sábado, 14 de abril de 2018

Sem espinhas...!!!

Benfica 34 - 27 Corruptos
(18-15)

Excelente jogo... estivemos quase sempre bem, na defesa e no ataque... e se não tivéssemos desperdiçado quatro livres de 7 metros o resultado teria sido mais desnivelado!!! No final da 1.ª parte, e nos últimos minutos da partida, os apitadeiros também tentaram equilibrar, aquilo que não estava equilibrado!!!

Vitória importante, na luta pelo 2.ª lugar... não acredito que os Lagartos desperdicem pontos com estes Corruptos, portanto a 'nossa' luta será mesmo pelo 2.º... Agora, é importante continuar a este nível, o próximo jogo em Braga é um dos mais complicados que vamos ter até final da temporada...

Sabe quem é? Com sangue de chinês - Shéu Han

"Pai era pescador de Cantão e foi para Moçambique; No foguete que rebentou na mão, logo se viu o seu espírito

1. Nasceu em Inhassoro, na província de Inhambane, a 3 de Agosto de 1953. Aos 10 anos, estando a brincar com um foguete que não estoirara, o foguete rebentou-lhe na mão direita, causando-lhe uma deficiência. Não, não se deixou abalar ou abater pela partida do destino, de pronto começou a escrever com a mão esquerda - e, assim, deu sinal do que era o seu espírito, sempre seria.
2. Ao chegar à idade escolar, o pai mandou-o de Inhassoro para um colégio da Beira - e logo mostrou o jeito que tinha para o futebol. Não tardou a ir para o Sport Lisboa e Beira, primeira filial do Benfica em África - e, estando por lá, em missão, o tenente-coronel Manuel da Costa, andou, encantado, para Lisboa notícias do que garantia ser um «belo achado». E era.
3. Começou por ser extremo-direito - e uma vez contou: «Talvez pela ânsia que tinha do golo, de marcar golos, era muitas vezes apanhado em fora-de-jogo e foi por isso o que o treinador decidiu tirar-me de avançado, passar-me a médio». O encanto foi ainda maior, assim se lhe percebeu melhor a graça do jogo, a magia fina da bola na ponta das chuteiras, a esperteza do jogo na sempre na cabeça. De tal forma que levou a que, certa vez, Lajos Baroti afirmasse: «Pela sua eficácia serena em pezinhos de lã, bem merecia vestir a camisola com as insígnias da FIFA» - mas o destino, ingrato, não o levou a tanto, a uma selecção mundial (ou europeia).
4. Estando Francisco Calado de passagem por Moçambique - foi vê-lo jogar para perceber se havia ou não exagero no que dele se dizia. Mal lhe pôs os olhos em cima largou, a brincar, o desabafo: «Se calhar, o que o rapaz precisa é de comer, não é de jogar à bola» - e o campo saiu convencido: «Sim, é jogador para o Benfica...»
5. Tendo José Augusto, o José Augusto que ganhara duas Taças dos Campeões pelo Benfica, ido à Beira buscar documentação de que Nené precisava também aproveitou para o espiolhar - e contou: «Apesar de ainda ser júnior, já jogava nos seniores e mostrava pormenores daqueles que não enganam, nem hesitei em trazê-lo de imediato comigo...»
6. A mãe era de Inhambane, o pai não: era um pescador de Cantão que para Moçambique fora fazer negócio com exportação de peixe - e o que mais queria era que o filho continuasse a estudar. Ouvindo falar dos 100 contos que o Benfica tinha para a sua contratação, avisou: «Não vendo o meu filho?. A custo se convenceu, decisiva foi a promessa que ouviu: «Continuarei a estudar...»
7. Convencido o pai, outro problema se levantou, entretanto: o diferendo entre o Benfica e o Sport Lisboa e Beira. Por isso, em Lisboa, esteve vários meses sem poder jogar. Depois, tendo como treinador Mário Coluna, um dos seus ídolos, o outro era, claro, o Eusébio - o Benfica foi campeão de Lisboa graças a golo que marcou ao Sporting e também foi campeão nacional.
8. Cumpriu a promessa que fizera ao pai: acabou o curso da Mecânica e Desenho Industrial, continuou a espantar os colegas por ir sempre para estágio com os livros debaixo do braço - e de um instante para o outro ouviu rumor de que Jimmy Hagan pensara convocá-lo para o jogo do campeonato que o Benfica teria de fazer, no domingo seguinte, no Barreiro.
9. Perante o rumor de que a equipa principal poderia estar a abrir-se aos seus pés de veludo, fez mala no Lar onde vivia, levou-a escondida para evitar que pudesse ser alvo de paródia se fosse boato. Não foi - e contra o Barreirense entrou aos 80 minutos para o lugar de Toni - foi a 15 de Outubro de 1972 e foi o bastante para ser o seu primeiro de nove campeonatos conquistados no Benfica.
10. O adeus aos relvados, mas não ao Benfica (onde continua nas funções que se sabem, discreto como de costume...) foi a 20 de Maio de 1989 - na festa do Benfica (de Toni) campeão contra o Boavista. Era o seu capitão - e nunca escondeu: faltou-lhe a Taça dos Campeões, a Taça UEFA. Na final da Taça dos Campeões e na final da Taça UEFA esteve - e nessa Taça UEFA foi dele o golo do Benfica que não chegou para a ganhar aos belgas do Anderlecht."

