualquer, porque também sabe combater. Isso foi essencial perante a agressiva equipa da Nigéria (2-0).
O outro jogo foi desinteressante. Ganhou a Dinamarca (1-0), mas poderia ter sido ao contrário. O Peru falhou uma grande penalidade em dia cheio delas: cinco. Interessante a forma de Carrillo, que foi o melhor da sua equipa. Se continuar assim, vai render bom dinheiro ao Benfica."

Primos inter pares

"Eis algo que podemos fazer caso tenhamos um smartphone (que provavelmente temos) e sejamos islandeses (que provavelmente não somos): podemos instalar uma aplicação chamada ÍslendingaApp. A aplicação permite aceder à maior base de dados genealógicos da Islândia e inclui várias funções, mas a mais popular é impedir que duas pessoas que sejam primas tenham inadvertidamente sexo uma com a outra.
Sexo inadvertido com primos não é um risco muito grande em Portugal, onde até os casamentos consanguíneos deliberados são hoje muito mais infrequentes do que nos tempos da dinastia Afonsina (pelo menos fora da esfera restrita dos futuros candidatos à presidência do Sporting). Mas compreende-se que seja um flagelo público na Islândia, um país com uma população de aproximadamente cento e cinquenta habitantes. Vinte e três deles são futebolistas profissionais e fizeram à Argentina, na sua estreia em Campeonatos do Mundo, o mesmo que fizeram a Portugal, na sua estreia em Europeus: impuseram-lhes um empate a um golo e geraram a primeira semi-surpresa da prova.
A consanguinidade não será o instrumento analítico ideal para perceber a restrita mas tremenda eficácia do futebol islandês, e nem sequer é sabido que os jogadores sejam parentes (curiosamente, há pelo menos um participante no Mundial que casou com uma prima: chama-se Mohamed Salah). Mas talvez a exiguidade espacial forneça uma analogia útil.
A equipa do Celtic que ganhou a Taça dos Campeões em 1967 tinha uma particularidade célebre: todos os jogadores do onze inicial nasceram a menos de quinze quilómetros de distância do seu estádio. O onze inicial da Islândia joga como se todos tivessem nascido na mesma casa. Transportam consigo uma claustrofobia ambulante, perfeitamente confortável para eles, mas que torna o relvado inóspito para terceiros. Não é que joguem num "bloco baixo", ou que preencham muito bem o "espaço entre linhas"; é que o bloco não pára quieto, e as linhas dissolvem-se como uma ilusão de óptica.
Ao dizermos que a Islândia "jogou bem" e que a Argentina "jogou mal" estamos apenas a distorcer aquilo que aconteceu na medida suficiente para podermos afirmar que a Islândia foi mais eficaz do que a Argentina a fazer as coisas que queria fazer, e a reconhecer que ambas quiseram fazer coisas diferentes. É o motivo pelo qual jogos como Argentina-Islândia ou o Marrocos-Irão (onde há um duelo entre dois estilos em claro contraste) são mais agradáveis para o espectador do que um jogo como, por exemplo, o Peru-Dinamarca - onde a qualidade individual e colectiva é demasiado difusa e distribuída para coalescer em intenções visíveis.
Uma vítima colateral destas duas dinâmicas - a disciplina doméstica dos pupilos de Treinadórsson e a nossa predilecção inconsciente por narrativas de contraste - foi Lionel Messi, (que, já agora, num típico rasgo de originalidade, casou com a prima do seu melhor amigo). Foi o melhor em campo, mas teve o azar cronológico de fornecer uma assimetria demasiado apelativa, falhando a grande penalidade e o tardio livre directo que Ronaldo convertera na véspera. Como se não bastasse, a outra medida de contraste que o assombra há anos marcou presença nas bancadas da Arena Otkrytie, devidamente equipada com charuto e óculos de sol: Diego Maradona, o seu predecessor cósmico, e o homem que conseguiu fazer o que ele ainda não conseguiu.
As mitologias informais associadas à história dos Campeonatos do Mundo e às hierarquias de qualidade individual tornaram-se tão indissociáveis que assumimos que as segundas emergem da primeira. A ideia de que a reputação póstuma de um futebolista é forjada na sua capacidade para ganhar Mundiais "sozinho" é tão arbitrária como inevitável. Faz tanto sentido como avaliar cada presidente americano pela sua capacidade para emancipar os escravos, ou cada banda pop pelo seu talento para nascer em Liverpool. Mas um ponto original de grandeza é precisamente o que serve para medir o resto. Messi e Ronaldo transformaram a afirmação das suas grandezas numa prova semanal de resistência, quando, por motivos de mera precedência histórica e dos modos específicos como acedemos a essa história, estamos formatados para privilegiar pontos luminosos fixos no tempo em detrimento de uma lenta panorâmica. É nesse dilema que Messi se encontra, acima de tudo pela circunstância geográfica que não partilha com Ronaldo. Não é só contra casas cheias de islandeses que se debate, mas contra os fantasmas de família que povoam o seu próprio sótão."

