segunda-feira, 12 de março de 2018

Lixívia 26

Tabela Anti-Lixívia
Benfica ........ 65 (-4) = 69
Corruptos.... 67 (+11) = 56
Sporting .... 62 (+15) = 47

Existem aparentemente duas faltas no 1.º golo dos Lagartos: fora-de-jogo parece 'fácil', mas após vista mais apertada não está fora-de-jogo, a perna do Nuno André Coelho está em cima da linha da pequena área; agora temos 'mãos' do Bas Dost em cima dos ombros do Djavan... impossível o VAR não ter visto!
Mas pronto, se o Hugo Macron até fez uma actuação razoável, o Verdíssimo lá salvou o seu Clube no VAR... Em mais uma jornada, onde ambos os árbitros eram Lagartos assumidos!!!
Ridículos descontos de tempo, no final da partida: o penalty a favor do Chaves, foi assinalado aos 88, com a verificação do VAR o penalty só foi convertido depois dos 90, o jogo só recomeçou aos 91.30... e o Macron dá 3 minutos, quando nem sequer 2 minutos se jogou!!!
Parece que o Capela não teve seguidores!!!

Em Paços o Paixão até não esteve mal!!! Voltou a perdoar vários cartões ao Felipe vale tudo... no penalty deixou-se 'comer', o Felipe arrasta a perna, mas até se aceita a decisão...
Agora, vamos ver se teve 'tomates' para escrever no relatório aquilo que viu e ouviu no final da partida!!!

Na Luz, Rui Costa, trazia a 'encomenda' bem preparada, o facto do Benfica ter tardado em marcar o 1.º, só lhe dei ainda mais motivação!!!
Além dos Amarelos perdoados, destaco as 'lei das vantagens' só quando é conveniente ao adversário do Benfica!!!

Anexos:
Benfica
1.ª-Braga(c), V(3-1), Xistra (Verissímo), Prejudicados, (4-1), Sem influência no resultado
2.ª-Chaves(f), V(0-1), Sousa (Tiago Martins), Prejudicados, (0-3), Sem influência no resultado
3.ª-Belenenses(c), V(5-0), Rui Costa (Vasco Santos), Beneficiados, Sem influência no resultado
4.ª-Rio Ave(f), E(1-1), Hugo Miguel (Veríssimo), Prejudicados, Impossível contabilizar
5.ª-Portimonense(c), V(2-1), Gonçalo Martins (Veríssimo), Prejudicados, (4-0), Sem influência no resultado
6.ª-Boavista(f), D(2-1), Soares Dias (Esteves), Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
7.ª-Paços de Ferreira(c), V(2-0), Xistra (Hugo Miguel), Nada a assinalar
8.ª-Marítimo(f), E(1-1), Sousa (Godinho), Prejudicados, (1-2), (-2 pontos)
9.ª-Aves(f), V(1-3), Almeida (Vítor Ferreira), Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
10.ª-Feirense(c), V(1-0), Godinho (Xistra), Prejudicados, (2-0), Sem influência no resultado
11.ª-Guimarães(f), V(1-3), Soares Dias (Malheiro), Prejudicados, (1-4), Sem influência no resultado
12.ª-Setúbal(c), V(6-0), Godinho (Pinheiro), Prejudicados, Beneficiados, (8-0), Sem influência no resultado
13.ª-Corruptos(f), E(0-0), Sousa (Hugo Miguel), Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
14.ª-Estoril(c), V(3-1), Pinheiro (Manuel Oliveira), Beneficiados, Sem influência no resultado
15.ª-Tondela(f), V(1-5), Tiago Martins (Malheiro), Nada a assinalar
16.ª-Sporting(c) E(1-1), Hugo Miguel (Tiago Martins), Prejudicados, (5-0), (-2 pontos)
17.ª-Moreirense(f), V(0-2), Mota (Godinho), Nada a assinalar
18.ª-Braga(f), V(1-3), Soares Dias (Godinho), Prejudicados, (1-4), Sem influência no resultado
19.ª-Chaves(c), V(3-0), Esteves (Vasco Santos), Prejudicados, (5-0), Sem influência no resultado
20.ª-Belenenses(f), E(1-1), Paixão (Rui Oliveira), Nada a assinalar
21.ª-Rio Ave(c), V(5-1), Manuel Oliveira (Vítor Ferreira), Prejudicados, Sem influência no resultado
22.ª-Portimonense(f), V(1-3), Xistra (Rui Oliveira), Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
23.ª-Boavista(c), V(4-0), Tiago Martins (Malheiro), Prejudicados, (5-0), Sem influência no resultado
24.ª-Paços de Ferreira(f), V(1-3), Veríssimo (Esteves), Prejudicados, (1-7), Sem influência no resultado
25.ª-Marítimo(c), V(5-0), Malheiro (António Nobre), Nada a assinalar
26.ª-Aves(c), V(2-0), Rui Costa (Rui Oliveira), Nada a assinalar

