sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Benfica está na luta

"Foi uma semana muito dura para quem nos 'encomendava' a alma e vivem-se tempos difíceis para 'gatos-pingados'.

Na semana em que muitos vaticinavam que o tetracampeão ficava a oito pontos da liderança e morria para o campeonato, ditou a arreliadora realidade que o Benfica entra na 19.ª jornada a três pontos do primeiro lugar. Semana muito dura para quem nos encomendava a alma, tempos difíceis para gatos-pingados.
No António Coimbra da Mota viu-se uma grande fissura na liderança, na Pedreira vou-se um sólido candidato ao título.
As condições atmosféricas estão muito melhores para o Benfica, mas tal só terá algum significado com uma vitória no sábado, sobre o difícil Chaves, caso contrário vem o dilúvio.
No jogo da primeira volta, marcamos já depois dos 90 minutos, num jogo em que houve o esquecimento de um penalty sobre o Jonas e onde o Chaves jogou muito bem.
Amanhã temos que ser muito competentes, porque haverá um Chaves ainda melhor, em ascensão e com ambição.
Este Benfica tem enviado, dentro de campo, uma mensagem aos adeptos: esta equipa está viva, de boa saúde, a jogar muito bem, e na luta pelo principal, o 37.º titulo de campeão nacional.
Por isso, fez todo o sentido quando os incansáveis adeptos se despediram dos jogadores, no fim do jogo em Braga, gritando «dá-me o 37».
Aqueles adeptos, quando cantavam, representavam o sentimento de vários milhões.
Com pouco aconselháveis situações financeiras, os clubes portugueses tentam, cada um de sua forma, ludibriar a realidade.
No Sporting promete-se reforços e contratam-se refrescos.
No FC Porto precisava-se de muito, e tenta-se alguma coisa, embora haja mais preocupação em aliviar a carga com saídas do que em contratar quem quer que seja. Seria para mim uma surpresa o FC Porto não contratar dois ou três jogadores até ao fim de Janeiro.
No Benfica, cujos adeptos na sua generalidade entendem que necessitava de reforço urgente de duas posições, embala-se os media com a fantástica venda e os milhões de Embaló.
Chegou o realismo? Ou não há mesmo Pilim?
Se é responsabilidade e realismo parabéns às administrações das SAD's, mas parece-me mais necessidade; o que se quer não se consegue, e o que se consegue não é o que se quer.
Vamos ter um campeonato muito disputado, mas com o Benfica na luta."

Sílvio Cervan, in A Bola

Rumo ao Penta

"Muito honestamente não acredito que os futsalistas do Sporting tenham facilitado intencionalmente a vitória do Benfica na final da Taça da Liga. A nossa equipa apresentou-se notavelmente sólida do ponto de vista defensivo e foi competente no capítulo ofensivo, conseguindo aproveitar cinco das inúmeras oportunidades de golo criadas. O mérito do triunfo pertenceu inteiramente à equipa do Benfica, que não haja qualquer dúvida. Assim como na excelente vitória alcançada em Braga pela nossa equipa de futebol.
O Benfica, com Rui Vitória, saiu vitorioso do Minho mais uma vez. E sublinhe-se que a equipa roçou o brilhantismo do ponto de vista táctico, exibindo-se a alto nível e demonstrando que está comprometida com o desígnio do penta. Se em tempos poderá ter dado a sensação a alguns benfiquistas (e a todos os analistas sequiosos por um desaire do Benfica) de se ter instalado uma certa descrença no balneário benfiquista, hoje, no seguimento das últimas jornadas, já não há quem duvide da sintonia entre as palavras e os actos, em que as manifestações de candidatura ao título são mesmo para serem levadas a sério. Faltam 16 jornadas, 16 finais, e eu, à semelhança da esmagadora maioria dos benfiquistas, acredito que temos condições para lutar pelos três pontos em cada uma delas.
Entretanto, no jogo em Braga ocorreu mais um caso - o penálti sobre Jonas - que permitiu identificar os 'especialistas' da arbitragem que parecem tudo menos imparciais. Segundo as regras, que são claras neste caso, é irrelevante avaliar a posição de Jonas, uma vez  que a falta  foi cometida antes de o nosso avançado disputar o lance. A incompetência é demasiada para ser credível, sobra a antibenfiquismo..."

