sexta-feira, 13 de abril de 2018

Analgésicos & pensos rápidos

"O Sporting é, neste momento, um paciente a precisar de uma intervenção profunda, que erradique de vez a doença. Porém, como está por demais fragilizado, e porque pode não aguentar, no imediato, o trauma de uma cirurgia que o ponha são, vai procurando ganhar tempo e recuperar alguma fortaleza, com o recurso a analgésicos e pensos rápidos. É uma estratégia que se compreende. Mas só será válida se quem a está a levar por diante tiver a consciência de que o que faz mesmo falta é o tal cirurgia; se se prolongar o tratamento com os paliativos, o desfecho nunca irá de encontro aos interesses do Sporting.
Como sempre acontece na vida de qualquer clube, os resultados do futebol determinam o humor (altamente flutuante) da massa adepta. Depois de consumada a eliminação dos leões às mãos do Atlético de Madrid (sem surpresa, os colchoneros são, de facto, melhores, apesar da óptima prestação da equipa de Jorge Jesus) seguem-se dois jogos transcendentes, para competições diferentes, no Restelo para a Liga e em casa com o FC Porto, para a Taça de Portugal. O binómio jogadores/treinador, para quem foi atirada, através da desistência por parte da SAD dos processos disciplinares, uma responsabilidade acrescida, precisa, assim, de traduzir em resultados a resposta mais adequada.
Importantíssima, em todo este contexto, a posição de Bruno de Carvalho. Regressa nos próximos dias ao activo? Aceita meter baixa por doença? Equaciona o afastamento da SAD, continuando no clube? Pensa na demissão, mantendo o brunismo, por intermédio de Carlos Vieira, no poder? Por esta decisão passa o futuro dos leões."

José Manel Delgado, in A Bola

Futebol português

"O futebol português, ou seja, o que inclui todos os que estão a trabalhar fora do País, e não o futebol em Portugal, tem hoje uma imagem internacionalmente muito interessante. Jogadores, treinadores e dirigentes são reconhecidos lá fora. Temos campeões europeus, e somos o País campeão da Europa de futebol e futsal. Este quadro de honra, com Cristiano Ronaldo, José Mourinho em primeiro plano, mas com muitos mais jogadores e treinadores, também te dirigentes em destaque, como Fernando Gomes, presidente da FPF e membro das direcções da UEFA e FIFA. Numa primeira fase, exportámos jogadores, depois surgiram os treinadores, e neste momento também dirigentes são despejados por clubes estrangeiros. Para quem em 1995, com o processo Bosman, afirmava que a abertura de fronteiras imposta pela União Europeia era o fim do futebol português,  os dias de hoje devem ser de grande surpresa, para não dizer outra coisa.
Essa mesma corrente, ainda que minoritária, continua a ter seguidores nas direcções de alguns clubes, e, dessa forma, importância decisiva na estrutura do futebol em Portugal. Continua a não se perceber que a competição não se faz apenas para o nosso clube ganhar de qualquer forma, impedindo os outros de crescer e ser competitivos. Continua a não se perceber que o equilíbrio da competição é um elemento basilar para o sucesso da mesma. Nada se faz sem entender o jogo, pensando exclusivamente no que se passa ao lado do jogo. Importante é o desenvolvimento e crescimento sustentado de todos, e não impedir que os nossos adversários tenham essas oportunidades. Quem se preocupa mais com os outros do que a sua própria equipa tem um problema constante. Pode ter sucesso internamente, por vezes pontual, mas não conseguirá atingir um nível de excelência na competição global.
O futebol português só tem o actual imagem internacional porque saiu das suas fronteiras, mas internamente continua subdesenvolvido. Infelizmente, isso parece ainda dar jeito. A muitos!"

José Couceiro, in A Bola

Jonas e Marega, incógnitas na identidade

"A influência do brasileiro e do maliano na forma de jogar de Benfica e FC Porto

Jonas e Marega.  Dúvidas no ataque ao Clássico, incerteza na forma como Benfica e FC Porto vão abordar o jogo que pode decidir a Liga, sobretudo no plano ofensivo, dada a especificidade dos nomes referidos.
Rui Vitória tem Raúl Jiménez, que na ronda anterior até mostrou que é mais do que uma «arma secreta», mas nem o «bis» no Bonfim escondeu a dificuldade que o Benfica sentiu para adaptar-se a outra referência ofensiva (e vice-versa).
O mexicano é incansável, positivamente agressivo na forma como luta pela bola e como pressiona, forte no jogo aéreo e a atacar a profundidade, frio na finalização. Mas menos competente nas combinações, a ligar o jogo, a interpretar aquilo que o rodeia.
Embora seja mais «mexido», Raúl Jiménez não deixa de ser um 9, daqueles «chatos», que impõem a sua presença. E Jonas, mais «interpretativo», decide sem aparato. É dois em um, 9 e 10 ao mesmo tempo. É caso para dizer que Jiménez faz com que o Benfica seja 60 por cento vertigem e 40 por cento de cérebro, e com Jonas a percentagem é inversa.
No FC Porto a dúvida é semelhante, com a diferença de que a equipa parece mais forte quando a dose de vertigem é maioritária. E isso é dado por Marega.
O maliano compensa as limitações técnicas com uma verticalidade que Sérgio Conceição soube aproveitar. As diagonais para o corredor direito já eram imagem de marca no Marítimo, mas o técnico portista encaixou-as inteligentemente na sua ideia de jogo.
E se Aboubakar ou Tiquinho Soares são mais fortes em zonas interiores, a jogar de costas ou na luta com os centrais, Marega desequilibra pela forma como ataca o espaço, como aparece nas costas do lateral esquerdo. E tendo em conta as características de Grimaldo, isso seria um trunfo importante para o FC Porto na Luz. Sobretudo se Conceição mantiver a aposta em Otávio como falso ala direito e conte com este para ajudar Herrera e Sérgio Oliveira na zona central, onde o Benfica terá Fejsa, Pizzi e Zivkovic.
A ausência de Marega dá ao Benfica a possibilidade de subir um pouco a sua linha defensiva, concedendo um espaço nas costas que Aboubakar e Soares têm mais dificuldade do que o maliano a explorar. O FC Porto teria de trocar alguma vertigem por uma abordagem mais ponderada, mas já mostrou esta época que essa não é a sua melhor faceta. Mesmo no plano defensivo a presença de Marega é importante, pela agressividade que coloca na primeira linha de pressão.
Sérgio Conceição decidiu atacar o título com um dragão impulsivo, de vertigem, a chegar rápido à frente e a querer recuperar a bola o quanto antes. Sem Marega a chama é um pouco menor."

As (muitas) faces de um clássico inimitável, inenarrável e incomparável, onde o árbitro sabe que provavelmente algo correrá muito mal

"O árbitro que irá apitar o Benfica-FC Porto de domingo (18h, BTV) terá percorrido milhares e milhares de quilómetros em terra batida, sintéticos e relvados e será, quase certamente, mais velho, mais maduro e mais experiente que grande parte dos atletas que o disputarão. Mas nada disso chegará, nada disso contará, nada disso importará

