quinta-feira, 31 de maio de 2018
Pois é... afinal as notícias que a CMTV está a passar são 'falsas'!!!
Para 'vender' audiências, é preciso exagerar, mentir... mesmo que isso seja calunioso e difamatório!
A Tânia aparentemente ficou chateada, pois é... (até porque não é ela que 'martela' as reportagens para irem para o ar, com mais veneno), é mais engraçado quando o 'alvo' são os outros!!!
Ronaldo equivocou-se
"Ronaldo venceu mais uma Liga dos Campeões, mas não pareceu. Ronaldo não aceitou que. Bale brilhasse mais do que ele. Ainda por cima marcou um golo ao seu nível em pontapé de bicicleta que decidiu a final.
Sempre apreciei Ronaldo pelo seu talento e capacidade como jogador, mas o futebol é um jogo colectivo. Bale sempre foi ostracizado e o patinho feio desta equipa. Bale se tivesse o apoio e o carinho dados a Ronaldo iria muito mais longe. Acho muito bem que. Bale queira sair do Real Madrid e abraçar outro projecto. Mourinho está à sua espera de braços abertos.
As declarações de Ronaldo, dando a entender que iria sair do Real Madrid no final da época resultaram inoportunas e de um egocentrismo desmedido, um verdadeiro equívoco. Birras fazem os meninos de 3 anos, não, quem tem 33 anos. Mostrou ciúmes de Bale que não tem culpa nenhuma de ter marcado um golo histórico e épico.
O momento foi escolhido para desviar as atenções de um Bale enorme e com um golo ao seu nível. O Ronaldo é muito humilde quando é o maior. Estou à vontade pois aprecio o Ronaldo por tudo que tem dado ao futebol e por ser português.
Foi inoportuno no momento e excessivo nas suas declarações. Não ficou bem tentar estragar a festa, as pessoas ainda estavam a festejar nas bancadas e no relvado os seus colegas desfrutando de um presente magnífico. O que disse funcionou como um desmancha-prazeres e um balde de água fria.
Ronaldo terá as suas razões para o descontentamento, quer ganhar ao nível de Messi e Neymar, pelo que tem feito. Com a transferência de Neymar para o PSG o mercado ficou inflacionado, Ronaldo tinha renovado meses antes deste ciclone Neymar sair do Barcelona por 220 milhões. Messi que renovou depois disto inteligentemente aproveitou e ganha por ano 50 milhões e Neymar 35 milhões. Ronaldo ganhará à volta de 22 milhões. É indiscutível que merece um salário semelhante, além disso é Bola de Ouro.
Ronaldo deve ser tão valorizado ou mais que Messi ou Neymar, mas não pode dizer o que disse no dia em que o clube se sentiu a mais forte no Mundo a nível futebolístico.
Ronaldo nunca vai aceitar que haja outros jogadores que sejam melhores do que ele e que valham mais do que ele. Isso vai ser complicado de gerir no futuro no Real Madrid.
Agora vai descansar e voltar à sua zona de conforto que é a selecção nacional. Pode ser com o que se passou seja um incentivo a fazer um enorme Mundial e será expectante o seu reencontro com os colegas espanhóis no jogo Portugal- Espanha do dia 15 de Junho.
Estou de acordo com César Menotti, ex-treinador argentino, o melhor jogador do Real Madrid, nesta final, foi a sorte. E, acrescento o azar do Liverpool."
Arbitragem (1)
"Entre duas épocas futebolísticas parece oportuno fazer uma reflexão sobre o que se passou no âmbito da arbitragem, analisar o que não esteve bem no campeonato que findou e perspectivar o que, em nosso entender, será desejável alterar para o futuro.
Vamos deter-nos apenas nos aspectos relativos às nomeações dos árbitros principais, às eventuais deficiências organizativas e à influência que elas podem ter tido na classificação final do campeonato; deixando para os cronistas mais credenciados a avaliação dos aspectos técnicos e disciplinares, dos erros mais marcantes e, também, uma apreciação serena e construtiva sobre o que foi a primeira experiência do vídeo-árbitro (VAR) em Portugal.
Numa primeira análise, verifica-se que o quadro de árbitros da 1.ª categoria esteve reduzido a 22 elementos (menos 2 que nas duas épocas anteriores), número que se afigura insuficiente dado o acréscimo de empenhamento no VAR.
De uma maneira geral foram os árbitros mais qualificados que apitaram os jogos dos quatro primeiros classificados, Sporting e Benfica (16 vezes), FC Porto e Sp. Braga (17); nos restantes oscilaram entre 18 (Guimarães e Marítimo) e 21 (Feirense).
Considerando o conjunto das actuações – como árbitro principal e VAR –, verifica-se que todos os 22 árbitros estiveram em jogos de nove das 18 equipas e outras cinco tiveram 21; apenas dois árbitros falharam FC Porto, Benfica e Moreirense e três o Sporting.
Dois árbitros apitaram 5 jogos da mesma equipa Carlos Xistra (o Benfica) e Luís Godinho (o Sporting); e 4 jogos foram apitados por Carlos Xistra (Sporting, sendo 3 em casa na 1.ª volta, e FC Porto), Soares Dias (FC Porto e Benfica), Hugo Miguel (FC Porto e Rio Ave), Jorge Sousa (V. Guimarães e Marítimo), Luís Ferreira (Portimonense, todos fora), Fábio Veríssimo (Belenenses, todos fora), João Pinheiro e Tiago Martins (Aves), Bruno Esteves (Moreirense) e Luís Godinho (V. Setúbal).
No que concerne ao VAR, 6 jogos foram seguidos por Vasco Santos (Chaves) e Hélder Malheiro (Boavista); e 5 por Hélder Malheiro (Aves e V. Setúbal), Hugo Miguel (Portimonense), António Nobre (Marítimo e Boavista) e Carlos Xistra (P. Ferreira); referência também para os jogos sucessivos de Tiago Martins no Sporting (jornadas 4, 5 e 6) e de João Capela no Moreirense (jornadas 1 e 2), entre outros.
No conjunto árbitro/VAR destaque para a presença de Hugo Miguel em 8 jogos do FC Porto (4+4), além de vários árbitros em 7 jogos.
Também de referir o facto de os dois últimos jogos disputados pelo Estoril fora de casa (jornadas 32 e 34, contra Aves e Feirense) terem sido dirigidos pela mesma dupla, Soares Dias (árbitro) e João Pinheiro (VAR).
Por último, uma breve análise dos 12 jogos disputados entre os quatro primeiros classificados: Carlos Xistra apitou 5, os 3 do Sporting em casa (3 empates) e 3 do Sp. Braga (2 fora e 1 em casa, 1 empate); Soares Dias (3), Hugo Miguel (2), Jorge Sousa e Luís Godinho dirigiram os restantes; e no VAR estiveram Hugo Miguel (3), Tiago Martins e João Pinheiro (2), Fábio Veríssimo, Bruno Esteves, Rui Costa, Luís Godinho e Nuno Almeida.
Reiteramos a nossa afirmação inicial, nestas análises não estão em causa actuações nos planos técnico ou disciplinar, mas apenas nos organizativos.
Voltaremos a este tema."
Diplomacia antiviolência
"Já em modo de preparação da próxima época, a Liga tem-se envolvido num processo de intensas diligências junto das entidades para prevenir e combater a violência no futebol. Em dois momentos, o presidente da Liga, Pedro Proença, e eu própria, reunimos com membros da Secretaria de Estado da Juventude e Desporto, onde expusemos os planos da Liga e das SAD quanto a medidas de prevenção, estruturais e punitivas, de articulação com as forças de segurança, para travar a agressividade e a violência que pretendemos afastadas dos recintos desportivos e suas cercanias.
A Liga e seis directores de segurança - FC Porto, Benfica, Sporting, Sp. Braga, V. Guimarães e Estoril - participaram numa reunião técnica na Secretaria de Estado para analisar e debater a possibilidade de implementação prática das propostas que o Governo está a estudar para melhorar as condições de acesso e protecção nos estádios e seus perímetros de segurança.