O país do sol aos quadradinhos

"Como nos casos BPN, BPP, BES/NOVO BANCO/PT, no processo Casa Pia ou na tentativa do assalto ao poder de José Sócrates, também no Sporting a solução eficiente acabará por ser judiciária. 

Vai chata e comprida a crise no Sporting, como a espada do D. Afonso Henriques.
Mas parece que era inevitável.
Como nos casos BPN, BPP, BES/NOVO BANCO/PT, no processo Casa Pia ou no caso do assalto ao poder de José Sócrates, ninguém é culpado.
Ninguém elegeu ou se absteve.
Ninguém viu.
Ninguém sabe.
E contudo, o “sistema” parece que funciona.
Há candidatos.
Há eleições.
Há órgãos de fiscalização.
E tudo.
Mas sistema está totalmente pervertido e só aparentemente funciona. Desde logo, o problema base e transversal de Portugal é evidentemente sociológico: o índice geral de literacia em Portugal é absolutamente problemático.
Depois, a pirâmide virtuosa está totalmente invertida.
Princípios, valores e regras (por ex., educação) estão completamente em baixo.
O poder brutal, puro e duro do dinheiro está completamente em cima e parece hoje que definitivamente vale tudo ou quase tudo. A crise do Sporting não é desportiva.
Não é a concorrência salutar entre duas visões/ambições válidas para o clube, ao serviço dos associados e do desporto em geral.
A crise do Sporting é uma luta diferente.
Em que sobreleva uma escondida, ampla, transversal e encavalitada teia de interesses, sempre com (demasiado) dinheiro à cabeça.
Face a todos esses interesses em jogo é rigorosa e tipicamente disso que fala a operação de violência friamente induzida, mobilizada e organizada parece que internamente em Alcochete contra os jogadores e equipa técnica.
Como nos casos BPN, BPP, BES/NOVO BANCO/PT, no processo Casa Pia ou na tentativa do assalto ao poder de José Sócrates, também no Sporting a solução eficiente acabará por ser judiciária. 
Mas é um erro a validação definitiva e inevitável desse cenário de judicialização.
Porque um país, se o quer ser a sério, tem de ser feito por pessoas livres e adultas, institucionalmente rico, criativo e independente.
Não pode ser um doente acamado em permanência e gerido pelas intervenções sistemáticas e sem alternativa útil dos poderes policial e judicial, com remessas regulares de inquilinos para o sistema prisional. Tem de ter bancos bons com equipas de gestão sérias, honestas e preparadas, tem de ter governantes sérios, honestos e competentes eleitos em actos eleitorais abertos, amplos, participados em grau máximo e escrutinados, tem de ter ao serviço da população associações desportivas decentes, transparentes e competitivas que não se trasvestem em casinos, máquinas de reciclar dinheiro fácil, puras fachadas para negócios mais ou menos escuros ou oportunidades mediáticas. Portugal tem mesmo de mudar se o quiser ser.
O resto é a barracal “guerra” de palavras e insultos que escondem um vazio deprimente e essencial.
A política, a banca e o futebol, infelizmente, podem ser uma ponta do icebergue."

Mundial de bicicleta

"Hoje joga o México, na semana em que ficou a saber-se que os mexicanos organizarão o Mundial de 2026, conjuntamente com o Canadá e os… EUA. Onde Trump vê muros, a FIFA vê pontes! O México será o primeiro país a organizar três edições do Mundial, depois de 1970 e 1986. 
Precisamente em 1986, o Estádio Azteca assomou como palco de dois momentos poéticos e perenes. Obras assinadas por Maradona com um golo forjado desde o seu meio-campo, numa carta de amor sobre futebol que ridiculariza as palavras que o explicam, e pelo mexicano Negrete que - num movimento que suspendeu tempo, espaço e gravidade - moldou no ar um remate de bicicleta, daí resultando o golo que recentemente foi considerado o melhor de sempre em Mundiais.
O pontapé de bicicleta diz-se 'inventado' pelo brasileiro Leónidas, que disputou o Mundial de 1938. Interpelado sobre tal hipótese, o 'Diamante Negro' afirmou: "É possível que não seja criação minha, mas antes de mim nunca vi ninguém fazê-lo!"
Manuel Negrete seria, entretanto, contratado pelo Sporting, um clube em crise directiva e financeira que tinha iniciado a pré-época com apenas 13 jogadores (a História repete-se?). Negrete não se adaptou ao futebol português e fez apenas uma época, sem engenho para dar a volta… de bicicleta e sem outros golos dignos de grande registo.
Já entre os mexicanos, a bicicleta de Negrete deu-lhe um lugar de destaque, ofuscando em 1986 Hugo Sánchez, o melhor de sempre entre os futebolistas aztecas. O ídolo do Real Madrid e melhor marcador da liga espanhola de 1985 a 1988 ficou também conhecido por festejar os golos com um salto mortal em homenagem à irmã, ginasta olímpica.
Outro mexicano a fazer História é Rafa Márquez com a sua quinta participação, igualando o conterrâneo Carbajal, Matthäus e Buffon. E se marcar um golo entra no restrito lote de jogadores que facturaram em quatro Mundiais.
Hoje, contra a Alemanha, não será fácil para os mexicanos com sotaque português (de Jiménez, Herrera, Layún e Reyes) aguentarem a pedalada! Os alemães, sempre ligados à corrente, são bem capazes de lhes dar cabo dos carretos… da bicicleta!"

