sábado, 19 de maio de 2018

Vantagem...

Quinta dos Lombos 2 - 4 Benfica

O resultado parece apertado, mas o estivemos sempre com uma boa vantagem... É verdade que sofremos um auto-golo do Bruno Coelho e outro no último segundo, mas pelo resumo, o Cristiano teve muito trabalho!!!
Tudo isto sem o Roncaglio, sem o André Coelho e sem o Henmi...

Derrota...

Benfica 21 - 25 ABC
(10-14)

Já na Quarta a equipa tinha dado má indicações... Hoje, pareceu que a 'cabeça' já estava na Taça, espero que tenha sido só isso!!!

O 2.º lugar no campeonato, acaba por ser positivo. A diferença abismal de orçamento para os Lagartos, e as recentes revelações sobre os bastidores, revelam que melhor era mesmo impossível!!!
Já existem vários rumores em relação à próxima época, e parece que o Benfica está mesmo disposto de 'tapar' os buracos neste plantel... Vamos esperar para ver...!!!
Mas ainda temos a Final Four da Taça de Portugal...

Pedido de cimeira nunca existiu

"A Sport Lisboa e Benfica - Futebol, SAD desmente de forma perentória que alguma vez tenha sido solicitado pelo Presidente do SLB, Luís Filipe Vieira, qualquer tipo de cimeira ou encontro com o presidente do Sporting CP.
Tal facto nunca existiu e é mais uma pura invenção de quem dá mais um claro exemplo da total falta de credibilidade e seriedade.
As suas constantes mentiras em relação a tudo e todos, a forma doentia e obcecada como constantemente inventa histórias sobre o SLB, merecem o total repúdio.
Lamentamos que um verdadeiro charlatão tenha algum dia assumido funções de tão grande responsabilidade como ser presidente de uma instituição com a dignidade e a história do nosso rival Sporting CP."

Desmentido

"A Sport Lisboa e Benfica - Futebol, SAD desmente o teor das notícias que dão conta do seu interesse ou que esteja a negociar a contratação do defesa-esquerdo do Espanhol de Barcelona, Aarón Martin. Isso é falso e nem existe esse interesse.
A única situação entre os dois clubes que confirmamos foi que se realizou uma visita dos responsáveis do Espanhol de Barcelona para conhecerem o nosso centro de formação do Caixa Futebol Campus, no Seixal. Nada tendo a ver essa visita com qualquer negociação de jogadores em curso."


PS: É pena...!!!

Sporting em crise mas não em causa

"Cada dia que passa sem que o futuro do Sporting esteja definido, é um dia perdido. Parece claro que Bruno de Carvalho, quiça em negação, como afirma José Maria Ricciardi, está a prolongar a agonia do seu mandato, agarrando-se ao poder com o desespero dos condenados, o que agrava o cenário de recuperação que os leões, a seguir, deverão trilhar. Sejamos claros, a propósito do day after: o Sporting está em crise mas não está em causa, o clube é demasiado grande e, embora possa abanar, não cai. Porém, quanto mais Bruno de Carvalho persistir na via autista, mais difícil será a vida de quem lhe suceder. Em cima da mesa, além das negociações com a banca e do empréstimo obrigacionista, ambos de curto prazo, há a urgência das possíveis rescisões de jogadores e técnicos, invocando justa causa, matérias para as quais Bruno de Carvalho não é solução, é apenas problema. E há ainda o desenvolvimento dos casos de André Geraldes e do assalto à Academia, que têm minado a confiança dos sócios na actual Direcção. Aquilo que vai sendo conhecido relativamente à preparação do ataque em Alcochete, do conhecimento antecipado da invasão à fuga dos líderes, indica que o trabalho policial em curso nos vai trazer muitas coisas tidas por impensáveis.
E há ainda, no meio de tudo isto, a final da Taça de Portugal, um jogo que pode ser visto pelo sportinguismo como uma oportunidade de desagravo a um conjunto de profissionais que foram vítimas de barbárie nascida do populismo e da intolerância.
Em tudo o que se tem vivido em torno do Sporting, há uma lição de vida que transcende em muito o desporto. Que todos retiremos conclusões..."

José Manuel Delgado, in A Bola

PS: Oh Delgado, achas que o Sporting está em crise mas não em causa?! Olha que não, olha que não!!!

Os jogadores

"O Supremo Tribunal dos EUA declarou inconstitucional a lei que, com excepção do estado do Nevada, proibia apostas desportivas no país. Decidiu a favor do estado de Nova Jérsia, que em 2012 aprovara lei legalizando as apostas e que se debatia contra acções de NCAA, NFL, NBA, NHL e MLB, ligas que consideram que a deliberação do Supremo descerrará a manipulação de jogos para benefícios de apostadores.
Esta noção, agora legalmente ultrapassada nos EUA, é conservadora, mas a verdade, julgo, é que a conexão entre a facilidade das apostas e o desporto tem sido, sim, arriscada. Se por um lado as competições e clubes têm patrocínios do sector (a Premier League tem ligação indivisível, no patrocínio e na publicidade), por outro abre-se um espaço para uma amoralidade que, na América, atemoriza, receando-se que os jogos se tornem só um pretexto para apostas.
Ademais, pelos apanhados em esquemas de apostas se tem percebido a simplicidade com que um só jogador pode condicionar desfechos colectivos. Bastará recordar os casos singulares de Wayne Shaw (aquele guarda-redes que foi comer uma sanduíche atrás da baliza porque sabia que alguém o apostara...) ou Joey Barton, o rebelde que investira em 1260 jogos, incluindo cinco onde actuou, antes de ser banido. Pode acreditar-se que pessoas assim podem ser facilmente encontradas num mundo inteiro e com isso tem despertado a paralela frente de corrupção, latente, bem como as investigações judiciais em todo o planeta. Em Portugal, no mínimo, as sombrias suspeitas e os desavergonhados indícios também correm tudo de fio a pavio.
Terminando: porque alguns valem ganhos e outros facilitam derrotas, todos os jogadores se tornam alvo. Primeiro, dos criminosos que os tentam, segundo, do público que pode precipitar-se a interpretar qualquer incapacidade ou má sorte como jeitinho. Dessa forma são jogados em vez de ser jogadores."

Miguel Cardoso Pereira, in A Bola

É justo pedirmos desculpa ao Aves!

"Para o Sporting é apenas mais uma Taça de Portugal. Para o Aves é o mais importante dia da sua vida. Estragaram-lhe a festa. Imperdoável

O Desportivo das Aves é um daqueles nossos pequenos clubes de futebol que lutam, com criatividade e sofrimento, por ter um lugar no campeonato maior. É, afinal, um dos muitos pequenos milagres que por esse Portugal se vão encontrando. O estádio tem capacidade para receber toda a população da Vila, que, segundo o censo de 2011, anda pelos 8500 habitantes. Ou seja: toda a população das Aves cabe numa só bancada do estádio da Luz, de Alvalade ou do Dragão.
E, apesar da reduzida dimensão, da pobreza dos recursos e de uma História de quase noventa anos, o clube teve a suprema alegria de chegar à final da Taça de Portugal e ganhar direito a estar no Jamor naquela que é conhecida como a maior festa do futebol português.
Não sei se o leitor, sobretudo aquele que faz parte dos mais de noventa por cento de portugueses que tem ligação sentimental aos três grandes, tem ideia do que pode significar para uma vila e para um clube como o Desportivo das Aves, um feito desta dimensão.
Para o Sporting, é só mais uma Taça de Portugal. Para o Aves é o mais importante dia da sua vida.
Jornais rádios, televisões deveriam ter gasto meios e tempo nos dias de festa das Aves. Em vez disso, esgotaram-se no reality show de Alvalade e de Alcochete. Por isso, ao longo dos últimos dias, não se tem falado ou mostrado outra coisa. O Sporting matou a festa da final da Taça com um ciclo de cinema que a todos nos monopoliza. Desde filmes de acção de gangsters, a filmes de um novo e surpreendente surrealismo, que mistura o humor com o absurdo.
Os trágico-cómicos actores terão seus méritos, uma vez que o país não discute nem os insuportáveis aumentos dos combustíveis, nem o poço de petróleo de Aljezur, nem a degradação das nossas escolas, nem a falta de meios na saúde, nem a eterna demora da justiça. Apenas se fala de BdC e sus muchachos, uma nova e louca versão lrivre que junta num só filme, o 'general em seu labirinto' com a 'crónica de uma morte anunciada' e ainda ' três casamentos e um funeral'.
A película é um sucesso. Do Presidente da República, passando pelo presidente da Assembleia da República e pelo primeiro Ministro, todos a viram e todos sobre ela se pronunciaram. É um acontecimento nacional, arrebatou todo o país, entorpeceu-o e monopolizou-o. Até Pacheco Pereira, inviolável às coisas menores do futebol, se deixou tentar por declarações, opiniões e esclarecimentos. A coisa tornou-se de tal forma contagiosa, que os canais de televisão mudaram grelhas, convocaram de emergência todos os seus opinadores, cancelaram programas, para não perderem um episódio picante, uma cena canalha.
Lá no Norte, quase em segredo, o Aves continuava a preparar a sua festa, temendo que ela seja abafada, até mesmo no dia da grande final, pelas ausências institucionais da nação.
Seria lamentável que tal acontecesse. Já não basta o Aves ter de fazer um género de festa de casamento só com a noiva e ainda teria de se conformar com a indelicadeza de subir à tribuna de honra e não ver lá nem o abrangente Professor Marcelo, nem o resto, que faz sentido dar Honra à dita tribuna.
A verdade é que estamos a pouco mais de 24 horas de uma festa estragada e, por isso, o primeiro dever de qualquer cidadão que goste de futebol e que goste dos pequenos anónimos que conseguem grandes feitos é o pedir desculpa ao Desportivo das Aves e ao povo da Vila das Aves, um dos que mais sofreu, em Portugal, no auge da dramática crise da industria do têxtil. É o azar do Távoras. No preciso ano em que tão duramente se chega a um dia de glória, ver a festa desabar numa torrente de lama. Mesmo que nos perdoem, nunca irão esquecer.
(...)"

