sexta-feira, 13 de abril de 2018

Futebol com reflexão - no jogo de campeão

"Além de emoção, de manifestação global, envolvente e sedutora, o futebol tem uma linguagem de sentidos e de palavras que é um bom exemplo de esperanto. Arte e engenho, inteligência e técnica, táctica e movimentação, esforço e estratégia, assim se cria um espaço de sonho objectivo, sem fingidores, porque ao vivo e em directo… Só é enganado quem fechar os olhos.
Como tesouro da Humanidade, exige-se conhecimento, dedicação e sabedoria, para uma constante progressão. Fanatismos e fundamentalismos (que chegam ao limite de impedir que adeptos de clubes diferentes se possam sentar juntos, com os cachecóis, camisolas e bandeiras das suas preferências) são vestígios de horror por vencer, de ignorância por resolver.
A todos os níveis, detectam-se atitudes louváveis (raramente divulgadas) e muitas arbitrariedades destrutivas (que conquistam audiências incompreensíveis).
São vários os protagonistas do jogo que deixam marcas exemplares ainda que, paradoxalmente, cresça o número daqueles que são ferozes a desarmar a ética, violentos nas entradas sobre a responsabilidade, agressivos contra o espírito desportivo, lesionados por tanta atracção pelo abismo, pelo lado primitivo que impede o pensamento… E sem cartão amarelo, no mínimo.
A evolução dos tempos nunca é linear e, por isso, sucedem-se fases que aperfeiçoam evoluções.
No próximo jogo SLB x FCP joga-se com uma probabilidade muitíssimo elevada, o destino de um título nacional.
Jogo sempre marcante e que atrairá atenções de todo o país e não só.
Por outro lado, o jogo acontece num momento de quebra do equilíbrio emocional e num contexto caótico, que se arrasta há demasiado tempo, onde um “clima de guerra descontrolada” revela a evidente incapacidade de muitos, em particular das entidades que tutelam o futebol.
Divergências são salutares; desentendimentos, suspeições e faltas dentro da área da responsabilidade, ameaçam a credibilidade e o futuro do próprio desporto.
Num jogo de equipa, os génios destacam-se mas nunca se podem sobrepor ao colectivo: fazem parte do todo. E neste caso, não se trata de génios mas de líderes, a quem uma “corte” elogiosa e sedenta de brilho ocasional apoia, eliminando críticas com omissões de contraditório.
Quais comissários de passados horrendos, serão os primeiros a fugir quando a pirâmide ameaçar ruir. 
Voltemos ao jogo.
SLB e FCP disputarão o jogo praticamente decisivo (embora a última eliminatória da Champions, felizmente, deu nova dimensão e sentido ao termo decisivo).
Jogo que envolve milhares de pessoas concentradas, deslocações, planos de segurança e que carece de organização sem falhas.
Que os protagonistas, particularmente dentro das quatro linhas, sejam excelentes, dignos, correctos, intensos, sem ”fitas desprestigiantes” e que tenham bem presentes as implicações que atitudes sem dignidade nem verdade podem causar. Que o jogo seja exigente, disputado, transparente e verdadeiro, ou seja, sem intervenções que subvertam o seu andamento.
A ética, como presença indispensável, não pode ser ferida com atitudes de quem não está preparado para assumir essa função de participante no jogo.
Os adversários são profissionais do mesmo ofício, os árbitros terão de ser sempre exigência e garantia da verdade desportiva e o acessório não pode “lesionar” o essencial. Compreensão para o clima emocional que o jogo cria naturalmente, mas sempre o rigor, a coerência e transparência nas decisões. 
Naturalmente, todos têm preferência por um resultado favorável para as suas cores, mas que um dos maiores vencedores seja o futebol, com o golo imprescindível da verdade desportiva.