António Simões, in A Bola

Por falta de espaço não se consegue criar 'ambiente'

"O momento do Sporting pertence aos sportinguistas. As ocorrências, os seus contornos e as soluções que se adivinham – e as que não se adivinham – são espólio de Alvalade, e basta. No entanto, e por ser exterior ao Sporting, autorizo-me a comentar uma flagrante tendência presentíssima em muitos órgãos da comunicação social. Trata-se da convocatória de profissionais da saúde mental para o preenchimento dos postos tradicionalmente entregues aos opinantes-adeptos. Estamos no domínio das opções editoriais. E isto sim, é uma novidade.
Num recente protesto, o director de comunicação do Sporting abordou o tema acusando os "jornais sensacionalistas" de "andarem a contactar psiquiatras e psicólogos" para "fazerem insinuações sobre o estado emocional do presidente do Sporting". Se substituirmos a palavra "insinuações" pela palavra "diagnósticos", mais acertada em virtude da qualificação profissional desta nova vaga de comentadores, estaremos perto dos propósitos desta linha editorial que se vem ocupando do momento de Alvalade. Constituirá uma originalidade portuguesa, uma extravagância só nossa, uma moda definitivamente rasca, esta opção jornalística que convoca psiquiatras e psicólogos para esclarecerem as fatigadas massas sobre o comportamento de uma qualquer figura pública ou, como é o caso, de um líder? Não.
Não se trata de um pecado deste cantinho. É, aliás, facilmente verificável como jornais norte-americanos - o "The New York Times" ou o "Washington Post" ou o "Los Angeles Times"- têm recorrido frequentemente à colaboração de psiquiatras e de psicólogos como complemento qualificado das suas análises jornalísticas ao mandato de Trump na Casa Branca. Mas será moralmente aceitável diagnosticar alguém publicamente? Depende do perigo que esse "alguém" representa, afirmam perentoriamente os "mídia" norte-americanos. São capazes de ter razão do outro lado do oceano. Deste lado, nem sei o que vos diga.
Compreende-se a frustração que o segundo golo de Jiménez no Bonfim provocou em muita gente. Mas houve falta de Luís Felipe no lance com Sálvio e a penalidade fatal foi bem assinalada. Passou-se o mesmo em Madrid. Nos "descontos", houve uma falta, não menos insensata, de um "juventino" e daí nasceu o penálti e o golo de que o Real precisava. Uma pena, é verdade, mas foi penálti. Ocupando todo o espaço disponível na imprensa nacional, os episódios psicóticos alheios que marcaram a última semana impediram que o penálti de Jiménez fosse o tema irradiante das discussões futeboleiras até à hora do clássico de amanhã. O presidente em exercício do Porto, Francisco J. Marques, bem se esforçou mas sem êxito. Não houve, na realidade, ambiente para se criar "aquele" velho ambiente (diário, bélico e odiento) em torno do Benfica-Porto. Que sossego. 
Amanhã é dia de carregar, Benfica. Luisão, explica-lhes lá como é que se faz."