No domingo, às 18h (transmissão BTV), é quase certo que o país, todo o país, irá parar durante cerca de duas horas (mais coisa menos coisa, vá).
Joga-se em Lisboa o inimitável, o inenarrável, o incomparável "SL Benfica-FC Porto", momento desportivo recheado de história e de histórias mas que, por força das (muitas) circunstâncias do momento, será garantidamente aquilo que muitos antecipam como... o jogo do título. Do tudo ou nada.
O jogo das ilusões e das desilusões, das alegrias e das frustrações, dos que sairão derrotados e dos que se sentirão campeões.
É incontornável: aos olhos dos aficionados, o tamanho deste clássico é maior, bem maior do que outro alguma vez foi. Naturalmente. Compreensivelmente.
Mas o clássico de domingo não é apenas dos adeptos apaixonados e dos fiéis associados, das claques empenhadas e dos indefectíveis e apaixonados.
O clássico de domingo é também o dos jogadores e dos treinadores. Antes de tudo e acima de tudo. É o do seu talento, do seu empenho e do seu profissionalismo. O clássico de domingo é dos seus organizadores e promotores. Daqueles que o pensam, preparam e concretizam. O clássico de domingo é o das forças policiais e das equipas médicas. Que zelam pela segurança, pelo bem-estar e pela saúde física dos que pagam para assistir e aplaudir. O clássico de domingo é dos jornalistas, dos olheiros, dos patrocinadores e dos empresários. Que procuram criar valor, rentabilizar investimentos e detectar talentos.
O clássico de domingo é também o dos árbitros e da arbitragem. Daqueles que regulam a força entre duas forças. Daqueles que gerem emoções, avaliam situações e tomam decisões.
Ser árbitro de um clássico é estar no centro do mundo. No olho do furacão. É alegria imensa, expectativa enorme e ansiedade constante. É saber que dificilmente tudo correrá muito bem e que provavelmente algo correrá muito mal.
Não há juiz que resista à sentença da emoção. Nem aqui, nem na China nem no Paquistão. E, num clássico, não há emoção que perca a batalha com a razão. É derrota garantida, mesmo que na verdade o coração seja vencido e o jogo seja bem conseguido.
O árbitro que dirigirá o próximo Benfica-Porto será categorizado. Terá muitas e muitas centenas de jogos no currículo. Será (seguramente) internacional ou de estatuto equiparado. Terá percorrido milhares e milhares de quilómetros em terra batida, sintéticos e relvados. O árbitro que dirigirá o próximo Benfica-Porto será, quase certamente, mais velho, mais maduro e mais experiente que grande parte dos atletas que o disputarão.
O árbitro que dirigirá o próximo Benfica-Porto já escalou muitas montanhas, já dirigiu jogos intensos e já provou que tem valor. Mas no próximo domingo, nada disso chegará, nada disso contará, nada disso importará.
O árbitro que dirigirá o jogo de domingo será sempre aquele que não mostrou o amarelo aqui, não marcou o fora de jogo ali, não expulsou o jogador acolá.
O jogo que ele dirigirá será sempre discutido, julgado e condenado, porque aquilo que for certo aos olhos de uns, será falha grave aos olhos outros. Mesmo que a tecnologia ajude. Mesmo que o videoárbitro intervenha. Mesmo que a dúvida legitime.
Não há nada mais injusto do que tentar explicar a um mundo de emoções quais foram as nossas momentâneas razões.
Não há como explicar-lhes que aquilo que vêem nas imagens televisivas não é o mesmo que intuem, sentem e percepcionam em campo. Não há como contar-lhes que no relvado o jogo tem vida, corpo e humanidade e que a televisão despe-lhe parte da alma e da intensidade. Em campo, as pancadas ouvem-se. As malandrices topam-se. Os olhares denunciam. A dúvida alimenta.
Em campo, os sentidos estão despertos, apurados. O que não se vê de verdade, o que não se vê na totalidade, cheira-se. Intui-se. Adivinha-se. Pressente-se.
Mas nem com faro apurado se acerta sempre. O cansaço surge. As pernas pesam. O suor escorre. O ângulo encurta. O ruído ensurdece. A adrenalina aumenta. O coração dispara. A lucidez dilui.
E num clássico, as situações ganham outra dimensão. As jogadas multiplicam-se e o grau de dificuldade dispara, em que cada lance, a cada entrada, em cada disputa.
Num clássico, os jogadores estão mais tensos, mais empenhados, mais nervosos. Cada falta pode ser o fim da picada, pode desencadear pancada. Cada infracção pode gerar protestos. Cada decisão pode espoletar conflitos, empurrões e agressões.
Num clássico, o público assobia, protesta e insulta ainda mais. Os bancos transbordam de nervosismo e saltam, como molas, em cada micro-decisão, em cada banal reposição. Num clássico, há mais flashes e luzes, que disparam balas de luz entre os fios de nylon que cosem as redes das balizas. É muito, mas mesmo muito difícil.
Há momentos em que um árbitro, por mais forte e seguro que seja, sente a sua limitação humana perturbada, ameaçada por tamanha floresta de sensações, por aquele turbilhão de reacções.
E sendo certo (mais do que certo até) que há quem avalie bem e quem avalie menos bem, que há quem acerte mais e quem acerte menos, que há quem tenha mais feeling e quem tenha menos sensibilidade para a função... no clássico de domingo, o inferno estará bem mais perto do que o céu, a serenidade bem mais longe do que a aflição.
Esperemos, no entanto, que seja um espectáculo de qualidade. Um espectáculo que se cinja apenas e só ao relvado. Um espectáculo que não se arraste para além dele, que não se alastre para fora dele. 
Esperemos que seja um hino ao civismo, ao respeito e ao desportivismo. Que seja uma prova global de saber vencer e de saber perder. De aceitar acertos e de tolerar erros. De saber estar na alegria e na desilusão.
Quando as más notícias são quase garantidas, qualquer coisa boa soa a excepção. E no domingo há muita gente que pode tornar o clássico numa lição memorável de cidadania e educação.
Venha daí o milagre."

Ganhar é o melhor remédio

"Domingo será dia de clássico na Luz. Um jogo importantíssimo nas contas do título, com Benfica e FC Porto à procura de uma vitória que os coloque mais perto dessa meta que é o principal objectivo da temporada para ambos os clubes. O duelo entre águias e dragões terá ainda no Sporting um espectador atento, face à possibilidade de se aproximar dos lugares da frente.
Há algumas semanas, a maioria dos prognósticos apontava para que o FC Porto chegasse ao clássico na frente da classificação. Tal não aconteceu. Duas derrotas nas últimas duas deslocações (Paços de Ferreira e Belenenses) inverteram o cenário e neste momento os portistas têm um ponto a menos do que os encarnados. O Benfica conseguiu capitalizar o facto de apenas ter o campeonato para disputar e, após a eliminação das taças e competições europeias, arrancou para um ciclo de 12 vitórias e 2 empates na Liga (neste momento, leva mesmo 9 vitórias consecutivas).
Depois de um início de época algo atribulado, Rui Vitória acertou um novo sistema e a equipa começou a crescer de jornada em jornada. O jogo com o Sporting, no qual as águias foram dominadoras e fizeram uma exibição consistente, acabou por servir de tónico para a melhoria que se verificou nos jogos seguintes, chegando a esta altura com o melhor ataque do campeonato.
Já o FC Porto, que durante vários meses se exibiu com grande fulgor e dinâmica colectiva, começou a ressentir-se das lesões de alguns jogadores importantes e também do cansaço que alguns atletas começaram a evidenciar (vários atletas têm 40 ou mais jogos nas pernas esta temporada). No entanto, a equipa mantém-se firme no objectivo de conquistar o campeonato, tem a melhor defesa da prova e depende apenas de si própria. E não há melhor forma de motivação do que enfrentar o principal rival e tentar superá-lo.
Será um jogo de grande tensão. Por tudo aquilo que tem acontecido ao longo da temporada, dentro e fora das quatro linhas. Interessa sobretudo que o jogo se destaque pela qualidade técnica dos jogadores, pela dimensão táctica que os treinadores vão trazer à partida (prevêem-se interessantes duelos em várias zonas do terreno) e pelo bom desempenho da arbitragem.
Olhando para cenários, uma vitória do Benfica criaria uma distância de 4 pontos, que, não sendo decisiva, daria uma almofada pontual confortável para encarar os restantes 4 jogos, dando claro favoritismo aos encarnados. Por seu lado, se forem os dragões a ganhar na Luz, passariam a ter novamente 2 pontos de vantagem. Ficando em boa posição, reforçariam a candidatura ao título, porém, sem margem para erro nas partidas seguintes. Já um empate entre as duas equipas, além de manter tudo como está (embora apenas o Benfica passasse a depender de si mesmo para ser campeão), pode aproximar o Sporting dos dois primeiros lugares. E é bom relembrar que, na próxima época, apenas duas equipas se vão apurar para a Liga dos Campeões.
Nestes derradeiros momentos do campeonato, todos os pontos são vitais. Daí que surja uma grande curiosidade para ver a forma como as duas equipas vão encaixar e que dinâmicas vão tentar implementar para superar o adversário. Ninguém quer perder. Ganhar vale 3 pontos e vantagem no confronto directo. Teremos, por isso, um jogo mais fechado, decidido em pormenores (bolas paradas, jogada individual ou um deslize fatal), ou uma partida mais aberta com ambos os lados à procura do golo? Têm a palavra Rui Vitória e Sérgio Conceição.