PT7

"É por jogos como este que, quando chegamos a qualquer parte do Mundo e dizemos que somos portugueses, toda a gente refere o nome do Cristiano Ronaldo. Não importa se trocam os érres pelos éles, ou se pronunciam Cristianô, todos o conhecem. É mais famoso do que os pastéis de nata.
No entanto, como se espera, os símbolos apenas o são quando contêm as características daquilo que simbolizam. Para que isso aconteça entre Cristiano Ronaldo e os portugueses, seria necessário que aprendêssemos algumas lições com ele ou que, pelo menos, mudássemos a imagem que temos de nós próprios.
Se, por um lado, faríamos bem em alterar essa imagem de nós próprios, tantas vezes negativa, derrotista, e tão oposta ao excelente aspecto e confiança que Ronaldo sempre apresenta; por outro lado, esforçarmo-nos por aprender com ele, também seria um sinal da conhecida humildade do trabalho que o fez chegar onde está hoje.
Nesse caso, e escolhendo apenas alguns detalhes deste jogo contra a Espanha, seria de valor aprendermos a, por exemplo, não ligarmos demasiado àquilo que os outros nos dizem, a não agirmos demasiado em função dos outros, mesmo quando achamos que estamos a investir contra eles. Veja-se a forma como, antes da marcação do penálti, David de Gea se aproximou e lhe disse qualquer coisa, uma provocação ou destabilização. Mais, incrivelmente, veja-se a maneira como Ronaldo fingiu não ouvi-lo, como o fuzilou alguns segundos depois e como, na comemoração, continuou a ignorá-lo em absoluto, sem necessidade de lhe dar qualquer satisfação ou de humilhá-lo.
O sumário da lição n.º 2 poderia ser: 'Lutar de igual para igual'. Não creio que os complexos de inferioridade devam entender-se como motivo de vergonha ou de culpabilização. Quando existem, há experiências do passado a justificá-los; ainda assim, são dispensáveis na maioria das circunstâncias. Cristiano Ronaldo não apenas demonstrou, e demonstra constantemente, que não tem esse tipo de problemas, como parece estar bem consciente de que o desequilíbrio é para o lado dos adversários. 
Sem queixas ou desculpas, Ronaldo cumpriu o seu papel. Acreditou até ao fim. Será que, enquanto povo, também somos assim? Talvez sejamos e não tenhamos conseguido reconhecê-lo. Nesse caso, precisamos de afinar os espelhos por onde nos avaliamos, são imperfeitos e não estão a ajudar-nos. Mas, se não formos, aqui temos uma bela oportunidade para treinar os nossos dribles, centros, marcações de livres directos. Se queremos fazer parte da equipa do Ronaldo, temos de estar à sua altura."