A nossa experiência no terreno permite-nos transmitir uma visão da realidade e da operação fundamental neste combate que é de todos. Quando se trata da segurança dos verdadeiros adeptos, aqueles que sabem que as rivalidades fazem parte do jogo, ao contrário das acções violentas, da agressividade das palavras e da inflamação dos discursos, que mais não servem que o acicatar de ódios.
Seguiremos o nosso processo diplomático construtivo junto dos grupos parlamentares sem nunca perdermos o rumo da inegável capacidade de autorregulação das SAD."
Direito de preferência
"1 - O que significa deter um direito de preferência sobre um jogador de futebol?
Nos termos da lei, o pacto de preferência é a convenção pela qual alguém assume a obrigação de dar preferência a outrem, em igualdade de condições, na venda de uma coisa. Esta figura não está prevista na regulamentação do futebol mas a sua validade é comummente aceite. É usual, por contrato, o clube A e o clube B, pelo qual o jogador Y se encontra registado, estipularem que A tem direito de preferência em caso de B pretender transferir Y. Se B quiser transferir Y para um terceiro clube C, deve notificar A das condições essenciais da proposta de transferência que recebeu de C, comunicando o preço do negócio, o prazo e forma de pagamento. Recebida a notificação, A dispõe de um prazo para exercer ou não a sua preferência, em condições iguais aos termos da proposta comunicada. Se o fizer, B fica obrigado a transferir Y para A nos exactos termos da proposta de C. Se a preferência não for exercida tempestivamente, o direito caduca e A pode transferir Y para C.
2 - Qual é a eficácia do pacto de preferência numa transferência?
Se B violar o pacto de preferência (p.e., não notificando A para o exercer), as sanções em que incorre serão de natureza pecuniária. A validade da transferência para C não pode ser posta em causa. Como a prova deste prejuízo é difícil, é usual que a indemnização seja pré-fixada por uma cláusula penal. Acresce que, a transferência depende sempre do consentimento do jogador. No exemplo referido, Y poderá aceitar ser transferido para C mas não para A, ainda que este lhe ofereça a mesma remuneração que C, ou até superior. Por esta razão, os pactos de preferência entre clubes incluem, vulgarmente, o consentimento do jogador. Todavia, parece-me ser questionável que o consentimento do jogador ao pacto de preferência seja compatível com a liberdade de trabalho prevista na Constituição e na lei, pelo que é duvidosa a responsabilidade de Y em caso de este recusar A e ser transferido para C."
A despedida de Zidane
"Tal como Guardiola no Barcelona, em 2012, Zidane não quer ser ele a começar a afastar, no Real Madrid, agora mesmo, alguns os homens com quem viveu estes três últimos extraordinários anos da sua vida de treinador e a começar a necessária mudança
Olhemos com atenção para a equipa do Real Madrid. A chamada BBC (Bale-Benzema-CR7) já teve melhores dias. O guarda-redes (Keylor Navas) é vulgar. O ‘capitão’ Sérgio Ramos e o ‘motor’ Modric têm 32 anos. Na equipa, todos os jogadores já ganharam tudo a nível de clube. E, através das respectivas selecções, há futebolistas que foram campeões do mundo (Ramos, Kroos) e da Europa (Ronaldo, 33!). Repare-se, ainda, que nos últimos dez anos o Real Madrid só por duas vezes ganhou a Liga (contra sete vitórias do rival Barcelona). E, no entanto, nas cinco temporadas mais recentes, enquanto ganhou uma Liga de Espanha ganhou quatro Champions.
O que quer isto dizer?
Quer dizer que o Real Madrid atual só se motiva fortemente na grande competição. A Liga diz pouco aos seus jogadores, alguns dos quais nem sequer escondem que gerem a época no sentido de estar bem nos três/quatro meses finais, quando se decide a ‘sua’ Champions.
É por isto que o abandono de Zidane do cargo de treinador do Real Madrid só é surpreendente por não ter sido antecipado pelos rumores. Mas até nisso o francês mostrou a sua capacidade de gerir a carreira com total autonomia. De resto, não há nada de especial. No desporto, é natural que os verdadeiramente grandes saibam sair por cima e, sobretudo, que saiam quando não querem ser eles a destruir aquilo que construíram.
O que faz Zidane é imitar o Guardiola de 2012, quando este deixou o Barcelona depois de quatro anos de êxitos, nos quais ganhou 13 títulos durante o melhor período da história do clube catalão.
Guardiola não quis ser ele a começar a despedir alguns dos homens com quem viveu aqueles extraordinários anos. Com a sua exigência e rigor, algumas retiradas teriam sido antecipadas ou mais sofridas. Zidane está no mesmo ponto. A época acabou bem mas teve períodos muito maus. E não quer ser ele, que já retirou algum protagonismo a Bale, quem diga a Benzema que tem de partir; a Ronaldo que tem de emigrar definitivamente para a grande área e jogar com um novo criativo por detrás; a Sérgio Ramos que vai chegar um novo central para competir a sério pela titularidade (e não um complemento como Nacho); a Ascensio, sempre brilhante na selecção, que deve continuar a aguardar melhores dias enquanto jogam Modric e Kroos.
Enfim, o que há que fazer em Madrid é abrir um novo ciclo. A equipa precisa de outro treinador porque é preciso desenvolver um novo projecto, com certeza incorporando um novo líder (Neymar?) ou, pelo menos, recrutando dois ou três novos grandes jogadores (da estirpe de Kane, Salah, De Bruyne ou equivalentes) que tenham vontade de ganhar todos os dias e não só nas noites da Liga dos Campeões.
Zidane, com a elegância com que jogava e agora treina, deve ter dito isso a Florentino Perez, como Guardiola o terá dito a Sandro Rosell. A diferença estará em que no Barcelona o caminho de sucessão foi interno, numa primeira fase (seguiu-se o infeliz Tito Vilanova, que era adjunto, e depois ‘Tata’ Martino, patrocinado por Messi), até se chegar aos sucessos de Luís Enrique, que repetiu o ciclo e a despedida. No caso do Real Madrid a sucessão será feita por fora. O perfil desse treinador já dirá um pouco daquilo que serão os próximos tempos, se a sucessão será feita por fases ou ‘à bruta’. Também por isso Cristiano Ronaldo vai ter que estar atento ao que segue."
O jogador mais subvalorizado do Mundo
"Ele não é Thierry Henry. E nunca será
Todos galam Ronaldo e Messi, ninguém deixa de falar de Lewandowski ou Suárez e nenhum deixa passar os craques Agüero e Kane. E bem. No entanto, há alguém de quem não se fala. Ou melhor, fala-se, mas é, quase sempre, para criticar. Senhoras e senhores: chama-se Olivier Giroud e é, discutivelmente, o jogador mais subvalorizado do Mundo.
Dois erros clássicos na apreciação de um jogador: falta de entendimento acerca do que ele faz em campo e, sobretudo, expectativas desajustadas. Giroud sofreu e sofre os efeitos de ambas. Não é um homem de 40 golos por temporada, não é rápido, não é um criativo (pelo menos, da forma como muita gente imagina um criativo), não inventa lances para si próprio e, acima de tudo isto, não é Thierry Henry. E nunca será. Foi este o problema aos olhos dos adeptos do Arsenal, que não se importaram de vê-lo sair para o Chelsea.
Estava a ver um Chelsea-Manchester United com alguém do sexo feminino ao lado. “Quem é aquele?”, perguntou-me. “É o Giroud. Joga nas horas”, repliquei, assumindo que a conversa ficaria por ali. “Giroud? Lá ‘girrú’ ele é, sem dúvida. Agora, sim, estou interessada no jogo”. É evidente o fascínio que o francês provoca em quem vê a bola para apreciação física aos atletas. Estranho é que não consiga provocar fascínio em quem gosta de ver bola pela bola.