João Tomaz, in O Benfica

Já tremem

"O sismo de 4,9 na escala de Richter teve epicentro em Arraiolos, mas o abanão sentiu-se mais no Estoril. A equipa idolatrada e protegida por uma fatia alinhada de comunicação social foi para o intervalo a perder por um a zero com o Grupo Desportivo Estoril Praia e lá encontraram uma fissura na bancada para que o jogo não continuasse. Há noites assim, em que nada sai bem a uma equipa, em que os falhanços se sobrepõem à eficácia, em que um livro junto à bandeirola de canto se transforma num golaço - e todos tentam esconder as responsabilidades do guarda-redes que o sofreu.
Chegou o intervalo e a invasão de campo pacífica. E ainda bem que assim foi.
Evitou-se uma possível tragédia e isso é o que mais importa. Não houve respeito pelos adeptos, já que ninguém informou os presentes sobre o que se estava a passar, mas fica, no entanto, a questão: mas por que raio o jogo não continuou? O estádio não estava lotado, dava perfeitamente para encaminhar os adeptos da bancada defeituosa para outras áreas do recinto desportivo. A vistoria até foi efectuada, mas parece que alguém não estava com vontade de continuar o jogo que caminhava para a derrota.
Ficaram para 21 de Fevereiro - mais de um mês depois - os 45 minutos que faltam a esta partida. E está tudo normal.
Até já falam de possibilidade de o Estoril perder o jogo na secretaria por falhas na estrutura do Estádio.
A terra tremeu na segunda-feira e ainda bem que não houve vítimas. Os habitantes do Sul e do Centro de Portugal sentiram o abalo, mas é na ruinosa Torre das Antas que as réplicas se estão a fazer sentir. Faltam 45 minutos para a possível derrocada."

Ricardo Santos, in O Benfica

Chocolate para todos

"A imaginação dos supermegaespecialistas é fértil e rebuscada. As vitórias do Benfica ocorrem por mil e um motivos - nunca, claro está, por mérito. A responsabilidade é imputada à arbitragem, à sorte, por estar a chover ou estar demasiado sol, por estar um frio de rachar ou um calor abrasador. No fundo, tudo aquilo que seja alheio à inteligência do treinador ou habilidade dos jogadores. Para dizer a verdade, até concordo com uma das habituais justificações: ter Jonas, Salvio, Cervi, Pizzi e Krovinovic e distribuírem Kit Kat's, Twix's e Kinder's lá na frente é mesmo uma sorte - inclusive para os adversários, que enchem o bandulho de chocolate.
Desta vez, a escusa foi outra: facilitismo. Ao que parece, o Benfica ganhou na Pedreira porque os Guerreiros do Minho abaixaram os escudos e embainharam as espadas.
Como vem sucedendo, dizem os supermegaespecialistas, ao longo dos anos e com o consentimento de António Salvador. No meu entender, e de modo a esclarecer esta ideia, o treinador do Sporting deveria ser consultado. De certeza que ele se lembra, por exemplo, da vergonhosa eliminação do Benfica nas meias-finais da Liga Europa aos pés dos minhotos.
Temos assistido a diversas picardias entre Sporting e SC Braga. Se o palco fosse a Poesia Violenta, os leões levariam vantagem - qualquer adolescente com o Ensino Secundário é capaz de elaborar um discurso ao nível do de Bruno de Carvalho. Como o palco é o mundo real, a resposta dos minhotos através de um vídeo de apresentação dos reforços de inverno, alusivo ao Tinder, onde Bruno de Carvalho surge meio desajeitado a pontapear uma bola e é rejeitado por 'não ter qualidade', é aquilo a que se chama de Knock-Out."