O craque -- Selo de qualidade
Quando Rúben Neves foi lançado pelo FC Porto, rapidamente se viu que era um jogador acima da média. A venda precoce levou-o para o Wolverhampton, equipa do segundo escalão inglês, que está prestes a garantir subida à Premier League. Ali, o jogador tem sido uma das principais estrelas, mostrando qualidade para actuar a um nível superior. Titular absoluto, já apontou 6 golos, fazendo uso da boa meia distância. A óptima leitura de jogo, capacidade de passe e inteligência posicional, fazem do jovem médio um dos candidatos à vaga de Danilo na lista de 23 que Fernando Santos levará à Rússia.

A jogada -- Semana difícil
O Sporting viveu uma semana conturbada. O extremar de posições entre presidente e jogadores, que depois se alastrou a adeptos, dirigentes e accionistas, numa fase decisiva da temporada, acaba por surgir no pior momento possível. A partir daqui, nada será como dantes, o que coloca algumas dúvidas em relação ao futuro leonino. Alguns sócios entendem que Bruno de Carvalho deve deixar a liderança do clube, mas acredito que este pretenda continuar o seu projecto. Uma coisa parece certa: algo vai ter de mudar para se acabar com o constante clima de instabilidade.

A dúvida -- Desafio grego
Pedro Martins será treinador do Olympiacos na próxima época. Uma excelente oportunidade de carreira par a o técnico, num clube que luta por títulos e tem a hegemonia do futebol grego. No entanto, trata-se de um desafio peculiar. Leonardo Jardim, Vítor Pereira, Marco Silva e Paulo Bento também passaram pelo clube com sucesso, mas nenhum deles ficou mais do que uma temporada na Grécia e alguns até saíram a meio do projecto. E esta época o Olympiacos já vai no terceiro treinador. Conseguirá Pedro Martins trazer maior estabilidade ao comando técnico?"

O Princípio de Peter do adepto Bruno

"Bruno de Carvalho é a prova de que o Princípio de Peter se aplica. Um adepto fervoroso, com todas as qualidades para ser um bom chefe de claque, chegou à liderança de um grande clube. Pouco aprendeu ao longo do exercício do cargo e acaba por prejudicar a instituição.

um presidente de uma empresa cotada em bolsa que desvaloriza os activos da entidade com ameaças de suspensão desses activos e continua ao leme da empresa.
Recentemente escrevi a propósito da gestão de Bruno de Carvalho no Sporting que as SAD davam mau nome à bolsa. Nessa altura estávamos na véspera de uma assembleia-geral extraordinária destinada a plebiscitar o líder leonino. Mas no futebol, como tudo muda em função dos resultados, o ex-bestial Bruno mudou rapidamente o seu estatuto e após declarações infelizes e ameaças de suspensão aos jogadores, o homem que teve a maioria esmagadora dos votos no pavilhão é agora vaiado e insultado no estádio.
Esta não é uma mera discussão sobre futebol. Este desporto hoje é um importante produto económico, é o conteúdo mediático mais importante do país e o Sporting é uma das três empresas e marcas mais relevantes em Portugal nesse negócio.
Numa empresa normal cotada em bolsa, um gestor com este desempenho já teria sido destituído pelos accionistas, mas neste caso ele ainda tem o poder do accionista maioritário e só uma mudança no clube pode desencadear alteração na SAD.
Além dos accionistas da SAD, dos bancos credores, está também em causa o dinheiro dos obrigacionistas. Gerir uma empresa cotada não é compatível com a revelação de estados de alma tão díspares em redes sociais.
Bruno atingiu o Princípio de Peter do adepto de futebol. Ninguém duvida de que seja adepto empenhado, mas o seu perfil seria mais adequado para chefe de claque, estágio pelo qual não passou, apesar da natural aptidão demonstrada, do que gestor do clube e da SAD.
O futebol e a política são áreas em que é possível alcançar um nível elevado sem grande preparação para o cargo. Bruno chegou à liderança do clube por insistência, com um passado empresarial irrelevante e pouco escrutinado.
Sem experiência empresarial em organizações complexas, o adepto Bruno até fez algumas coisas com mérito, mas na gestão, sem experiência, ou qualificação adequada, dificilmente se tem sucesso.
Nos activos da SAD estão jogadores valiosos, que arriscaram sofrer algum dano reputacional com a ameaça de suspensão, que nunca passou de desabafos em redes sociais. Em todas as organizações tem de haver pressão e exigência para bons resultados, mas não é com estes métodos.
Ao fim de tanto tempo e mantendo as boas graças da massa associativa, Bruno desperdiçou oportunidade de aprender e acabou por cometer erros infantis, prejudicando a marca e o clube que serve.
(...)"

O método de Bruno de Carvalho

"Analisando o perfil de alguns populistas, como Sílvio Berlusconi ou Donald Trump, podemos também encontrar em Bruno de Carvalho comportamentos convergentes.

É possível que Bruno de Carvalho tenha ido um pouco mais além nestes últimos dias do que é seu hábito, mas a raiz da sua personalidade, comportamento e a atitude vem sendo esta ao longo dos últimos três anos. Desde então, já foi reeleito pelos sócios com perto de 90% dos votos, e viu legitimada as suas alterações estatutárias com semelhante percentagem em assembleia geral convocada para o efeito. E são muitos os que ainda têm dúvidas se Bruno de Carvalho não voltaria hoje a ser reeleito…. Goste-se ou não, estamos perante um caso de sucesso.
Dei por mim a pensar como é que a sua liderança consegue impactar pela positiva sócios de uma instituição desportiva centenária, com um palmarés invejável à escala mundial. Procurei então respostas na sociologia e na conceptualização política do fenómeno do populismo, e rapidamente percebi que existe um paralelo entre a política e o futebol, o Estado e o clube, os políticos e os presidentes, os eleitores e os sócios, e entre a vida e a vitória.
Analisando o perfil de alguns populistas, como Sílvio Berlusconi ou Donald Trump, podemos também encontrar em Bruno de Carvalho comportamentos convergentes.
Em primeiro lugar o “Aparecimento”. O populismo prolifera em sistemas altamente competitivos, onde os líderes tradicionais perdem credibilidade junto dos seus eleitores. Alimenta-se das expectativas defraudadas e das situações de crise económica.
Em segundo lugar a “Personalidade”. O líder possui uma capacidade mobilizadora e promove o culto à sua personalidade. É geralmente autoritário e apresenta um discurso agressivo, arrogante ou teimoso. Cria uma espécie de realidade paralela, baseada em exageros e emoções exacerbadas, que infantilizam e confundem o eleitor, com o objectivo de manipular o seu julgamento. Promete metas megalómanas, mas raramente comunica medidas concretas em prol desses objectivos.
Em terceiro lugar a “Conduta”. Invoca permanentemente o “nós” e os “outros”, e afirma lutar incansavelmente pelos direitos do povo que representa o bem e a justiça social, contra a elite privilegiada que representa o mal e a corrupção. Vangloria-se de ser o porta-voz da maioria injustiçada contra os lobbies instalados, afirmando procurar uma rotura com o status quo.
Em quarto lugar a “Comunicação”. Utiliza mensagens simplificadas e directas, que sejam perceptíveis pelos eleitores, e recorre a publicações e manifestos que unem a maioria a seu favor. Quando os eleitores reconhecem a linguagem, identificam-se com o plano de acção. Convence, sobretudo, as camadas sociais menos instruídas, mais desiludidas com a vida, e com menos rendimentos.
Por último a “Evolução”. Com o tempo, os meios passam a justificar os fins, e o líder comporta-se de forma extremista. Diaboliza as instituições existentes, procurando afastar os rivais e admite fazê-lo violentamente.
Constatamos assim que existe uma diferença entre ser-se popular e ser-se populista: enquanto o primeiro promove a ordem democrática, o segundo é uma causa da desordem; a estratégia popular é moderada, construtiva e segura, e a populista é extremista, paternalista, destrutiva e perigosa; medidas de política populares são construtivas e realistas, baseadas em medidas concretas, e modelos idealistas são difusos, imprevisíveis, e prometem o que não sabem se podem cumprir. Não obstante, o líder que distorça a verdade para obter ganhos pessoais e que lute por sobreviver sacrificando a sua equipa apresentará, mais tarde ou mais cedo, resultados negativos."