Sporting
1.ª-Aves(f), V(0-2), Tiago Martins (Pinheiro), Nada a assinalar
2.ª-Setúbal(c), V(1-0), Paixão (Hugo Miguel), Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
3.ª-Guimarães(f), V(0-5), Hugo Miguel (Sousa), Nada a assinalar
4.ª-Estoril(c), V(2-1), Godinho (Tiago Martins), Beneficiados, Impossível contabilizar
5.ª-Feirense(f), V(2-3), Soares Dias (Tiago Martins), Nada a assinalar
6.ª-Tondela(c), V(2-0), Manuel Oliveira (Tiago Martins), Nada a assinalar
7.ª-Moreirense(f), E(1-1), Godinho (Pinheiro), Beneficiados, (2-0), (+1 ponto)
8.ª-Corruptos(c), E(0-0), Xistra (Hugo Miguel), Nada a assinalar
9.ª-Chaves(c), V(5-1), Rui Costa (Esteves), Beneficiados, Prejudicados (5-2), Sem influência no resultado
10.ª-Rio Ave(f), V(0-1), Sousa (Capela), Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
11.ª-Braga(c), E(2-2), Xistra (Rui Costa), Beneficiados, (1-4), (+1 ponto)
12.ª-Paços de Ferreira(f), V(1-2), Tiago Martins (Xistra), Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
13.ª-Belenenses(c), V(1-0), Almeida (Godinho), Nada a assinalar
14.ª-Boavista(f), V(1-3), Godinho (Vasco Santos), Nada a assinalar
15.ª-Portimonense(c), V(2-0), Capela (Xistra), Nada a assinalar
16.ª-Benfica(f), E(1-1), Hugo Miguel (Tiago Martins), Beneficiados, (5-0), (+ 1 ponto)
17ª-Marítimo(c), V(5-0), Xistra (Esteves), Nada a assinalar
18.ª-Aves(c), V(3-0), Pinheiro (Sousa), Beneficiados, (2-1), Impossível contabilizar
19.ª-Setúbal(f), E(1-1), Veríssimo (António Nobre), Beneficiados, Sem influência no resultado
20.ª-Guimarães(c), V(1-0), Godinho (Hugo Miguel), Nada a assinalar
21.ª-Estoril(f), D(2-0), Mota (Luís Ferreira), Nada a assinalar
22.ª-Feirense(c) V(2-0), Luís Ferreira (Manuel Oliveira), (1-0), Beneficiados, Sem influência no resultado
23.ª-Tondela(f), V(1-2), Capela (Esteves), Beneficiados, (2-1), (+3 pontos)
24.ª-Moreirense(c), V(1-0) , Tiago Martins (Xistra), PrejudicadosBeneficiados, (0-0), (+2 pontos)
25.ª-Corruptos(f), D(2-1), Soares Dias (Pinheiro), Prejudicados, (2-2), (-1 ponto)
26.ª-Chaves(f), V(1-2), Hugo Miguel (Veríssimo), Beneficiados, (2-2), (+ 2 pontos)

Corruptos
1.ª-Estoril(c), V(4-0), Hugo Miguel (Luís Ferreira), Nada a assinalar
2.ª-Tondela(f), V(0-1), Veríssimo (Malheiro), Beneficiados, Impossível contabilizar
3.ª-Moreirense(c), V(3-0), Manuel Oliveira (Tiago Martins), Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
4.ª-Braga(f), V(0-1), Xistra (Esteves), Beneficiados, Impossível contabilizar
5.ª-Chaves(c), V(3-0), Rui Oliveira (Hugo Miguel), Nada a assinalar
6.ª-Rio Ave(f), V(1-2), Sousa (Godinho), Nada a assinalar
7.ª-Portimonense(c), V(5-2), Luís Ferreira (Sousa), Nada a assinalar
8.ª-Sporting(f), E(0-0), Xistra (Hugo Miguel), Nada a assinalar
9.ª-Paços de Ferreira(c), V(6-1), Manuel Oliveira (Veríssimo), Beneficiados, (5-1), Sem influencia no resultado
10.ª-Boavista(f), V(0-3), Hugo Miguel (Tiago Martins), Nada a assinalar
11.ª-Belenenses(c), V(2-0), Veríssimo (Luís Ferreira), Beneficiados, (0-2), (+3 pontos)
12.ª-Aves(f), E(1-1), Rui Costa (Esteves), Nada a assinalar
13.ª-Benfica(c), E(1-1), Sousa (Hugo Miguel), Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
14.ª-Setúbal(f), V(0-5), Tiago Martins (Rui Oliveira), Beneficiados, (0-3), Impossível contabilizar
15.ª-Marítimo(c), V(3-1), Mota (António Nobre), Nada a assinalar
16.ª-Feirense(f), V(1-2), Veríssimo (Paixão), Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
17.ª-Guimarães(c), V(4-2), Soares Dias (António Nobre), Prejudicados, Beneficiados, (4-2), Impossível contabilizar
19.ª-Tondela(c), V(1-0), Godinho (Soares Dias), BeneficiadosPrejudicados, (2-0), Impossível contabilizar
20.ª-Moreirense(f), E(0-0), Luís Ferreira (Manuel Oliveira), Nada a assinalar
21.ª-Braga(c), V(3-1), Hugo Miguel (Almeida), Prejudicados, (4-1), Sem influência no resultado
22.ª-Chaves(f), V(0-4), Soares Dias (Mota), Beneficiados, Prejudicados, (3-0), (+3 pontos)
23.ª-Rio Ave(c), V(5-0), Xistra (Rui Oliveira), Nada a assinalar
18.ª-Estoril(f), V(1-3), Vasco Santos (Luís Ferreira), Beneficiados, (1-0), (+3 pontos)
24.ª-Portimonense(f), V(1-5), Sousa (Hugo Miguel), Beneficiados, (1-4), Sem influência no resultado
25.ª-Sporting(c), V(2-1), Soares Dias (Pinheiro), Beneficiados, (2-2), (+2 pontos)
26.ª-Paços de Ferreira(f), D(1-0), Paixão, (Xistra), Nada a assinalar 

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2016-2017
2015-2016

Uma semana entre castores e toupeiras

"O Paços de Ferreira ajudou a desmontar a narrativa mais imbecil do futebol português da actualidade, baseada em teorias da conspiração.

A derrota do FC Porto em Paços de Ferreira remete-nos para o debate mais estúpido desta época, no futebol português: a alegada menor aplicação desta ou daquela equipa contra os grandes. Já basta a incrível diferença de meios entre uns e outros, não há necessidade, dentro dos limites da decência, para se procurar, através de teses cabalísticas, a razão para alguns resultados surpreendentes, face à lógica, seja do FC Porto em Paços de Ferreira, do Benfica no Restelo ou do Sporting no Estoril. Os pequenos querem sempre pontuar, a maior parte das vezes não conseguem. É isso e só isso. E quanto aos grandes, melhor farão se procurarem as culpas próprias nessas partidas menos conseguidas em vez de alinharem em estapafúrdias teorias da conspiração, que deixam mal especialmente os jogadores. E quando  houver matéria, no futebol, para investigação (está a decorrer em Portugal um processo de match-fixing com contornos gravíssimos), investigue-se, dando à justiça o que é da justiça, sem tirar ao futebol o que é do futebol.
Luís Filipe Vieira deu a cara após o jogo com o Desportivo das Aves, saindo em defesa das teses do clube, com promessas de uma atitude proactiva, de ora em diante, no que respeita aos múltiplos casos em que o nome do Benfica está envolvido.
Fez bem, Vieira, ao fazer prova de vida, quebrando um silêncio por demais ensurdecedor.
A luta do Benfica - e o reconhecimento das manchas que passaram a sujar a marca foi um passo importante, que contraria o estado de negação em que o clube parecia apostado - vai ser, contudo, árdua e ingrata. Perante os vários processos que correm na justiça, aos encarnados não resta senão manterem-se firmes na defesa das suas teses, sabendo, contudo, que, por um lado, o timing da investigação e dos tribunais é inevitavelmente lento, o que potencia os julgamentos de praça pública; por outro, que as máquinas de comunicação dos inimigos (e neste caso seria despropositado falar em adversários), bem oleadas e implacáveis, não irão dar tréguas. Percebe-se que o Benfica decida, nesta fase, seguir em frente, em ordem unida, apelando à coesão contra os ataques externos. Mas, ao mesmo tempo, não pode deixar de proceder a exercícios de autocrítica, essenciais para optimização de processos.