Vítor Serpa, in A Bola

Fake it untill you make it

"«Finge até conseguires». Esta expressão, com a sua óbvia conotação sexual, pode ser aplicada a muitas outras situações na vida. Pode ser até usada a propósito de Bruno de Carvalho. Mas, com uma diferença importante: o individuo bem tentou, mas nunca conseguiu.

Carvalho tentou estar à altura do seu tio-avô, o almirante Pinheiro de Azevedo, que teve um papel fundamental na estabilização da democracia parlamentar em Portugal. Carvalho não perde uma oportunidade para dizer de quem em é sobrinho-neto. É uma questão de sobrevivência. Porque já não lhe resta seja o que for.
Carvalho é altamente motivado pelo poder. Só assim se compreende que, segundo o Sol noticia hoje, tenha dado carta branca aos membros extremistas da claque juve leo para agirem como entendessem, “apertando”, isto é, agredindo, os jogadores do clube e a respectiva equipa técnica. Pôs em causa o principal activo do clube é impensável. Afastou patrocinadores, colocou em causa a bom nome e a legalidade do Sporting com suspeitas de corrupção, e assustou – compreensivelmente - investidores. 
De facto, este menino mimado não se sabe meter no seu lugar. Chegou ao ponto de ameaçar colocar uma queixa-crime Eduardo Ferro Rodrigues, segunda figura na hierarquia do Estado português, e sócio do Sporting há 68 anos. E convém também não esquecer que, se não tivesse sido vítima de uma cabala sórdida, Ferro Rodrigues podia muito bem ter sido primeiro-ministro, no lugar de José Sócrates, com vantagens evidentes para todos.
Amanhã, como sportinguista que sou, não deixarei de apoiar o Sporting. No global, e apesar de não termos ganho o campeonato, ficando a dez pontos – são muitos – do Porto, acho que esta época de 2017/2018 não foi totalmente má. Ganhámos a Taça da Liga, empatámos com a Juventus, ganhámos ao Atletico de Madrid – que posteriormente viria a ganhar a liga Europa - e podemos ganhar a Taça de Portugal. Mas Carvalho precisa de sair, e muito rapidamente.
Fingiu ser um presidente à altura de João Rocha. Mas, por mais que fingisse, não conseguiu. E hoje, o principal passivo do Sporting chama-se Bruno de Carvalho. Ele está à espera que uma eventual vitória na Taça de Portugal, amanhã, o salve. Mas não terá sorte. Já nos livrámos de outros presidentes problemáticos, sabemos bem como fazê-lo. Só Bruno de Carvalho ainda não percebeu isso. Enfim, as limitações da criatura são evidentes. E o seu tempo chegou ao fim."

Carta a Bruno

"Caro Bruno, quando ler estas palavras, poderá já não ser presidente do Sporting. Mas, nos últimos meses, o Bruno mostrou um tal desejo de se agarrar ao seu posto, que não é impossível que ainda seja o líder dos leões na final da Taça de Portugal, neste domingo, frente ao Aves. Na verdade, até durou demasiado. Permita-me, então, endereçar esta carta ao antigo dirigente, dado que o Bruno já não é o que era.
O Bruno sabe que um presidente é escolhido para defender o seu clube da melhor forma possível e que deve demitir-se quando se torna um peso, ou até O problema. O Bruno recusa-se a sair por motivos que parecem bem distantes do interesse geral. O Bruno afirma que não vê por que razão deve sair, quando a lista de motivos é cem vezes maior do que o palmarés do Sporting nos últimos anos. Atalhando, podemos dizer que, nesta semana, conseguiu chegar ao lado obscuro da força, quando umas cinco dezenas de supostos adeptos do seu clube agrediram os jogadores, dentro do próprio balneário, em Alcochete.
Qualquer amante de futebol sabe bem como o balneário dos jogadores profissionais é um santuário. Um local inviolável, onde mesmo o treinador, por vezes, deve entrar apenas após ter batido à porta. Para além da violência inaceitável, indefensável e injustificável, é uma forma de profanação por parte desses cinquenta indivíduos encapuzados e armados com cintos e barras de ferro. Dizendo que esses eventos são “chatos”, o Bruno desqualificou-se: a gravidade dos factos vai muito mais além e as consequências serão profundas. E nem vou recordar, aqui, as suspeitas que tem sobre si quanto à cronologia e à paternidade desta acção de comandos indigna. A justiça estabelecerá a verdade.
Ao jornalista cabe, simplesmente, lembrar que o Bruno teve um papel no colapso das fronteiras. Um dos símbolos do seu reinado no Sporting foi o hábito de estar no banco de suplentes, durante os jogos. Esse não é o seu lugar e explica, em parte, a confusão dos papéis. Num clube normal, o lugar do presidente é nas tribunas. Porque um presidente deve estar mais elevado. Porque o relvado é o reino dos jogadores. Porque o banco é do domínio do treinador. Sugerir que não há uma ordem para as coisas e um lugar para cada função, no seio de um clube, é abrir a porta a todo o tipo de desvios. 
Acusar, publicamente – e após uma derrota – os seus jogadores de terem falhado, também constitui uma falha grave. Na forma, não esteve à altura da função. No conteúdo, ainda pior. Muitas vezes, o Bruno escolheu um lado que não é o do clube, jogou muito na divisão e pouco na união, apostou no populismo de baixo nível. Já não consegue controlar a sua própria criatura e o seu fim de reinado descarrilou para o abominável.
Os sócios do Sporting têm razão de sentir uma imensa raiva, porque o Bruno arruinou a instituição. Os jogadores do clube têm razão em detestá-lo, porque o Bruno não os protegeu. Os amantes do futebol têm razão em desprezá-lo, porque o Bruno acabou a representar aquilo que eles detestam: um presidente devorado pela sua própria personagem.
A título pessoal, estou profundamente desapontado. Há uns anos, eu entrevistei-o e, apesar da fraqueza de alguns dos seus argumentos, apreciei a sua energia e o seu traje de cavaleiro branco que esperava agitar profundamente o futebol português.
O Bruno terminou como Roger Rocher (Saint-Etienne), Claude Bez (Bordeaux) e Bernard Tapie (Marseille), em França, no século passado, enfeitiçado por si próprio. Conscientemente ou não, o Bruno agiu como se fosse o clube. Perdeu o controlo e tudo o que dava crédito ao seu mandato não existe mais. O Bruno é, para sempre, o presidente o que deixou que os ultras batessem nos seus próprios jogadores e que é visto pelos jogadores e treinador como o inimigo a combater.
O Bruno é a negação da função que ocupa.
Cordialmente,
Régis Dupont, L’Équipe"