Pedro Soares, in O Benfica

O caminho do Penta

"Depois de vencer categoricamente em Braga, de entre os dez primeiros classificados da Liga, ao Benfica falta apenas visitar Alvalade. Em dezasseis jogos por disputar, nove são na Luz, e mais quatro na região de Lisboa (sobram deslocações a Portimão, Paços de Ferreira e Santa Maria da Feira). Desde  o dia 1 de Outubro, nos dez jogos do campeonato entretanto realizados, alcançamos oito triunfos, e empates com FC Porto e Sporting - partidas em que mostrámos notória superioridade face aos rivais. Temos, neste momento, a mesma pontuação que em igual jornada das épocas 2009/10, 2013/14 e 2015/16, três dos últimos cinco campeonatos nacionais conquistados.
Estes dados valem o que valem, e não nos tornam o caminho mais facilitado. Mas são factos que dão consistência à nossa candidatura ao 'Penta', numa temporada em que, a dada altura, todos nos davam como mortos.
No dia 15 de Abril recebemos no nosso estádio o FC Porto. Seria importante, nesse dia, estarmos em condições de, ganhando, passar para a frente da tabela. Para tal, pedem-se onze vitórias nas próximas onze partidas. A começar por este sábado, diante do Desportivo de Chaves. As finais que faltam jogar carecem de empenho a 200% de todos os profissionais do Clube, bem como do incondicional apoio dos benfiquistas.
Sim, nós podemos!

PS: A nossa equipa de Futsal conquistou a Taça da Liga, com uma vitória retumbante sobre o Sporting. Os números ainda poderiam ter sido mais expressivos, ou mesmo históricos. Fica o essencial: a conquista do troféu, e a certeza de que estaremos com tudo na luta pelo título."

Luís Fialho, in O Benfica

O Futsal

"O feito da nossa principal equipa masculina de Futsal merece reflexão. A verdade é que a estrutura do Sport Lisboa e Benfica deu uma lição de gestão desportiva. Apesar de não sermos considerados favoritos na Taça da Liga, preparámos muito bem a participação nesta competição. Na hora de fazer o balanço, é imperioso destacar o trabalho diário e dedicado de todos.
Além dos nossos fantásticos jogadores e da equipa técnica, superiormente comandada pelo competente Joel Rocha, não posso deixar de enaltecer o papel de todos aqueles que trabalham dia e noite para que nada falte. A face mais visível, neste momento, da estrutura do Futsal são dois nomes consagrados - Alípio Matos e Gonçalo Alves. Os nossos antigos treinador e capitão, respectivamente, deram uma prova da sua competência. Alípio Matos e Gonçalo Alves, agora o Team Manager dos seniores, foram uma dupla fortíssima.
O facto de conhecerem a modalidade como ninguém constitui um poderoso trunfo numa competição contra um clube que gasta o dobro do que nós gastamos. Vamos a números para se perceber melhor este acto de gestão desportiva. O nosso eterno rival gasta cerca de um milhão e meio de euros. O SL Benfica tem um orçamento bem mais modesto, cerca de metade do Sporting.
O que vimos em Sines? Vimos um SL Benfica avassalador, que não deu hipóteses aos adversários. Belenenses, SC Braga e Sporting foram derrotados sem apelo nem agravo. E se levarmos em linha de conta que jogámos sem o nosso melhor jogador - Chaguinha recupera de grave lesão -, o feito foi ainda mais extraordinário. E Fenandinho provou que é mesmo reforço!"

Pedro Guerra, in O Benfica

Unidos, todos juntos, como só nós próprios

"Bem sabemos que é assim, mas nos momentos difíceis é que os outros veem melhor, e nos invejam tanto, a grandeza e a força do Benfica. Ficam pasmados. Não entendem, nem como nós somos tantos, em toda a parte, e nem, ainda menos, compreendem como somos, afinal, tão fortes e sempre tão presentes, como só nós próprios, no apoio às Equipas do Benfica.
Ainda há uns meses, Rui Vitória se referia à importância de 'jogarmos juntos' - o Público com a Equipa - cada parte à sua maneira e como dessa identificação, desse ' jogo colectivo', resultam tão frequentemente as nossas vitórias.
Esta verdade inquestionável sintetizada com simplicidade pelo nosso Treinador, tão decisiva para consolidar em crescendo um súbito momento do jogador que tantas vezes se dissemina aos restantes companheiros de equipa, como para reverter uma situação negativa ou de inferioridade no jogo, tem sido cientificamente estudada em muitos centros de investigação das Ciências do Desporto.
Mas nada como três jogos recentes de Equipas nossas, em três modalidades diferentes, para comprovar quanto o impulso colectivo do público nas bancadas pode imprimir índices de produtividade, tão especiais e tão mágicos, aos jogadores em campo: no Futebol, o desafio em Braga; no Futsal, a final em Sines; e no Hóquei, apesar do desfecho desfavorável, talvez a mais impressionante demonstração de todas, com os bravos Benfiquistas em acção na bancada do Palau Blaugrana.
No Minho e no Alentejo, os resultados foram vitórias expressivas. Já na Catalunha, a consequência do esforço dos admiráveis Benfiquistas que apoiaram incessantemente os hoquistas de Pedro Nunes representou outro significado importantíssimo: eles provaram a impressionante força mística do Benfica, onde quer que os nossos vão disputar um jogo, por mais fácil ou mais difícil que ele seja e por mais forte ou mais fraco que se apresente o nosso adversário."