Mas caramba: já perderam uns minutos a observar Giroud? Se não perderam, façam-no. Giroud tem um controlo de bola inacreditável. Muita classe. O primeiro toque de Giroud é, quase sempre, impecável. Nisto há poucos como ele. Depois, é um avançado que combina divinamente com os médios, quer a segurar em apoio frontal, quer a receber e distribuir nas alas. Jogo de cabeça? Tremendo. E já lhes trarei números sobre isso. Pontapé? Forte. Saem bombas da canhota. A talhe de foice, olhem ainda para a inteligência de Giroud no momento da pressão à saída adversária. Não corre à toa, até porque joga, muitas vezes, sozinho. Muito inteligente a gerir os momentos de cair no portador da bola e os momentos de deixá-lo sair em condução. Muitas destas coisas são pouco visíveis? Sim. Eu sou um visionário? Não. A qualidade de Giroud é facilmente decifrável e as críticas são injustificadamente frequentes. É o avançado ideal para equipas que joguem em posse, pelo chão, em movimentações rápidas. Melhor ainda se tiver ao lado alguém móvel, a romper na profundidade quando Giroud baixa em apoio. Um 4x4x2 com Giroud nunca será uma coisa má.
Mas aqui estou eu a criticar quem não olha para o que faz Giroud e para quem olha apenas para números. Assim sendo, entro também eu na roda dos números. Giroud é um tremendo goleador? Não. Mas sabem uma coisa? Desde que chegou a profissional, na Liga Francesa, em 2010, nunca ficou abaixo dos dois dígitos em registo goleador. E passou quatro vezes os 20 golos, mesmo jogando na Liga Inglesa. No Arsenal, por exemplo, foi mais rápido do que Van Persie a chegar aos 100 golos pelo clube. E já agora: fê-lo mesmo saindo tantas vezes do banco. Na história da Liga Inglesa, apenas o velhinho Jermaine Defoe fez mais golos como suplente utilizado. Giroud está acima de gente como Solskjaer, Kanu, Chicharito, Sturridge ou Crouch. Cabeça? Ele tem. Nas últimas três temporadas, ninguém nas cinco principais ligas fez tantos golos de cabeça. Nem mesmo Ronaldo. Cruzem decentemente, que ele dá-vos troco. Na selecção francesa, Giroud já chegou aos 31 golos e é o quarto melhor de sempre. Já passou Zidanes, Fontaines ou Papins e, em breve, ultrapassará Trezeguet. À sua frente, ficarão apenas Platini (41) e Henry (51).
Já chega de números. Giroud é um craque. Não, nunca será Henry, mas ninguém deveria pedir-lhe isso."
O que é este Real Madrid para lá das estrelas?
"A razão por que umas equipas ganham mais vezes que outras remete-nos sempre para discussões que tendem a fugir ao que é mais mensurável e agarramo-nos a subjectividades, 'achómetros' e pontos de vista que têm um pouco de tudo e muito de nada. Essa discussão voltou à agenda no passado fim-de-semana sobre a razão que leva o Real Madrid a conquistar tantas vezes a Liga dos Campeões nos últimos anos.
Não querendo abordar o tema pela questão táctica – até porque curiosamente a mesma quase nunca é abordada quando se tenta justificar o porquê – é interessante percebermos que no futebol uma equipa tende a piorar o seu desempenho a partir do momento que tem no seu onze base mais do que sete atletas considerados estrelas do futebol.
Sendo que aqui, o conceito de estrela não é de alguém que brilha também fora, mas sim, que reúne as características de ser alguém que para lá ser um expert no que faz, apresenta um conjunto de princípios diferenciadores – e nem sempre positivos - nos seus valores colectivos. Comparando com a NBA, o número de atletas é de dois no cinco-base e isso explica que nos desportos colectivos e no melhor recrutamento, se tenha passado a contratar complementos e compatibilidades aos melhores jogadores e não ‘apenas’ mais e melhor, se o objectivo não for substituir uma estrela por outra estrela.
Voltando ao Real Madrid, deixo aqui seis pontos que podem ajudar a explicar o porquê.
1. Cultura: Não estando por ordem de importância, esta é claramente uma das principais razões para justificar o sucesso do Real Madrid nesta competição: cultura competitiva e vencedora nesta competição. Os hábitos, a estratégia e os valores do clube associado ao protagonismo e visão da competição. Desde da entrada do actual presidente que a cultura do Real Madrid se focou num modelo de negócio que se identifica mais com os benefícios e consequências de vencer uma Liga dos Campeões do que qualquer outra competição.
2. Continuidade: O onze titular das últimas duas finais foi o mesmo. Ao nível das sinergias entre os vários jogadores, este ponto vale milhões. Literalmente. A capacidade de manterem os mesmos processos ou a capacidade que os mesmos jogadores têm de individual e colectivamente se adaptarem às alterações por parte do treinador ou forçadas pelo contexto são processos humanos e tácticos que podem fazer a diferença em situações críticas como foram alguns que aconteceram durante a época desportiva do Real Madrid.
3. Qualidade: Não sei se o plantel do Real Madrid é o melhor do mundo. Não sei se em termos de soma de qualidade não existem outras equipas que não tenham tanta ou mais qualidade. Mas é importante que essa qualidade esteja distribuída por todos os sectores do campo, aliada aos processos de continuidade (ponto 2) e aos diferentes tipos de jogador que a equipa possui. Desde da estrela ‘maior’ Ronaldo, até às estrelas ‘mais colectivas’ como Ramos, Marcelo ou Benzema, até às estrelas ‘sombra’ mas com uma enorme qualidade e que possibilitam que os outros possam brilhar como são os casos de Modric, Kroos ou Varane. Até aos jogadores que neste plantel são vistos como medianos mas que em qualquer outro plantel seriam claramente destaques: Carvajal ou Navas. Por fim, os que já têm muita qualidade, mas face ao contexto, vão sendo vistos como jogadores a aparecer, mas que já se percebeu que estarão a brilhar muito daqui a pouco, sendo Isco o melhor exemplo.
4. Entretenimento e negócio: O Real é mais do que um clube. Tal como o Barcelona o é. Mas os de Madrid respiram negócio. Vendem entretenimento e espectáculos antes, durante e pós jogo. Daí (ponto 1), a discussão em Espanha ser se um clube como o Real tem como foco maior o vencer a Liga Espanhola ou a Liga dos Campeões face ao retorno mediático, financeiro e desportivo que as competições proporcionam. Claro que a resposta seria que um clube como o Real deve vencer sempre as duas competições, mas em situações como a deste ano, o que leva o clube a apostar em determinada altura da época nos jogos europeus e menos os espanhóis?
5. Liderança: A discussão não é se Zidane é um bom ou um excelente treinador. Sim, porque até acreditaria que um treinador pudesse vencer a Liga dos Campeões com alguma sorte ou nem sei bem o quê (que nome se pode dar a Di Matteo?), mas não catalogar Zidane como um treinador competente é uma ofensa. Para liderar uma equipa com um rol enorme de estrelas dentro e algumas fora do onze-base é necessário ter outras características para lá de perceber muito das questões técnicas ou tácticas do jogo em si. Zidane é um estudo de caso de alguém que consegue (aparentemente) liderar uma equipa recheada de potenciais egos e objectivos individuais e chegar ao final da época como nada se tivesse passado em termos de conflitos. Existe um enorme mérito do francês, goste-se ou não do seu estilo.
6. Ronaldo: A discussão não é se Ronaldo é melhor ou não do que Messi, estejam descansados. A questão é que em todas as equipas que vencem muitas vezes, há sempre aquele que nas horas 'h', minutos 'm' ou segundos 's', não tem receio de se assumir e decide geralmente bem. Seja o Michael Jordan ou o mais actual Lebron James, seja o português no Real e na selecção, Ronaldo é o jogador que é reconhecido pelo plantel como o que trabalha e merece para ter uma distinção ainda maior que os outros todos. E o reconhecimento interno é por vezes mais difícil de obter que o exterior."