Ás
Rui Vitória
O Benfica vai sem seis vitórias seguidas na I Liga (22 golos marcados e três sofridos), mantendo-se na corrida pelo primeiro lugar. Numa fase, conturbada da vida do clube, a capacidade que está a ser demonstrada por Rui Vitória de deixar ser registada e elogiada.

Ás
Cristiano Ronaldo
O português chega a esta fase da época em grande forma, o que abre boas perspectivas europeias ao Real Madrid e mundiais a Portugal. Em boa hora Zidane foi capaz de convencer o madeirense a resguardar-se mais fisicamente, de maneira a chegar na melhor condição aos momentos importantes. Portugal agradece.

Ás
Vieira/Felgueiras
O amarantino Miguel Vieira, 27 anos, candidatou-se a ser uma das figuras desta I Liga de 2017/18, não só ao marcar o golo que sancionou a primeira derrota do FC Porto na prova, como ainda ao celebrá-lo à maneira de Cristiano Ronaldo. Honra também a Mário Felgueiras, que parou um penalty e Brahimi. Não é todos os dias...

Nova frente de combate, desta feita, a Briosa
«É preciso saber (...) se os dirigentes da Académica sabiam que ia haver uma ajudinha do Benfica a troco de uns votos na AG da Liga»
Nuno Saraiva, director de comunicação do Sporting
A Académica ainda não constava da longa lista de confrontos em que o Sporting se tem empenhado. Essa lacuna acabou de ser preenchida pelo director de comunicação leonino, que de uma penada fez o pleno: lançou suspeições sobre o Benfica B - Académica e viu ambos os clubes a agir judicialmente contra ele. Mais achas para a fogueira. Sic transit gloria mundi...

O fungágá da bicharada
«Assim como exijo que, quando fale (Francisco J. Marques), fale dessas situações e não fale de futebol. Repito: de futebol, falo eu e o presidente». Sérgio Conceição, autor da frase atrás transcrita, não podia ser mais claro, num caso que tem a ver com Iker Casillas. Disse, a propósito de 'el santo', o director de comunicação do FC Porto: «Por exemplo, o contrato com o Casillas é um contrato muito elevado. Vamos pagar até ao fim, religiosamente, não temos alternativa. Quando o contrato terminar, vamos ter um folga de alguns milhões de euros anuais». Ou seja, Francisco J. Marques deu guia de marcha a Casillas e Sérgio Conceição tratou de pô-lo no sítio. Pelo respeito que Iker Casillas deve merecer e, também, pela importância crucial que tem neste FC Porto que luta pelo título. Parafraseando Sérgio Conceição, «toda a bicharada fica fora do Olival, sejam toupeiras, seja o que for...».

E o râguebi francês fez prova de vida...
Num jogo de final dramático, a França derrotou a Inglaterra para o Torneio das Seis Nações e o 'L'Équipe' tratou de fazer manchete com um feito importante numa rivalidade com 112 anos e 104 jogos. Nas contas finais do torneio, a Irlanda sagrou-se vencedora (com ou sem Grand Slam, logo se saberá em Twickenham...)."

José Manuel Delgado, in A Bola

O descontrolo de Conceição

"O FC Porto sofreu a primeira derrota em competições nacionais e, com 8 jornadas para disputar na Liga, viu o Benfica ficar a 2 pontos de distância e até o Sporting poder hoje reduzir para 5 caso vença em Chaves. Ou seja, o campeonato estava ‘sob controlo’ e, de repente, deixou de estar. Só pode ter sido o estado de frustração que daí resulta que levou Sérgio Conceição a fazer violentas críticas um colega de profissão. O técnico é hoje um homem – e um líder – mais equilibrado e sensato do que há uns anos, mas continua a ter dificuldades em controlar o estado emocional sempre que surgem contrariedades. A recusa em cumprimentar João Henriques, treinador do Paços de Ferreira, e as críticas que posteriormente lhe fez confirmam que Sérgio Conceição tem muito para melhorar.
O treinador do FC Porto deve lamentar, isso sim, a falta de eficácia e de ideias para desmontar a estrutura defensiva do adversário. O Benfica, há 15 dias, também esteve ali a perder, mas encontrou soluções para virar o resultado. Conceição não deve agarrar-se à questão do antijogo por duas razões. 1ª Ele próprio fez igual ou parecido quando estava em equipas mais modestas, como o Olhanense ou a Académica. 2ª Os 3 pontos em disputa eram tão importantes para um treinador como para o outro. A menos que o problema já venha daquele empate (0-0) que, em Outubro, o Leixões de João Henriques foi arrancar ao Dragão..."

Coragem de André Gomes é mais uma razão para voltarmos a acreditar no seu futebol

"Médio deu o primeiro passo para sair do isolamento com uma entrevista honesta e preocupante. 