O Sporting não soube ganhar e, pior que tudo, não soube perder

"Quando vi a notícia das agressões aos jogadores do Sporting na Academia de Alcochete estava em casa com os meus filhos. O mais velho não conseguia perceber o que se passava:
- Mas são os adeptos do Sporting?
- Parece que sim - respondi.
- E bateram nos jogadores do Sporting?
- Pois…
- Mas porquê?
- Porque perderam.
- E, como perderam, foram bater-lhes?!
- Tens razão, não faz sentido. Mas infelizmente há demasiadas pessoas parvas.
Foi esta a resposta igualmente parva que consegui dar na altura, mas também eu estava estupefacta com as imagens. Os mais novos, entretanto, pediam-me assustados para mudar de canal.
O que aconteceu é difícil de compreender e ainda mais de explicar. Sobretudo a uma criança que vê as coisas com a simplicidade e a clareza que os adultos tendem a perder.
No dia seguinte, na escola, não se falava de outra coisa. Porque os rapazes agora vivem intensamente o futebol. Quase todos vestem, penteiam e respiram futebol. E muitos também praticam este desporto. Pensava eu até ontem que é nessas idades que é mais difícil saber perder e os treinos dos mais pequenos - pelo menos com treinadores sensatos… - incidem muito nesse aspecto. O meu filho de seis anos sempre teve muita dificuldade em lidar com a derrota mas desde que anda no futsal que tenta interiorizar que não faz mal se perderem, porque o mais importante é participar e divertirem-se. No dia em que viu as imagens ficou baralhado.
Claro que no desporto profissional as coisas não podem ser assim tão puras. Há uma série de interesses que dependem dos resultados, mas o ponto a que o desporto português chegou deve encher-nos de vergonha. Subornos, ameaças, agressões, é tudo miserável e o oposto do que seria o objectivo do desporto. Instalou-se um clima de desconfiança em que nunca sabemos se os resultados são verdadeiros, se o que pensávamos serem erros de arbitragem são afinal decisões propositadas e no final não ganha o melhor, mas o mais desonesto. Lá fora, onde somos conhecidos por termos ganho o Campeonato Europeu de Futebol, pelo Luís Figo e o Cristiano Ronaldo, passa a imagem de o clube que projectou estes jogadores ser violento e desgovernado.
Sempre gostei de ver jogos de futebol com amigos, de assistir a rivalidades saudáveis entre adeptos de clubes diferentes, dos pais a incitarem os filhos a serem do seu clube e outros a tentarem ‘desencaminhá-los’. Sempre gostei de ver crianças e adultos a jogar à bola. Da facilidade com que se vão juntando outros que passam e do magnetismo que tem uma simples esfera.
Talvez também seja demasiado ingénua, mas sou só uma adepta pouco ferrenha que gosta de assistir a jogos de futebol, que sempre esteve rodeada de amigos que jogavam à bola e agora mãe de quatro rapazes que vivem com uma bola no pé. Não sou o presidente de um clube que amua como uma criança pequena, que denigre a própria camisola e os seus jogadores, que distribui insultos, castigos, incita indirectamente à violência e, com a sua gritante imaturidade, destrói não apenas um clube mas também a ideia que os mais pequenos têm do futebol."

eSports: milhões e milhões à espera de regulação

"A final da League of Legends World Championship atraiu 60 milhões de pessoas. Em 2019 o torneio deverá render mais de mil milhões de euros. O eSports começa a ser um negócio -- e muito grande. 

Na minha geração os jogos de computador tomaram conta da televisão da sala. O velhinho ZX Spectrum precisava (de um tempo) de carregamento usando cassetes de áudio, ao mesmo tempo que trazia uma alternativa válida aos dois canais de televisão disponíveis.
Os anos passaram, surgiu a internet e as consolas evoluíram. Os jogos são hoje online em versão multijogador e não é necessário sequer atravessar a rua para jogar com um amigo. Na TV da sala o jogador atravessa, com facilidade, o mundo para encontrar o seu parceiro. Dos jogos em que se partilham aventuras passamos rapidamente aos desafios mais ou menos globais, com transmissão online. Do entretenimento à indústria num fósforo.
Na China, em 2017, realizou-se a League of Legends World Championship. Foi a 7.ª edição de um campeonato mundial centrado num jogo específico. A final teve 60 milhões de seguidores online. Contra os 43 milhões de seguidores de edição anterior, realizada nos Estados Unidos. Nesse ano, a NBA teve menos (menos!) 12 milhões de seguidores. Em 2019 esperam-se, naquele torneio, resultados superiores a mil milhões de euros.
O eSports começa a ser um negócio. Muito grande. Há locais onde se desenvolvem arenas dedicadas ao eSports. Primeiro na Coreia, mas já em algumas cidades nos Estados Unidos.
O crescimento deste tipo de atividade vai trazer os problemas que o desporto de alta competição teve de encarar no caminho do seu desenvolvimento: os mecanismos de prevenção de manipulação informática, que confiram vantagens aos jogadores; as questões relacionadas com as apostas nos resultados, designadamente a aplicação de regras que impeçam que o próprio jogador possa ter a capacidade de apostar no seu próprio desafio; a regulamentação orientada para a organização de equipas; os temas relacionados com a contratualização dos praticantes; e as restrições relacionadas com a idade dos jogadores, que, afinal, podem começar a competir de forma séria em idades em que outras atividades desportivas qualificam apenas como formação.
Do lado das competições, todas as questões relacionadas com a proteção das marcas, dos direitos de transmissão, o merchandising associado e um sem número de questões jurídicas que as regulamentações nacionais e internacionais não têm ainda a capacidade de responder. E não se pense que as competições estão ainda fora das nossas fronteiras. Muito para além do que acontece na sua sala, Portugal recebe em Junho um evento nacional e internacional de eSports com um prize pool anunciado de $ 100.000.
O Parlamento Europeu discute já este tema ao mesmo tempo que, em finais do ano passado, o Comité Olímpico admitiu a possibilidade de os eSports serem reconhecidos como tal pela entidade desde que tenham a capacidade para não “infringir valores olímpicos”.
Com regulamentação própria para o jogo online, desde 2015, a realidade está ainda longe da legislação nacional, provavelmente à espera dos primeiros passos dados pelos regulamentos europeus que depois são, como tantos outros, transpostos de forma acrítica para a regulamentação nacional. Portugal ganharia com adequada planificação e, sobretudo, antecipação legislativa.
Infelizmente, neste como em tantos outros domínios, o legislador correrá atrás do seu próprio prejuízo. No dia em que já tiverem chegado as grandes marcas, as grandes audiências e as grandes receitas. E os grandes problemas."

Já não é desporto

"A violência e as sucessivas suspeitas de corrupção transformaram o desporto num palco de agressividade e desconfiança. Perdeu-se o ‘espírito desportivo’ e o desportivismo.
Os recentes acontecimentos de violência no centro de estágio do Sporting não permitem que se continue a fazer de conta que não existe um problema crescente no desporto em Portugal para o qual, por interesses económicos, políticos ou mediáticos, todos têm fugido de encarar e resolver.
A subversão do espírito desportivo verifica-se demasiadas vezes logo nos escalões de formação. Com frequência se observam treinos para fazer faltas dissimuladas nas competições, se verificam ambientes de agressividade na assistência às competições, muitas vezes protagonizadas pelos familiares dos jovens praticantes. Quando a ‘escola’ de atitudes incorrectas começa na formação, a consequência é evidente e está hoje à vista de todos.
O factor económico tem vindo a ganhar importância nos clubes e nas diversas modalidades desportivas, seja através dos ordenados milionários pagos a atletas, pela profissionalização dos clubes, pela publicidade, pelos direitos de transmissão ou, mais recentemente, pelas apostas. O desporto tem vindo a transformar-se num negócio com um peso económico que condiciona tudo o resto. Hoje, em diversas modalidades, os interesses económicos sobrepõem-se ao interesse puramente desportivo.
A influência económica nas competições desportivas transformou desporto e tornou-o ainda mais exposto a fenómenos de corrupção e ao condicionamento dos resultados desportivos. Neste momento sobram suspeitas de corrupção e viciação de resultados e falta uma acção eficaz da justiça sobre estes fenómenos que permita libertar o desporto da imagem de suspeição permanente.
Os comentários desportivos que monopolizam a comunicação social, especialmente nas televisões, ocupam demasiado tempo e centram-se quase exclusivamente na discussão de ‘casos’ e não na análise da performance desportiva ou nas competições. Hoje, a generalidade dos programas de televisão dedicados ao comentário desportivo são palcos de agressividade e até de violência verbal. As televisões têm um papel social relevante, mas em matéria de desporto não têm sido um bom exemplo.
O poder político e o Estado enquanto regulador e impulsionador do desporto como factor de formação, meio de práticas saudáveis e até como promotor lazer têm falhado. A autorregulação parece não bastar e infelizmente alguns agentes políticos são condicionados pelos interesses dos meios clubísticos ou económicos a estes ligados.
Alguns dirigentes desportivos têm tido comportamentos incorrectos que promovem condutas censuráveis. A responsabilidade destes protagonistas decorre da confiança dos respectivos associados para a promoção dos interesses do clube mas não a qualquer custo.
O ambiente que envolve uma parte dos fenómenos desportivos revelou-se de forma brutal com o episódio de violência no centro de estágio do Sporting. Perante este facto é insustentável não tomar medidas que tornem claro que o crime não compensa, seja na violência, seja nas suspeitas de corrupção no deporto que têm de ser alvo de combate.
A contaminação ao desporto em geral e à sociedade de práticas criminosas tem de ser travada, mas depende do empenho de todos: dos políticos que devem assumir o papel de garantir a regulação, da justiça que tem de assegurar a legalidade, da comunicação social que não deve ser amplificadora de agressividade, dos clubes que têm de respeitar a prática desportiva com lealdade e dos cidadãos em geral, mas dos associados dos clubes em particular que têm de ser mais exigentes. Tem de se assumir que há pessoas e práticas intoleráveis na atividade desportiva que não podem permanecer."