Relato...
"Vi so agora a reportagem e deixo aqui o meu resumo:
1) "Pedro", jogador do Maritimo, atende uma chamada de um numero anónimo. Não conhece a pessoas do outro lado da chamada. Combina na mesma um encontro num hotel. Quem não gosta de marcar encontros com pessoas completamente desconhecidas?
2) Segundo "Pedro", empresários alegadamente mandatados pelo Benfica abordaram-no para prejudicar o Marítimo a troco de 40000 euros. A conversa foi relata à SIC por "Pedro". Escutas ou mensagens que provam que a conversa realmente aconteceu não existem e são claramente sobrevalorizadas. "Pedro" não foi entrevistado na reportagem.
3) SIC faz reconstituição da "conversa" com figurantes mas decide na mesma esconder-lhes a cara e distorcer-lhes a voz. Estilo.
4) Na "conversa" relatada, os alegados corruptores repetiram por diversas vezes que estavam mandatados pelo Benfica. Que não houvesse enganos. Era pelo Benfica. Oiço pela primeira vez uma coisa verosímil na reportagem. O Benfica é mesmo grande.
5) Investigação da SIC foi de Norte a Sul do País. Ficaram retidos na Madeira.
6) SIC entrevista "Armando", também jogador do Marítimo e colega de "Pedro". O jornalista diz na reportagem que "Armando" nunca foi abordado por ninguém do Benfica ou com ligações ao Benfica. "Armando" revela estupefacção por o Benfica ter ganho ao Marítimo. Quer dizer o Benfica estava com 10 desde os 40 min!!
7) A SIC, na sequência de uma investigação que decorreu "ao longo dos últimos meses" e "após informações recolhidas de diversas fontes" chegou à conclusão que "Pedro" não foi o único jogador do Marítimo abordado por indivíduos mandatados pelo Benfica para que prejudicasse a sua própria equipa. Fruto desta laboriosa investigação a SIC descobre que outro jogador também foi abordado de seu nome.......Armando. Mas espera lá? Existem 2 Armandos? É que na reportagem foi dito que o 1º Armando nunca tinha sido abordado por ninguém do Benfica. O mistério adensa-se
8) O 2º "Armando" (ou é o mesmo "Armando" que o 1º?) foi abordado por César Boaventura, que lhe ofereceu um contrato no Benfica se prejudicasse a sua equipa no jogo com os encarnados.
9) Segundo a reportagem, o Sporting ofereceu uma mala ao plantel do Marítimo, contingente de uma vitória ou empate frente ao Benfica. Valor da mala: 400 000. O "Armando" ficou "super contente"
10) Armando afirma taxativamente que sabe que outras equipas também tinham recebido incentivos do Sporting.
11) Segundo o "Armando", e ao contrario dele, alguns colegas não ficaram eufóricos com a mala do Sporting. Aqui esta a prova inequívoca que os jogadores do Marítimo estavam compradíssimos pelo Benfica. Então têm uma mala e não ficam contentes? No entanto, os jogadores até ao momento contactados pela SIC (o "Pedro", o "Armando" e talvez um 2º"Armando") afirmam terem recusado linearmente qualquer oferta do Benfica.
12) A reportagem diz que "pagar para ganhar" à data dos supostos factos era legal. Mentira. Incentivos para ganhar eram em 2016 puníveis pelo regulamento da Liga, segundo o disposto no seu artigo 84: " o clube que, por si ou por interposta pessoa, oferecer, prometer ou entregar dinheiro ou qualquer outra vantagem patrimonial ou não patrimonial a um terceiro clube, sem que lhe seja devido, com vista à obtenção de um resultado positivo por parte deste num jogo oficial, assim como este terceiro clube, serão punidos com a sanção de multa de montante a fixar entre o mínimo de 125 UC e o máximo de 250 UC" - de 12.750 a 25.500 euros."
13) Até este momento da reportagem eram empresários supostamente mandatados pelo Benfica que estavam envolvidos neste esquema de corrupção. No entanto "Armando" faz uma revelação bombástica. Paulo Gonçalves, assessor jurídico do Benfica, também esta envolvido no esquema de corromper jogadores. Ou seja, Paulo Gonçalves, apesar de ter já seus dias bastante preenchidos a gerir "redes de toupeiras", a planear "as cartilhas" e tratar dos demais assuntos jurídicos respeitantes ao Benfica, consegue ainda arranjar tempo para ir corromper jogadores em nome do Benfica. Empregado do Mês.
14) Escutas, mensagens ou vá la qualquer que se assemelhe a provas: nada.
As evidências são portanto avassaladoras. Para quê mensagens ou escutas quando se tem o "Armando", jogador do Marítimo, a afirmar de forma peremptória que "lhe pareceu", que "acha" e que presenciou "certas coisas". E ainda bem que ele "ficou-se por aqui" porque "não podia dizer mais nada". Testemunhos de tal forma precisos só podem ser verídicos."
Curiosidades no meio de 'overdose'
"Entre 1934/35 e 2017/2018, 74% das equipas que jogaram no escalão principal concentram-se em quatro distritos do litoral.
Entre as sucessivas overdoses da crise sportinguista que enche o país das televisões de um modo quase omnipresente, tornando aos olhos dos mais incautos tudo o resto insignificante (ao ponto de um antes reconhecido canal de notícias ter dedicado mais de duas horas em directo a uma conversata do presidente leonino, espaço jamais dado a alguém no planeta!) e a sobredose que se vai seguir em redor de todos os detalhes do Mundial da Rússia, escolhi hoje escrever sobre curiosidades, que é o que me resta entre o tudo que não é o todo e o nada que não é o zero.
Resolvi ver com atenção o atlas do nosso futebol, isto é, a sua geografia que, ao longo dos tempos, vem pintando o Portugal futebolístico.
Nos já disputados 84 campeonatos da 1.ª divisão, a distribuição de clubes que neles jogaram por distritos e regiões autónomas é a seguinte:
1.º Porto - 14 clubes, dos quais 6 da cidade do Porto e arredores (Porto, Boavista, Salgueiros, Leixões, Académico, Leça);
2.º Lisboa - 12 clubes, dos quais 6 da capital e arredores (Benfica, Sporting, Belenenses, Atlético, Estrela da Amadora e Casa Pia);
3.º Braga - 8 clubes;
4.º Aveiro - 7 clubes;
5.º Setúbal - 6 clubes
6.º Faro - 4 clubes;
7.º Madeira, Coimbra, Leiria e Portalegre - 3 clubes;
11.º Viseu - 2 clubes;
13.º Vila Real, Açores, Castelo Branco, Santarém e Évora - 1 clube.
Há alguns distritos do nosso país que jamais tiveram um representante. É o caso de Viana do Castelo, Guarda, Bragança e Beja. Aliás, nem sequer alguma vez estiveram representados na 2.ª divisão. À tangente e há já muito tempo (1976 - 77) o distrito de Santarém foi representado 6 vezes pelo União de Tomar, clube por onde Eusébio até passou em 1977. Também Évora só lá esteve com o velhinho Lusitano Ginásio Clube, a última vez em 1966.
Apenas os chamados 3 grandes participaram em todas as provas, seguidos do Belenenses (não esteve em 7), Vitória de Guimarães (em 11) e Vitória de Setúbal (em 14). Seguem-se a Académica (esteve em 64 vezes), Sp. Braga (em 62), Boavista (em 55) e Marítimo (em 37). Dos clubes que não militam actualmente na 1ª divisão é, curiosamente, o Beira-Mar quem mais vezes lá esteve (27), agora que anda pelos campeonatos distritais. Aliás, se exceptuarmos o Estoril que desceu agora (26 presenças) e o Leixões que está no 2.º escalão (25 presenças), os que se lhe seguem estão afastados das competições ditas profissionais: Salgueiros (24), Atlético (24), Barreirense (24) e CUF (23).