Venha o clássico

"Aproveitemos as tréguas, aparentemente temporárias, que Bruno de Carvalho concedeu - a si próprio e, em especial, ao Sporting, que, já se percebeu, bem delas precisava - para falarmos de futebol. Até porque este fim de semana pode trazer-nos, quatro jornadas do fim da Liga, alguma luz quanto ao campeão de uma época que será, sempre, emocionante até ao fim, independentemente daquele que for o desfecho do clássico de amanhã.
Dizer que quem ganhar na Luz será campeão é, neste momento, quase obrigatório, embora todos tenhamos noção de que não será, necessariamente, assim. A questão do título ficará, é verdade, muito bem encaminhada se for o Benfica a sair por cima, porque os encarnados, cavarão um fosso de quatro pontos para o segundo classificado e será, efectivamente, difícil desperdiça-lo em apenas quatro jogos. Mas convém lembrar que há, na penúltima ronda, uma visita a Alvalade e antes as águias terão de ultrapassar Estoril (fora) e Tondela (casa). Se for o FC Porto a vencer na Luz e diferença entre primeiro e segundo ficará apenas nos dois pontos, tendo os dragões ainda duas deslocações bem complicadas até ao fim do campeonato: Marítimo e V. Guimarães. Dizer, portanto, que da Luz sairá o campeão será sempre falar mais da vantagem moral (sempre muito importante, sem dúvida) do que a pontual. Porque será, sempre, uma luta até ao fim - sem esquecer a hipótese de um empate, que conseguiria até meter ainda o Sporting ao barulho...

PS - Talvez seja apenas circunstancial, mas fica bem a Luís Filipe Vieira apelar ao fair play para o clássico. Seria bom que os seus próprios adeptos o ouvissem. E que todos percebessem de vez a que se referia o presidente do Benfica quando disse que «rivais fortes é bom para todos». Já chega de (e isto vale para os três grandes) querer crescer tornando os outros mais pequenos."

Ricardo Quaresma, in A Bola

Eliminados da Taça de Portugal

Corruptos 5 - 2 Benfica

Mudam os apitadeiros e a merda é sempre a mesma!!! A estratégia é sempre a mesma, o nosso ex-jogador Carlitos, que também jogou nos Corruptos, deu uma entrevista à pouco tempo, recordando que quando era jogador dos Corruptos, a 'técnica' era fácil: atirar-se para o chão é os árbitros marcavam!!!
Hoje, foi mais ou menos assim: 3 Cartões Azuis para jogadores do Benfica, 0 para os Corruptos, com os 3 dos 4 primeiros golos dos Corruptos, na sequência dos Cartões Azuis!!! Mergulhos atrás de mergulhos...!!!
É verdade que o Benfica podia defender melhor, mas quando se entra no jogo praticamente em desvantagem, quando se sabe à partida, que todos os contactos, vão ser decididos sempre para o mesmo lado, tudo fica mais complicado...

Juniores - 7.ª jornada - Fase Final

Leiria 0 - 0 Benfica


Independentemente das analises ao jogo jogado, não posso deixar de recordar, que é absolutamente ridículo, nas Fases Finais Nacionais, das camadas jovens, continuar-se a permitir jogos, em campos sem condições para tal!!! Estes sintéticos, praticamente com medidas se Futebol 7, desvirtuam completamente o jogo... A forma como algumas equipas usam estes campos, para pontuar em casa (e depois serem goleadas fora...), é absurdo... Fala-se tanto, na reformulação dos quadros competitivos da formação, e ninguém se lembra de proibir esta pouca vergonha...

Juvenis - 2.ª jornada - Fase Final

Benfica 1 - 1 Sporting
Penetra


2 pontos perdidos, depois do empate em Belém, esperava-se mais...
O regresso do Umaro (mesmo que seja nos Juvenis) é uma boa notícia, pois estava lesionado desde da 1.ª jornada da Fase Final de Juniores.

Buffon bufando

"Will Gompertz, editor de arte da BBC, é autor de um livro muito interessante chamado What are you looking at?, sobre arte moderna, no qual relata conversa como o escultor italiano Marizio Cattelan, um polémico dadaísta, um satírico. Gompertz, escreve ele, estava a organizar exposição no Tate, em Londres, Inglaterra, na qual Cattelan desejava usar uma sala para instalar um fantoche igual a Johnny Rotten, dos Sex Pistols, que insltasse os visitantes. Gompertz prezou a sugestão (evidentemente), em todo o caso propôs colocar o boneco perto da bilheteira, ainda na rua, como chamariz. «Nem pensar», devolveu Maurizio Cattelan, «se não estiver no museu já não será arte».
Buffon expulso por gritar com o árbitro no Real Madrid - Juventus, no descontrolo de quem via uma reviravolta mítica dissipada no último instante, foi, estou convencido, um momento realmente artístico, dadaísta também, porque não? Note-se, resumidamente, que os dadaístas, naquele esforço intelectual que os levava a negar valores estéticos (entenda-se, aqui, um golo de Cristiano Ronaldo, mesmo que de penalty) ou significados maiores (leia-se uma contenda de futebol decidida de forma tão admiravelmente teatral como a da última quarta-feira), existiam como talentos negadores da própria arte, contra ela protestando; e dessa forma dependiam dela, por oposição. Só nela existiam, para dela saírem. Buffon, devidamente dentro do museu do futebol que é o relvado do Bernabéu, como Cattelan recomendaria, atirando-se ao árbitro, desarvorado, bufando, expulso, foi a arte a desfazer-se por dentro, minada, um artista a contrariar o talento dos outros e, nisso, continuou distinto como sempre.
Fomos apenas nós, visitantes do museu agradavelmente ofendidos por uma inesperada instalação, que o vimos pela primeira vez socorrer-se de novo estilo, iniciar-se talvez num outro movimento artístico. Porque Buffon é Buffon."