Gosto de André Gomes, e gosto do futebol de André Gomes.
Respeito todas as opiniões, mas esta é a minha e fico-me com ela.
Não é um futebol de rasgo, de grandes correrias ou de dribles infindáveis. É um futebol sim de apoios. Mais posicional no sentido do jogo disposicional de Juanma Lillo, em que procura dar sempre uma solução ao colega com a bola, e que por vezes deixa – admito – algumas dúvidas no ar. As suas exibições não são feitas só de afirmações retumbantes.
O André deixou no Benfica a questão da tal falta de intensidade, que foi contrariando depois no Valência ao ponto de assinar por uma equipa de super-estrelas como o Barcelona. Continuo a achar que é e será sempre um jogador extremamente útil.
Há os craques, e os que os suportam, e André Gomes tem (e terá durante quase toda a carreira) esse papel de actor secundário.
A entrevista que deu à revista «Panenka» é surpreendente pela abertura e, também por isso, preocupante. Ao abrir-se ao mundo, o internacional português mostra-se num estado em que não o imaginávamos ainda. Ao revelar-se, combate felizmente a solidão que muitas vezes é a maior amiga da depressão.
O futebolista acredita que a própria entrevista poderá ser o ponto de viragem para o regresso aos bons momentos. Honesta, pura, corajosa, tem tudo para sê-lo. André Gomes dificilmente agora se sentirá sozinho, sobretudo numa equipa como o Barça.
A vida de um futebolista não é uma linha contínua feita de sucesso, salvo um ou outro exemplo. Ao longo dos últimos meses, tem-se notado inclusive no meio-campo da Selecção, com jogadores como Renato Sanches e João Mário a passarem por maus momentos, depois de já terem mostrado talento de sobra.
Ao falar de forma tão corajosa e aberta, André Gomes está a fazer um alerta a si próprio para reagir, e irá dar felizmente, como tantos outros, a volta por cima. Eu acredito."

Sempre a velha doença bipolar

"É já um clássico. Quase todos os agentes desportivos, adeptos incluídos, sofrem de uma espécie de doença bipolar: tão depressa vivem nas nuvens como entram em depressão.
O caso de Casillas é paradigmático. Quando o FC Porto o conseguiu contratar, a euforia foi total. Pela categoria do jogador, pela dimensão da marca, que ultrapassa o estatuto futebolístico, pela projecção mundial dos dragões, que claramente aumentou. Poucos valorizaram o esforço financeiro feito pelos portistas, tínhamos o Iker connosco e o resto era conversa.
Porque o título de campeão não chegou e pelo facto de o guarda-redes não poder, só por si, ganhar os jogos, o entusiasmo esfriou ao cabo da segunda temporada. Isso preparou o terreno para que a sua partida não fosse vista como um problema e alimentou também a teoria, errada como se veria, de que José Sá – esquecido o erro de anterior aposta em Fabiano – poderia significar o mesmo para a equipa e por muito menos dinheiro. E foi fácil a Sérgio Conceição afastar Casillas, deixando a ideia de que não teria já a motivação de outrora e pior – como aqui salientei na altura – que ele não se empenharia nos treinos de modo a justificar a titularidade. Estava acabado e pronto.
A oportunidade era boa, Janeiro aproximava-se, mercado para Casillas ainda existia e uma poupança de 5 milhões de euros seria providencial numa sociedade desportiva que precisa desesperadamente de reequilibrar as finanças. Então, a comunicação social não falhou aos portistas, sublinhando o afastamento e alimentando o divórcio iminente: Iker era demasiado caro e demasiado importante – e não aguentaria o facto de ter sido preterido. Desprezá-lo foi a decisão, tocar-lhe no profissionalismo um pobre achado.
Correu-lhes mal. Casillas não é um mercenário, nem um badameco, é uma estrela. Basta acompanhar a sua conta no Twitter para se ver a qualidade do bicho. Aceitou a decisão de Sérgio, recusou sair, concentrou-se no trabalho, manteve a positiva e irrepreensível atitude que precede a aceitação e admiração que provoca no grupo, e tornou-se, naturalmente, num capitão sem braçadeira. Depois, veio ao de cima o inevitável: uma exibição menos feliz de José Sá. Era o tempo para Sérgio Conceição virar a agulha – e dar a Iker o lugar que lhe tinha tirado, não a importância que, em boa verdade, nunca perdera.
Duas ou três actuações no seu patamar bastaram para que Casillas voltasse a ser motivo de sonho. Já não está acabado, vistas bem as coisas nem será assim tão caro, tendo em conta a segurança que proporciona à equipa. O melhor, se calhar, era renovar-lhe o contrato – "quem me dera", diz Pinto da Costa, quebrando o silêncio mortal da fase depressiva –, evitar a lotaria de procurar um substituto e dar tempo a José Sá para vir a ser o que ainda não é. Com a derrota de ontem, a necessidade agudizará o engenho e a palavra de ordem vai ser convencer Iker a baixar o salário e a ficar. Os mauzões de ontem são hoje, de novo, os cordeirinhos que o receberam com foguetório."

Pais e treinadores tóxicos

"Levava aquilo tão a sério que passava o tempo a criticar e a exigir demasiado da pobre criança

Gosto muito de jogar ténis e quando engravidei pela primeira vez ainda o fiz enquanto o médico permitiu. Quando nasceu o rebento levávamo-lo no ovo e quando fez dois anos recebeu uma raquete e jogava connosco. Era uma confusão mas ainda dava para nos divertirmos. Várias vezes o campo ao lado estava ocupado por um pai que ia treinar a filha de seis ou sete anos. E aí o prazer de estar a jogar descontraidamente no meio da natureza desvanecia-se. Como eu disse o pai ia treinar a filha, não ia jogar com ela ou passar um bom bocado. Levava aquilo tão a sério que passava o tempo a criticá-la e a exigir demasiado da pobre criança, que devia ter o mesmo prazer naquilo que eu tinha a comer a sopa com a idade dela. Sempre tive ideia de que seria um tenista frustrado que queria através da descendente conquistar o título. Esta, por seu lado, não me parecia ter a mesma ambição e quase aposto que se pudesse escolheria outro lugar para estar naquela altura.
Com o passar dos anos os nossos jogos de ténis foram sendo cada vez mais raros. O bebé do ovo e os que nasceram depois cresceram e há uns meses acedemos a que os mais velhos fossem para o futsal. Implica algum esforço porque os treinos são tarde e em diferentes horários, mas a vontade e entusiasmo eram tantos que não foi possível continuar a resistir. Dá um gozo enorme vê-los a equiparem-se todos entusiasmados, ver os mais novos a passarem os treinos felizes a saltitar atrás da bola e o mais velho concentrado e a esforçar-se para ser um bom jogador. Mas mais uma vez essa alegria começou a ser condicionada por progenitores obstinados. Ao pé de mim costuma sentar-se o pai de um menino de seis anos que passa os treinos a pressioná-lo. «Faz isto, faz aquilo! Péssimo! Para isso estavas a jogar à bola na rua!». O desgraçado do miúdo passa o treino sob tensão e sempre que falha dirige um olhar envergonhado ao pai, que abana a cabeça com desilusão.
Se pelo contrário faz uma coisa bem feita o pai fica estático com a cabeça ligeiramente levantada, fazendo lembrar uma esfinge, como se a criança tivesse feito apenas aquilo que lhe competia. Se a pressão dos pais é tóxica e contraproducente, o que dizer da atitude de alguns treinadores malogrados que gostariam de estar na primeira divisão e gritam de tal forma com as crianças que em torneios as equipas adversárias quase preferem perder a assistir àquele martírio?
Praticar desporto tem à partida vantagens ao nível físico, psicológico, intelectual e social. Isto se a criança praticar uma atividade de que gosta, se tiver prazer na mesma, com um treinador que se sente realizado no que faz e pais que a respeitam, bem como ao treinador e aos árbitros – pais demasiado interventivos deverão ficar fora de cena. Se em vez disto a criança praticar um desporto de que não gosta ou passar os treinos a ser bombardeada com a pressão dos outros, isto criará um sentimento de insatisfação e aniquilará todas as vantagens que poderia ter. Expectativas exageradas e desadequadas são inalcançáveis e malignas. Porque não visam o bem-estar da criança, mas colmatar uma frustração pessoal que ficou mal resolvida e corre o risco de passar para a geração seguinte."