Para além dos grandes, os dois clubes que há mais tempo estão consolidados na divisão principal - há mais de 40 anos - são o Sp. Braga (desde 1975/76) e o Marítimo (desde 1977/78).
De todos os clubes houve alguns que desapareceram como os industrialistas Riopele e Unidos FC (CUF de Lisboa), outros extintos por fusão (Carcavelinhos e União de Lisboa que deram origem ao Atlético), e o Estrela da Amadora (substituído pelo Clube Desportivo Estrela), o Académico do Porto, Seixal e Montijo e, mais recentemente, o Campomaiorense e a Naval 1.º de Maio que abandonaram os suspenderam o futebol sénior. Há ainda o caso da Associação Académica de Coimbra que, por tonta inspiração do PREC, se metamorfoseou, durante poucos anos, em Académico de Coimbra e a CUF do Barreiro, depois de já ter sido Quimigal.
Longe da 1.ª Divisão numa travessia do 'deserto' jogaram esta época em escalões distritais, Beira-Mar, União de Coimbra, Alverca, O Elvas, Leça, Tirsense, Lusitano de Évora, União de Tomar, Amora, Barreirense, Fabril do Barreiro, Ginásio de Alcobaça e o Atlético Clube de Portugal (este desclassificado no distrital lisboeta).
Na 3.ª divisão, pomposamente chamada Campeonato de Portugal, jogaram Trofense, R. Águeda, Torreense, Casa Pia, Oriental, Felgueiras, União de Leiria, Vizela, Fafe, Sp. Espinho, Sanjoanense, Salgueiros, Olhanense, Lusitano VRSA, e o semifinalista da Taça de Portugal deste ano, Caldas. Junta-se-lhes o Farense que, porém, acaba de regressar à 2.ª divisão.
Fazendo as contas totais entre 1934/35 e 2017/2018, nas 1256 presenças, verificamos que Lisboa comanda com 27%, seguida do Porto com 23% e Braga com 14%. Se lhes juntarmos Setúbal (10%), constatamos que 74% das equipas que jogaram no escalão principal se concentram nestes quatro distritos do litoral. Considerando ainda Coimbra (6%), Faro (5%), Madeira (5%) e Aveiro (4%), temos quase completo o mapa da 1.ª divisão, ou seja, de 94% do total. No actual campeonato, resistem Chaves e Tondela fora deste perímetro, a que agora se vai juntar o regressado Santa Clara da ilha de São Miguel!
O futebol está cada vez mais associado à economia de cada parte de Portugal. Nada que seja de espantar. Exemplos remotos de equipas alentejanas e beirãs, entre outras, são cada vez mais difíceis de reproduzir no actual enquadramento económico-social. A chamada desertificação do interior é também avassaladora no futebol profissional.
Verifica-se aqui o que é manifestamente visível a nível europeu. Um futebol feito de diferentes anéis quase estanques. O dinheiro faz a diferença e os seus reguladores acentuam-na por vezes despudoradamente, como é o caso da UEFA. Por cá, a excessiva concentração dos direitos televisivos tende a agravar o fosso entre os clubes.
Um último apontamento estatístico relativo às classificativos dos principais clubes. O campeão dos campeões é o Benfica (36 títulos) e, curiosamente, também o mais vezes vice-campeão (28). O 3.º classificado mais assíduo é o Sporting com 28 posições, sendo que o 4.º lugar é mais frequentado pelo Sp. Braga (13), Sporting (12), Boavista e Vitória de Guimarães (10), Belenenses (9). Já o 5.º lugar é encabeçado pelos dois Vitórias.
'Murphy' na Lei da Champions
O Real Madrid venceu a sua 13.º Taça dos Campeões Europeus, terceira consecutiva e quarta no último quinquénio. Notável! Aliás, em 16 finais só perdeu 3 (uma delas contra o Benfica). Treinada por um homem tranquilo, não espalhafatoso, sem essa parvoíce dos mind games e que, depois de ter sido um grande jogador, demonstra saber juntar com êxito uma série de vedetas, qual delas mais vedeta que as outras. O que não é nada fácil e tem sido até o coveiro de outros reputados treinadores que por lá passaram. Curiosa é a circunstância de enquanto passeiam na Champions só a custo conseguem ser campeões na Liga espanhola, ou seja apenas uma vez nos mesmos 5 anos. É equipa talhada para os grandes palcos do futebol planetário.
A final foi vibrante e fica marcada pela lei de Murphy aplicada em cheio ao valoroso Liverpool treinado por outro grande técnico. A lesão de Salah, a habitual condescendência para o com o talhante Sérgio Ramos, a incrível oferta do seu guarda-redes numa situação que eu nunca havia visto, o frango do mesmo que matou o jogo, uma bola ao poste que daria o 2-2 foram momentos dramáticos para os red. Verdade seja dita que se há clube que mais é bafejado pela sorte e também beneficiado com arbitragens é o R. Madrid. Este ano, com prejuízo para a Juventus e com a injustiça de o Bayern não o ter eliminado nas meias-finais.
Contraluz
- Excelente: Benfica campeão nacional de Juniores.
Magníficos atletas que passearam a sua classe na fase final do campeonato. Há ali jogadores bastante prometedores que merecem ser apoiados e espero que não partam para outras bandas, como tem sucedido com outros casos (Bernardo Silva, Gonçalo Guedes, entre outros).
- Classe: Cris Froome.
O britânico ganhou o Giro de Itália, fazendo o triplete ciclista (Tour, Vuelta, Giro). Assombrosa a etapa a etapa em que, em 80 quilómetros de fuga pelas altas montanhas, conquista a 'maglia rosa'.
- Citação: «Foi bonito jogar no R. Madrid»,...
... disse em modo pretérito C. Ronaldo, logo a seguir à conquista da Taça dos Campeões Europeus. Num momento de júbilo, não resistiu aos amuos e ciúmes. Não havia necessidade.
- Elogio: A Carlos Resende,...
... treinador de andebol do Benfica, que conquistou a Taça de Portugal. Com uma carreira de grande andebolista, continua a ser um senhor na vitória e na derrota. Algo que tende a escassear nas competições desportivas e, por isso, aqui o registo."
Bagão Félix, in A Bola
Chuck Norris
"1. Em Janeiro de 2013, quando Godinho Lopes não queria aceitar a realização de uma AG que podia resultar na destituição do Conselho Directivo que liderava, BdC criticou, no Facebook, o «estado ditatorial e antidemocrático» no clube. Sim, Bruno de Carvalho.
2. Hugo Chávez (9.49h), Fidel Castro (7.10h) e Vladimir Putin (4.47h) foram protagonistas de alguns dos mais longos discursos da história. BdC entra directamente para o ranking com aquela sessão de esclarecimento as perguntas.
3. Estou confuso, BdC diz que o vice-presidente Carlos Vieira é o seu Chuck Norris, mas quem desapareceu em combate, qual coronel James Braddock, foi o director de comunicação Nuno Saraiva (um dos aspectos positivos da crise do Sporting, diga-se).
4. Caso venha a realizar-se, a AG do Sporting de 23 de Junho promete ser o maior evento de Wrestling e MMA (Artes Marciais Mistas) alguma vez, realizado em Portugal.
5. Um presidente mandar mensagens motivadoras aos jogadores no intervalo de um jogo é o mesmo que um pai mandar mensagens de incentivo ao filho a meio de uma noite de sexo com a namorada.
6. Com BdC na presidência do Sporting, só um eremita pode aceitar treinar o clube. Ou Sá Pinto.
7. Já ouvi por aí dizer que vai acontecer à Selecção Nacional o mesmo que nos aconteceu no Festival da Eurovisão, um grande fiasco depois de uma grande conquista. Não acredito. E depois de João Mário ter prometido que, em caso de vitória, vai deixar crescer o cabelo como Fellani, não pode haver maior motivação.