Miguel Cardoso Pereira, in A Bola

Formação ou deformação?

"Esta é aquela altura do ano em que, por todo o país, são organizados torneios de futebol infantil, nos quais se tentam formar jovens jogadores e árbitros. Momentos que deveriam fazer parte do percurso de formação, mas infelizmente é cada vez mais recorrente assistir a momentos de 'deformação', verdadeiramente vergonhosos, normalmente protagonizados por pais de jovens que apenas querem ter a oportunidade de fazer aquilo que mais gostam: jogar futebol.
Alguns clubes desportivos propõem árbitros para patronos dos seus torneios (alguns em actividade, noutros casos ex-árbitros), demonstrando um sinal de respeito e consideração para com a classe que tem sido tão maltratada. Mas sempre que falamos de futebol infantil surge muitas vezes a imagem dos comportamentos desviantes que alguns pais insistem em ter, ao invés de serem exemplos, motivadores, parceiros e conselheiros. É triste quando tomo conhecimento de casos de pais que olham para os filhos como se de PPR se tratassem, colocando-lhes uma pressão desmedida em cima, que resulta muitas vezes no abandono precoce destes jovens. Pais que colocam tudo em causa não podem esperar que os seus filhos adquiram princípios básicos de educação e respeito, pois o exemplo que deve vir de cima está completamente desvirtuado.
Temos assistido a exemplos de jovens que se veem obrigados a confrontar os pais durante os jogos, pedindo-lhes que se calem, que não sejam treinadores de bancada, que deixem o árbitro apitar ou que respeitem os pais da equipa adversária. Acima de tudo, estão ali para se divertirem e subirem mais um degrau na sua formação desportiva e cívica. Será normal que estes pais não entendam que a educação desportiva e cívica faz parte do processo de crescimento destes jovens que serão os adultos de amanhã?"