O pior em campo foi o VAR

"Depois do erro escandaloso do vídeo-árbitro, que não assinalou falta de Diego Costa sobre Pepe no primeiro golo de Espanha contra Portugal, pensei nas muitas críticas que fiz aos VAR portugueses. Como, por exemplo, esta que escrevi em dezembro neste mesmo espaço:
"Pessoalmente, confiava cegamente que o VAR ia ser uma mais valia em todos os aspectos para o futebol, mas, depois de ver os erros anormais e inexplicáveis que tem havido praticamente em todas as jornadas desde que começou o campeonato português, hoje a minha decepção é brutal. Deixei de acreditar nos VAR portugueses, mas não no VAR, e depois de ver o entusiasmo dos espanhóis nos últimos dias com a confirmação do VAR na próxima época na liga espanhola, ainda mais acredito no vídeo-árbitro. Como conheço bem a mentalidade do povo espanhol e o orgulho que eles têm na sua liga, juntamente com os muitos milhões de euros que entram anualmente no país e nos clubes em publicidade de empresas estrangeiras e na venda dos direitos televisivos do campeonato e Taça para meio Mundo, os árbitros não podem brincar às imagens como os miúdos brincam às escondidas, fazer o ridículo e desprestigiar a melhor liga do planeta como é a espanhola. Não acredito que um árbitro espanhol que faça de VAR na próxima época tenha a coragem de, a ver as mesmas imagens que estão a ver milhões de pessoas em todo Mundo, não avisar o juiz de campo para rever uma jogada polémica porque corre o risco de não apitar nunca mais.
Quando, no dia 6 de Agosto de 2017, arrancou o primeiro campeonato em Portugal com vídeo-árbitro, foi um dia histórico para a Liga portuguesa. Já passaram vários meses nesta primeira fase de adaptação do VAR e houve mais coisas más que boas. A melhor, sem dúvida alguma, foi o suspense que não existia e que nasceu dentro do adepto de futebol quando o árbitro revê alguma jogada polémica por indicação do VAR. A minha sensação naqueles momentos é como estar a ver os últimos segundos de um bom filme e que o final pode acabar da maneira que menos esperas, porque estes VAR portugueses já demonstraram nestas 13 jornadas que levamos de campeonato que tudo pode acontecer. Se na imagem que eles estão a analisar aparece 2+2 só têm de somar. Todo o país que está a ver a mesma imagem naquele momento vai dizer que é quatro, mas para eles não existe a lógica e o 2+2 muitas vezes pode ser três ou cinco. Mas aqueles segundos de suspense são maravilhosos.
Por outro lado, hoje a frase que mais se diz em Portugal depois de cada jornada é 'entendo que o árbitro e o fiscal de linha não tenham visto algo tão claro, mas é uma vergonha que o VAR, que está sentado e a ver as mesmas imagens que todo o país, não tenha avisado o árbitro para rever uma jogada tão clara como aquela'. A frase da moda entre os meus amigos, e que já comecei a dizer em directo na CM TV, o canal em que trabalho, é esta: 'Há o vídeo-árbitro para ajudar e avisar os três juízes, e agora falta o VAR para avisar, ajudar e estar atento ao vídeo-arbitro.'
Com esta ferramenta espectacular como é o VAR, obrigatoriamente os erros tinham de baixar automaticamente. As críticas e a pressão diminuíam e os árbitros portugueses em dezembro de 2017 tinham de estar mais tranquilos que nunca, a fazer arbitragens excelentes, mas infelizmente não é assim... A situação é tão grave que, na jornada passada, os árbitros iam fazer greve e na sexta-feira à última hora fizeram marcha-atrás e desistiram. A liga e a federação espanhola têm urgentemente de estar atentos ao que se está a passar em Portugal, especialmente aos erros anormais dos árbitros que estão no VAR, para evitar que dentro de 12 meses o futebol espanhol esteja a viver a mesma situação caótica que vive actualmente a Liga portuguesa. Hoje, por todos estes erros gravíssimos do VAR, muitos portugueses, nos quais eu me incluo, começam a pensar: 'Será que os árbitros estão contra a tecnologia no futebol e cometem erros de propósito para destruir o vídeo-árbitro e voltar tudo como era antes?'"
Assim pensava eu. Nunca imaginei que algo assim podia acontecer no Mundial, onde teoricamente estão os melhores árbitros do Mundo. Na sexta-feira, toda a imprensa mundial, inclusive a espanhola, disse que era falta de Diego Costa sobre Pepe e que o golo tinha de ser anulado. E, se fosse ao contrário e o erro do VAR fosse a favor de Portugal, nós portugueses diríamos o mesmo. Todo o planeta viu que foi falta menos o vídeo-árbitro. O erro do jogo não foi o frango de De Gea no segundo golo do CR7, mas sim do VAR. Jogadores, árbitro e fiscais de linha têm de decidir em décimas de segundo e é normal que cometam erros, mas mais uma vez o pior em campo foi o VAR e logo no quarto jogo do Mundial. Que decepção, que vergonha e que ridículo para FIFA. 

Caldeirada da Semana
Dedo do meio de Robbie Wiliams
Na cerimónia de abertura do Campeonato do Mundo, Robbie Williams fez um gesto obsceno, mostrando o dedo do meio para a câmara. Foi um choque em todo o planeta. Acho que melhor que ninguém ele sabia a autêntica caldeirada e escândalo que ia montar com aquele gesto e ia ouvir de tudo, coisas muito bonitas, horríveis e irónicas, e assim foi. Mas se tiver de escolher um comentário seria o feito no Twitter pelo lateral-direito Kyle Walker, que disse que era um 'alô' para Dele Alli, seu colega na seleção inglesa, que no ano passado foi expulso por ter feito o mesmo gesto obsceno numa partida contra a Eslováquia. Kyle Walker esteve genial.

Nós Lá Fora
CR7 de aço
Antes do jogo de sexta-feira entre Portugal e Espanha vi esta notícia: "Cristiano Ronaldo aceitou dois anos de prisão com pena suspensa, e terá de pagar 18,8 milhões de euros ao fisco espanhol. Este é o desfecho de um entendimento atingido entre as autoridades fiscais espanholas e a defesa de CR7, de acordo com o 'El Mundo'." Depois dos três golos do Bicho, o título do jornal 'Marca' foi: "Espanha de ferro e Cristiano de aço." Sem dúvida alguma que este fenómeno é mesmo de aço. Com dois anos de pena suspensa, rebenta com aquilo tudo contra a Espanha e no primeiro jogo do Mundial. Sem palavras, Bicho.