8. O Benfica é o porto seguro que Renato Sanches precisa. Renato Sanches é a tempestade que o futebol do Benfica precisa. Já não é tentação, é mesmo necessidade.
9. As declarações de Ronaldo na final da Champions tiveram um sentido de oportunidade tão perfeito quanto o seu busto que está no aeroporto da Madeira."
Gonçalo Guimarães, in A Bola
O príncipe do futebol português
"O espaço descobre-o num abrir e fechar de olhos; as ideias são claras e os objectivos estão sempre muito bem definidos; a visão é escandalosa e a orientação de cada movimento é feita muito à frente do que estamos a ver; observa mais longe, como se houvesse um atraso de pelo menos 15 segundos entre o que os nossos olhos alcançam e o final da acção. A abordagem aos adversários confirma o estilo, marcado pelo engano sempre presente em tudo quanto faz – jogadores como ele não podem ser observados nos olhos, porque são mentirosos, emitem intenções todas elas equivocadas. Muitas vezes Bernardo Silva dá imagem de arrogância: tem uma fé insolente nas suas capacidades e acredita nele próprio com tanta convicção, que chega a parecer orientado por sentimentos narcisistas. Nada disso corresponde à verdade. Como depois se verá.
A bola segue sempre colada ao pé esquerdo, por norma da direita para o meio, e todos percebemos que não se engana no caminho; o perigo aumenta a cada centímetro que conquista no trajecto que o aproxima da baliza contrária. É como se ele e a bola fossem um corpo uno e indivisível que só ele separa quando dispara para o golo – e foram perto de 40 no Mónaco e no Man. City – ou solicita companheiro em melhor posição.
Não é um projecto concluído, e ele sabe-o, mesmo tendo consciência de que já tem requisitos sublimes para figurar entre os melhores da actualidade: técnica individual ao nível do último grito da tecnologia; imaginação ilimitada como artista sublime; precisão milimétrica em cada gesto, perfeita gestão da velocidade e domínio absoluto dos segredos do futebol como desporto colectivo. BS assombra com a genialidade de invenções individuais de todo inconcebíveis mas a dimensão total do jogador que já é e do que pode vir a ser no futuro, só a expressa pelo modo como integra e potencia o exército de que faz parte.
BS responde cada vez melhor à estatística, sem ferir a sensibilidade do adepto. A grande arma desde sempre tem sido a capacidade para interpretar cada passo da carreira: foi um espírito livre quando o pôde ser, que jogava para ser feliz e mostrar a arte que nasceu com ele; não se deslumbrou nem se deprimiu com a montanha-russa de emoções por que passou no Benfica; aprendeu todas as lições de Leonardo Jardim no Monaco; prossegue a graduação táctica, completando todos os elementos que faltam ao puzzle, sob o comando de Pep Guardiola, para quem "é impressionantemente bom em tudo quanto faz". A prova da sua extraordinária inteligência ao serviço do campeão inglês é o modo lúcido e sem polémicas com que reage a qualquer decisão do treinador: pode estar dentro ou fora; entrar a 5 minutos do fim ou sair ao intervalo; jogar todos os minutos ou passá-los no banco. No fim é sempre um jogador feliz.
A caminho do primeiro grande palco da carreira, BS já conquistou direito a ser visto como o príncipe do futebol português; a esperança maior como herdeiro do trono de CR7; o génio mais arrebatador de uma geração com escassas referências definitivas. Talento superior, que chega à Rússia com 23 anos, BS tem pela frente um longo caminho para cumprir o destino que o seu talento pressupõe. Para isso, precisa de não dar por concluído o processo de crescimento e continuar a aprender com Guardiola e Fernando Santos; de dar continuidade à revelação de um talento cada vez mais arrebatador e universal; de se prestigiar ao ponto de aumentar o duplo efeito no jogo, como inspiração e intimidação. Se sintetizar numa competição curta como o Mundial o génio que revela avulso durante a época, é preciso que os inquilinos do patamar mais elevado da hierarquia se acomodem. Não se trata de atacar lugar entre os melhores da sua geração. Trata-se de delimitar o espaço entre os maiores da história.
Quando Cristiano disse "boa-noite"
CR7 conquistou a 5.ª Champions e, no fim, parecia desenquadrado da festa. Aproveitou, então, contra a todas as expectativas, para lançar uma bomba na celebração: "Foi muito bonito estar no Real Madrid." A frase e o seu efeito planetário tiveram um problema: é impossível que a grande estrela do maior clube da história se despeça como se estivesse a dizer "boa-noite". Terá de fazer melhor e ser mais convincente.
A renovação dos centrais
Pepe não é apenas o melhor central da Selecção: é o único com dimensão internacional, aquele que, apesar da idade (35 anos), lidera a lista destacado. Tê-lo nesses moldes é um risco permanente (é exemplar único), mas não tê-lo pode tornar-se uma tragédia. Para já, Portugal vive com o que tem – e nem pode queixar-se. Mas depois do Campeonato do Mundo, como já disse Fernando Santos, é imperioso renovar.
A boa resposta de João Mário
João Mário viveu época difícil. Não teve sorte: foi parar às mãos de treinadores que não entendem o seu futebol requintado e que, por certo, o criticaram pela falta de faísca sempre que disputava um lance. Fernando Santos não abdica dele e faz muito bem. Frente à Tunísia, num jogo que acabou mal, actuou com a serenidade de um grande, pautando o jogo de Portugal. E ainda fez um golo fantástico."
Reflexões sobre uma assembleia
"Os dados estão lançados, vai ser convocada uma reunião da assembleia geral do Sporting, para deliberar sobre a destituição individualizada dos membros restantes da direcção.
Tanto quanto sei, é a primeira vez na história do clube, que isso acontece e, a ausência de precedentes, leva a que se levantem algumas interrogações, sobre o modo como a assembleia deve funcionar.
Até porque os estatutos, da forma como estão redigidos, não ajudam nada à clareza das situações.
A primeira constatação, é que, à luz do nº 2 do artº 40º dos estatutos, a revogação do mandato de qualquer membro da direcção, só pode formalmente ter lugar, com invocação de justa causa.
Tal implica a imputação ao visado, de factos concretos que configurem uma violação dos deveres, que sobre ele impendiam, em virtude das funções, para que foi eleito, nomeadamente do nº 1 do artº 35º, que diz que " os membros dos corpos sociais devem cumprir e fazer cumprir os estatutos e regulamentos do clube e exercer os respectivos cargos, com a maior dedicação e exemplar comportamento cívico e moral".
Se a assembleia, ao que parece, é convocada, no seguimento de solicitação de sócios, que representam mais de mil votos, será de elementar prudência que, anexo à convocatória, conste a indicação circunstanciada dos factos que integram a invocada justa causa. O mesmo se diga, se for convocada, por iniciativa do presidente da mesa.
Em ambos os casos, há que ter em atenção que o eventual ilícito se deve situar no perímetro do clube, já que os administradores da SAD, mesmo eleitos pelo accionista Sporting, exercem esse cargo em nome próprio, nos termos da lei comercial.
Embora, em minha opinião, tal não seja legalmente necessário, em obediência ao princípio do contraditório, enviaria essa acusação aos visados, para se poderem defender, querendo, na assembleia geral que deliberar sobre a proposta da sua destituição.
Três notas finais.
Se a assembleia deliberar a destituição da direcção, ou de um número dos seus membros tal, que determine a cessação do respectivo mandato, penso que o presidente da mesa, deverá nomear uma comissão de gestão, porque não faz sentido que o Sporting continue, mesmo por tempo limitado, a ser gerido por pessoas, sobre as quais os sócios formularam um juízo de reprovação. Seria conveniente que os membros dessa comissão de gestão fossem pessoas insuspeitas e que, desde já, anunciassem que não concorriam às eleições.
À cautela, requereria também,(neste caso através de accionista com capacidade para tal), a convocação de uma assembleia geral da SAD, para destituir os membros da administração que fossem comuns à direcção do clube, porque não era lógico serem rejeitados no clube e manterem-se na SAD.