Futebol não é pontapé nos outros

"Enquanto participante nesta alegoria a que chamamos humanidade, mentia-vos se dissesse que não sinto uma grande vergonha e constrangimento com muitas coisas que vejo relacionadas com o futebol.

Claro que eu não vivo na utopia de achar que toda a gente no mundo tem um cérebro com capacidade para pouco mais que construir frases de três palavras e saber a tabuada do 1, sei bem que não. Mas também quero acreditar que no futebol está lá um objecto específico para levar pontapés que se chama bola. Se calhar até era escusado dizer que a grande vantagem de ser uma bola e não ser um ser humano é o facto de a bola ser um objecto inanimado, mas pronto, fica aqui escrito em todo o caso. Caso não tenham percebido bem a diferença, peçam aí a algum amigo que vos apresente a sola do sapato às vossas costas e depois são capazes de entender. 
Pronto, esclarecemos esta parte mais física.
Mas claro que o futebol é emoção, emoção, emoção. É tristeza, é alegria, é desilusão, é euforia, é frustração, é orgulho. É isto tudo e às vezes em doses cujos cérebros mais débeis não conseguem processar de forma normal e acabam por transformar em estupidez. No fundo, para estas pessoas, é mesmo como a digestão. Comas o que comeres, sai sempre merda.
É pena.
Futebol é sermos pequenos e fazermos balizas com as mochilas e termos que as tirar sempre que um carro vem a passar. Futebol é inter-turmas, ganhar ou perder, e ficar amigo dos jogadores da turma H (ainda por cima, é a turma dos burros geralmente). Futebol é jogar nas distritais, treinar 3 vezes por semana, jogar ao fim-de-semana em campos pelados e ser pago com uma sandes mista e um Sumol. Futebol é cerveja com os amigos, é gozar com os amigos de clubes adversários, é abraçar amigos do mesmo clube, é amizade, é só amizade, é bater nos adversários, é corromper, é comprar resultados, é favorecer equipas, é dinheiro, é só dinheiro.
Ah, descambou. E o futebol também.
Há muito tempo. É pena.
(...)"

Só pode haver festa no Jamor

"Amanhã há festa no Jamor. É a final da Taça de Portugal, competição que ocupa o 2.º lugar na hierarquia das importâncias mas que é a competição ‘mais querida’ dos que gostam de futebol. E não é só por causa dos churrascos na mata nem pelas sestas sob o arvoredo antes do apito inicial. É tão querida a Taça de Portugal.
Confesso, sem pudor, que nunca me entristeci com as derrotas do meu clube no Estádio Nacional frente a oponentes mais fracos do ponto de vista orçamental. Vi, ao longo dos anos, o Benfica perder finais da Taça de Portugal para o Boavista, para o Belenenses, para o Vitória de Setúbal e para o Vitória de Guimarães e sempre, nessas ocasiões, me recusei a lamúrias sobre a justiça do resultado, sobre as incidências do jogo ou sobre o malandro do árbitro. O Benfica perdeu? Perdeu, pois. Jogasse mais e marcasse mais golos. Parabéns aos vencedores.
É este o admirável condão da festa. Faz de nós todos, os do público, umas queridezas, quais desportistas a sério, capazes de reconhecer mérito ao adversário – desde que não seja um rival dos ‘grandes’ porque uma coisa assim também seria um abuso de boas maneiras… –, de lhe reconhecer o esforço e a disparidade dos meios e capazes de regressar a casa com uma gentil disposição independentemente do resultado. É isto a Taça. Piqueniques, toca o Hino e futebol.
Dando por certo na tabela final da Liga o 2.º lugar do Sporting – um dos finalistas de amanhã –, a generalidade da imprensa entreteve-se durante uma semana a celebrar "a época quase perfeita" da equipa de Alvalade – singela expressão de Nuno Saraiva, um êxito (a expressão, não o Saraiva) durante uma semana – e entreteve-se também a provocar os benfiquistas com uma dura realidade que, no final, se transformaria num esfumar do sonho para uns e do pesadelo para outros.
Teriam, os da Luz, de fazer figas para que o Sporting batesse amanhã o Desportivo das Aves – o outro finalista do Jamor – se quisessem o apuramento directo para a Liga Europa, a secundária prova continental, tendo em conta que uma vitória do Aves obrigaria a equipa de Rui Vitória aos trabalhos suplementares de uma pré-eliminatória marcada para Agosto. Um mês péssimo para estes pormenores competitivos como é do conhecimento geral.
Afinal não vai ser preciso torcer pelo rival histórico. O quadro de resultados da última jornada do campeonato revelou-se perentório e acabou com essas suposições fracturantes. Podem os benfiquistas torcer à vontade pelo Desportivo das Aves como torcerão, é de crer, todos os fãs da modalidade que não sejam apaniguados dos leões. É normal, numa decisão destas, desejar que vença o mais fraco, ou não é? Mas esta final da Taça, por obra de meia centena de hooligans ao serviço de sabe-se lá quem, vai ser diferente em tudo das anteriores. Vaticínios, afectos, desejos, agouros, simpatias, enfim, todos os princípios estão de pernas-para-o-ar.
Como tudo isto deve ser incrível para tanta gente. Distraíram-se, foi o que foi."

O futebol português é um meio feio, sujo e mau

"O futebol só pode ser consumido como as salsichas – ignorando como são feitas, para nos poderem saber bem.

Proponho a todos os adeptos de futebol que nas nossas animadíssimas discussões sobre bola passemos a fazer uma divisão cristalina e inflexível entre o amor a um clube e o amor às suas estruturas directivas. É um desafio nacional que aqui deixo: amar o Sporting sem gostar de Bruno de Carvalho; viver apaixonado pelo Benfica mas não por Luís Filipe Vieira; vibrar com o Porto sem enviar emojis fofos a Pinto da Costa. Eu sei que é difícil, e que não estamos habituados, mas não há outra forma de manter uma discussão séria sobre o futebol português, nem de continuar a gostar de bola sem pactuar com o esgoto a céu aberto em que se transformou o mundo dos negócios do futebol e os seus protagonistas.
Cada vez que escrevo sobre Bruno de Carvalho há muitos sportinguistas que me perguntam acerca de Luís Filipe Vieira e da operação e-Toupeira. Meus caros: a opinião que eu tenho de Luís Filipe Vieira é muito semelhante à opinião que tenho de Jorge Nuno Pinto da Costa, que por sua vez é bastante próxima da opinião que tenho de Bruno de Carvalho. A diferença do presidente do Sporting para os outros é que, talvez por ser mais novo, talvez por vir do mundo das claques, talvez por ter querido inovar com a bonita ideia do presidente-adepto, ele parece uma degenerescência infeliz, como aquelas famílias que ao casarem parentes demasiado próximos geram graves problemas de consanguinidade.
Do mesmo modo, o meu primeiro impulso em relação às operações envolvendo dirigentes de futebol é acreditar em todas. Apito Dourado? Acredito. E-Toupeira? Acredito. Cashball? Também acredito. Acredito por uma razão simples: espero muito pouco dos dirigentes de Porto, Benfica ou Sporting. O futebol só pode ser consumido como as salsichas – ignorando como são feitas, para nos poderem saber bem. Não é possível assistir ao que se passa nas negociatas das transferências, nas queixas sobre os árbitros, nas picardias entre directores de comunicação, e achar que o futebol é um excelente meio para atrair pessoas sérias. Não é. A probabilidade de haver gente profundamente honesta dedicada ao negócio do futebol em Portugal é mais ou menos semelhante à probabilidade de haver gente profundamente honesta dedicada ao negócio das bebidas alcoólicas na América dos anos 20. Isso significa que toda a gente é igual? Claro que não – tal como em Chicago nem toda a gente era Al Capone.
Contudo, não há dúvida de que o futebol tem tudo para ser um lugar mal frequentado: milhares de milhões de euros transaccionados anualmente; passes de miúdos sem barba nas mãos de agentes todo-poderosos; expectativas de lucros astronómicos (em quantas actividades económicas legais o preço de um activo pode valorizar 1000% em oito ou nove meses?); exércitos de gandulos ligados às claques desportivas a servirem de retaguarda intimidatória; ligações fortes ao poder político central, às autarquias e até mesmo à polícia e às magistraturas; presidentes com tiques de soba a agirem praticamente sem escrutínio; ocupação do espaço mediático em programas recordistas de audiência e com representantes a papaguear a cartilha dos clubes; e tudo isto, claro está, embrulhado num fanatismo de massas, que faz com que muitas pessoas respeitáveis percam qualquer réstia de espírito crítico quando se trata de falar dos clubes do seu coração. Gostar de bola? Acho impecável. Também gosto muito. Pôr as mãos no fogo por quem quer que seja que mande em clubes de futebol? Jamais."