“O SISTEMA 1
Os funcionários não funcionam.
Os políticos falam, mas não dizem.
Os votantes votam, mas não elegem.
Os meios de informação desinformam.
Os centros de ensino ensinam a ignorar.
Os juízes condenam as vítimas. (…)
As pessoas estão ao serviço das coisas.”
(Eduardo Galeano, “O Livro dos Abraços”, Antígona, 2018;129)

Com base na ideia de Galeano é possível reconstruir um texto relativo ao estado actual do nosso futebol e não só. Pelo menos que sirva de alerta.
Atrevo-me a deixar duas sugestões, certamente muito discutíveis:
1 - Atendendo ao estado de suspeição e agressividade contínua, quase podemos afirmar que ganhe quem ganhar, haverá sempre um lado a discordar e a imputar culpas a alguém, a duvidar da seriedade das decisões, aprofundando suspeições para níveis potencialmente com risco de violência. A arbitragem, muito por culpa própria mas também por exagero de outros protagonistas (que deveriam dar exemplos positivos em vez de espectáculos deprimentes), neste momento deveria ser protegida, evitando situações com eventual gravidade.
FCP e SLB são equipas habituadas a jogarem na Champions e em torneios internacionais.
Para este jogo não se poderia ter contratado árbitro de outro país, prestigiado internacionalmente? 
Pelo menos ganhava-se um tempo de acalmia, de salvaguarda da arbitragem nacional e de segurança dos próprios árbitros. Sei que podem considerar um desprestígio para o sector, mas a ausência de árbitros de campo no próximo Mundial confirma essa realidade que temos de saber inverter.
Será que não poderia permitir uma reflexão profunda e uma preparação intensiva e qualificada para a próxima época?
2 - Acusações constantes de manipulação de imagens, interpretações inclinadas perante decisões dos árbitros e a defesa da transparência não poderiam ter levado a negociações (não tenho certeza se possíveis) para que esse jogo do título fosse também transmitido em canal público aberto?
Muito se reduziam as novelas posteriores de mau dizer e mau olhar.
Volto a acrescentar que a arbitragem precisa de bons ventos e mar calmo para se preparar para temporais que sempre surgem.
Nunca pretendi desvalorizar a arbitragem nacional mas somente sugerir medidas que possibilitem uma janela de concórdia, de pacificação, para na próxima época, termos também árbitros mais consistentes, critérios mais rigorosos e uniformizados e tempo para preparação dos árbitros nas diversas valências das suas acções.
Arbitrar é sempre exigente, complexo e contestado (mesmo injustamente).
Esta época que está a terminar foi um ano horrível para o sector, com episódios lamentáveis, evitáveis e ainda a revelar que urge aperfeiçoar muitos aspectos.
Enquanto o árbitro não for um agente reconhecido pelo rigor, pela imparcialidade, pela competência e pela efectiva importância para o futebol, temos muito que fazer, sem cair na tentação de tratar assuntos sérios em publicações nas redes sociais que, sem responsabilização, alargam pântanos já existentes e, como recentemente, podem dar origem a situações explosivas e incontroláveis. 

Finalmente, com base em notícias de jornais, para não ficar a ideia de desvalorizar o que é nosso, o que acham de um Presidente da FIFA que recebeu uma oferta superior a 20 mil milhões de euros para vender os direitos do primeiro Mundial de Clubes - 2021?
Convém acrescentar que o Presidente da FIFA, por acordo de confidencialidade, não divulga o autor da proposta, embora se saiba ter como base o Médio Oriente e a Ásia!
A FIFA nunca vendeu, ao longo da sua existência, o controlo das competições que organiza. 
Transparência não é provavelmente e obscuridade será certamente.
Poiares Maduro deverá estar a sorrir, com sabor a triunfo anunciado e confirmado."


PS: Não posse de notar a minha estranheza, como pessoas supostamente esclarecidas, conseguem ter comportamentos bipolares: o autor desta crónica é um defensor de Jorge Nuno Pinto da Costa, nunca li uma frase da sua autoria, condenando as atitudes do seu Presidente... e depois, consegue escrever este texto...
Apesar do 'alvo' pretendido ser o Benfica, não deixa de ser uma excelente analise, à influência nefasta no Tugão, da postura e das atitudes iniciadas pelo Pedroto e continuadas pelo Pintinho... 'mal' adaptadas pelo Babalu!!!
'Gostei' particularmente do 'não vamos atribuir culpas' (quando o Insolvente o o Pug são os principais culpados pelo clima que se vive no Tugão...); e da transmissão do jogo em canal aberto (a ignorância não tem limites...!!!

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