Álbum de Recordações
Pesadelos com Marrocos
A derrota mais humilhante de toda a história da Selecção portuguesa de futebol foi contra Marrocos, no Mundial do México, em 1986. Bastava um empate para passarmos aos oitavos-de-final, mas perdemos o jogo e fomos eliminados. Eu estava lá, tinha sido titular e nunca me senti tão mal animicamente como depois daquele maldito jogo. Quando no sorteio para Campeonato do Mundo da Rússia saiu a terceira bola e vi que Marrocos ficava no grupo de Portugal, voltou o trauma à minha mente. Na próxima quarta-feira jogamos contra eles e, apesar de terem passado 32 anos, voltei a ter pesadelos com Marrocos."

O homem que carrega o sonho

"O futebol é um desporto colectivo, vale por isso, mas também vale pela capacidade que tem de dar ao Mundo individualidades que se destacam pela sua qualidade e pela maravilha do improviso. Cristiano Ronaldo é hoje, e cada vez mais, um nome incontornável, é ele quem carrega o sonho de Portugal fazer um brilharete no Mundial da Rússia. E assume esse papel sem qualquer problema, sem qualquer vaidade, dividindo por todos os lucros que consegue sozinho ou por iniciativas individuais. Como foi o caso - e tantas vezes isso já aconteceu - neste jogo com a Espanha, que deixou todo o Mundo de boca aberta, especialmente pela beleza do último golo. Cinco passos atrás, concentração absoluta, o remate com o arco perfeito para o golo. Começam a faltar adjectivos para definir este verdadeiro craque mundial, o melhor do Mundo! Nós estamos a viver de perto a história que se vai eternizar e que será contada vezes sem conta no futuro. Somos uns privilegiados por isso e devemos valorizar ao máximo este privilégio que Ronaldo nos dá. Grande Cristiano.
É ele quem dá mais vida a esse sonho português de chegar muito longe neste Mundial. Claro que há toda uma equipa à volta dele, que trabalha muito em função dele, e que trabalha bem. Anteontem, nem tudo correu pelo melhor. O adversário era a poderosa Espanha, e quão poderosa ela conseguiu ser ao longo do jogo, e nem o facto de sabermos desse poder evitou que fosse superior. A Espanha jogou o seu jogo, aquele jogo de passes e movimentações constantes que joga há dez anos, e que lhe tem valido títulos europeus e mundiais. Demonstrou ser favorita a vencer o torneio e, até por isso, o resultado de Portugal deve ser considerado positivo. A Espanha foi superior em muitos momentos do jogo, mas Portugal soube responder com raça, determinação e... com Ronaldo. Fernando Santos disse no final que há coisas a corrigir. A começar pela postura no jogo com Marrocos, que não poderá ser a mesma. Teremos de ter mais bola, teremos de ser mais constantes no ataque, teremos de ter mais atenção no processo defensivo. A agressividade que faltou no jogo com a Espanha, tem de sobrar no jogo com Marrocos, que é uma equipa interessante, movimenta-se muito bem no ataque, tem jogadores velozes, mas falha muito a defender.
Acredito que Fernando Santos vai mexer na equipa, o adversário é outro e não pode haver tanta passividade. Portugal tem de assumir o jogo, tem de mandar desde o início, e sei que o vai fazer, porque esta selecção tem muitos predicados. Acontece que não está a 100 por cento - Fernando Santos já tinha avisado para esse pormenor -, mas tem todas as condições para nos dar uma grande alegria."

Às vezes fico sem palavras

"Cristiano Ronaldo correu mundo. Deixou-o perplexo uma vez mais, diga-se. Eu confesso-o sem problemas. Tive uma prenda de anos... daquelas. E o sorriso na face dos meus filhos após o livre decisivo valeu ouro. Mas houve gente verdadeiramente ilustre e importante a render homenagem ao maior. Shevchenko ou Federer, apenas para citar alguns. Os adjectivos já são poucos para qualificar o que CR7 fez pelo futebol português. E se há espanhóis que antes já não gostavam do nosso craque - por não serem do Real Madrid ou outra razão qualquer -, a verdade é que ontem o melhor do Mundo lhes deu uma boa razão para o odiarem. Ainda bem, digo eu.
A crise do Sporting é outro tema que nos vai deixando sem palavras. Como é possível um clube perder 9 jogadores por rescisões alegando justa causa? Como é possível que os órgãos sociais não se entendam sobre coisa nenhuma e façam leituras tão díspares sobre as mesmas decisões judiciais? Como é possível que haja um ódio tão grande entre adeptos, que defendem posições já muito para lá dos limites do bom senso e educação, nas redes sociais? Como é possível que um presidente que vê acontecer tudo isto na sua legislatura, não retire daí qualquer consequência e assuma o mínimo de culpas no cartório? Como é possível que o presidente da AG seja tão trapalhão? Pois, às vezes fico sem palavras."