José Nuno Martins, in O Benfica

O desporto visto por outro prisma

"A transferência de Umaro Embaló, de 16 anos, por 20 milhões de euros, do Benfica para o RB Leipzig suscita uma discussão quase tão velha como saber quem apareceu primeiro, a galinha ou o ovo. Qual o momento certo para negociar um jogador de grande potencial, ainda em fase de projecto? não haverá uma resposta certa para esta questão, todos os argumentos são aceitáveis e há um, o da necessidade, que se afigura imbatível. O Benfica continua com uma pedra no sapato, neste âmbito, que dá pelo nome de Bernardo Silva, transferido para o Mónaco por 15 milhões de euros e que dois anos volvidos permitiu aos monegascos uma mais valia de 35 milhões; e perfila-se já outro caso, com Gonçalo Guedes, um ano depois de ter saído da Luz para o PSG por 30 milhões, a ser avaliado agora em 50 milhões mais. A estratégia encarnada continua subordinada ao lema mais vale um pássaro na mão (neste caso 20 milhões de euros) do que dois a voar, e traduz bem a diferença entre os nossos clubes, obrigados a fazer contas à vida, e outros, bem mais ricos, que podem ir paulatinamente construindo equipas sem a pressão do dinheiro.
Umaro Embaló vai para um clube especial, que aposta em jovens de grande potencial, propriedade da Red Bull, que fez a sua expansão pelo mundo essencialmente através do desporto, primeiro nas versões motorizadas, depois nos radicais e agora com o hóquei no gelo e o futebol. Estamos perante mestres do sponsorship, verdadeiros alquimistas na indústria do desporto através do marketing, que dominam na perfeição, e cujo toque de Midas se deve à enorme competência específica que têm demonstrado."

José Manuel Delgado, in A Bola

Números ou pessoas?

"A estatística é uma questão antiga que tem ganho destaque nos últimos anos, e que a imprensa tem vindo a explorar. É informação fácil de obter, sem muito trabalho, e em teoria a análise é correcta.
Com as ferramentas informáticas de hoje, todos são capazes de analisar jogos de futebol com base em dados estatísticos. Fazem-se rankings, com  os parâmetros que cada deseja, analisam-se jogos e equipas de forma rápida, e tantas vezes leviana, trabalham-se os números como se mais nada existisse. No desporto, e em particular no futebol, estamos no campo das ciências humanas; com tudo, muitos analistas ignoram este dado essencial, como se o desporto fosse uma ciência exacta. O futebol não é economia, apesar das ferramentas de gestão serem fundamentais para gerir um clube de futebol. Mas a gestão dos recursos humanos é bem mais importante. Quem o ignora falha na gestão do desporto. E vai continuar a falhar.
Há uns anos, numa reunião com a administração do clube onde trabalhava, fui confrontado com um dado estatístico concreto. A equipa jogava muito para trás, pois o nosso ponta de lança tinha uma percentagem superior de passes para trás e para o lado do que para a frente. Tentei explicar que era o nosso pivô ofensivo, o tabelador, e que normalmente não tinha jogadores numa linha mais avançada do que a sua. Nada feito. Os dados eram concretos, o nosso 9 jogava demasiado para trás. Já estava a ficar aborrecido, mas os dados, acredito eu, estavam correctos. Não conseguia sair dali. Lembrei-me de perguntar aos administradores quantos passes para a frente, para o lado e para trás fazia o nosso guarda-redes. Claro que tinha uma percentagem próxima dos 100% de passes para a frente. Aí estava a resposta, a equipa jogava para a frente. Acabou a reunião. Nunca mais me incomodaram com o ponta-de-lança. Os números são importantes mas não são o mais importante!"