Não sei o que tudo isto vai dar; sei que os sportinguistas têm o destino do clube nas suas mãos e que, consequentemente, terão o presidente que quiserem ter."
A equipa de Karius
"Daqui por 50 anos, quando se fizer a história das finais da Liga dos Campeões, o nome de Loris Karius estará lá. Não, obviamente, pelas melhores razões, mas a verdade é que poucas vezes se viu um guarda-redes errar de forma tão grosseira, e com consequências para a sua equipa, num jogo tão importante. O Mundo desabou sobre o guarda-redes alemão do Liverpool. Em lágrimas, pediu desculpa aos adeptos. No dia seguinte à final de Kiev, confessou que ainda não tinha dormido. E recebeu mensagens de ódio, bem como ameaças, através das redes sociais, esse espaço cada vez mais pantanoso que comanda a sociedade.
Dias depois da final, um texto publicado no jornal mexicano ‘Récord’ chamou-me a atenção. Felipe Morales, o autor, escreveu um artigo intitulado ‘Eu quero Karius na minha equipa’. E lembrava, de forma muito pertinente, que "há más pessoas que são bons futebolistas e bons seres humanos que não são bons jogadores". Karius é um bom guarda-redes, e não são dois erros monstruosos no jogo errado que fazem com que deixe de o ser. Mas, acima de tudo, mostrou que é uma grande pessoa e um grande profissional: assumiu as suas responsabilidades, pediu desculpa aos adeptos, e sofreu com os próprios erros.
O futebol, pelo destaque que tem na sociedade, tornou-se quase tão importante como a própria vida. Karius foi insultado e humilhado como se os seus erros mudassem as nossas vidas ou as vidas de alguém. É altura para pensarmos todos do futebol aquilo que sempre foi: um jogo. Absolutamente apaixonante, mas apenas um jogo."
A pátria em chuteiras
"O bloqueio dos caminhoneiros (camionistas) gera filas de 24 horas nas bombas de gasolina, cancela milhares de voos, deixa prateleiras de supermercado vazias, fecha hospitais e farmácias por falta de remédios, reduz rondas policiais, faz acumular toneladas de lixo. Mas confusão mesmo, com direito a xingamento aos grevistas e reacções de desespero, é nas bancas de jornais (quiosques).
Cadê as figurinhas (cromos) da Copa? Para angústia dos coleccionadores, e dos donos das bancas, estão bloqueadas numa estrada qualquer.
O episódio revela aquilo que toda a gente já sabe mas às vezes precisa de ver para crer: Copa do Mundo no Brasil é caso sério. Não o futebol - há pequenos países europeus que gastam mais tempo e saúde com ele - mas ela, a Copa do Mundo.
Todos os anos, crianças e jovens e mães e pais e avós e avôs por todo o Brasil pintam as ruas, as paredes, os prédios e as calçadas das suas ruas com as cores do país durante o mês do Mundial. Há quatro anos, nas vésperas do Mundial 2014, a imagem de um moleque descalço de 17 anos, de lata de tintas verde e amarela na mão, a colorir o passeio do seu bairro, em São Paulo, ficou na memória. Já lá vamos.
Luiz Felipe Scolari, no seu consulado como treinador de Portugal, insistiu que os portugueses usassem bandeiras na janela de casa durante o Euro 2004 porque no seu país isso é tão natural como respirar.
Nos dias de jogos dos canarinhos, então, é feriado. Pode-se circular sem trânsito na Avenida Paulista e mergulhar à vontade em Ipanema. Os solenes juízes do Supremo Tribunal Federal já anunciaram o adiamento da sessão do dia 17 de Junho, que coincidia com o horário do Brasil-Sérvia, porque prioridades são prioridades.
É o país um dia definido por Nelson Rodrigues como "a pátria em chuteiras".
Apesar da crise, que levou milhões de brasileiros ao desemprego e à contenção rigorosa de despesas, a venda de televisões aumentou 42% em maio, segundo dados da Panasonic e da associação Electros. É sempre assim em ano de Copa, mas desta vez mais ainda porque o Magazine Luiza, rede gigante de electrodomésticos, apelou em campanha publicitária ao segundo desporto nacional dos brasileiros, a superstição: "Não acredito que você vai assistir a esta Copa na mesma TV em que viu os 7-1", espalhou, numa alusão à humilhante goleada da Alemanha sobre o Brasil em 2014 e que virou até frase feita - "mais um golo da Alemanha..." - quando dois brasileiros comentam entre si a última mazela do país.
Em sentido contrário, sucedem-se reportagens com quem mantém em casa o velho televisor onde viu Pelé, Rivellino, Jairzinho, Tostão e companhia a conquistar o tricampeonato brasileiro de 1970, no México, ou de quem guarda como relíquia o radinho de pilha onde ouviu o mesmo Pelé, com Didi e Garrincha e Djalma e Nilton Santos conquistarem o mundo pela primeira vez, em 1958, na Suécia.
É em torno desses velhos ou recém-comprados aparelhos que se vão reunir os mais fanáticos, aqueles que sabem de cor a vida e obra tanto do Neymar como do lateral da Arábia Saudita, e os menos, aqueles que até perguntam "quem é a bola?".
No, de longe, maior mercado, entre 130 países, da Panini, a produtora dos álbuns de figurinhas, todos eles, dos fanáticos de profissão aos de ocasião, compram-nas e trocam-nas como loucos. "Eu passo horas a fio com o meu neto a colá-las antes das Copas", disse um dia uma avó, chamada Dilma Rousseff, talvez na sua única declaração pública sobre futebol.
Um dono de banca de jornais, entretanto, contou em reportagem porque ficou quase imune ao efeito da greve dos caminhoneiros e ganhou filas de clientes. "Por norma, quando vou para casa à noite, deixo os jornais e as revistas dentro da banca, nem faço caso, mas levo as figurinhas da Copa num cofre, porque são elas que têm mais valor real e potencial."
Noutra reportagem, sobre as ruas e os passeios que começam a ser coloridos de verde e amarelo, revela-se a identidade do tal moleque de 17 anos fotografado de lata de tinta na mão a ajudar a pintar o seu bairro para a Copa de 2014. Chama-se Gabriel Jesus e é hoje, quatro anos depois, o dono da camisa 9 da selecção de Tite."
A questão da chamada “disciplina” de “Educação Física”
"A “Disciplina” de “Ed. Física” tem que ser reestruturada, de modo a ter duas componentes: a Teórica e a Prática
É difícil viver, academicamente, em Portugal (Prof. Max Cunha). E de facto assim é!
Ora senão vejamos: quando na Juventude, dizíamos coisas sem lógica, éramos penalizados pelos professores grisalhos. Quando, anos mais tarde, passámos a escrever e a dizer coisas com toda a lógica, somos criticados, por todos aqueles que são amantes do “politicamente correcto”, apesar de tais críticas poderem configurar, em alguns casos, cumplicidade com actos de cobardia, com ilicitudes ou acções indignas, mas que proporcionam vantagens, no plano pessoal, a quem assim procede, apesar de saberem que é um caminho errado.
Quando se diz “que o Rei vai nu”, esses apressam-se a dizer que é mentira, pois que o “Rei vai vestido de nu”, o que é diferente...
Isto também se passa no meio académico, em que há grandes lutas partidárias, entre “irmãos”, de obediência diversa... que colocam interesses alheios à Universidade, como se fossem do interesse dela, apenas para “ocupar” o terreno e impor uma certa hegemonia, não do saber, não do conhecimento, mas apenas como afirmação de poder.
Vem isto a propósito de uma “intenção”, do actual Governo (M.E.), de reverter uma medida tomada, em 2012, por Nuno Crato, com o fim da nota da disciplina de “Ed. Física” a contar para a entrada no Ensino superior!