A liderança de Fernando Santos e o dia em que vamos regressar

"Escrevi noutro espaço desportivo, em Maio de 2016, que considerava estarem reunidas as condições para Portugal ser campeão europeu. Não previa todos os empates, a sorte e o azar em alguns jogos, mas falava acima de tudo da liderança situacional e que eu considerava ser a mais adequada para aquele contexto. Falei de alguns atletas que atingiam a sua última e derradeira oportunidade de serem campeões pela selecção depois de terem vencido pelos clubes como Ricardo Carvalho ou Ronaldo. Falei da importância num plantel de ter alguns jogadores campeões como Eliseu e da irreverência de um Renato. Mas acima de tudo, considerava que Fernando Santos conseguia ser o que a grande maioria dos atletas precisava em diferentes alturas.
E agora? Peço desculpa, mas não aposto que possamos chegar até à final. E não creio apenas porque é um Mundial e um contexto radicalmente diferente, com selecções favoritas como o Brasil ou a Argentina. E nem quero entrar na questão se o nosso grupo é mais ou menos fácil.
A questão, em vários pontos, é esta: 
- Fernando Santos é um líder situacional. Não considero que seja o melhor ou pior estilo de liderança de um treinador. É o que é e considero sinceramente que numa selecção é o estilo mais adequado. Especialmente quando se trabalha tão pouco tempo e temos de colocar no mesmo grupo os estreantes, os aspirantes, os maduros, os top e a estrela maior. Mas em função disso, Fernando Santos é provavelmente o melhor treinador neste momento para estar com Rui Patrício, William, Bruno e Gelson. Porque construiu com Ronaldo uma relação que até agora, nenhum treinador de clubes conseguiu. Porque consegue ser um pai, um treinador e mais não sei o quê. Mas o contexto é diferente e Fernando Santos já percebeu que não pode dizer em que dia volta, dado que existem muitas mais coisas que ele neste Mundial não controla e lhe passam ao lado comparativamente com o Europeu.
- Os jogadores (ex?) do Sporting. Não sabemos aferir o grau de impacto na selecção. Mas não podemos acreditar que aqueles quatro jogadores estão bem. Ou nas melhores condições. Logo, especialmente porque falamos de 3 a 4 possíveis titulares, estamos a afirmar que mais ou menos 30% do onze previsto está condicionado psicologicamente. Mas eles estão longe e a coisa tem menos impacto? Claro que não! É bom que estejam na Rússia e não em Caxias. Mas, até neste ponto, Fernando Santos e a sua equipa têm de trabalhar mais e com diferentes enfoques na autoestima daqueles jogadores.
- Já não somos os potenciais candidatos, mas também não somos favoritos. Então o que somos? Somos algo que seguramente não nos coloca no top 5 dos favoritos, mas daremos mais motivação certamente às outras selecções, porque até terminar o Mundial, somos a selecção com o maior título recente do futebol. E isso fará de nós, não os constantes favoritos com uma estrela, mas o campeão europeu em título. Vamos ver como a selecção reagirá a isso. Mas um factor adicional.
- Mente competitiva. Naturalmente todo o ser humano gosta de ganhar. Nem todos (poucos, aliás) fazem o que é necessário e o que não é necessário para se ganhar. E dizem que o que custa não é chegar ao topo, é manter-se lá. Enfim, Fernando Santos terá de mudar um pouco o chip e não incutir nos atletas a sede de vencer e mostrar que a selecção merece ser campeã e que temos valor. É preciso agora acrescentar algo mais. Ou virar um pouco o lado, mas a questão é que alguns dos jogadores aqui são campeões europeus e outros não são nada em termos de títulos da selecção nacional e de seniores. Penso que o equilíbrio que o mister fez na convocatória também tem este ponto em conta. Manter um equilíbrio entre o vencer e o continuar a vencer.
- Equipa. A nossa equipa. Estes acontecimentos que têm acontecido aos jogadores do Sporting CP podem até ajudar a que a equipa se agrupe em redor deles. Mas não é daqueles momentos que a selecção necessita. Na final do Europeu, registou-se o fenómeno da antifragilidade. Muito à conta de Nani. Agora ele não estará e sinceramente, para lá do Ronaldo, quem são as nossas muletas? Isto é importante, porque denota um espírito de grupo em termos de relações interpessoais e de desempenho. Quem são aqueles que estão dispostos a assumir a liderança do grupo? Rui Patrício? Pepe? Moutinho? Quaresma? Porque os outros ou são muito novos de idade na selecção ou pouco presentes na mesma.
Espero que venhamos o mais tarde possível porque a selecção e o país precisam disto. Precisa de um misto de ambição e competência. Mas o nosso mister sabe que esta selecção deve assentar num compromisso enorme e que terá um jogador fora do normal para decidir nas horas mais complexas, como foi com a Hungria ou País de Gales. Mas também teremos de ter outras forças e alternativas. Não só em redor da magia do Bernardo Silva ou da experiência de Pepe. Ou de conseguirmos que um André Silva ou Gonçalo Guedes marquem mais do que o esperado.
O fenómeno da liderança e das equipas continua a ser um mistério interessante de se analisar. Mas também sabemos que apesar de não existirem receitas, há denominadores comuns para que as coisas corram melhor. E sinceramente, sou daqueles que gosto de ver Fernando Santos à frente da nossa selecção. Mas muitas das vezes, o máximo da nossa competência pode não chegar para o título. E por outro lado, não chegar ao fim, não significará que estivemos mal."