Isto está fino!

"Fora do campo pratica-se um jogo obscuro.

O futebol nunca esteve assim O Sporting nunca teve um presidente com o descaramento e a falta de decoro de Bruno de Carvalho. O FC Porto cometeu a tremenda imprudência de pagar uma dívida antiga ao clube com quem ia disputar na semana seguinte um jogo importante. E o Benfica, além de ter o seu presidente envolvido em vários casos complicados, foi alvo de cinco buscas judiciais nos últimos meses.
A par disto, os debates televisivos sobre futebol nunca ocuparam tanto espaço e nunca foram tão acesos. E os comentadores assumiram-se definitivamente como advogados de defesa dos respectivos clubes. Até aqui, só falavam dos penáltis e dos offsides. Agora defendem os seus presidentes e outros funcionários com unhas e dentes em casos que nada têm que ver com o futebol.
Dentro das quatro linhas, as coisas também estão a mudar por causa do VAR. Agora, quando há um golo, a multidão fica em suspenso para saber se será validado. As polémicas que antes envolviam apenas as decisões dos árbitros passaram a envolver igualmente o VAR. Se já eram feias, agora são duplamente feias. O mau ambiente no futebol tende a assumir proporções nunca vistas, pois no centro do fenómeno futebolístico estão hoje três factores, todos de alto risco: paixões exacerbadas, centenas de milhões de euros em jogo e dirigentes de moral duvidosa. Estes três factores, que não se associam em nenhuma outra actividade humana, formam juntos um cocktail explosivo.
O jogo desenrola-se dentro e fora do campo.
Fora do campo pratica-se um jogo obscuro. O caso dos emails era grave, pois sugeria uma cumplicidade entre pessoas ligadas ao Benfica e gente com influência na arbitragem. O processo que rebentou há uma semana tem menos gravidade em termos futebolísticos, mas mais em termos institucionais. É muito complicado que o funcionário de um clube, braço direito do seu presidente, tenha uma fonte dentro do sistema judicial para o informar sobre processos em curso envolvendo o clube e até os rivais.
O pagamento pelo FC Porto ao Estoril também é inadmissível. E nem por ser legal é mais aceitável do ponto de vista moral.
Quanto ao Sporting, não parecem bem reais algumas afirmações do presidente. São tão inacreditáveis que nem se levam a sério. Bruno de Carvalho é já quase considerado inimputável.
E tudo isto é incendiado nas televisões por comentadores que antes viviam das incidências do jogo e hoje vivem dos escândalos. Mostram-se indignados com o que se vai sabendo – mas alimentam-se disso. Os debates televisivos atingem o grau zero da decência e estimulam as paixões primitivas dos adeptos, que são os mais puros no meio disto.
As coisas estão tão inflamadas que não podem continuar assim por muito tempo. O futebol é uma panela de pressão ao lume, prestes a explodir. Nos próximos tempos, algo muito grave vai acontecer no futebol português."


PS: A arte de meter tudo no mesmo saco: o serial killer que mata um número indeterminado de vitimas, e um peão, que passou de um lado ao outro da estrada, fora da passadeira, são ambos 'criminosos'!!!