A NBA do futebol

"Quais os segredos do entusiasmo planetário que a Liga dos Campeões gera? Em primeiro lugar, claro, a qualidade, com nove em cada dez dos melhores jogadores do mundo presentes na competição e equipas treinadas à exaustão e por isso necessariamente mais fortes e preparadas até do que as selecções nacionais que em Junho se vão encontrar no Mundial.
Em segundo lugar, a organização impecável que se traduz numa distribuição milionária de lucros.
E em terceiro a imprevisibilidade. Apesar da presença do papa-Champions Real Madrid, ninguém arriscará o seu salário a cada início da competição na vitória dos merengues. Porque há o Barcelona, porque há o Bayern, porque há o Paris Saint-Germain, porque há a Juventus, porque há o contingente inglês e porque pode haver um outsider.
A Premier League supera as outras ligas de topo, entre outros motivos, também por causa da relativa imprevisibilidade – tem meia dúzia de equipas com ambições de título - quanto ao vencedor. A concorrente espanhola é assunto de Barça e Madrid, eventualmente de um Atlético Madrid excepcional; e as ligas italiana, alemã e francesa são cada vez mais monólogos de Juventus, Bayern e Paris Saint-Germain.
Pois hoje, caro leitor, começa uma liga onde tudo pode acontecer: a humanidade já consegue prever o sexo dos bebés, o horóscopo de cada signo, a próxima tempestade tropical mas ninguém tem a mínima pista sobre quem será o campeão brasileiro de 2018. Assim como não tinha em 2017, 2016, 2015 e por aí vai.
O Brasileirão tem, portanto, mais até do que a Premier League, essa condição essencial das grandes competições: a imprevisibilidade. Porque há 12 clubes grandes – grandes mesmo, com número de adeptos de fazer corar de vergonha os gigantes europeus – e ainda mais uns quantos remediados que são, no entanto, grandes nos seus estados, estados esses tantas vezes maiores do que países do Velho Continente.
Porque é que o Brasileirão, disputado no único país pentacampeão mundial, não é então uma das maiores competições de futebol do mundo? Porque o que lhe sobra em imprevisibilidade, o terceiro dos segredos do sucesso da Liga dos Campeões, falta-lhe em qualidade e organização, os dois primeiros.
Actores do passado, como Carlos Alberto Parreira, chegaram a chamar ao Brasileirão a NBA do futebol. Actores do presente, menos ufanistas, como Leonardo, jogador, treinador e dirigente de elite, corrigiram a trajectória da comparação: o Brasileirão poderia – no condicional - ser a NBA do futebol. 
Eis o trauma psicológico eterno do Brasil: não aquilo que ele é mas aquilo que ele podia ser e não é. 
No Brasileirão, só de há uns dois anos para cá a maioria das equipas joga em 30 metros – nos anos anteriores à derrocada brasileira no Mundial-2014 jogava-se em 70, com espaço entre as linhas para plantar coqueiros ou para um ensaio de uma escola de samba.
Sem liga para o gerir profissionalmente com base no interesse comum dos clubes, afinal a sua alma, o Brasileirão entrega-se à corrupta CBF, organismo que vive há 100 anos da mesma receita clientelista em torno das obsoletas federações estaduais, e que não tem vergonha de marcar jornadas da prova para datas FIFA ou interromper a liga por interminável mês e meio para ver a Copa passar.
Passando por cima de detalhes – como a anunciada e depois retirada presença do VAR por falta ridícula de planeamento ou a possibilidade de clubes pequenos venderem o factor casa e jogar assim em locais onde o rival tem muito mais adeptos – repare-se que só no mês passado, o Brasil foi surpreendido por uma notícia muito “anos 90” portugueses: um clube, o Figueirense, da Série B, tornou-se a primeira sociedade anónima do futebol local.
Como diz Leonardo, o Bayern é da Mercedes, a Juventus é da FIAT, o Manchester United de um americano, o Paris Saint-Germain de um qatari, o Chelsea de um russo mas no Brasil se algum estrangeiro quiser investir no Flamengo e nos seus 40 milhões de torcedores, não pode.
Ninguém vê a prova em nenhuma televisão importante no mundo, nem na internet é fácil de encontrá-lo, os horários dos jogos são proibitivos para a Europa e para a Ásia e até o nome – Brasileirão – é impossível de pronunciar por quem não for luso-falante.
E, no entanto, hoje há um Cruzeiro-Grêmio, uma partida absolutamente de tripla no totobola com talentos em acção como Thiago Neves ou De Arrascaeta, de um lado, e Arthur ou Luan, do outro, a abrir as 38 jornadas do campeonato. É um jogo entre dois dos seis, oito ou 10 favoritos a ganhar a prova. Definitivamente, o drama não é aquilo que o Brasileirão é; mas aquilo que podia ser e não é."

Acabou o gabinete de crise, crie-se o gabinete de festas (teremos de reunir os maiores especialistas, não das leis mas da paródia)

"Acima de tudo, o que espero do clássico é que se proceda a uma importante mudança organizacional na estrutura do Sport Lisboa e Benfica. Não esperemos sequer por segunda-feira. A noite de domingo será tão boa como outra qualquer para se anunciar a todo o país a extinção do gabinete de crise e a criação de um novo gabinete, desta feita dedicado às festas, muitas, que se farão um pouco por todo este país que veste e sente encarnado como o sangue que lhe corre nas veias.
Desse gabinete de festas espero tudo menos advogados. Teremos de reunir os maiores especialistas, não das leis mas da paródia. Imaginem uma task force formada pelos benfiquistas mais espirituosos, de língua mais afiada, gente capaz de golear na ironia e na mordacidade. Se quiserem alguém para servir cafés, contem comigo.
Eu sei no que estão a pensar. O Benfica já tem gente assim, mas esqueçam o Pedro Guerra e outros que tais. O líder do novo gabinete de festas, se quiserem o próximo director de comunicação do Benfica, devia ser alguém como o autor da página As Minhas Insónias em Carvão. Porquê? Porque precisamos cada vez mais, nomeadamente no limiar de perder a oportunidade de um pentacampeonato, da importante capacidade de nos rirmos de nós mesmos como rimos dos outros. Eu já estou a treinar para domingo à noite, se porventura o Benfica meter a pata na poça e se vir relegado novamente para segundo lugar.
O sistema de rega está pronto, o quadro da luz pronto para ir abaixo, a cerveja geladinha pronta para congelar como na noite em que esqueci dela no congelador por causa de um golo do Kelvin. Enquanto não soubermos lidar com estas inflamações benignas da nossa cabeça, vulgo melão, não seremos capazes de saborear verdadeiramente as vitórias. Para os portistas que leram até aqui e viram nisto um qualquer exemplo de desportivismo ou saber perder, deixem-me explicar-vos que tudo isto não passa de uma piada, pura encenação a armar ao adepto dotado de civismo. Na verdade, o que nós queremos mesmo é comer-vos vivos, assistir à vossa acelerada putrefacção e passar a noite inteira a fazer memes com os vossos restos mortais.
Que mais? Eu podia dizer que espero um bom jogo, mas estaria a mentir ou, na minha visão romântica das coisas, simplesmente a expressar uma redundância. Todos os jogos do Benfica são bons, porque joga o Benfica (excepto durante a década de 90, em que todos os jogos do Benfica eram maus). Se tiver que ser mais frio, diria que espero um jogo qualquer, seja ele qual for, desde que o Benfica ganhe. Benfiquista que se preze vive bem com as derrotas morais desde que levante a taça no final. Não somos imorais, somos, isso sim, suficientemente amorais para rir da tragédia moderna que é o adepto que se leva demasiado a sério. A sério."