O vício de Trump e Bruno de Carvalho

"Donald Trump é um viciado na rede social Twitter e vai disparando tweets à medida que os disparates lhe assaltam a cabeça. Como é fácil de perceber, Trump passa a vida a twittar.

O problema é que Trump é o homem que tem o comando da armada mais mortífera da história e as ameaças que faz abanam o mundo inteiro. Ninguém sabe muito bem onde irá acabar esta crise da Síria, apesar de ser nítido que não há inocentes nesta história, excluindo as crianças e todos aqueles que apenas querem paz na sua vida e não pegam em armas. Mas Trump que deve sofrer de algum problema psiquiátrico – psicopata não deve ser de certeza – gosta de confundir a plateia: ora diz uma coisa para logo afirmar que nada disse, como se de um jogo se tratasse. Já ameaçou que atacava a Coreia do Norte, tendo recentemente dito o mesmo sobre a Síria, provocando o caos.
A história é tão patética que Trump consegue transformar figuras sinistras – algumas com tiques de psicopata – em vítimas ou quase... Com os Tweets de Trump quem quer saber do que faz Vladimir Putin, um homem que tem estampado no rosto o seu passado de KGB, ou do líder supremo Kim jong-un, já para não falar de Bashar Al-Assad? O presidente americano é uma criança com problemas de atenção que põe o mundo em sentido. Será que alguém conseguirá afastar Trump do Twitter? Quem o conseguir merecerá um prémio da Academia de Estocolmo. Já se sabe que as redes sociais fazem mal à saúde, mas só as utiliza quem quer.
Bruno de Carvalho tem esse vício em comum com Trump. Usava, neste caso, o Facebook para lhe dizer o que lhe ia na alma, sem se preocupar com as consequências. Como chegou longe demais, para a nação sportinguista, foi convencido por alguém a afastar-se desse microfone aberto para o país. E o que aconteceu com o seu silêncio? Os sportinguistas que queriam a sua cabeça já estão mais retraídos, pois ninguém se pode esquecer do que Bruno de Carvalho alcançou durante a sua gerência. Mas até quando conseguirá Bruno não mandar os seus “bitaites” no Facebook? Essa é que é uma pergunta para um milhão!"

Futebol com reflexão - no jogo de campeão

"Além de emoção, de manifestação global, envolvente e sedutora, o futebol tem uma linguagem de sentidos e de palavras que é um bom exemplo de esperanto. Arte e engenho, inteligência e técnica, táctica e movimentação, esforço e estratégia, assim se cria um espaço de sonho objectivo, sem fingidores, porque ao vivo e em directo… Só é enganado quem fechar os olhos.
Como tesouro da Humanidade, exige-se conhecimento, dedicação e sabedoria, para uma constante progressão. Fanatismos e fundamentalismos (que chegam ao limite de impedir que adeptos de clubes diferentes se possam sentar juntos, com os cachecóis, camisolas e bandeiras das suas preferências) são vestígios de horror por vencer, de ignorância por resolver.
A todos os níveis, detectam-se atitudes louváveis (raramente divulgadas) e muitas arbitrariedades destrutivas (que conquistam audiências incompreensíveis).
São vários os protagonistas do jogo que deixam marcas exemplares ainda que, paradoxalmente, cresça o número daqueles que são ferozes a desarmar a ética, violentos nas entradas sobre a responsabilidade, agressivos contra o espírito desportivo, lesionados por tanta atracção pelo abismo, pelo lado primitivo que impede o pensamento… E sem cartão amarelo, no mínimo.
A evolução dos tempos nunca é linear e, por isso, sucedem-se fases que aperfeiçoam evoluções.
No próximo jogo SLB x FCP joga-se com uma probabilidade muitíssimo elevada, o destino de um título nacional.
Jogo sempre marcante e que atrairá atenções de todo o país e não só.
Por outro lado, o jogo acontece num momento de quebra do equilíbrio emocional e num contexto caótico, que se arrasta há demasiado tempo, onde um “clima de guerra descontrolada” revela a evidente incapacidade de muitos, em particular das entidades que tutelam o futebol.
Divergências são salutares; desentendimentos, suspeições e faltas dentro da área da responsabilidade, ameaçam a credibilidade e o futuro do próprio desporto.
Num jogo de equipa, os génios destacam-se mas nunca se podem sobrepor ao colectivo: fazem parte do todo. E neste caso, não se trata de génios mas de líderes, a quem uma “corte” elogiosa e sedenta de brilho ocasional apoia, eliminando críticas com omissões de contraditório.
Quais comissários de passados horrendos, serão os primeiros a fugir quando a pirâmide ameaçar ruir. 
Voltemos ao jogo.
SLB e FCP disputarão o jogo praticamente decisivo (embora a última eliminatória da Champions, felizmente, deu nova dimensão e sentido ao termo decisivo).
Jogo que envolve milhares de pessoas concentradas, deslocações, planos de segurança e que carece de organização sem falhas.
Que os protagonistas, particularmente dentro das quatro linhas, sejam excelentes, dignos, correctos, intensos, sem ”fitas desprestigiantes” e que tenham bem presentes as implicações que atitudes sem dignidade nem verdade podem causar. Que o jogo seja exigente, disputado, transparente e verdadeiro, ou seja, sem intervenções que subvertam o seu andamento.
A ética, como presença indispensável, não pode ser ferida com atitudes de quem não está preparado para assumir essa função de participante no jogo.
Os adversários são profissionais do mesmo ofício, os árbitros terão de ser sempre exigência e garantia da verdade desportiva e o acessório não pode “lesionar” o essencial. Compreensão para o clima emocional que o jogo cria naturalmente, mas sempre o rigor, a coerência e transparência nas decisões. 
Naturalmente, todos têm preferência por um resultado favorável para as suas cores, mas que um dos maiores vencedores seja o futebol, com o golo imprescindível da verdade desportiva.

“O SISTEMA 1
Os funcionários não funcionam.
Os políticos falam, mas não dizem.
Os votantes votam, mas não elegem.
Os meios de informação desinformam.
Os centros de ensino ensinam a ignorar.
Os juízes condenam as vítimas. (…)
As pessoas estão ao serviço das coisas.”
(Eduardo Galeano, “O Livro dos Abraços”, Antígona, 2018;129)

Com base na ideia de Galeano é possível reconstruir um texto relativo ao estado actual do nosso futebol e não só. Pelo menos que sirva de alerta.
Atrevo-me a deixar duas sugestões, certamente muito discutíveis:
1 - Atendendo ao estado de suspeição e agressividade contínua, quase podemos afirmar que ganhe quem ganhar, haverá sempre um lado a discordar e a imputar culpas a alguém, a duvidar da seriedade das decisões, aprofundando suspeições para níveis potencialmente com risco de violência. A arbitragem, muito por culpa própria mas também por exagero de outros protagonistas (que deveriam dar exemplos positivos em vez de espectáculos deprimentes), neste momento deveria ser protegida, evitando situações com eventual gravidade.
FCP e SLB são equipas habituadas a jogarem na Champions e em torneios internacionais.
Para este jogo não se poderia ter contratado árbitro de outro país, prestigiado internacionalmente? 
Pelo menos ganhava-se um tempo de acalmia, de salvaguarda da arbitragem nacional e de segurança dos próprios árbitros. Sei que podem considerar um desprestígio para o sector, mas a ausência de árbitros de campo no próximo Mundial confirma essa realidade que temos de saber inverter.
Será que não poderia permitir uma reflexão profunda e uma preparação intensiva e qualificada para a próxima época?
2 - Acusações constantes de manipulação de imagens, interpretações inclinadas perante decisões dos árbitros e a defesa da transparência não poderiam ter levado a negociações (não tenho certeza se possíveis) para que esse jogo do título fosse também transmitido em canal público aberto?
Muito se reduziam as novelas posteriores de mau dizer e mau olhar.
Volto a acrescentar que a arbitragem precisa de bons ventos e mar calmo para se preparar para temporais que sempre surgem.
Nunca pretendi desvalorizar a arbitragem nacional mas somente sugerir medidas que possibilitem uma janela de concórdia, de pacificação, para na próxima época, termos também árbitros mais consistentes, critérios mais rigorosos e uniformizados e tempo para preparação dos árbitros nas diversas valências das suas acções.
Arbitrar é sempre exigente, complexo e contestado (mesmo injustamente).
Esta época que está a terminar foi um ano horrível para o sector, com episódios lamentáveis, evitáveis e ainda a revelar que urge aperfeiçoar muitos aspectos.
Enquanto o árbitro não for um agente reconhecido pelo rigor, pela imparcialidade, pela competência e pela efectiva importância para o futebol, temos muito que fazer, sem cair na tentação de tratar assuntos sérios em publicações nas redes sociais que, sem responsabilização, alargam pântanos já existentes e, como recentemente, podem dar origem a situações explosivas e incontroláveis. 