PS: João Miguel também está contaminado do 'meter tudo no mesmo saco'!!!

#ofutebolédetodos

"No início de Março, escrevi nesta coluna: "O futebol em Portugal cresceu como uma doença, um cancro nacional, lamentável e triste, digno de dó e de um constrangido encolher de ombros, como quem espreita pela janela de um hospício". Enganei-me.
É muito pior do que isso. Visto pela televisão, que é o campo onde agora os jogos são disputados - os gritos valem mais do que um golo - a vergonha alheia transformou-se em rejeição. Já não é constrangimento, é repugnância.
Também é preciso sublinhar que a violência no futebol não nasceu esta semana, nem é um exclusivo português. A lista de episódios de demonstração bárbara de agressividade relacionada com o pontapé na bola é longa e triste. E não consta que o maior jogo do Mundo tivesse sido alguma vez disputado, apoiado e seguido apenas por gentlemen de fraque e flor na lapela, enquanto tomam um chá em relvado inglês. Nem que estivesse imune ao crime, à corrupção e ao desvio de dinheiro. Não chegaram cá as notícias sobre os hooligans ingleses ou russos, o "Calciocaos" ou os casos de corrupção na FIFA?
E é por isso que só por incúria e falta de coragem, ou mais concretamente por covardia, é que os envolvidos, responsáveis, autorizados, autorizadores e demais assobiadores para o ar profissionais deixaram, ou quiseram, que em Portugal se chegasse a este ponto.
Ao ponto do suborno, em que uns sequestram para si esta alegria do desporto, que devia ser de todos."

Futebol: o reservatório da violência alimentado pelo dinheiro, pelos media e pela complacência de todos

"As claques de futebol dos grandes clubes são as únicas associações de criminosos que funcionam à luz do dia.

Como é que se põe uma bola para baixo quando ela está quase sempre em baixo? Na verdade, como é uma bola, está sempre ao mesmo tempo para cima, para baixo, para o lado. Mas, pensando bem, por que razão deveria estar para baixo, quando esta espuma dos dias violenta é um tão bom negócio para tanta gente? Minha cara gráfica do Público, coloque a bola na sua posição normal, e a mais oficial das bolas, porque isto do futebol é uma coisa séria, com o beneplácito das mais altas instâncias da nação. Deixe vir o esquecimento rápido do ritmo dos media e tudo vai continuar na mesma.
Por muito que se bata no peito e se façam os protestos habituais e se digam todas as coisas convenientes, não é preciso ser um telepata nem um adivinho para perceber que são coisas de muita circunstância e pouca substância e que na verdade ninguém está muito indignado com o que se passou. Digo isto, porque coisas semelhantes ocorrem ciclicamente, segue-se uma onda de indignação e depois volta a velha complacência de sempre: “são coisas do futebol”...
Têm razão, são de facto coisas do futebol. Ou, dito doutra maneira, são coisas onde circulam legal e ilegalmente muitos milhões, muito mais milhões do que em 90% das empresas portuguesas. São um maná para uma comunicação social que não sabe viver sem futebol, ou melhor sem “este” futebol, o dos Brunos, dos Pintos, dos Vieiras, dos No Name Boys, dos Super Dragões, da Juve Leo e quejandos, que parece que tem um espasmo para não lhe chamar outra coisa, sempre que há um “derby”. São um maná para o poder político que precisa de circo quando não há pão e onde Centeno e os seus antecessores abrem os cordões à bolsa para que haja sempre surtos patrióticos a propósito da bola, cheios de bandeiras e bandeirinhas, cachecóis e varandas engalanadas, cheios de Portugal gritado a plenos pulmões, quando ninguém mexe uma palha num país que perde soberania todos os dias.
O que se passa diante dos nossos olhos, trazido pelas prestimosas televisões e por uma multiplicidade de directos na rádio e capas de jornais, não engana ninguém. Só não vemos porque não queremos ver. As claques de futebol dos grandes clubes são as únicas associações de criminosos que funcionam à luz do dia. Esta gente viola todas as leis, matam pessoas, praticam extorsões várias, organizam gangues, com negócios obscuros, droga, protecção e segurança nocturnos e diurnos, executores de vinganças e ajustes de contas, e exércitos que desfilam nas nossas ruas protegidos pela polícia como animais perigosos que de facto são. Ah! bela juventude com as nossas cores, azuis, vermelhas e verdes, a que só falta cantar a Giovinezza ou o Cara al Sol! E é mais por ignorância do que por falta de vontade.
Ai não sabem? Se não sabem, é porque não querem saber. Há futebol puro e limpo para além disto? Não, não há, isto conspurca tudo e todos são cúmplices. Eu espero sempre que nem um cêntimo dos meus impostos vá para estas mafias, nem para dar “utilidade pública” a estes empórios do crime e da corrupção, nem para pagar as medidas excepcionais de segurança dos jogos tidos como “perigosos”, nem para os bancos que perdoam empréstimos aos clubes mas recebem de todos nós milhões, e por aí adiante, mas espero sentado.
E agora prometem-nos mais uma despesa com uma Autoridade Nacional contra a Violência do Desporto para esconder a enorme responsabilidade do Estado, da justiça, dos governos, dos partidos neste estado de coisas. Quase que posso jurar que se já existisse, com os seus locais, gabinetes, pessoal pagos pelo Orçamento do Estado, nada poderia contra os espécimes que os adeptos, os sócios, as claques, as ilustres figuras públicas, escolhem para dirigir os clubes e contra os bandos de matraca e faca que eles acolhem no seu seio. O que é que impede o Governo e a justiça de agir com os mecanismos que já têm? Nada, a não ser esta miserável complacência e cumplicidade que já Fradique Mendes, numa das suas cartas onde melhor retrata Portugal, atribuía ao nosso povo:
Senti logo não sei que torpe enternecimento que me amolecia o coração. Era a bonacheirice, a relassa fraqueza que nos enlaça a todos nós portugueses, nos enche de culpada indulgencia uns para os outros, e irremediavelmente estraga entre nós toda a Disciplina e toda a Ordem."

Sementes de violência

"Tudo o que está ligado ao futebol é rodeado de violência. Desde a mais tenra idade e em todas as circunstâncias. E nada vai mudar isso.