Mais variedade e qualidade

"A três meses do Mundial e a três dias de Fernando Santos apresentar a convocatória que irá desfazer várias dúvidas, segue o exercício, a que todos nos dedicamos alguma vez, de prever – que adivinhar é mais difícil – quem serão os 23 para a Rússia, acrescentando algumas opções alternativas, mais ou menos óbvias.
Para a baliza, há dois nomes seguros, os de Rui Patrício e Anthony Lopes, ficando a dúvida reduzida ao terceiro homem com luvas, com alternativa entre um mais maduro, e Beto seria o mais óbvio, ou outro com mais anos pela frente. Neste último caso, Bruno Varela leva agora vantagem sobre José Sá, por manter a titularidade. Apostaria em Beto, no entanto, nesta altura.
Nas laterais da defesa, tomo como mais prováveis, claramente, Nelson Semedo e Cédric à direita, e Raphael Guerreiro e Fábio Coentrão à esquerda. Só se algum destes quatro não estiver nas melhores condições é que Fernando Santos recorrerá a João Cancelo (agora a jogar no Inter) ou Ricardo Pereira, de um lado, e a Mário Rui (hoje titular no Nápoles) ou Antunes, do outro. André Almeida, Kevin Rodrigues ou Eliseu parecem-me mais distantes da escolha final.
Ao centro da retaguarda, Pepe é incontornável e Rúben Dias assume-se como o rookie inevitável, por ser a boa notícia da época para um lugar há muito em défice de soluções. O celebrado conservadorismo de Fernando Santos – reforçado agora por falarmos de jogadores que foram campeões europeus – aponta para Bruno Alves e José Fonte como restantes escolhas. Luís Neto será sempre a primeira alternativa fiável, perdidas que estão as hipóteses Rúben Semedo ou Ricardo Ferreira. Vale a pena reconhecer o crescimento de Nelson Monte ou Roderick Miranda, só que este ainda não será o tempo deles entre a elite do país.
Para o meio campo há todo o tipo de soluções mas William Carvalho é imprescindível e, uma vez recuperado da lesão, também Danilo terá uma vaga à espera. O mesmo acontecerá com João Moutinho e – apesar de viverem um ano atípico – igualmente com Adrien Silva, André Gomes e João Mário. Aliás, nada garante que a menor utilização deste ano não lhes permita exibir maior frescura uma vez chegados à Rússia. Bruno Fernandes, um dos melhores portugueses na Liga interna, tem feito por reclamar lugar mas o nome dele será central na cogitação sobre quantos médios e avançados vão integrar a lista final. Até aqui, mesmo sem Bruno, temos 17 vagas ocupadas. E estou a deixar como nomes apenas alternativos craques da dimensão de Pizzi, Rúben Neves, Manuel Fernandes, Renato Sanches e Sérgio Oliveira.
Para o ataque sobrariam 5 ou 6 vagas. Cristiano Ronaldo não se discute. Bernardo Silva também não. O Gonçalo Guedes que se tem visto em Espanha também merece cacifo no balneário, tal como Gelson Martins, obviamente. E André Silva, mesmo em ano de menor produtividade, não deixará de ser a primeira opção de um ponta de lança puro. Se a vontade de Santos for a de manter Ricardo Quaresma como complemento de Ronaldo, o lugar que falta está entregue. Caso contrário, ainda há umas quantas opções para essa vaga derradeira: além de Bruno Fernandes, também o outrora intocável Nani e o cada vez mais empolgante Rony Lopes. Isto sem falar, por exemplo, em Rafa, Diogo Jota, Gonçalo Paciência ou Eder, o eterno herói de Paris.
A conclusão genérica não deixa de ser feliz: embora com variantes de lugar para lugar, há hoje muito mais opções para uma selecção portuguesa que nos habituou a ter convocatórias muito pouco discutidas – e discutíveis, reconheça-se – nos últimos anos. Uma nova geração de craques está afirmada e junta-se à dos líderes da gloriosa saga francesa para iluminar o futuro. Há duas certezas: que as opções de Fernando Santos vão ser fatalmente mais controversas desta vez mas também que, quaisquer que sejam, permitem uma evolução do jogar português, graças a essas variedade e qualidade acrescidas. Já quanto ao resultado, serve o de 2016."

'Deixem-nos sonhar'