Finalmente, com base em notícias de jornais, para não ficar a ideia de desvalorizar o que é nosso, o que acham de um Presidente da FIFA que recebeu uma oferta superior a 20 mil milhões de euros para vender os direitos do primeiro Mundial de Clubes - 2021?
Convém acrescentar que o Presidente da FIFA, por acordo de confidencialidade, não divulga o autor da proposta, embora se saiba ter como base o Médio Oriente e a Ásia!
A FIFA nunca vendeu, ao longo da sua existência, o controlo das competições que organiza. 
Transparência não é provavelmente e obscuridade será certamente.
Poiares Maduro deverá estar a sorrir, com sabor a triunfo anunciado e confirmado."


PS: Não posse de notar a minha estranheza, como pessoas supostamente esclarecidas, conseguem ter comportamentos bipolares: o autor desta crónica é um defensor de Jorge Nuno Pinto da Costa, nunca li uma frase da sua autoria, condenando as atitudes do seu Presidente... e depois, consegue escrever este texto...
Apesar do 'alvo' pretendido ser o Benfica, não deixa de ser uma excelente analise, à influência nefasta no Tugão, da postura e das atitudes iniciadas pelo Pedroto e continuadas pelo Pintinho... 'mal' adaptadas pelo Babalu!!!
'Gostei' particularmente do 'não vamos atribuir culpas' (quando o Insolvente o o Pug são os principais culpados pelo clima que se vive no Tugão...); e da transmissão do jogo em canal aberto (a ignorância não tem limites...!!!

O barco que transportou o primeiro Mundial dentro dele

"Correr, conversar, descansar e nada de tácticas. Foi assim a viagem de duas semanas do Conte Verde em 1930 que levou quatro selecções, três árbitros e a taça do mundo rumo ao Campeonato do Mundo inaugural no Uruguai. (Esta é a primeira história na nossa nova série enquanto Portugal não entra em campo no Mundial da Rússia)

Vamos fazer um pequeno exercício. Deixe a sua cabeça entrar no ritmo da música do Barco do Amor (se precisar de uma auxiliar de memória, é só clicar no vídeo em cima) e entre no espírito de viagens exóticas e romance que a série semanalmente prometia. Agora é concentrar tudo num espaço de duas semanas, substituir “Barco do Amor” por “Conte Verde” e romance por futebol. É o “rumo para uma nova aventura” que muitos dos passageiros devem ter sentido quando embarcaram rumo ao encontro com a história.
O destino era o Uruguai e o primeiro campeonato do Mundo organizado pela FIFA em 1930. E se hoje viajar para uma competição internacional de selecções terá como maior complicação o controlo aeroportuário para entrar no avião, na altura não era bem assim. Deslocações intercontinentais implicavam tempo e muito dinheiro para um desporto que não tinha a dimensão de hoje. Nem os recursos. Pelo que teve que ser um rei recentemente coroado e a nacionalidade de dois presidentes a ajudar a compor o ramalhete de 13 equipas (já vai perceber o porquê do invulgar número ímpar). 
Tudo começou pela polémica na atribuição do torneio. O Uruguai era a potência sem contestação da época, enquanto as nações britânicas (berço do futebol moderno) já davam asas a um Brexit rudimentar ao saírem da FIFA para se colocarem à parte, num campeonato entre elas. Medalha de ouro na competição de futebol dos Jogos Olímpicos de 1924 e 1928, a nação sul americana aproveitou os festejos do centenário da primeira constituição do país para se candidatar à organização. Juntaram-se a Itália, Suécia, Holanda, Espanha e Hungria que, por uma razão e por outra, foram desistindo ao longo do processo.
Sem apuramento, a competição fez-se exclusivamente por convite aos países que então faziam parte da FIFA. Quem quisesse, podia entrar. Nas Américas, o interesse foi elevado, com sete equipas da América Latina (além do Uruguai) e os EUA a declararem o seu interesse. Já do lado europeu, que compunha a parte de leão das federações, ainda ninguém se tinha chegado à frente quando faltavam só dois meses para a competição.
Eis que chegou a hora do bom velho entusiasmo político que conseguiu apelar a quatro equipas do velho continente. Pelo seu lado, o presidente francês da FIFA, Jules Rimet (que deu o nome ao troféu de campeão do mundo), não descansou enquanto não garantiu a presença de uma selecção francesa. Que ainda assim viajou sem a principal estrela e o seleccionador habitual (Manuel Anatol e Gaston Barreau respectivamente), sem tempo nem paciência para o que esperava, segundo reza a lenda. O mesmo se passou com a Bélgica, sob pressão do então vice-presidente belga-alemão da associação, Rodolphe Seeldrayers.
Quarteto de cordas para relaxar
Com espaço histórico para mais duas equipas, chegou a hora do rei Carol II da Roménia. Coroado há pouco tempo, faz da ida de uma selecção romena uma cause celebre nacional que levou muito a peito. Escolheu o treinador e seleccionou os jogadores 1 a 1, além de ter convencido os empregadores a deixá-los ausentarem-se (com salário) por um período de tempo indeterminado. Foi também instrumental em convencer o rei Alexandre I a fazer a Jugoslávia a juntar-se à festa à última da hora, não sem problemas também, mas aqui de outro género. Os croatas recusaram-se a entrar numa equipa conjunta, o que, para não ferir sensibilidades, obrigou a federação a optar por levar só jogadores sérvios.
Alinhamento definido e tudo pronto para receber. Só faltava definir a pequeníssima questão das viagens e dos custos de transporte das equipas. Após muita discussão, conversas, avanços e recuos, decidiu-se que a união fazia a força e optou-se por uma solução que se escreve em duas palavras: Conte Verde. Construído em 1922, nos estaleiros da firma William Beardmore & Cº em Glasgow, era um paquete de luxo que levava a alcunha porque era conhecido o popular Amadeu VI, Conde de Sabóia. Pesava 18.761 mil toneladas e esteva rotinado para a exigente viagem transatlântica que se pretendia, além de ter espaço para todos. Ou quase, melhor dizendo, porque a entrada tardia da Jugoslávia fez com que já não houvesse lugar para eles. Nada que mais uma pressão não resolvesse e arranjasse lugares noutro navio.
Mas voltemos ao Conte Verde. A viagem mais famosa do navio começou em Génova, onde embarcou a selecção da Roménia. Seguiu-se uma paragem em Villefrance-sur-Mer, onde apanhou a selecção francesa, três árbitros (para juntar aos 11 uruguaios que compuseram a equipa do apito) e o próprio Jules Rimet, que levou o troféu literalmente na mala. Os belgas entraram em Barcelona e a viagem prosseguiu rumo ao encontro com a história.
Foram 15 dias muito felizes”, contou Lucien Laurent, o francês que se tornaria no primeiro jogador a marcar um golo no Mundial. “Fazíamos o aquecimento no porão e o treino no convés. Depois relaxávamos na piscina e à noite com comédia ou um quarteto de cordas. Foi como um campo de férias. O treinador nunca nos falou de tácticas”, recordou com a ressalva que eram “jogadores jovens a divertirem-se.” Só mais tarde se aperceberam do “lugar na história” que tinham garantido. 
Transporte de tropas
Pelo caminho, ainda apanharam o Brasil no Rio de Janeiro antes de atracarem em Montevideo, capital uruguaia onde se realizaram todos os jogos da competição. Caminho de convívio que não levou nenhuma destas equipas à fase a eliminar, que curiosamente contou com os afastados da Jugoslávia. O campeão, esse seria o anfitrião Uruguai a confirmar a hegemonia da época após todos os percalços para que o Mundial fosse efectivamente mundial.
Quem voltou a ter papel na história foi também o Conte Verde. Entre 1938 e 1940 levou perto de 17 mil refugiados judeus para a China, onde o advento da II Guerra Mundial acabou por o deixar ancorado na posse dos japoneses. Dois anos depois, já com o nome de Teikyo Maru, foi utilizado para uma troca de diplomatas no então porto neutral de Lourenço Marques (agora Maputo) e acabaria por ser reconvertido para o transporte de tropas japonesas. Afundado e reconstruído duas vezes, acabaria por ser desfeito em 1949.
São duas palavras e um navio que ficam para a história “de uma nova aventura” que deu pelo nome de Campeonato do Mundo de Futebol. Até aos dias de hoje."