José Couceiro, in A Bola

Os nossos campeões

"A Gala da Confederação do Desporto deu um sinal da vitalidade e de afirmação do desporto português a nível internacional e a eleição da marchadora Inês Henriques e do piloto Miguel Oliveira vai ao encontro do que fizeram ao longo da época passada. Nada de novo neste aspecto particular. 
Esta edição, porém, foi realizada mais tarde e faz todo o sentido. Em anos anteriores, a Gala da Confederação era em Novembro, numa altura em que havia alguns eventos por disputar. A mudança foi positiva, e assim deve continuar, para conferir uma imagem de igualdade a todas as modalidades, sejam elas olímpicas ou não. Inês Henriques, que interrompeu por algumas horas o estágio em Sierra Nevada, Espanha, tem vindo a receber a devida retribuição pelos seus feitos. E aos 37 anos deixa uma forte mensagem para quem se está a iniciar na modalidade. Dificilmente poderíamos encontrar melhor exemplo de dedicação numa altura em que a juventude, como é normal, tem mil solicitações para ocupar os seus tempos livres.
Em relação a Miguel Oliveira, a carreira do piloto almadense está em alta em Moto 2. Espera-se que em 2018 ganhe a confiança para depois encarar com franco optimismo a estreia em MotoGP. A eleição de Miguel Oliveira (que já o tinha sido em 2015) tem um outro significado. Como o motociclismo não faz parte dos Jogos Olímpicos, este movimento de adeptos em redor de Miguel Oliveira quer dizer com toda a clareza que a modalidade não é nenhum nicho de mercado, tendo um peso significativo. É a grande figura em desportos de duas rodas. E será que alguns troféus de Miguel terão cabimento no futuro museu olímpico?"

Pressupostos financeiros

"1. Pressupostos financeiros: o que significam?
A temática relativa aos pressupostos de natureza financeira assume, anualmente, uma importância para os clubes portugueses, que querem renovar ou iniciar a sua participação numa determinada competição profissional, ‘in casu’, na modalidade do futebol profissional. Os pressupostos de natureza financeira são, no fundo, um conjunto de requisitos de índole essencialmente financeira, que devem ser cumpridos por parte desses clubes. Chamamos desde logo à atenção dos leitores para o plasmado no art.º 10.º do Regulamento das Competições (‘RC’), disponível no sítio da Liga Portugal, que faz uma referência à instrução/procedimento que os clubes devem seguir. Desde logo, estipula o referido artigo, que os requisitos a que supra aludimos, devem ser determinados pela Liga até 20 de maio de cada ano, e que estes respeitam à época seguinte (ou seja, até 20 de maio de 2018 serão divulgados os requisitos de participação para a época desportiva de 2018/19).

2. Clubes com dívidas podem participar na competição?
Depende. Se a dívida for à Administração Fiscal e/ou à Segurança Social (isto é, uma dívida que obste a que o clube possa obter uma certidão que comprove que tem a sua situação financeira regularizada para com aquela instituição) e ainda se existirem dívidas salariais relativas à remuneração-base dos praticantes desportivos regularmente inscritos nessa competição profissional (remunerações-base vencidas e não pagas a um determinado praticante desportivo), então o respectivo clube pode estar, em princípio, vedado de participar na respectiva competição profissional (por força da aplicação do disposto no n.º 2, do art.º 10 do RC, em conjugação com o disposto no art.º 12.º, alíneas c) e d) da Portaria n.º 50/2013). A decisão de indeferimento é definitiva? Pode não ser, dado que os clubes podem, no prazo de três dias úteis, apresentar recurso, para o Conselho de Justiça, da decisão proferida pela Liga."

Privacidade para roubar?

"Defender a nossa privacidade é essencial mas nem sempre evidente, como o prova este caso.