1 – Considerando que o Ensino Superior, como foi no passado, é que deve avaliar os seus candidatos, aos vários cursos superiores, e não o Ensino Secundário, não compreendemos a passividade e a falta de pró-actividade contestatária, por parte da Universidade, por este assunto, e até a não invocação da falta de legitimidade, para tal decisão do Ministério da Educação.
2 – O “M.E.”, acolitado por um tal “Conselho da Educação”, chamemos-lhe assim..., é que deve definir o que deve ser entendido por “Ed. Física” vs. “Motricidade Humana” vs. “Cinesiologia”, e estabelecer um novo programa para a “Disciplina”, ao longo dos diversos patamares escolares, com carácter obrigatório, e com avaliação.
É evidente que esta “Disciplina” tem que ser leccionada em duas vertentes: a teórica (a mais importante) e a prática, como aliás qualquer exame de condução automóvel tem.
É que sem conhecimento prévio da “máquina humana”, não se deve “mexer” nela. Primeiro é preciso compreender o que ela é, para que serve, como se deve movimentar, o que acontece se for mal utilizada, consequências, etc., etc., e depois sim, movimentá-la, não com objectivos atléticos (isso é para os Clubes Desportivos e Ginásios), mas apenas pedagógicos e educativos, o que torna a disciplina acessível até a um aluno com alguma deficiência física.
Este é que é o papel, e a missão, do Ministério da Educação; educar, formar, conferir integridade de carácter, aos futuros cidadãos, e transmitir-lhes o espírito de serviço à comunidade e ainda de cidadania, ou seja, de participação na vida política, social e familiar, com responsabilidade e dignidade. É isto que País, e os Pais dos alunos, esperam do Ministério da Educação.
3 – A “Disciplina” de “Ed. Física” tem que ser reestruturada, de modo a ter duas componentes: a Teórica e a Prática, como se disse. A motivação só pode surgir depois da compreensão da necessidade da movimentação das alavancas humanas, de forma correcta, de acordo com os seus seis distintos, centros articulares, com a noção, aproximada, da força, da velocidade, da resistência, e do equilíbrio, da máquina humana, da sua autonomia, em termos de necessidades metabólicas, de acordo com o anabolismo e catabolismo (A+C=metabolismo), da sua autonomia, em relação à ingestão de água, da informação homeotérmica e dos limites da sua variação, da sua homeostasia, do síndrome geral de adaptação, com as suas cinco fases, do sentido cinestésico, do tipo de trabalho muscular, na suas três diferentes formas possíveis de utilização, do que é o estereótipo motor-dinâmico, e como se treina para o aperfeiçoar, sendo, a falta dele, fonte de grandes desastres, etc., etc.
Mas mais importante ainda é ter a noção exacta de que o organismo humano é capaz de realizar coisas espantosas, como, por exemplo, criar, através do glicogénio, fabricado no fígado, uma energia que chega para colocar, mais ou menos, 1 tonelada (1000 Kg) a 1000 metros de altitude (nível do mar), ou seja, 1.020.000 Kgm, em cada 24 horas, sendo que 82% dessa energia é só para manter a temperatura constante do organismo.
Depois de saberem isto, os jovens, que hoje estão a ingerir muitas bebidas alcoólicas, que destroem o fígado, percebem então que se estão a suicidar.
O problema é que 95% dos universitários, e não só, não sabem isto porque a Escola, ou seja, o Ministério da Educação, nunca lhes explicou isso, como outras coisas, que só na Escola podem aprender!
Boa reforma!"
Venha o Mundial!
"No dia em que a Sra. Merkel visita Lisboa e se encontra com o Sr. Costa, não vamos falar de política, vamos falar de futebol. Por mais que nos custe, vamos tentar esquecer por um instante os hooligans, a violência, as crises, as birras, as lutas pelo poder, as dívidas, as transferências astronómicas, os casos Cashball, e-mails, Apito Dourado ou os esquemas de corrupção dos Srs. Blatter, Teixeira e Becken-bauer.
Vem aí o mês de Junho e, em todos os anos pares, significa que está prestes a começar um grande torneio de futebol. Pessoalmente, neste ano, o Mundial na Rússia tem um sabor muito especial porque as minhas duas selecções preferidas entram em campo com insígnias vitoriosas nas camisolas: A Alemanha é campeã do mundo e Portugal é campeão da Europa! Sei que as hipóteses são escassas, mas se tudo correr na perfeição haverá uma final luso-alemã onde a Sr. Merkel volta a encontrar-se com o Sr. Costa. Tenho o forte desejo de que tanto os tugas como os germânicos cheguem à final, mas ao mesmo tempo rezo para que as duas selecções não se cruzem, porque os jogos entre estes dois países começam a ser um tumulto emocional demasiado confuso para a minha alma.
Não foi sempre assim. Até ao outono de 1985, quando Carlos Manuel marcou um golo de vitória fabuloso num jogo de qualificação entre a Alemanha e Portugal, não sabia onde este país se localizava. E, pouco depois, voltei a esquecer-me porque a selecção portuguesa simplesmente não conseguiu transformar o muito talento futebolístico que tinha em resultados concretos. Naturalmente, torço pela selecção alemã, e fica na memória a vitória do Mundial de 1990, pois estávamos a escassos meses da reunificação de um país dividido durante mais de 40 anos em dois blocos políticos.
Porém, nunca tive a febre patriótica do futebol, em que pomos bandeiras nos carros e festejamos nas ruas pintados com cores nacionais. Talvez porque assisti a quase todos os Mundiais e Europeus no estrangeiro: os meus pais gostavam de viajar pela Europa. Logo que chegavam as férias de verão, preparávamos a nossa carrinha pão de forma, e ainda de noite arrancávamos e seguíamos viagem deixando a Alemanha para trás.
Mas não fui o único da minha geração que sentiu uma certa desconfiança em relação a tudo o que tinha que ver com uma Alemanha patriótica, talvez porque a herança catastrófica dos nazis parecia bem mais presente então do que nos dias de hoje. Tinha amigos alemães que torciam pela Argentina, pelo Brasil ou pela Holanda, o que facilitou a escolha das equipas, quando jogávamos os Mundiais de futebol nos jogos da Super Nintendo, pois assim não havia dúvida sobre quem ficava com a selecção alemã.
Portugal só começou a entrar no lote das equipas favoritas, nos jogos de computador, depois do Euro 2000. Nessa altura, estava a fazer um estágio no escritório do correspondente do Frankfurter Allgemeine Zeitung em Madrid e poucos dias antes do jogo entre Portugal e Inglaterra (3-2) fiz uma curta visita a Lisboa.
As minha antenas estavam mais afinadas, e, quando vi aquele fabuloso jogo de Figo e companhia, o bichinho entrou na minha alma futebolística, para ficar! Isto mesmo quando poucos dias depois Sérgio Conceição marcou um hat trick contra a Alemanha e ditou o fim pouco glorioso da carreira de Lothar Matthäus na selecção alemã.
Lembro-me de que contactámos Manuel Alegre e que lhe pedimos para explicar aos leitores do jornal o segredo do futebol português. Os responsáveis da federação alemã não leram o texto: demorou anos até a Alemanha chegar a um nível técnico parecido com as capacidades daquela selecção portuguesa.
Desde que Joachim Löw está no comando da selecção alemã, a equipa joga um futebol muito mais atractivo e recolhe os frutos de muito trabalho, ganhando o título mundial há quatro anos. Ao mesmo tempo, parece que, no que respeita ao futebol, os alemães começaram a viver um patriotismo pacífico e mais ou menos saudável.
Continuo a torcer pela selecção alemã, mas o facto de estar a viver a 2500 quilómetros da Alemanha faz que sinta um certo distanciamento das emoções vividas nos jogos de futebol da Nationalmannschaft. Afinal estou num país onde muita gente tem uma relação íntima com a sua selecção e para mim chegam as emoções vividas nos jogos de Portugal para viver um Mundial estimulante. Como dizia Goethe: "Duas almas habitam no meu peito..." Felizmente, estamos só a falar de futebol!"