Os faraós pioneiros (e escoceses) que fizeram história na Itália de Mussolini

"Foi a primeira selecção africana a participar no Mundial e a única durante 36 anos. Ícones para toda uma geração, os estreantes do Egito só tiveram 90 minutos para fazer história no Itália 1934. Já com direito a queixas do árbitro (Esta é a segunda história na nossa nova série enquanto Portugal não entra em campo no Mundial da Rússia)

"Foi a minha primeira internacionalização e na altura não compreendi a magnitude daquele evento histórico." Nem Mustafa Kamel Mansour, guarda-redes do Egipto, nem porventura muitos dos seus colegas que se preparavam para o primeiro jogo de qualificação para o Mundial de 1934. Mas o seu feito já estava a ser inscrito na memória colectiva de todo um continente que demorou até voltar ao maior palco do futebol global.
Foi uma competição de estreias, aquela que escolheu a Itália de Mussolini para a segunda edição do torneio e que o ditador tentou converter em montra do fascismo. Só para começar, pela primeira (e única vez) o campeão em título, o Uruguai, não esteve presente para defender o troféu como resposta à recusa da Itália em viajar para a América do Sul quatro anos antes.
Introduziu-se também o sistema de qualificação, após o sistema exclusivo de convites que a FIFA definiu para o torneio inaugural. 36 equipas (inclusivamente a anfitriã Itália, também pela primeira e única vez) tiveram que disputar eliminatórias para chegarem à fase final de 16 equipas. O último play-off, por exemplo, jogou-se em Roma apenas três dias antes do arranque do Mundial, com os EUA a vencerem o México.
Desses lugares, apenas um estava alocado para uma equipa da África ou Ásia. E é aqui que entram os nossos pioneiros. O Egipto já era a grande potência regional da altura, tendo ficado em quarto lugar do torneio de futebol dos Jogos Olímpicos de 1928 (com uma vitória por 2-1 sobre Portugal nos quartos de final pelo caminho) e um futebol potenciado pelo globetrotter treinador escocês Jimmy McRae. Estrelas caseiras, como Mohammed Latif, Mahmoud Mokhtar e já referido Mansour abrilhantavam o plantel que sonhava com um papel de destaque.
Pelo caminho, a Turquia e o Mandato da Palestina (à época um colónia britânica que ocupava, com ligeiras diferenças, o actual território de Israel). Antes sequer de colocaram os pés em campo, os turcos desistiram (segundo os rumores da época, por não quererem nova humilhação à escala dos 7-1 com que foram brindados pelos faraós em 1928) o que converteu a fase de qualificação numa simples eliminatória. A primeira disputada por uma equipa africana e árabe que, ao contrário do que possa pensar, não era a Palestina, uma vez que a equipa era inteiramente composta por jogadores oriundos de Terras de Sua Majestade. Que não teve qualquer hipótese. Ou um autêntico passeio, fazendo uso dos chavões actuais.
O golo da diferença
No Cairo, perante um público oficial de 13 mil pessoas (muitos mais estiveram presentes de acordo com os relatos) o Egipto venceu por 7-1 e praticamente carimbou a viagem para Itália. Só faltava a formalidade da segunda mão, onde uma equipa de segunda linha triunfou em Tel Aviv por 4-1. Eis que chegou a hora daquilo que hoje se trataria por amadorismo.
Apesar de o seleccionador e a federação terem acordado um mês de concentração em caso de qualificação, incluindo a viagem e um semana de treinos já em solo europeu, os responsáveis fizeram ouvidos de mercador e deixaram a época doméstica decorrer normalmente. O resultado foi que a equipa se viu privada de alguns dos melhores jogadores e os preparativos foram tudo menos ideais, sobretudo se tivermos em conta que a fase final do Mundial era só jogos a eliminar. Por outras palavras, 90 minutos para validar anos de espera. Para se ter uma ideia, o sorteio tinha colocado a Hungria no caminho do Egipto a 27 de maio e a final da Taça que envolveu quase metade do plantel final (nove jogadores), só se realizou a 12 de maio.
Depois das peripécias, os faraós lá partiram para uma viagem de barco de quatro dias rumo a Itália e ao encontro com o destino em Nápoles. Apesar dos húngaros serem os favoritos, a confiança era elevada e o jogo havia de provar, segundo Mustafa Kamel Mansour, que "éramos a melhor equipa, merecíamos ter ganho." Se não fosse um nome que ainda hoje é maldito no futebol egípcio, Rinaldo Barlassina.
O árbitro italiano haveria de estar em destaque, numa partida onde os húngaros chegaram rapidamente a uma vantagem de 2-0 e tudo parecia estar encaminhado para uma vitória sem história. Só que ninguém avisou os egípcios. Abdulrahman Fawzi tornou-se no primeiro africano a marcar e, pouco depois, a bisar, num Mundial para empatar o desafio perante o espanto do público italiano que começou a torcer pelos egípcios. E chegou a fazer o hat-trick. "Pegou na bola no centro, driblou uma série de jogadores e marcou. Mas o árbitro anulou por fora de jogo", contou, incrédulo, Mustafa Kamel Mansour. Um "gol de placa", como diriam os brasileiros, que não valeu.


Motim no Estádio
Eventualmente os húngaros chegaram ao 3-2 e o jogo não acabaria sem mais um lance a motivar protestos por parte do Egito, com o lance do 4-2 a chegar com aquilo que Mustafa Kamel Mansour considerou "uma falta escandalosa" sobre si. Com direito a quase um motim no estádio e duras críticas nos jornais italianos do dia seguinte.
Uma saída inglória de uma selecção que fez história, no Mundial ganho pela equipa da casa com um jogador que, quatro anos antes, tinha perdido a competição pela Argentina. Luís Monti (mais uma vez na primeira e única vez que tal aconteceu) a mostrar o poder da nacionalidade flutuante que conheceu nos "Oriundi" italianos (alcunha para descrever os sul-americanos de origem transalpina que jogavam pela squadra azurra) a sua máxima expressão.
Os egípcios chegaram a casa como heróis, com Mohammed Latif e Mustafa Kamel Mansour a não ficarem muito tempo por casa. Levados pelo seu seleccionador, foram para a Escócia onde fizeram carreira e se tornaram famosos no Glasgow Rangers e no Queens Park, respectivamente, onde continuaram os estudos universitários. Já África teve que esperar até 1970 para voltar a ter uma equipa na fase final do Mundial, Marrocos. 36 anos à espera para voltar aos 90 minutos."