Todos estamos de acordo que a privacidade é, cada vez mais, um direito à sobrevivência, até porque bem sabemos que, cada dia que passa, somos mais vigiados, seguidos e controlados. Muitos destes registos somos nós mesmos que, muitas vezes, vamos permitindo e onde são guardados esses registos, quem tem acesso aos mesmos, hoje ou daqui a 20 anos, ninguém sabe ao certo. Defender a nossa privacidade é, assim, essencial mas nem sempre evidente.
Veja-se o caso López Ribalda e outros contra Espanha, que o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) decidiu no passado dia 9: num dos supermercados de uma pequena cadeia familiar, os roubos iam crescendo ao longo dos meses e o gerente decidiu recorrer à videovigilância. Colocou umas câmaras à entrada e saída da loja para vigiar os clientes e colocou outras no interior do estabelecimento, viradas paras as caixas registadoras que permitiam vigiar os empregados. Avisou os funcionários da colocação das câmaras destinadas a captar imagens dos clientes, mas nada disse quanto à existência das câmaras ocultas apontadas para os locais dos caixas. E a iniciativa foi rentável: em 15 dias, tinha captado imagens que comprovavam que cinco empregados eram os responsáveis pelo desaparecimento da mercadoria.
Chamados os trabalhadores ao escritório, na presença do advogado da empresa e do representante sindical, face às imagens, todos admitiram o seu envolvimento nos roubos. Três deles assinaram mesmo um acordo de rescisão do contrato de trabalho a troco de a entidade patronal não apresentar queixa criminal. Os outros dois não assinaram e foram despedidos.
Recorreram todos aos tribunais, desde a primeira instância ao Constitucional, os dois últimos alegando que tinham sido despedidos sem justa causa, já que as imagens tinham sido captadas sem o seu conhecimento em violação da sua privacidade e do seu direito à imagem, e os outros três que tinham assinado o acordo alegando que o mesmo não era válido porque tinha sido assinado sob coacção.
Mas não tiveram nenhuma sorte: para os tribunais, embora reconhecendo que a empresa devia, nos termos da lei, ter-lhes comunicado a colocação das câmaras ocultas, nem por isso o despedimento deixava de estar justificado. Para além de haver outros elementos de prova como o depoimento de um outro trabalhador, consideraram os tribunais espanhóis que o volume dos roubos ao longo dos meses justificava a colocação das câmaras em causa, devendo a privacidade dos trabalhadores recuar face ao direito de propriedade da entidade patronal.
Queixaram-se então os cinco trabalhadores espanhóis ao TEDH, alegando que com a captação das imagens em causa tinha sido violado o seu direito ao respeito da vida privada e que, com o uso das mesmas nos processos judiciais que tinham considerado justificados os seus despedimentos, tinha sido violado o seu direito a um julgamento equitativo.
No que respeita à violação do direito a um julgamento equitativo, o TEDH analisou se a utilização de tais imagens impedira que o julgamento fosse equitativo: tendo em conta que os trabalhadores puderam impugnar o teor e fidelidade das imagens e que havia mais elementos de prova, tais como o depoimento de um outro trabalhador, do gerente da loja e do representante sindical igualmente relevantes para a decisão final, concluiu o TEDH, por unanimidade, que não tinha sido violado o direito em causa.
Já quanto ao direito ao respeito da vida privada, por oito votos contra um, o TEDH entendeu que o Estado espanhol o tinha violado e condenou-o a indemnizar cada um dos trabalhadores em 4000 euros a título de danos morais. A necessidade de combater os roubos, cuja importância o TEDH aceitava, não justificava, no entanto, a introdução de câmaras apontadas para o local de trabalho onde os empregados tinham de permanecer, com a captação das respectivas imagens e posterior visionamento por terceiros, sem comunicação prévia da sua existência. É certo que não fora o Estado espanhol a colocar as câmaras ocultas, mas ao consentir, na prática, a sua colocação e utilização, violara a sua obrigação de garantir, de forma efectiva, o respeito da vida privada dos seus cidadãos. Para o TEDH, estando em causa direitos fundamentais, os fins não justificam os meios."

Francisco Teixeira da Mota, in Público

PS: Sendo que no caso especifico dos e-mails do Benfica, o Benfica não 'roubou' - foi roubado -, nem cometeu qualquer crime...

O presidente do Sporting ultrapassou tudo

"A propósito de uns polémicos cânticos entoados por uma claque do Sporting, Bruno de Carvalho escreveu no seu Facebook: “Os adeptos do Sporting CP […] sabem que devem ter sempre um comportamento que pugne pela dignificação do Clube e do desporto”.