Causa justa

"Muito se fala de Paulo Sousa e Pacheco por estes dias, como se estes nossos antigos atletas, e em particular a sua deserção para o Sporting num momento periclitante da nossa história, mereçam tornar-se na motivação de seja o que for no Benfica. Outros houve, desde 1907, que, por razões diversas, tomaram o mesmo caminho. Nem os supra citados, nem os restantes justificam o sentimento de vingança pela nossa parte. Para esses profissionais não há dinheiro que tenha pago o castigo auto-infligido da troca do maior clube português por uma agremiação movida a ódio, inveja e inferioridade. Para o Sporting, em todos os casos, restou a satisfação pífia e efémera da tentativa de ferimento do Benfica e, sobretudo.a frustração de nunca ter conseguido inverter a relação de forças entre os rivais.
Não quero com isto afirmar que o Benfica deverá evitar a contratação de atletas livres por terem representado o Sporting. Pelo contrário, defendo que o Benfica deverá sempre interessar-se pelos melhores ao seu alcance independentemente da sua proveniência e desde que o investimento assente em expectativas reais de retorno desportivo e /ou financeiro. Caso aconteça, não se tratará de uma vingança, mas do puro e simples apetrechamento do nosso plantel. A eventual perda de competitividade do nosso campeonato é um assunto que não me diz respeito, não sou sportinguista... E quando às juras de solidariedade portista, a hipocrisia é, de facto, podre, como algumas maças, e frutífera, como algumas pereiras.
Deixo, no entanto, um recomendação. Se contratarmos algum ex-jogador do Sporting, que não o exibamos como um troféu. Tratar-se-á, não duvidemos, de uma promoção para esses atletas."

João Tomaz, in O Benfica

Eu gosto é do Benfica

"Começa hoje a participação portuguesa no Campeonato do Mundo da Rússia. É a primeira vez que a equipa nacional de futebol entra na fase final de uma competição com um escudo de campeã na camisola. Vale o título alcançado há dois verões e França. Tal como em 2016, tenho as expectativas bastante baixas em relação ao que Portugal poderá fazer, mas entendo aqueles que sonham com o título. Parece-me claramente que este grupo de 23 é mais equilibrado do que aquele que venceu em França, mas isso não quer dizer nada. Gosto muito de ver os frutos do Sport Lisboa e Benfica a tomarem conta da equipa nacional, mas não posso deixar de confessar que tenho muita pena de não os ver - ainda e sempre - na equipa que se prepara para reconquistar o título de campeã nacional na época 2018/19. As leis do mercado são o que são, mas ainda não perdi a esperança de ver Bernardo e Gonçalo, juntos, a jogar pela equipa principal do Benfica e a serem campeões nacionais e vencedores da Champions.
Sim, para o Benfica as minhas expectativas são sempre elevadas, sempre acima do que seria expectável, ao contrário da selecção. Não me levem a mal, mas eu sofro mesmo é pelo Glorioso e é ele que me tira o sono e me causa ansiedade. A selecção é uma realidade simpática, claro. O hino arrepia, obviamente. O golo do Éder tirou-me do sério, mas não mais do que um qualquer golo do Benfica num jogo decisivo. Não é menosprezo pela selecção, nada disso. São apenas prioridades na minha vida."