Era mesmo com esta faísca

"A “Romantada” contra o Barça e a réplica da Juventus no Bernabéu emocionaram muita gente e as noites europeias precisavam desta faísca. E, em bom rigor, o conjunto de Allegri não nos desiludiu na discussão de uma eliminatória que parecia condenada. Sem o génio e os repentes de Dybala, as zebras agilizaram-se com a corpulência de Mandzukic e com a presença mais firme resultante da linha de três centrocampistas que faltou no jogo em Turim. O desenho de Allegri, agora com a manobra tecnicista de Pjanic, potenciava as invasões de Khedira e Matuidi, tanto que o ‘toulousain’ incorporou a zona de finalização em todos os três golos dos ‘bianconeri’.
Verdade seja dita, a Juventus explorou bem o facto de o Real não ter defendido bem os flancos. Isco defendia centrado, para impedir a fluidez da construção de Pjanic, mas não houve, na primeira parte, Asensio e Lucas Vásquez para ajudar Marcelo e Carvajal com mais proximidade nas faixas, como na fórmula do Parque dos Príncipes. E não defendendo bem os flancos, possibilitou-se que Khedira e Lichtsteiner tivessem efectuado cruzamentos para o gigante croata, situação que iria sempre vulnerabilizar a defesa do Real no domínio físico. Allegri ia jogar de acordo com o perfil de Mandzukic. E o Real não atentou tanto a esse detalhe na primeira parte.
O momento mais badalado do jogo, amplificado com os protestos descontrolados de Buffon, aconteceu nos instantes finais, quando Michael Oliver assinalou penalty a favor do Real, por falta cometida por Benatia sobre Vásquez. Embora toda a discussão tivesse gravitado em torno da leitura do árbitro – e, na minha leitura, a falta de Benatia existiu – acreditem que o mais inquietante foi a acumulação de tantos erros na estrutura defensiva da Juventus só naquela jogada.
Todos os ‘bianconeri’ estavam afundados no terço mais recuado, sem se posicionarem em camadas. Kroos, livre de pressão, libertou à vontade para Cristiano, que ia naturalmente ganhar a bola pelo ar a Alex Sandro. Repararam na distância entre Chiellini e Benatia, os dois defesas-centrais? Por alguma razão o marroquino vinha bem atrás de Vásquez na caça da bola. Porque o posicionamento inicial era incorrecto e também porque, antes disso, Alex Sandro não tinha a referência habitual (Chiellini) perto dele para colaborar mais convictamente na armadilha de fora-de-jogo. O brasileiro perdeu as hipóteses de sobrevivência quando deixou que Cristiano encostasse nele, em posição legal.
Oliver decidiu bem. Depois disso, foi barulho até dizer chega. Buffon passou-se e, ao ver aquelas imagens, lembrei-me daquilo que aconteceu em Turim há vinte anos, a 26 de Abril de 1998, no famoso Juve v Inter que praticamente decidia o ‘scudetto’. Só houve uma diferença: a decisão de Ceccarini, o árbitro desse Derby d’Italia, foi errada, pois deixou seguir em vez de ter assinalado falta de Mark Juliano sobre Ronaldo na área da Juve. Por acaso, logo na resposta imediata, a Juventus contra-atacou e Taribo West derrubou Del Piero na área ‘interista’. Aí, Ceccarini assinalou penalty e podem imaginar como fez inflamar os 'nerazzurri'... Por acaso, o ‘Pinturicchio’ falhou a conversão, mas o Inter continuou a sentir-se escandalizado. Até hoje...
De qualquer forma, o terramoto já era incontrolável após o lance de Juliano com o Fenómeno, ainda hoje recordado como um dos episódios mais icónicos da história do ‘calcio’ e que até motivou pancadaria no parlamento italiano entre deputados. A Juve tinha Zidane a ‘trequartista’ e sagrar-se-ia campeã em detrimento da equipa de Gigi Simoni, muito em função dessa vitória por 1-0 no Delle Alpi com um bom golo de Del Piero na baliza de Pagliuca. Foi um autêntico encontro de gladiadores. O ‘Cholo’ Simeone, que era dos que mais apoiava Djorkaeff e Ronaldo no ataque, passou o tempo envolvido em despiques violentos com Davids, mas acabou por ser Zé Elias a ver o vermelho por agressão a Deschamps.
Eram jogos com faísca, aqueles da Serie A daquela época. E vimos alguma coisa nesta semana de provas europeias. Convenhamos é que Buffon deu um pouco habitual "frango", tanto pelos protestos exagerados no lance capital, como pelas declarações proferidas na zona mista em que troçou o árbitro. Oliver decidiu bem e ponto final."