‘Big Four’ já não manda nos ATP Masters 1000

"O mês de Março é dos meus preferidos no ténis mundial por se realizarem os dois torneios de categoria Masters 1000 mais importantes e mais bonitos do Mundo, em Indian Wells, na Califórnia, e em Miami (Key Biscayne), na Florida.
No tempo em que ainda nem havia esta nomenclatura de Masters 1000, Indian Wells era o Oeste e Key Biscayne o Wimbledon dos Estados Unidos.
Ambos foram crescendo para patamares gigantescos e acolhem ao mesmo tempo um ATP Masters 1000 um WTA Premier Mandatory. Por palavras mais simples, são os torneios mais importantes do circuito depois dos quatro do Grand Slam.
Não admira, por isso, que os Masters 1000, tal como os Majors, tenham sido dominados nas duas últimas décadas pelo chamado ‘Big Four’: Roger Federer, Rafael Nadal, Novak Djokovic e Andy Murray.
Federer, por ser o mais velho, foi o primeiro a conquistar um Masters 1000, no Open do Canadá em 2004. Deste então realizaram-se 126 torneios desta categoria e o ‘Big Four’ exerceu um reinado avassalador.
Só 25 desses torneios não foram alvo da voracidade daquele quarteto de luxo e em três épocas - 2011, 2013 e 2015 - todos os nove Masters 1000 foram mesmo parar às mãos deles, não dando abertura a outro jogador.
Em 2017, com as lesões prolongadas de Djokovic e Murray, e o reaparecimento das mazelas de Nadal, algo começou a mudar e a verdade é que os últimos seis Masters 1000 conheceram seis vencedores distintos: Sasha Zverev no Open do Canadá, Grigor Dimitrov em Cincinnati, Roger Federer em Xangai, Jack Sock em Paris-Bercy e, já este ano, Juan Martin Del Potro em Indian Wells e John Isner no domingo passado em Miami.
Nesta coluna semanal já tinha indicado que estamos a assistir a uma passagem de testemunho no circuito masculino e que só Federer tem escondido um pouco a inegável ascensão da nova geração. 
No entanto, é curioso e sintomático que os títulos de Indian Wells e Miami tenham ficado nas mãos de um argentino de 29 anos e de um norte-americano de 32, ambos a regressarem ao top-10 mundial. A experiência ainda conta nos grandes eventos. Veremos até quando.
A diferença é que Juan Martin Del Potro não atingiu na Califórnia o ponto mais alto da sua carreira, pois conta no seu palmarés com um título do Grand Slam, o US Open de 2009, e começa cada vez mais a ser candidato a somar um segundo Major este ano. Não seria uma surpresa.
John Isner, pelo contrário, declarou Miami como a maior vitória da sua longa carreira e se calhar nem ele próprio acredita que poderá um dia integrar a faustosa lista de campeões dos Opens da Austrália, Estados Unidos, Roland Garros ou Wimbledon."

As competições das melhores Ligas profissionais de basquetebol em fase decisiva

"O mês de Abril, para além de nos trazer as deliciosas amêndoas da Páscoa, também marcará o início dos grandes e decisivos jogos de basquetebol com o arranque das fases finais (playoffs) das principais competições profissionais de clubes à escala planetária. Face ao nível competitivo apresentado, capacidade técnica dos jogadores, promoção e divulgação na comunicação social, qualidade das instalações desportivas utilizadas, número de espectadores presentes nos pavilhões e influência positiva no desenvolvimento da modalidade junto da juventude, a escolha destas ligas profissionais corresponde à elite das principais competições de clubes de basquetebol a nível internacional.

National Basketball Association (NBA)
A National Basketball Association que é a mais antiga e competitiva liga profissional de clubes existente a nível mundial, disputada nos Estados Unidos e Canadá, completou a fase regular da sua prova a de 11 de Abril, com a participação das suas 30 equipas divididas por duas conferências (Este e Oeste) que por sua vez estão distribuídas por 6 divisões de âmbito regional: Northwest, Atlantic, Central, Southeast, Pacific e Southwest. Na fase regular da competição (72ª edição), que teve o seu início em 17 de Outubro de 2017, um pouco mais cedo do que era habitual, cada equipa efectuou 82 encontros. Num sistema competitivo em que todos jogam uns com os outros, ou seja, cada formação realiza 16 jogos com as quatro equipas da sua divisão, 36 jogos com as dez equipas das outras duas divisões da mesma conferência e 30 jogos contra as quinze equipas das três divisões da outra conferência, ainda há que acrescentar mais uns tantos encontros correspondentes aos playoffs entre as 16 equipas que conseguiram essa proeza.
Depois de seis meses de intensa competição, ficaram apuradas para os playoffs as primeiras 8 classificadas de cada uma das duas conferências que vão defrontar-se, até encontrar o respectivo campeão, do Este e do Oeste, através de eliminatórias disputadas à melhor de cinco jogos. Nesta época desportiva, verificou-se um enorme equilíbrio entre algumas equipas de topo pelo que só se soube, quem joga contra quem nos playoffs, após a derradeira jornada desta fase regular. A primeira eliminatória dos playoffs, quartos de final, têm início a 14 de Abril, no habitual sistema de confrontos entre (1º x 8º) (2º x 7º) (3º x 6º) (4º x 5º) classificados de cada conferência. Seguem-se as meias finais a partir de 28 de Abril e as finais de conferência começam a 13 de Maio. Na fase derradeira da época desportiva, a partir de 31 de Maio, teremos as finais da liga (à melhor de 7 jogos) entre os vencedores dos playoffs das duas conferências (Este e Oeste) para se decidir finalmente o campeão da NBA. 
Apurados 1ª Eliminatória dos Playoffs (Conferência do Este):
1º Toronto Raptors (59-23) – 8º Washington Wizards (43-39);
2º Boston Celtics (55-27) – 7º Milwaukee Bucks (44-38);
3º Philadelphia 76ªers (52-30) – 6º Miami Heat (44-38);
4º Cleveland Cavaliers (50–32) -5º Indiana Pacers (48-34).
Apurados 1ª Eliminatória dos Playoffs (Conferência do Oeste):
1º Houston Rockets (65-17) – 8º Minnesota Timberwolves (47-35);
2º Golden State Warriors (58-24) – 7º San Antonio Spurs (47-35);
3º Portland Trail Blazers (49-33) – 6º New Orleans Pelicans (48-34);
4º Oklahoma City Thunder (48-34) – 5º Utah Jazz (48-34).
Entretanto, face aos resultados alcançados na fase regular foram considerados vencedores de divisão as seguintes equipas:
Portland Trail Blazers (Northwest), Toronto Raptors (Atlantic), Cleveland Cavaliers (Central), Miami Heat (Southeast), Golden State Warriors (Pacific) e Houston Rockets (Southwest).
A NBA estabeleceu, na fase regular desta época desportiva (2017-18), um novo recorde de assistência aos jogos tendo ultrapassado os 22 milhões de espectadores, ou seja, exactamente 22.124.559 presenças nos encontros. Também houve um outro registo recorde com a realização de 741 encontros com lotação esgotada. Igualmente, foi alcançada uma nova proeza com o aumento da média de espectadores por jogo para 17.987. Estes números agora apontados têm sofrido um aumento progressivo nos últimos quatro anos, o que é um bom sinal para o futuro da NBA nos Estados Unidos e, naturalmente, com enorme reflexo a nível internacional.

EuroLeague Basketball
A EuroLeague Basketball é a mais importante liga profissional do basquetebol europeu (independente da FIBA), que engloba as 16 melhores equipas do velho continente: Real Madrid, FC Barcelona, Baskonia Vitoria, Valencia Basket e Unicaja Málaga (Espanha), CSKA Moscovo e Khimki Moscovo (Rússia), Fenerbahce Istambul e Anadolu Istambul (Turquia), Olympiacos Pireu e Panathinaikos Atenas (Grécia), Zalgiris Kaunas (Lituânia), Maccabi Tel Aviv (Israel), Brose Bamberg (Alemanha), Estrêla Vermelha (Sérvia) e Olimpia Milão (Itália). A fase regular da competição, que teve início em 12.Out.2017 (duração de 6 meses), em que todas as formações mediram forças entre si (casa e fora), num total de 30 encontros, decorreu em simultâneo com as provas nacionais dos países a que as equipas pertencem, tendo ficado apuradas para disputar os playoffs as oito equipas melhor classificadas. 1º CSKA Moscovo (24 vitórias e 6 derrotas), 2º Fenerbahce Istambul (21-9), 3º Olympiacos Pireu (19-11), 4º Panathinaikos (19-11), 5º Real Madrid (19-11), 6º Zalgiris Kaunas (18-12), 7º Baskonia Vitoria (16-14) e 8º Khimki Moscovo (16-14).
Deste modo, o primeiro joga com o oitavo, o segundo com o sétimo, o terceiro com o sexto e o quarto com o quinto, com o factor casa a pertencer ao melhor classificado e a eliminatória a ser disputada à melhor de 5 jogos.
Playoffs (17-20-23-27 Abril e 1 Maio)
CSKA Moscovo – Khimki Moscovo
Fenerbahce Istambul – Baskonia Vitoria
Olympiakos Pireu – Zalgiris Kaunas
Panathinaikos Atenas – Real Madrid
Final Four Belgrado-2018
As quatro equipas apuradas do playoff irão disputar a “Final Four” a realizar em Belgrado-2018 (Sérvia), nos dias 18 de Maio (meias finais) e 20 de Maio (Final).