Custa a acreditar que a pessoa responsável por estas palavras sábias tenha sido a mesma que escreveu, também no Facebook, um texto impensável sobre um comentador de um clube rival. 
Limitar-me-ei a reproduzir o início, pois o resto é demasiado hardcore: “Mas quem és tu meu labrego...”. Vamos por partes. Para começar, ao tratar o comentador por tu, BdC colocou-se ao mesmo nível que este, quando o presidente de um grande clube devia estar num patamar bem superior.
Não é muito difícil perceber que os comentadores formam uma espécie de guarda avançada das direcções dos clubes. Enquanto uns dão o peito às balas na TV, os outros ficam na segurança da retaguarda, evitando envolver-se em trocas de palavras desagradáveis e desgastantes.
Só que o presidente do Sporting parece sentir uma atracção irresistível para se colocar no centro do furacão. Com a agravante de às vezes usar uma linguagem carroceira que deve fazer corar de vergonha os seus familiares.
Curiosamente, depois de uma frase que prefiro censurar, Bruno de Carvalho continuava: “São este tipo de pessoas baixas que andam pela TV a poluir tudo”. Esta passagem levou-me a recordar uma época da minha vida em que costumava assistir a jogos do Belenenses no Estádio do Restelo.
Na nossa bancada, algumas filas acima, havia uma sócia mais intempestiva. Sempre que o árbitro tomava uma decisão com que não concordava, chamava-lhe todos os nomes: “Boi preto! Cornudo! A tua mulher está em casa com outro! Palhaço!”, além de outros palavrões que acho melhor não reproduzir. Mas nunca terminava esse rol de insultos sem rematar com um adjectivo que nos provocava um sorriso: “Ordinário!”."

Avance a bola​

"Os últimos dias foram sobretudo preenchidos com discussões estéreis e debates inócuos, substituindo-se ao jogo que, no fundo, é a razão da grande paixão que invade os adeptos semanas a fio.

Começa a haver pouca paciência para aturar tanto jogo súcio que se vai repetindo por aí com indesejável frequência.
Os últimos dias foram sobretudo preenchidos com discussões estéreis e debates inócuos, substituindo-se ao jogo que, no fundo, é a razão da grande paixão que invade os adeptos semanas a fio.
Deixemos então que algumas questões pendentes sejam resolvidas pelos regulamentos, sem nos adiantarmos com previsões poucas vezes coincidentes com a realidade, e olhemos para o que vai seguir-se e que é deveras bem mais importante.
Hoje à noite, a partir das 19 horas, regressa o campeonato para o começo do cumprimento da jornada 19, a segunda da segunda volta, preenchida por alguns jogos susceptíveis de criar alguma expectativa, sobretudo tendo em conta aquilo que sobrou da ronda anterior, e da qual há muita matéria para reflexão.
Desde logo, o que aconteceu ao Futebol Clube do Porto, amputado de um desafio em relação à concorrência mais directa, e pela herança, no plano físico, que os últimos dias deixaram.
Manter dúvidas sobre a possibilidade de poder utilizar Brahimi e Marega (só estes?) não deixa de constituir uma enorme dor de cabeça para Sérgio Conceição.
Jogar no Dragão com o Tondela pode parecer um acto simples, mas por vezes é nas coisas simples que os grandes objectivos se complicam. Veremos…
O Sporting vai até ao estádio do Bonfim, donde tem saído muitas vezes sem motivos para lamentações. E agora que o grupo está ainda mais reforçado, é caso para Jorge Jesus poder dormir sem grandes sobressaltos. Mas, e convém aos leões terem isso em conta, é em momentos como este que por vezes equipas em situação débil são capazes de se transcender.
Finalmente o Benfica, que após duas vitórias consecutivas em terrenos alheios, Moreirense e Braga, tem um teste difícil pela frente, com os transmontanos de Chaves a tentarem confirmar que o bom momento que atravessam não acontece por acaso.
É verdade que o grupo de Rui Vitória produziu em Braga uma exibição de qualidade, como se lhe não via há algum tempo, e a prenunciar uma acentuada subida de forma mas, perante este adversário de amanhã, as dificuldades irão estar certamente à vista de todos.
E seria de todo injusto não referir os demais seis jogos que faltam para completar o quadro da jornada: a deslocação do Braga a Portimão, a recepção do Rio Ave ao Boavista, o Marítimo a receber no Funchal o Belenenses, Feirense-Moreirense e D. Aves-Paços de Ferreira ambos a deixar antever um certo equilíbrio, e o Vitória de Guimarães-Estoril Praia, este numa altura em que os minhotos não vencem desde o dia 10 de Dezembro, e os ânimos poderão não estar ainda totalmente serenados na cidade do Fundador.
Enfim, esperemos e desejamos que o futebol dentro das quatro linhas consiga “chutar para canto” o outro, um arremedo que tem tirado tanto a paciência aos adeptos que gostam verdadeiramente da modalidade."