Um dos espectáculos mais tristes a que me vi compelido a assistir foi um jogo de futebol entre crianças dos 9 aos 11 anos, a contar para um campeonato qualquer – ou talvez não, talvez fosse só um jogo amigável.
O espectáculo produzido dentro do campo – se é que se pode chamar espectáculo a um grupo de 22 crianças (talvez fossem menos, umas 14 ou 16) a correr desalmadas atrás de uma bola – seguiu o figurino que se podia esperar: uma sucessão mais ou menos tola mas provável de mimetismos dos jogos que ocupam parte substancial do tempo de antena das televisões, com quedas aparatosas, simulações de faltas, gritaria avulsa entre adversários e entre colegas da mesma equipa, gestos exagerados e correrias desenfreadas pelo campo todo quando alguma das crianças marcava um golo, num emaranhado de abraços, palmadas vigorosas e camisolas atiradas para o chão.
O melhor estava guardado para o fim: quando o jogo acabou, as crianças reuniram-se junto à multidão (não muito grande) de adeptos e entoaram uma coreografia qualquer, entre palmas que iam ganhado ritmo até desembocarem num grito final, devidamente animalesco, daqueles que servem para soltar fúrias ou assuntar fantasmas.
Mas era do outro lado da vedação, junto à tal multidão (composta, suponho, na sua esmagadora maioria por pais e mães dos atletas) que a tristeza do espectáculo ganhava a sua forma mais elaborada: a progenitora passou o tempo infindo que o jogo demorou a insultar. Estes insultos tinham como destinatários três grupos distintos de protagonistas do jogo: as crianças da equipa adversária; o árbitro (por acaso era uma); e, espanto dos espantos, as crianças da própria equipa, mais particularmente os próprios filhos.
De facto, não foi apenas uma vez, nem duas, nem sete, nem oito, que alguns pais (as mães abstiveram-se), possivelmente com a nobre esperança de incitar o filho à superação, proferiram frases que por decoro não se reproduzem, mas que o leitor intuirá. Percebe-se: o que está em causa para a maioria daqueles pais, os que insultavam, não é a felicidade do filho ou o seu crescimento físico e social, mas apenas a crença de que num país onde nasce um Ronaldo podem muito bem nascer dois ou três, ou mesmo dez ou vinte – sendo que o que é preciso é ter esperança e saber encaminhar os destinos desde a mais tenra idade, nem que seja, e nunca fizeram mal a ninguém, à bofetada e insultando a pobre mãe, mesmo que ela não exerça.
Diz-me quem comigo assistia que não poucas vezes esta festa à volta das quatro linhas acaba em pancadaria geral entre pais de futuros Ronaldos mas de equipas contrárias, o que pode ser considerado normal dado o muito amor paternal que entretanto tinha sido exposto publicamente e até à exaustão durante as jogadas mais renhidas do desafio. Ou é isso, ou então é a tentativa de defender o sonho de uma velhice cómoda e cheia de carros que só não passam dos 250 quilómetros por hora por causa das restrições digitais – mas esta hipótese é demasiado estúpida para ser verdade!
Pais e filhos (estes e muitos outros) convergem com naturalidade para as praças centrais de Lisboa e do Porto (as equipas das outras cidades não costumam ganhar nada que se veja, segundo me dizem) quando as suas equipas se tornam campeãs de qualquer coisa, não importa o quê, desde que estejam reunidas algumas condições: a presença de um convoy de roulottes que forneçam cerveja fresca e uns pedaços de gordura com muito mau-cheiro a que vendedores e compradores teimam em chamar ‘sandes’; a iminência do lançamento de fogo de artifício, única forma de colocar o povo a olhar para o céu nestes tempos falhos de evidências milagreiras e a expensas do erário público…
Mas isto já se sabe: é futebol, ninguém leva a mal; e a possibilidade de entoarem cânticos de júbilo e genuflexão perante a heroicidade dos vencedores, normalmente cheios de rimas em ‘ão’, ‘ões’ e ‘uta’, mas optando sempre, inevitavelmente, pelo vitupério ao adversário e não pela lauda à equipa do coração.
Ou seja: tudo o que está ligado ao futebol, seja ele um processo de crescimento e de educação, uma missa de felicidade ou outra coisa qualquer – e aqui não se aborda, por demasiado conhecidos, o ambiente dentro dos estádios de futebol; a movimentada vida dos adeptos reunidos em confraria iniciática (uma mistura entre religião, álcool e fumos que cheiram a adocicado); as pantominas burlescas de quase todas as declarações dos dirigentes desportivos, seja sobre que matéria for, numa língua que a maior parte das vezes tem assinaláveis semelhanças com o português; o totonegócio e os restantes casos de polícia que descarada e sazonalmente vão tentando transformar em força de lei; e finalmente o espectáculo absolutamente bruto, maniqueísta, imbecil e bastardo de centenas e centenas e centenas e centenas de horas de programas televisivos sobre futebol que (desculpem lá) não tem nada, mas mesmo nada a ver com jornalismo nem com debate – é, impreterivelmente, um lugar de violência.
E depois ainda se admiram… Só espero que o Governo não se dedique a perder tempo a produzir mais uma ou duas toneladas de legislação – que necessariamente não vai mudar nada porque não há nada para mudar. Quem gosta de futebol gosta assim, salvo uma pequena franja de minoritários (que por estes dias cresceu, para muito rapidamente voltar a esvaziar-se) que não interessam para nada."

Violência subterrânea

"Introdução. Vamos lá usar a linguagem dos agentes policiais no terreno. Há um "modus operandi" na forma como uma certa elite chega a elite. É gente que traz pouco de trás, permitam lá a cacofonia, que subiu nos redemoinhos das jotas, a manobrar e a vergar desde cedo, que cresce nos urros das claques, nos gabinetes ministeriais ou institucionais, numa certa forma de dobrar as costas quando posta a mesa. A olhar o prato com medo que fuja.
Parecem subservientes. Serventes. Mas não. São perigosos. Porque há um dia em que tomam conta da mesa. Na política. Nas empresas. Nas instituições. Da bola, às associações. Os fenómenos de violência e de corrupção, não do pequeno jeito no cheiro dos hospitais públicos, quando se pede ao porteiro das Urgências um favorzinho para deixar entrar mais um, mas a da grande, que nos admira quando se destapa, nascem assim. 
Desenvolvimento. Dos eleitos e dos nomeados esperamos sempre que ajam em interesse das populações e do crédito das acções. Que sejam consequentes. Nas palavras e nos actos. Contra o compadrio, a tragédia, ou a agressão. Em suma, que governem, seja o Governo do país ou das empresas.
Percebe-se por isso muito as reacções duras contra a violência a que assistimos em Alcochete. É um país "vexado", como sintetizou o presidente da República. Percebe-se por isso menos quando o primeiro-ministro decide criar mais um gabinete para estudar a violência no futebol, quando a escalada é generalizada há anos e o que falta é actuação. Levem os filhos aos estádios e expliquem-lhes a violência dos cânticos, ou as tochas a arder nos relvados.
Percebe-se menos ainda quando o primeiro-ministro tem necessidade de dizer que o Governo nada fará para apoiar um clube em areias movediças internas, a que se juntam fenómenos de violência e de investigação policial. Mas passou pela cabeça de alguém "ajudar"? E percebe-se por isso menos ainda que individualidades (o palavrão é propositado), que o são por representarem num dado momento da pequena história um cargo institucional, confundam a gravata que usam com as cores do equipamento por que vibram, numa evidente diluição de papéis que só contribui para adensar a introdução.
Levem os filhos aos estádios e expliquem-lhes que o que veem não é bem o que veem, porque grassam suspeitas de corrupção sobre o que veem.
Conclusão. As declarações oficiais, as medidas e falta delas, mostram a dificuldade que temos em lidar com os monstros que se agigantam do tanto espaço que ganham à mesa. Mas a pior sensação é a de que ainda há tantas portas abertas. E que, de uma vez, precisamos de um abanão que nos obrigue a limpar a sala."

Somos todos culpados

"O desporto é um veículo de promoção de vários valores, como a amizade, a integridade, a educação, a responsabilidade, a disciplina e o humanismo, entre tantos outros, mas um que jamais podemos esquecer é o respeito.
Respeito pelo passado e pelas crianças que continuam a acreditar nesta escola de virtudes; respeito pelas pessoas que fazem parte do desporto nas suas mais variadas funções – desde o professor, o treinador, o dirigente, o árbitro, o colega, o adversário, o adepto –, mas acima de tudo respeito por nós próprios. Se não respeitarmos o próximo e a nós próprios, o melhor é irmos embora, pois estamos a destruir uma paixão transversal a avós, pais e netos.
Quando acontecem episódios que envergonham o desporto em geral, devemos ficar tristes. Somos todos culpados: porque fazemos, porque dizemos, porque valorizamos, porque assistimos, porque compactuamos, porque não punimos, mas acima de tudo porque não respeitamos. Vamos ser exemplos para os nossos filhos, não só pelo que dizemos mas acima de tudo pelo que fazemos. Não só agora mas sempre..."