EuroCup
Esta prova, também independente da FIBA, é igualmente organizada pela EuroLeague Basketball e é a segunda competição de clubes do continente europeu com maior qualidade e prestígio. Nela participam as 24 equipas mais fortes da Europa, logo a seguir às 16 da Euroliga e que têm como principal objectivo entrar, num futuro próximo, na prova máxima dos clubes profissionais de basquetebol. A competição teve três fases; a primeira em que os clubes foram agrupados em quatro grupos de seis equipas jogando entre si (casa e fora), para apuramento dos quatro primeiros para a fase seguinte.
Classificação e apuramento por grupo:
Grupo A
1º Darussafaka Dogus (Turquia),
2º Unics Kazan (Rússia),
3º Cedevita Zagreb (Croácia),
4º Fiat Turim (Itália),
5º MoraBanc Andorra (Espanha)
6º Levallois Metropolitans (França).
Grupo B
1º Bayern Munique (Alemanha),
2º Galatasaray (Turquia),
3º Reggio Emilia (Itália),
4º Buducnost Voli (Montenegro),
5º Lietkabelis Panevezys (Lituânia)
6º - Hapoel Jerusalem (Israel).
Grupo C
1º Lokomotiv Kuban (Rússia),
2º Lietuvos Rytas (Lituânia),
3º Alba Berlim (Alemanha),
4º Limoges Elite (França),
5º Bilbau Basket (Espanha)
6º Partizan Belgrado (Sérvia).
Grupo D
1º Asvel Villeurbanne (França),
2º Dolomiti Trento (Itália),
3º Zenit St. Petersburgo (Rússia),
4º Gran Canaria (Espanha),
5º Tofas Bursa (Turquia)
6º Ratiopharm Ulm (Alemanha).
Na segunda fase as 16 equipas apuradas (top 16) foram agrupadas novamente em quatro grupos, que jogaram entre si (casa e fora), para apuramento dos dois primeiros para os quartos de final dos playoffs que foram disputados (à melhor de 3 jogos).
Quartos de final dos Playoffs (6, 9 e 14 Março):
- Darussafaka (Turquia) (57-54) (78-71) Buducnost (Montenegro);
- Bayern Munique (Alemanha) (83-75) (73-80) (91-81) Unics Kazan (Rússia);
- Lokomotiv Kuban (Rússia) (79-74) (80-59) Gran Canaria (Espanha);
- Reggio Emilia (Itália) (75-61) (77-91) (105-99) Zenit St. Peterburgo (Rússia).
Meias finais dos Playoffs (20 e 23 Março):
- Darussafaka Dogus (76-74) (87-83) Bayern Munique
- Lokomotiv Kuban (82-65) (79-69) Reggio Emilia
Finais da EuroCup:
- Lokomotiv Kuban (78-81) Darussafaka Dogus (10 de Abril);
- Darussafaka Dogus – Lokomotiv Kuban (13 de Abril);
- Lokomotiv Kuban – Darussafaka Dogus (16 de Abril).
No primeiro encontro realizado na Rússia, a equipa de Darussafaka Dogus (Turquia) foi vencer, após prolongamento, no recinto do grande favorito o Lokomotiv Kuban ganhando, deste modo, vantagem no factor casa.

Associacion de Clubes de Baloncesto (ACB)
A “Associacion de Clubes de Baloncesto” foi criada em 1982 pelos principais clubes de basquetebol de Espanha e é responsável, desde a época de 1983/84, pela organização da prova mais importante do basquetebol espanhol em substituição da Federação Espanhola de Baloncesto. Tendo como principal objectivo a modernização e profissionalização da Liga ACB foi possível introduzirem-se, ao longo da sua existência, as necessárias transformações que levaram a que Liga profissional dos nossos vizinhos seja, hoje em dia, considerada a segunda melhor liga nacional, a nivel internacional, depois da NBA.
Actualmente, a Liga ACB ou Liga Endesa (por força do acordo de patrocínio com esta empresa) é constituída por 18 clubes que jogam em pavilhões modernos com a seguinte capacidade: Real Madrid (15.000 espectadores), Baskonia Vitoria (15.504), FC Barcelona (7.585), Valencia Basket (8.500), Gran Canaria (9.870), Fuenlabrada (5.100), Unicaja Malaga (11.300), BC Andorra (5.000), Tenerife (5.000), UCAM Murcia (7.340), Obradoiro (5.060), Gipuzkoa (11.000), Estudiantes Madrid (15.000), Zaragoza (10.740), Bilbao Basket (10.000), Burgos (9.450), Real Betis Sevilha (7.620) e Joventud Badalona (8.500), com enchentes na maioria dos jogos.
A competição da elite dos clubes espanhóis é realizada em duas fases, a primeira a “fase regular” em que todas as equipas jogam entre si (34 jornadas) e que termina a 24 de Maio. A segunda fase, no sistema de playoffs, para os quais são apuradas as oito equipas melhor classificadas da fase anterior, estão marcados para as seguintes datas:
- Quartos de final (à melhor de 3 jogos): 1º jogo (27/28 Maio), 2º jogo (29/30 Maio), 3º jogo (31 Maio/1 Junho).
- Meias finais (à melhor de 5 jogos): 1º jogo (3/4 Junho), 2º jogo (5/6 Junho), 3º jogo (7/8 Junho), 4º Jogo (9/10 Junho) e 5º jogo (11/12 Junho).
- Playoff Final (à melhor de 5 jogos) a realizar nos dias 13, 15, 18, 20 e 22 de Junho.
Nesta altura do campeonato, ainda a oito jornadas do final da fase regular, já é possível ter uma ideia aproximada das equipas que irão ficar apuradas para os playoffs face á actual classificação:
Real Madrid (23 vitórias-3 derrotas),
Baskonia (19-7),
Barcelona (18-8),
Valencia (17-9),
Unicaja (15-11),
Basket Andorra (15-11),
Gran Canaria (15-11),
Fuenlabrada (15-11),
Tenerife (14-12),
Murcia (14-12),
Estudiantes (12-14),
Obradoiro (11-15),
Gipuzkoa (10-16),
Zaragoza (8-18),
Burgos (8-18),
Bilbao Basket (7-19),
Real Betis (7-19)
Joventud Badalona (6-20).
Não foi por obra do acaso, que a Liga ACB alcançou um nível competitivo tão elevado que faz com que os seus jogos sejam televisionados, em directo ou diferido, para mais de 130 países através de diversos canais, tais como: FOX Africa, Kuwait Sport TV, SportMax, Eleven Sports Network, Arena Sport, Fox Sports Latam, DAZN, OTE Sport, CytaVision, Charlton TV, Premier Sports, SportKlub, Tivibu Spor, Elisa, Silknet.

Entre nós, também já existiu uma liga profissional de basquetebol, a Liga dos Clubes de Basquetebol (LCB), que durante anos deu boa resposta aos anseios dos principais clubes nacionais. Contudo, o inesperado falecimento do mentor do projecto, Manuel CastelBranco, que foi membro da Comissão Instaladora (1988 e 1989), Presidente do Conselho Fiscal (1989 a 1991), membro da Direcção (1992 e 1993) e Director Executivo da LCB (a partir de 1 Agosto 1993) e a ânsia de protagonismo de algumas pessoas, fez com que fôsse a própria federação a propôr a extinção da LCB. Actualmente, existe uma prova nacional designada por campeonato da Liga Portuguesa de Basquetebol (oficialmente não existe nenhuma liga de clubes), organizado pela FPB, que perdeu o comboio do desenvolvimento das ligas profissionais verificado no continente europeu. Agora, os melhores clubes portugueses só têm acesso ás provas organizadas pela FIBA, que correspondem ao 3º e 4º escalão a nível europeu. Resta-nos a consolação de ter dois experientes juízes portugueses, Fernando Rocha e Sérgio Silva, a actuar com regularidade, ao mais alto nível, nas competições da Euroliga e da EuroCup."