Sabe quem é? Com o avô no banco - Humberto Coelho

"Não é só essa peripécia que faz história nos seus jogos do Benfica contra o FC Porto; Aos 18 anos, o Pelé no bolso

1. Nasceu em Cedofeita, filho de um operário metalúrgico - e para compor o orçamento lá de casa a mãe lavava roupa para hospitais. O jeito para os jogos de bola na rua, percebeu-se-lhe depressa - e descalço os fazia todos, dinheiro não havia para sapatilhas (e ainda menos para estragar sapatos).
2. No recreio da Escola São João não eram proibidas apenas as bolas de borracha, também eram proibidas as de trapos. Havia, porém, nele e nos amigos, forma de fintar o interdito: era jogar-se às escondidas, chutando batouques de cortiça das pipas de vinho que para a escola se levavam no fundo das malas - e tinha um sonho: ser como José Águas.
3. Algures pelos 13 anos atreveu-se o treino no Leixões - e logo lhe deram contrato a assinar. Levou a papelada para casa, a mãe manteve firme ideia que já lhe passara: não o querer no futebol a sério para não estragar os estudos. E o pai fez o mesmo. Decidiu ir estudar à noite - para ter dinheiro para ir ao cinema ou mais que fosse. Empregou-se numa fábrica de tinturaria, ao trabalho entrava pelas cinco da manhã - e os estudos continuavam de vento em popa.
4. No Ramaldense (onde o pai jogara hóquei em campo) encantaram-se por ele. Ao saber o que sucedera com o Leixões, director tanto se empenhou na missão que convenceu o pai a autorizar-lhe a inscrição nos juvenis. Não tardou receber convite para o FC Porto, no FC Porto, Artur Beata tratou, de pronto, de dar-lhe papelada a assinar. O pai, que era boavisteiro, perguntou-lhe: «Então e dinheirito, nada?». Baeta, sabendo que a mãe era portista, brincou: «Tira-se foto do rapaz equipado à FC Porto para dar à senhora» - e apanhou em remoque: «E a gente vai comer a fotografia, é?!»
5. No Ramaldense era avançado-centro que às vezes ia para a defesa - e Custódio Antunes, dono de uma fábrica de conservas de Matosinhos, pôs-lhe o Benfica na rota, o Ramaldense recebeu os 40 contos que queria pela carta, ele teve direito a 25 contos de luvas. Acabara de fazer 16 anos, estava-se em 1966 - e com o primeiro dinheiro do Benfica comprou um apartamento para os país.
6. Otto Glória regressaria a treinador do Benfica - e, como Humberto Fernandes andava em complicações para renovar contrato, levou-o para central na equipa que foi em digressão ao Brasil. Estreou-se nela a 8 de Agosto de 1968 contra o Clube de Remo de Belém do Pará. Dois dias depois, contra o Santos, manteve-se a titular. Coube-lhe marcar Pelé, Pelé não marcou nenhum golo - e logo se disse: é novo Félix, e novo Germano. Foi mais - e por duas vezes haveria de ser chamado à Selecção da Europa.
7. O campeonato de 1971/72 abriu contra o FC Porto nas Antas. O avô andava pelos 80 anos, nunca o vira jogar, quis vê-lo. Para evitar confusão das bancadas, ele pediu a Hagan que o deixasse ficar na zona do banco, Hagan deixou - e o avô vendo-o sair do campo aos 55 minutos espantou-se. Explicou-lhe que fora expulso e muito a custo evitou que fosse tirar satisfações do árbitro - e o Benfica ganhou 3-1.
8. Mais épico o que fez contra o FC Porto na época seguinte: a 15 minutos do fim, o Benfica perdia por 2-0, ganhou por 3-2, graças a golo que marcou nos descontos, num sublime golpe de cabeça, seu sinal de marca. Não fora isso e não teria sucedido o que sucedeu: o Benfica campeão sem derrotas, com dois empates apenas (um deles contra os portistas).
9. Aos 23 anos e 208 dias tornou-se capitão da selecção, Ronaldo só o foi antes porque Scolari quis satisfazer, sentimental pedido que Carlos Silva, lhe fizera à beira de morrer.
10. Em 1975 foi contratado pelo PSG - e muito do tempo por Paris passou-o infernizado por lesões. Ainda assim, o PSG acertou vendê-lo ao Internacional de Porto Alegre por 10 mil contos. Não era o que queria, exigiu para si o que sabia que não lhe dariam - e não lho dando regressou à Luz.
11. Antes de eliminar a Roma, João Paulo II recebeu dele bola autografada. O Papa abençoou o Benfica, não bastou para lhe dar a Taça UEFA que o Anderlecht lhe levou. Com o Euro 84 à vista, num treino da selecção, sofreu a lesão que o incapacitou para o futebol. Tinha 32 anos - e já se tornara eterno."