A vitória de Bruno Ceausescu Carvalho

"O país, nos últimos dias, praticamente resumiu-se a Alcochete e ao tribunal do Barreiro. As televisões, os jornais, as rádios, os sites e as redes sociais não falam de outra coisa: as bárbaras agressões de uns trogloditas aos jogadores e treinador do Sporting. A atenção que todos nós damos ao acontecimento pode ser exagerada, mas como se sai deste dilema? Nunca tal se havia visto e é de difícil compreensão como um presidente de um clube de futebol consegue congregar à sua volta tantas apreciações negativas e se mantém no cargo.
Não vale a pena falar daqueles que durante cinco anos apoiaram Bruno de Carvalho, mesmo quando ele disse as maiores alarvidades e se comportava como um homem das cavernas. O que me faz confusão é perceber que ainda há tanta gente que o apoia. Calculo que os seus assalariados precisem do ordenado para viver, mas como é que uma parte significativa da massa associativa o continua a aplaudir? Depois do ataque sinistro aos jogadores seria de esperar que Bruno de Carvalho se demitisse imediatamente, até por não ter conseguido defender os seus jogadores.
Mas o presidente leonino demonstra tanta vontade de largar o cargo como eu de ir viver para o Burkina Faso. Bruno de Carvalho está convencido que tendo o apoio da rua não haverá Justiça que o faça demover das suas intenções. E quais são as suas intenções? Fazer uma nova equipa que será tratada como o eram os jogadores romenos no tempo do ditador Nicolae Ceausescu. Recorde-se que na final da Liga dos Campeões que os romenos venceram depois de derrotarem o Barcelona, na final em Sevilha, o guarda-redes herói da partida, depois de defender os penáltis, recebeu um Mercedes por ter sido considerado o melhor jogador em campo. Quando chegou à Roménia, o filho do ditador quis ficar com o carro, mas como Ducadam se mostrava renitente em acatar a ordem, partiram-lhe as mãos deixando o pobre coitado afastado dos relvados durante largos meses.
Com Bruno de Carvalho em Alvalade os jogadores sabem o que os espera: se perderem contra o Marítimo ou contra o Atlético de Madrid não estarão livres de serem reeducados à força pela tropa de Alcochete. E é aqui que entra a política. Os sucessivos Governos sabem bem que as claques gozam de um estatuto de quase impunidade. Se vão jogar fora, espalham o terror em todas as estações de serviço onde podem parar. Se não vão em caravana, o assalto é mais brutal, pois as autoridades, regra geral, só estão à espera das camionetas com os adeptos.
Ainda há dias um funcionário da A2 me contava que quando eles aparecem em grupos de oito ou de dez só têm tempo de se esconderem na cozinha. É uma espécie de bar aberto para a tropa de choque. E o que dizer dos jogos grandes em que as cidades ficam sitiadas, pois as polícias são obrigadas a fazer cordões policiais como se estivéssemos em guerra? Será que as autoridades portuguesas não podem ir aprender com os ingleses que afastaram os hooligans dos estádios, transformando os jogos de futebol num espectáculo de família? É assim tão difícil perceber que este fenómeno de violência só será ‘fechado’ quando os adeptos perigosos forem obrigados a ‘assistir’ aos jogos da sua equipa numa esquadra de polícia?
E qual a razão para também não aprenderem com as regras impostas pela Federação Inglesa, que castiga exemplarmente todos os dirigentes, treinadores e jogadores que utilizam um discurso belicista? Estas simples regras dispensariam mais altas autoridades de sábios para o futebol."

O dominó de Bruno é um jogo perigoso

"Aquelas 9 cadeiras colocadas na sala de imprensa de Alvalade, na sequência do anúncio de que o Conselho Directivo iria tomar uma posição relativamente a todas as notícias que estavam a gerar uma ideia de isolamento de Bruno de Carvalho em relação aos seus pares, com a demissão de muitos elementos dos órgão sociais, eram um indício de que o presidente do Sporting estaria empenhado em evitar a sua queda. Quando Bruno de Carvalho entra na sala de imprensa com os sobreviventes do Conselho Directivo do Conselho Fiscal e da SAD e esboça um sorriso num quadro de uma situação nunca vista em Alvalade e no futebol português, não restavam muitas dúvidas de que o presidente dos leões não iria demitir-se. Poucos minutos depois, a declaração inequívoca: "Não nos demitimos!"
A forma escolhida para os ‘sobreviventes’ demonstrarem que se sentiam em condições de continuar em funções foi teatral e, convenhamos, ridícula. A teatralidade subjacente à verbalização das declarações escritas de Bruno de Carvalho, Fernando Carvalho, Carlos Vieira e Rui Caeiro correspondia a uma tentativa não encapuzada de não reconhecimento das agressões de que foi vítima o Sporting e os seus milhões de adeptos por quem teria, em tese, a obrigação de os honrar e dignificar. Foi horroroso o que se passou naquela Academia.
Já o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, havia falado em "vexame". Já o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, tinha resumido a sua visão dos acontecimentos a uma quadro de ‘miséria’. Já o presidente da AG do Sporting, Marta Soares, numa trajectória errática, voltava à posição entretanto corrigida de que "Bruno de Carvalho não tem condições para continuar a ser presidente". Já o presidente da Holdimo, Álvaro Sobrinho, com 30% do capital social da SAD, havia comunicado a "perda de confiança na Direcção". Já José Maria Ricciardi, ex-membro do Conselho Leonino e personalidade com peso em diversos momentos da história do Sporting, se confessara "envergonhado". Já ‘o mundo do futebol’ se manifestara contra a "vergonha" do que acontecera em Alcochete. Já inúmeras figuras do universo leonino haviam referido a sua indignação pela situação em que o presidente dos leões colocara o clube de Alvalade. Já alguns patrocinadores tinham declarado a vontade de rescindirem os seus contratos. Last but not least, o ‘núcleo duro’ da base de apoio de Bruno de Carvalho, constituído por Eduardo Barroso, Daniel Sampaio e José Eduardo, metera marcha-atrás em relação à condição de suporte que foram concedendo, "contra tudo e contra todos’ — para utilizar uma expressão muito em voga no futebol português, ao presidente do Sporting.
Quer dizer: esta invasão da Academia de um grupo de indivíduos de cara tapada, com as facilidades de acesso que são conhecidas e as suspeitas de diversas acções concertadas no sentido de visar alguns jogadores em particular e, também, o treinador, gerou uma onda de indignação não apenas no ‘universo do Sporting’, mas em todo o País. A dor física e psicológica dos jogadores e de Jorge Jesus é tangível e não pode ser relativizada. Mas há uma dor maior. A dor resultante do facto de se perceber que, apesar da onda de demissões e de indignação, do Sporting para o País e do País para o Sporting, o interesse individual pode ser levado até à inconsciência, prejudicando uma instituição com uma grande história e representatividade social.
Essa obsessão pela manutenção do poder é a leitura exactamente oposta à percepção pública. Depois da posição revelada por Bruno de Carvalho na sala de imprensa de Alvalade, ficou claro que o presidente do Sporting está determinado a levar a sua irresponsabilidade até às últimas consequências. Ele colocou-se na posição de ser a última peça de um jogo de dominó. Um jogo perigoso e armadilhado. As pedras desse jogo estão a cair todas, Bruno de Carvalho assiste à queda da esmagadora maioria das peças e ele, qual ministro da informação de Saddam, ignora a realidade e agarra-se a uma ficção que quer impor de qualquer maneira. Até ele ser a última pedra desse dominó. 
Bruno de Carvalho derrapou até provar que não tem a mínima condição para ser presidente do Sporting. Trata mal toda a gente. Do presidente da Assembleia da República ao simples sócio que não alinhe nas suas loucuras. Foi Bruno de Carvalho e os seus apoiantes que colocaram o Sporting numa situação difícil, à beira de perder os seus principais activos . A demissão de Bruno de Carvalho é crucial mas não resolve todos os problemas do Sporting. Os danos entretanto causados e o impacto dos que estão à vista podem ser de uma dimensão assustadora. Este Sporting precisa de uma limpeza absoluta e o futebol tem de deixar de estar refém das claques ou lá o que elas são na sua mais absoluta realidade.