"Numa perspetiva sociológica e histórico-cultural, o livro Deixem-nos sonhar (Tinta da China, Lisboa, 2017) de João Tomás e Pedro Adão e Silva, é de facto um padrão orientador de inegável relevo. O Caso Saltillo (bem me lembro) projectou-se, na sociedade portuguesa e em todo o mundo do futebol, em vivíssimos quadros, mas paralisados num motivo só: os jogadores da selecção nacional de futebol, presentes no Mundial de 1986, no México (o Bento, o Damas, o Jorge Martins, o João Pinto, o Morato, o Oliveira, o Inácio, o José António, o Carlos Manuel, o Jaime Magalhães, o Jaime Pacheco, o André, o Sousa, o Futre, o Diamantino, o Gomes, o Rui Águas, etc., etc.) – os jogadores daquela selecção nacional de futebol não souberam representar, com a disciplina e com a dignidade exigíveis, o futebol português. Demais, a história do “desporto-rei”, na Pátria de Camões e de Vieira e de Fernando Pessoa, escrevia-se aparentemente alheada das condições políticas e dos conteúdos ideológicos de um qualquer fenómeno social. João Tomás e Pedro Adão e Silva, dois representantes de um progressismo iluminista de esquerda, no entanto, podem hoje adiantar convictamente que o futebol é mais do que futebol e que não o entenderão nunca as fanfarronadas de alguns “homens do futebol” que muito julgam saber de futebol, porque sabem só de futebol. Tudo o que é humano tem significação interesse e valor. Um jogo de futebol, portanto, amplia-se numa interpretação de interpretações, onde a tática e a técnica, sendo muito, não são tudo. Inúmeros são os que vivem tão perto de um jogo de futebol que o podem verdadeiramente sentir, mas simultaneamente tão longe que não poderão compreendê-lo. O seu “realismo ingénuo” permite-lhes, sem dúvida, observações diretas da prática do futebol, mas não uma complexa leitura interpretativa do que fazem.
Que o futebol é mais do que futebol – é a tese fundante deste livro, a qual, nem as frases campanudas de alguns comentaristas televisivos, nem a pedantocracia dos arrivistas o poderão negar. Os autores deste livro assim o dizem: “Saltillo pode ser descrito como o 25 de Abril do futebol português”. E, em lugar de retumbantes vitórias da “equipa de todos nós”, num Mundial de Futebol, ansiosamente esperadas pelo governo e pelo povo de Portugal, “dá-se um choque com a realidade: de um lado, estruturas federativas regidas à antiga portuguesa, fundadas numa combinação singular de amadorismo e autoritarismo da parte de quem dirige, que são ainda manifestações do modelo corporativo e que representam, de facto, apenas os interesses dos dirigentes; de outro, os jogadores que reivindicam os seus direitos de forma desorganizada, num ambiente com reminiscências do PREC, que o país que se está a descobrir europeu quer deixar para trás. Este confronto de opostos coexiste com um conflito de personalidades: não poderia existir maior contraste entre Silva Resende, presidente da Federação e homem austero, marcadamente do antigo regime, e um grupo de jogadores, de inclinação popular, com uma cultura de esquerda e dispostos a fazer ouvir a sua voz” (op. cit., pp. 14/15). É verdade que as reivindicações dos jogadores parecia resumir-se à justa repartição “dos lucros de um negócio que crescia exponencialmente”. Só que “a Federação permanecia uma estrutura amadora, sem capacidade de responder ao novo contexto (…). As qualificações para as fases finais das competições internacionais encontravam uma estrutura totalmente impreparada para planear estágios, negociar patrocínios e gerir as relações com os jogadores” (p. 19). E o rotundo fracasso competitivo da nossa seleção, no Mundial de 86, resultou mais da contraditoriedade estrutural dos interesses (mesmo em termos radicais de classe) do que da metodologia do treino, liderada aliás pelo melhor metodólogo do treino que, no meu pensar, algum dia Portugal conheceu, o David Monge da Silva.
Poderia avocar, neste passo, um conhecido pensamento de Marx: “O concreto é concreto, porque é a reunião de múltiplas determinações e portanto a unidade do diverso”. E, como “unidade do diverso”, nada mais concreto do que a nossa selecção nacional de futebol, de 1986, num processo dialético que “marcou o fim de uma época” (p. 22). Rui Águas esclarece-nos, hoje, como se deu o dobre de finados do espírito reinante nas selecções nacionais de tempos idos: “Na altura, já notávamos muita diferença entre a organização nos clubes e na selecção. Chegávamos à seleção e era tipo férias. A desorganização das viagens, tudo. Na altura, a diferença era muito marcada. Em relação aos dirigentes, em relação às pessoas que lá estavam. Não era para levar muito a sério. Tudo falhava” (p. 126). E… tudo falhou! Apesar de um ou de outro lance retórico, simulando rigor e disciplina, estava por concretizar-se a ruptura com a tradição – ruptura que nem a maior parte dos jogadores e dos treinadores e dos jornalistas sabia fazer. Para o jornalista José Carlos Freitas, notava-se “falta de espírito crítico na maior parte dos jornalistas, eu inclusive. Uns eram mais críticos, mas a verdade é que, em termos gerais, nunca houve uma crítica muito clara à forma como o Torres comandou a equipa, porque ninguém estava à espera da qualificação” (p. 138). Ainda na opinião de José Carlos Freitas, “só com Carlos Queirós, foi quebrada na selecção a promiscuidade, entre jogadores e jornalistas. Foi o primeiro selecionador a considerar que os jornalistas são o segundo adversário. O primeiro adversário é a equipa contrária, o segundo são os jornalistas” (p. 140). Mas, em Saltillo, da oposição insanável jogadores-federação (que até política era); da inexistência de autoridade, na liderança técnica; da impreparação dos principais dirigentes federativos – de tudo isto nasceu o caos. E do caos resulta, fatalmente, o descalabro nos resultados desportivos…
Ocorre-me, neste passo, a declaração, que ficou célebre, de Péguy: “Nada há tão atual como Homero e nada há, porventura, tão antigo como o jornal desta manhã”. De facto, o dinheiro movimentado em torno do Mundial já era muito, muitíssimo e os jogadores viam pouco, pouquíssimo. “Para alguns, tal sucedia porque a Federação não estava preparada para gerir esta nova realidade; para outros, porque alguém ficava com o dinheiro que deveria ser distribuído por todos. Monge da Silva e Ribeiro Cristóvão concordam na explicação desta incapacidade da Federação, para responder ao novo contexto (…). Rui Águas admite que as coisas eram tão pouco claras que acredito que, nos corredores, em vez dos jogadores, tenham sido beneficiadas outras pessoas” (p. 272). E assim “entre promessas incumpridas, que já vinham do passado e uma incapacidade de dialogar e encontrar entendimento, em relação a questões prementes (prémios, diária e direitos de imagem) o ambiente entre dirigentes e jogadores foi-se adensando (…) até um ponto de não retorno” (p. 274). Vítor Serpa, diretor de A Bola, sublinhou que, a partir de determinada altura, se formou a ideia “de que os jogadores estiveram mal, erraram. Por muita razão que tivessem, era a seleção nacional” (p. 284). No entanto, “enquanto o país se abria, a comunicação social se tornava mais independente, os portugueses despertavam para novos hábitos de consumo e os jogadores ganhavam uma consciência de classe (…) a Federação permanecia uma estrutura presa ao passado e ainda a carecer de um ímpeto modernizador que, paradoxalmente, acabaria por chegar com os estilhaços do caso Saltillo” (p. 290). E o “ímpeto modernizador” surgiu com o “caso Saltillo”, ele foi a des-ordem donde nasceu a ordem nova.
João Tomás e Pedro Adão e Silva são pessoas de indiscutível erudição e cultura. Sabem, por isso, os três grandes desafios que Edgar Morin levanta à sociologia hodierna: os sociólogos devem assumir, simultaneamente, a cultura científica e a cultura humanista (sem esquecer, aqui, a filosofia e a literatura); devem também promover a complexidade antropossocial, rejeitando a simplificação, a redução e a mutilação do cartesianismo e do positivismo, tão impertinentes como grotescas; e devem mostrar, com o rigor possível, a necessidade inadiável da mudança de paradigma, em todas as ciências humanas. E assim, fiéis à metodologia de Morin, João Tomás e Pedro Adão e Silva deram ao caos uma ordem nova e significação e sentido ao “caso Saltillo”. E perceciona-se porque assim terminam o seu magnífico livro, de indispensável leitura, em todos os cursos universitários de sociologia, motricidade humana e desporto: “A rebelião dos Infantes faz parte do imaginário dos portugueses, enquanto uma das derradeiras memórias de um mundo do futebol pitoresco e em desaparecimento. Jogadores como Bento, Gomes, Jaime Pacheco, Carlos Manuel, Diamantino ou um ainda muito jovem Futre, para mencionar apenas alguns, marcaram uma geração pelo seu enorme talento, mas também por corresponderem a um último grupo de futebolistas marcadamente populares, próximos dos portugueses comuns e que, na sua autenticidade, permanecem o espelho nostálgico de um país onde simplicidade, humor e capacidade de improviso se juntaram numa combinação singular. Se em Saltillo o futebol português bateu no fundo” (p. 340), o futebol português era (é) uma totalidade em devir, que o mesmo é dizer: também em Saltillo se anunciou a lei da “complexidade-consciência” que hoje percorre o futebol português, designadamente a Federação Portuguesa de Futebol. É o momento de concluirmos esta rapidíssima abordagem, é o momento de adiantarmos sem receio que o livro Deixem-nos sonhar é uma obra meritória que muito honra quem a concebeu, escreveu e editou."

Boa jogatana !!!

