segunda-feira, 12 de março de 2018

Uma semana entre castores e toupeiras

"O Paços de Ferreira ajudou a desmontar a narrativa mais imbecil do futebol português da actualidade, baseada em teorias da conspiração.

A derrota do FC Porto em Paços de Ferreira remete-nos para o debate mais estúpido desta época, no futebol português: a alegada menor aplicação desta ou daquela equipa contra os grandes. Já basta a incrível diferença de meios entre uns e outros, não há necessidade, dentro dos limites da decência, para se procurar, através de teses cabalísticas, a razão para alguns resultados surpreendentes, face à lógica, seja do FC Porto em Paços de Ferreira, do Benfica no Restelo ou do Sporting no Estoril. Os pequenos querem sempre pontuar, a maior parte das vezes não conseguem. É isso e só isso. E quanto aos grandes, melhor farão se procurarem as culpas próprias nessas partidas menos conseguidas em vez de alinharem em estapafúrdias teorias da conspiração, que deixam mal especialmente os jogadores. E quando  houver matéria, no futebol, para investigação (está a decorrer em Portugal um processo de match-fixing com contornos gravíssimos), investigue-se, dando à justiça o que é da justiça, sem tirar ao futebol o que é do futebol.
Luís Filipe Vieira deu a cara após o jogo com o Desportivo das Aves, saindo em defesa das teses do clube, com promessas de uma atitude proactiva, de ora em diante, no que respeita aos múltiplos casos em que o nome do Benfica está envolvido.
Fez bem, Vieira, ao fazer prova de vida, quebrando um silêncio por demais ensurdecedor.
A luta do Benfica - e o reconhecimento das manchas que passaram a sujar a marca foi um passo importante, que contraria o estado de negação em que o clube parecia apostado - vai ser, contudo, árdua e ingrata. Perante os vários processos que correm na justiça, aos encarnados não resta senão manterem-se firmes na defesa das suas teses, sabendo, contudo, que, por um lado, o timing da investigação e dos tribunais é inevitavelmente lento, o que potencia os julgamentos de praça pública; por outro, que as máquinas de comunicação dos inimigos (e neste caso seria despropositado falar em adversários), bem oleadas e implacáveis, não irão dar tréguas. Percebe-se que o Benfica decida, nesta fase, seguir em frente, em ordem unida, apelando à coesão contra os ataques externos. Mas, ao mesmo tempo, não pode deixar de proceder a exercícios de autocrítica, essenciais para optimização de processos.

Ás
Rui Vitória
O Benfica vai sem seis vitórias seguidas na I Liga (22 golos marcados e três sofridos), mantendo-se na corrida pelo primeiro lugar. Numa fase, conturbada da vida do clube, a capacidade que está a ser demonstrada por Rui Vitória de deixar ser registada e elogiada.

Ás
Cristiano Ronaldo
O português chega a esta fase da época em grande forma, o que abre boas perspectivas europeias ao Real Madrid e mundiais a Portugal. Em boa hora Zidane foi capaz de convencer o madeirense a resguardar-se mais fisicamente, de maneira a chegar na melhor condição aos momentos importantes. Portugal agradece.

Ás
Vieira/Felgueiras
O amarantino Miguel Vieira, 27 anos, candidatou-se a ser uma das figuras desta I Liga de 2017/18, não só ao marcar o golo que sancionou a primeira derrota do FC Porto na prova, como ainda ao celebrá-lo à maneira de Cristiano Ronaldo. Honra também a Mário Felgueiras, que parou um penalty e Brahimi. Não é todos os dias...

Nova frente de combate, desta feita, a Briosa
«É preciso saber (...) se os dirigentes da Académica sabiam que ia haver uma ajudinha do Benfica a troco de uns votos na AG da Liga»
Nuno Saraiva, director de comunicação do Sporting
A Académica ainda não constava da longa lista de confrontos em que o Sporting se tem empenhado. Essa lacuna acabou de ser preenchida pelo director de comunicação leonino, que de uma penada fez o pleno: lançou suspeições sobre o Benfica B - Académica e viu ambos os clubes a agir judicialmente contra ele. Mais achas para a fogueira. Sic transit gloria mundi...

O fungágá da bicharada
«Assim como exijo que, quando fale (Francisco J. Marques), fale dessas situações e não fale de futebol. Repito: de futebol, falo eu e o presidente». Sérgio Conceição, autor da frase atrás transcrita, não podia ser mais claro, num caso que tem a ver com Iker Casillas. Disse, a propósito de 'el santo', o director de comunicação do FC Porto: «Por exemplo, o contrato com o Casillas é um contrato muito elevado. Vamos pagar até ao fim, religiosamente, não temos alternativa. Quando o contrato terminar, vamos ter um folga de alguns milhões de euros anuais». Ou seja, Francisco J. Marques deu guia de marcha a Casillas e Sérgio Conceição tratou de pô-lo no sítio. Pelo respeito que Iker Casillas deve merecer e, também, pela importância crucial que tem neste FC Porto que luta pelo título. Parafraseando Sérgio Conceição, «toda a bicharada fica fora do Olival, sejam toupeiras, seja o que for...».

E o râguebi francês fez prova de vida...
Num jogo de final dramático, a França derrotou a Inglaterra para o Torneio das Seis Nações e o 'L'Équipe' tratou de fazer manchete com um feito importante numa rivalidade com 112 anos e 104 jogos. Nas contas finais do torneio, a Irlanda sagrou-se vencedora (com ou sem Grand Slam, logo se saberá em Twickenham...)."

José Manuel Delgado, in A Bola

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