O Cacto -- Ganhar a qualquer preço
São demasiados os indícios de que o desporto e o futebol em Portugal estão podres. Os indícios são de que vale tudo para se chegar à vitória. Esta alegada cultura de começar a preparar fora das quatro linhas aquilo que acontece fora delas parece demasiada enraizada na bola indígena. Pelo que tem vindo a público parece indesmentível que há muitas movimentações nesse sentido e as investigações dir-nos-ão qual o impacto que essas e outras movimentações têm na adulteração da verdade desportiva.
Este é o momento de o país e o poder político fazerem de conta que está tudo bem.
Este é o momento dos patrocinadores fazerem valer a sua força.
Este é o momento de o futebol impor uma limpeza. Banir quem tem por tarefa a tentativa de adulterar as regras.
Este é o momento do Estado agir sobre as claques. A criação de uma autoridade nacional contra a violência só faz sentido se houver predisposição para actuar. Para fechar, sem ses nem mas, os espaços de promoção da violência. De obrigar os prevaricadores – em situações não comparáveis aos crimes perpetrados na Academia de Alcochete, estes demasiado graves – a apresentarem-se nas esquadras de polícia à hora dos espectáculos desportivos.
O futebol está podre.
A simpatia clubística não pode continuar a fazer a defesa do indefensável. Este momento é decisivo para todos perceberem o que está aqui em jogo. É demasiadamente grave o que se apresenta perante a nossa vista no quadro da violência associada ao fenómeno desportivo e os indícios que se apresentam em matéria de (alegada) corrupção desportiva são mesmo muito preocupantes."


PS: Tens toda a razão o futebol está podre... e um dos exemplos, é o facto de ainda ter tacho nos mérdia!!! Nem disfarças o facto de ser um porta voz do Jesus, provavelmente pago por ele, como 'director de comunicação'... e ainda reclama independência e imparcialidade!!!

Autoridade, mais nada!

"Rui Rio não tem tido vida fácil desde que ascendeu à liderança do PSD. Valha a verdade, também não tem feito muito por isso.
Mas diga-se em abono da mesma verdade que, independentemente dos deméritos próprios, muito poucos o têm ajudado (ou podido ajudar) e as circunstâncias também não o têm favorecido.
Ora, acontece que o caos instalado no futebol nacional e particularmente num dos chamados ‘três grandes’ clubes é um dos raros circunstancialismos em que se algum político pode com toda a moral dizer de sua justiça é Rui Rio.
Porque, contra quase tudo e quase todos - menos a maioria dos munícipes do Porto -, Rio afirmou-se na política marcando claro distanciamento em relação aos complexos e, no mínimo, promíscuos meandros do futebol.
‘Está feito’, profetizaram, quando se impôs como presidente da Câmara da Porto contra os mandos e desmandos de Pinto de Costa e do todo poderoso FCP.
Ainda na semana passada, Rui Moreira voltou a receber na Câmara do Porto, no alto dos Aliados, os campeões nacionais de futebol, com as tituleiras da comunicação social impressa, digital, radiofónica e televisionada a celebrarem o regresso dos dragões à varanda da sede da edilidade 19 anos depois (ou seja, na primeira oportunidade em que o puderam fazer depois de Rio ter passado testemunho a Moreira).
Rui Rio não faz comentários sobre futebol, não pede bilhetes para os filhos poderem ir à bola de borla e em lugares VIP, não frequenta nem aparece sentado ao lado dos presidentes ou dirigentes dos clubes grandes, médios ou pequenos, não segue viagem nas comitivas de convidados especiais para jogos de competições da UEFA ou da FIFA.
Faz anos que, nesse capítulo, marcou certeira diferença, mantendo sábio e ponderado distanciamento em relação ao mundo do futebol.
Não é por isso estranho que, agora, como no tempo do escandaloso caso do Apito Dourado de Pinto da Costa ou do igualmente condenável totonegócio de Valentim Loureiro, Rui Rio surja com reconhecida autoridade para falar.
E Rui Rio falou.
Como falou Marcelo Rebelo de Sousa, Ferro Rodrigues, António Costa e tantos outros políticos. 
Marcelo condenou a invasão de Alcochete e as agressões aos jogadores e técnicos do Sporting, mas procurou acalmar ânimos e relativizar o problema, tentando desviar as atenções para a... campanha «do Pirilampo Mágico».
Já Ferro Rodrigues foi incapaz de conter o seu sportinguismo e clubite na intervenção enquanto presidente da Assembleia da República, aconselhando à realização da final da Taça sem público (à porta fechada) ou no campo do Desportivo das Aves. E António Costa logo avançou com a ideia de criação de uma alta autoridade para combater fenómenos de violência.
Já Rui Rio - e bem - veio uma vez mais pôr a tónica na necessidade de separação e distanciamento da política em relação ao futebol, acrescentando - mal - que há necessidade de aperfeiçoamento da legislação.
Salvo o devido respeito, se não se percebe por que razão haveria de realizar-se a Taça de Portugal à porta fechada, como propôs Ferro Rodrigues, também não se percebe a necessidade de mais uma alta autoridade nem de novos pacotes legislativos.
A lei e os meios de combate a fenómenos de violência e a organizações criminosas como as que nascem e proliferam nas claques dos clubes de futebol já existem e são mais do que suficientes.
É preciso é vontade política e coragem para enfrentar os clubes e as hordas de malfeitores travestidas de grupos de adeptos organizados.
A Taça de Portugal no Jamor, entre o Sporting e o Desportivo de Chaves, não tem risco de segurança maior.
A sua realização poderia, e deveria, ter sido posta em causa, não pelo risco que lhe está associado (muito pequeno e certamente controlado pela experiente Polícia que há muito acompanha eventos e jogos com muito mais perigos), mas como castigo imediato - e exemplar - para um dos clubes qualificados face ao comportamento criminoso (premeditado e planeado) de um grupo de adeptos e à negligência e complacência (na menos má das hipóteses) dos seus principais dirigentes para com esses criminosos.
A lei já penaliza com critério e com molduras penais suficientemente dissuasoras e punitivas os fenómenos de violência organizada e associação criminosa como aqueles a que assistimos na Academia de Alcochete esta semana.
‘Estar atento’ ou ‘acompanhar com preocupação’ o que está a passar-se no meio de futebol - como disseram dois desenquadrados secretários de Estado na primeira reacção do Governo aos acontecimentos de Alcochete - não é nada.
Há é que agir. E, como fez e diz Rui Rio, manter as devidas distâncias entre a política (e já agora a Justiça) e o futebol. Até para que políticos (como os agentes da Justiça) possam intervir livremente sempre que se justifique. Como agora.
O resto, entre mais debates e novos pacotes legislativos ou altas autoridades, só contribui para adiar a resolução dos problemas. E para a falta de autoridade."

Há tanto para limpar

"Por muito que seja de futebol que se goste de falar, nos últimos dias tem sido difícil. O terramoto que atingiu Alvalade tem dominado a agenda, das bárbaras agressões em Alcochete à investigação ‘Cashball’ que já levou à constituição de sete arguidos. Apesar do grande número de deserções, Bruno de Carvalho mantém-se irredutível e não se demite. Já se percebeu que terão de ser os sócios a pronunciar-se sobre o futuro. Talvez o mais justo, pois também foram eles que o elegeram por larga maioria. O problema é que esta nega do líder pode ter custos incalculáveis. É bom que juridicamente os leões tenham alguma noção de como se defenderem das esperadas rescisões dos jogadores. Depende também muito deles o futuro do clube. Resta saber se vai mandar o bom senso, os empresários ou o amor ao emblema. O último, já se sabe, anda pela hora da morte.
Lê-se o que se passou em Alcochete, as escutas do caso ‘Cashball’ e os emails do Benfica e percebe-se que há muito para limpar no futebol português. Claques que perderam a noção do valor da vida humana, dirigentes que não olham a meios para atingir os seus fins, redes de tráfico de influências que atingem vários patamares do Estado. A culpa é muito nossa. Olhámos para o lado enquanto a corrupção tomava as rédeas do país. Venha o carro vassoura."


PS: Tens razão há muita coisa para limpar o futebol português, a começar por ti !!! Então, o Cashball e os e-mails do Benfica são a mesma coisa?! Onde é que está um único indício nos e-mails do Benfica, de corrupção desportiva?!!!
São estes ex-Juve Leo (ou ex-SD) que poluem pasquins... outros são empresários, outros são mesmo árbitros, que têm contribuído para o alastrar de notícias falsas, tornando o ambiente irrespirável!!!

Tyronne Ebuehi

Mais uma contratação oficializada. Mais um jogador que já estava praticamente 'confirmado' desde Janeiro!

Um jovem internacional nigeriano, defesa-direito, que jogava no Den Haag, uma equipa do meio da tabela do campeonato Holandês.

Pelas analises parece ser um jogador bastante ofensivo, mas com debilidades a defender... Vamos ter que esperar para ver... Agora tem velocidade, técnica e tem capacidade de choque... Vendo os vídeos dele, é impossível não 'pensar' do Nélson Semedo!!!

O André Almeida dá alguma segurança em relação à posição, mas era obrigarório ter outra opção válida para o lugar...