Benfica 6 - 3 Fundão

Bom jogo, contra um adversário complicado e ainda com mais uma arbitragem surreal (com o treinador do Fundão a queixar-se no final: cumulo do surreal!!!)
Tal como o Joel disse jogámos 35 minutos muito bem, estava (4-1), o Fundão arriscou o 5x4 e o jogo ficou perigoso. Sem o Bruno e com o Henmi expulso (absurda), ficámos sem dois dos habituais jogadores que defendem o 5x4... além da ausência do Roncaglio. Mesmo assim temos que defender melhor, já a semana passada aqueles 30 segundos finais contra o Leões foram maus...!!!

PS: O último golo, foi marcado claramente pelo Deives, que desviou o remate do André...

Na Final...

Benfica 3 - 0 Sp. Espinho
25-23, 25-18, 25-22

Já está...estamos na Final.
O destaque dos últimos jogos, tem que ser a utilização do Mrdak, do Winters e do Violas, que subiram claramente de rendimento...
Creio que esta 'rotação' já foi a pensar nos confrontos com o Sporting, pois com estas alterações ganhamos altura no bloco, e segurança defensiva...

Inês, Ana Catarina e Joaquim

"A unidade benfiquista é uma urgência e uma necessidade. E o princípio da igualdade uma exigência.

1. Nesta jornada os três grandes jogam em dias diferentes. Ontem o Benfica. Hoje o Futebol Clube do Porto. Amanhã o Sporting na atractiva cidade de Chaves. Ontem, na Luz, uma vez mais a ultrapassar os cinquenta mil fiéis adeptos, o Benfica ultrapassou um Desportivo das Aves que soube, em largos momentos, controlar as principais peças e os habituais momentos do actual sistema de jogo do Benfica. Jonas marcou mais um golo, Fejsa esteve em grande, Rúben Dias afirma-se e projecta-se jogo a jogo e Rafa mostrou, uma vez mais, o seu talento. E sentiu-se, de verdade, a falta de Pizzi! Faltam, agora, oito finais. Que serão disputadas, por excelência, nos relvados. Mas, sem ninguém se esquecer, que muito se está a jogar está época fora deles. Mas com a consciência que este Benfica de Rui Vitória sabe sofrer e sabe vencer, sabe trabalhar e sabe ser sábio. E a sabedoria é uma riqueza neste mundo e nestas circunstâncias.

2. (...)

3. Sim, a vida. A capitã do Benfica, Inês Fernandes, no último derby de futsal feminino, percebeu que a jogadora do Sporting Débora Queiroz se lesionara e possivelmente com gravidade. É, a Inês, médica de profissão. Perante uma dúvida de vida assumiu, e muito bem, o seu dever e, de imediato, assistiu a sua adversária na competição mas, por excelência, um outro ser. Que ela sabe bem que é um ser que se não repete. Alguns adeptos do Benfica, num egoísmo perturbante, não gostaram de uma atitude nobre e gritaram palavras que perturbam qualquer consciência livre. E a guarda-redes do Benfica, a Ana Catarina, ao pedir respeito pela vida, foi ela própria alvo de impropérios e, compreensivelmente, abandonou o pavilhão com as lágrimas a escorrerem pela face. Não vi, decerto por falha minha, nenhuma relevante referência a estes momentos de dignidade humana e de valorização da vida. Não vi nenhuma solidária análise acerca destes momentos em múltiplos espaços desportivos que são emitidos ou em canais abertos ou, até, fechados. Em que importava realçar aquele gesto bem nobre. Não vi, ainda, nenhuma entidade responsável do futebol - da Federação ao poder político - sublinhar estes instantes de virtude e de verdadeiro e genuíno desportivismo. Faço questão de o fazer neste jornal e nesta coluna. E lembrando as sábias palavras de ontem do Professor Adriano Moreira: «o poder da palavra é capaz de vencer a palavra do poder»! Basta haver vontade. Eu, diria, ou ousadia e coragem.

4. Sabemos bem que o apoio à nossa equipa de traduz, por vezes,  - bastantes vezes... - e hostilidade verbal significante a uma equipa verbal. E; por vezes, à equipa de arbitragem. E, agora, com o VAR e ouvia bem longe... Mesmo longe! E ninguém tem a ousadia de solicitar, nestas circunstâncias, o silêncio, nestas circunstâncias, o silêncio ou de contestar, assumidamente algumas dessas expressões. É um hoolinganismo verbal que é, talvez, a expressão de valores associados a alguns, conceitos de masculinidade agressiva - como se fosse, de verdade, uma questão de género como me apercebi, há bem pouco tempo, num jogo na Ericeira... como ressalta de um livro com quase trinta anos - de 1990! - de P. Murphy, J. Williams e E. Dunning e com o sugestivo título: 'O futebol no Banco dos Réus.' Estes professores escreveram que «numa partida de futebol há por certo um grupo de opositores para enfrentar: os adeptos da equipa adversária». (...) Para estes grupos o futebol serve como arena de uma espécie de jogos de guerra. Estes jogos ampliam-se com as novas realidades de comunicação - e de  informação! - em que as redes sociais ganham relevância, a par da alteração do papel da família, das mudanças na educação formal, na não compreensão dessa escola de ama electrónica que é a televisão... e na perda de importância das instâncias tradicionais de controle. E ao mesmo, as metamorfeses dos conceitos de virtude, de solidariedade, de bem comum, de sentido da vida. E, aqui, também se sente que os clubes desportivos
E 'aqui' ao mesmo tempo, as metamorfoses, de bem comum não podem abdicar de serem, eles próprios, espaços de competição mas também de ética, de partilha de anseios mas também de profunda responsabilidade, de compreensão pelos outros e de respeito pelo outro, de saber ganhar e de saber perder, de valores permanentes e de «musculação moral do homem» na feliz síntese de Pierre de Coubertin, o símbolo por excelência dos renascidos Jogos Olímpicos desta era moderna. E, por tudo, por tudo mesmo, era fundamental que não se ignorasse, nem se minimizasse, o papel do futebol, e dos clubes que o estruturam, na educação e da educação, em sentido amplo, no desporto em geral e no futebol em particular! E, aqui, o papel da Federação, da Liga e do poder politico são tão relevantes quanto urgentes. Bem urgentes.

5. (...)

6. A unidade benfiquista é uma urgência e uma necessidade. E o princípio da igualdade uma exigência. Como determinam os princípios estruturantes de um verdadeiro - sim verdadeiro! - Estado de direito democrático!"

Fernando Seara, in A Bola