António Simões, in A Bola

O jogo

"Benfica e FC Porto disputam jogo de crucial importância pelo título. Sporting está envolvido em telenovela repleta de folhetins de mau gosto.

Enquanto Benfica e FC Porto disputam um jogo de crucial importância na luta pelo título nacional, o Sporting está envolvido numa telenovela repleta de folhetins de mau gosto. Sobre a agonia e as questões internas de um clube que não é o meu não me pronuncio, mas esta última semana resume bem os últimos 35 anos do desporto em Portugal. Benfica e FC Porto ocupam o espaço mediático porque são desportivamente determinantes, já o Sporting ocupa esse mesmo espaço porque se mantém um clube socialmente representativo, mas desportivamente insignificante. Sucessivamente alimentado pelo ódio ao Benfica, pelo azedume e pela incapacidade de afirmação autónoma, os leões sobrevivem neste momento graças a competência e astúcia do seu treinador. Não lhe reconhecer os méritos é miopia. Bem sei que não faltam sorrisos trocistas pelo merecido castigo à postura do seu presidente ou pelo estado moribundo com que se apresenta ao mundo este Sporting, mas é mau para o futebol e para o desporto ver um rival cair assim. Serei o único benfiquista (ou dos poucos), mas não me regozijo nada com o que sucede ao vizinho e posso garantir que gosto tanto como os demais adeptos do Benfica de vencê-los no campo, nas pistas e nos pavilhões.
No sábado, o Benfica venceu em Setúbal num filme com o suspense do Crime no Expresso do Oriente, com o drama de A Vida é Bela e com o final de Música no Coração. Gosto mais destes epílogos nos filmes dos jogos do Benfica, mas não fizemos um grande jogo no Bonfim. No domingo, o Benfica - FC Porto não é um jogo, é o jogo. Não vale a pena relativizar a importância deste desfecho quando faltam cinco jogos e os candidatos estão separados por um ponto. Muito ou quase tudo se decide nos próximos 90 minutos. Espero contar com Jonas e Grimaldo em condições, pois sem eles temos um Benfica mais fragilizado. Venha o melhor Benfica, empurrado por 60 mil, num ambiente de festa que se exige no futebol, para alcançar o objectivo proclamado desde início da época.
Parabéns ao voleibol do Benfica por mais uma Taça de Portugal (17.ª) e parabéns ao treinador José Jardim pelas bonitas e justas palavras dedicadas a Rui Mourinha, um gentleman do desporto, do voleibol e do Benfica."

Sílvio Cervan, in A Bola

Vitória no Funchal...

CAB Madeira 62 - 78 Benfica
18-12, 14-27, 19-19, 11-20

Boa vitória na Madeira, com o regresso do Barroso e do Todic, mas com o João Soares a fazer somente 3m36...!!!