Ricardo Santos, in O Benfica

Espanha não me assusta desde 2010

"Finalmente, o Mundial! Portugal entra já hoje (sexta-feira) em cena para defrontar Espanha. O duelo é exigente, mas a vitória está perfeitamente ao nosso alcance. Calma, estimado leitor. Não subestimo a selecção espanhola de maneira nenhuma. Reconheço-lhe competência, qualidade e experiência. Ainda assim, concordará comigo que recordar 2010, quando cilindrámos uma Espanha campeã da europa e do mundo por 4-0, enche a alma de confiança. Não se espeta quatro batatas no bucho de um campeão mundial todos os dias, porém, este optimismo não advém exclusivamente do resultado - até porque, em jogos no Estádio da Luz, estou habituado a ver a equipa da casa golear.
A crença está assente, sobretudo, na ficha de jogo dessa noite. Portugal não esmagou simplesmente os espanhóis por 4-0. Portugal esmagou os espanhóis por 4-0 com um bis do Hélder Postiga, um golo do Hugo Almeida, João Pereira e defesa direito e Paulo Machado em campo a tempo de festejar o último golo. Se com esta mão-de-obra foi possível despachar sem dó nem piedade uma Espanha campeã do mundo, agora, de torno europeu em posse e contra uma Espanha menos cotada, espero um triunfo nunca abaixo de 8-0. Todavia, fazendo uma análise fria e realista, tenho consciência que não será assim. Olhando para o registo de há dois anos em França, é bem mais provável o jogo terminar empatado 8-8.
O entusiasmo é elevado, no entanto devo confessar que me apercebi de uma terrível adversidade que me deixou apreensivo nos últimos dias. Em apenas dois anos, a espinha dorsal portuguesa foi completamente desfeita. Basta ver que o clube que cedeu mais jogadores à selecção nacional em 2016, este ano não fornece nenhum."

Pedro Soares, in O Benfica

Ei-lo, o Mundial!

"Há quem goste apenas do seu clube. Há quem seja apenas patriota. Mas quem gosta verdadeiramente de futebol, gosta obrigatoriamente do Mundial, em todos as suas dimensões.
Para mim, o Campeonato do Mundo está muito para além da Selecção Nacional ou de Cristiano Ronaldo. Na verdade, o fascínio vem de longe, de tempos em que Portugal nem sequer marcava presença e a prova planetária representava uma dose colossal de futebol televisivo - quando tal ainda era excepção. Recordo-me do Mundial da Argentina em 1978. Foi o meu primeiro. Mais tarde percebi que não tinha sido grande coisa. E que andou envolto em polémica, desde logo pelo aproveitamento político da ditadura de Videla. Mas na minha memória persiste como um sonho de criança, onde entram a bola 'Tango', as serpentinas vindas das bancadas, o Kempes, o Resenbrink, o 'Onze' (revista francesa, então muito à frente do seu tempo), e uma velhinha televisão a preto e branco onde me fui deliciando com a prova.
Depois veio o inesquecível Espanha 82, porventura o melhor Mundial de sempre, no qual coabitaram Maradona, Platini, Rummenigge, Keegan, Zico, Sócrates e muitas outras estrelas de todos os tempos. O Itália-Brasil, por exemplo, foi um dos jogos mais marcantes da história, definindo um antes e um depois do futebol romântico. Muito tempo passou. Já nada é o que era. Hoje os mundiais chegam sem fôlego, após uma época longa e torrencial. As selecções perderam a sua identidade, e são reflexo de um mundo globalizado e padronizado.
Ainda assim, o Mundial continua a ser um momento solene. No próximo mês monopolizará atenções.

Vamos a ele."


Luís Fialho, in O Benfica

Recta final


"Já cheira a férias nas escolas, e os nossos jovens têm o olfacto apurado! Sonham com os dias que vêm e com a possibilidade de participarem no torneio final 'Para ti Se não Faltares!', em pleno Estádio da Luz. Mas sonham, acima de tudo, fazer parte do grupo restrito que todos os anos conquista lugar na selecção e estágio de futsal 'Para ti Se não Faltares!' ou gozar umas férias bem merecidas num campo de férias. Sonham porque sabem que está ao seu alcance conseguir esses objectivos e que o seu esforço e progressão serão, na certa, reconhecidos pela Fundação Benfica. Foi assim em todos os anos anteriores e será assim também em 2017/18. A Fundação não mente e cumpre as suas promessas, por isso os jovens investem no trabalho e acreditam que conseguirão alcançar os resultados desejados, acreditando na superação, que é a grande lição que lhe fica para a vida!
Mas esse perfume de verão é ainda enganador, e os nossos jovens sabem disso: estão na recta final e não podem baixar a guarda agora nem desviar o olhar das suas metas. Muito menos deitar a toalha ao chão quando as coisas se tornam difíceis. Por isso, dia após dias, aprendem a intensificar o seu trabalho, a apostar na entreajuda e a deitar a mão aos mais atrasados porque este é um trabalho de equipa e, numa equipa que se preza, ninguém fica para trás! Esta é de resto uma das máximas que reforçam a união entre todos e o compromisso do grupo e de cada um com os resultados escolares. Por isso, jovens, é manter a pressão e continuar na alta intensidade, porque é preciso acreditar até ao apito final.  Assim se vence no campo, assim de vence igualmente na vida...

Bom trabalho!"

Jorge Miranda, in O Benfica