segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

A invisibilidade externa da nossa Liga

"Basta ir a Badajoz, Tuy ou Ayamonte para ter um encontro imediato com a irrelevância da Liga do País que é campeão da Europa

quem não goste que se diga que a Liga portuguesa é absolutamente irrelevante no contexto internacional. Lamento muito que quem assim entende não tenha razão. Quem me dera que houvesse algum interesse externo quanto ao que por cá se passa a que a Liga gerasse o interesse e a admiração que, por exemplo, quatro Ligas dos Campeões, duas Ligas Europa, uma Taça das Taças, duas Taças intercontinentais e mais de vinte finais europeias dos seus participantes deveriam justificar.
Infelizmente, a realidade diz-nos que os jornais vendidos em Elvas, em Valença e em Vila Real de Santo António ainda falam da Liga portuguesa. Mas os que os vendem em Badajoz, Tuy e Ayamonte, nem por isso.
Ontem decidi fazer uma ronda alargada pela imprensa europeia, à espera de encontrar ecos da jornada lusitana, com vitórias de Benfica e SC Braga. Confesso que o fiz sem grandes expectativas. E o panorama real deu razão àquilo que era a minha convicção. Nos diários desportivos espanhóis, consultados a Marca, o As e o Mundo Deportivo, nem uma linha!  O Sport trazia, num espaço mínimo, resultados e classificação. Em Itália, na Gazzeta e no Corriere dello Sport... nada. Em Inglaterra, vistos o Times, o Telegraph e o Mail, o mesmo que em Itália. E em França, o L'Équipe colocava uma brevíssima com os resultados e uma foto de Jonas, a uma coluna.
A pergunta é, de que estávamos à espera? A imagem que passa lá fora da nossa Liga é de uma competição que os principais protagonistas acusam de ser corrupta e que é notícia, quanto muito, pelas queixas quanto à verdade desportiva, especialmente na arbitragem. Quaisquer potenciais investidores, neste contexto, fogem como o diabo da cruz desta prova, não querendo ficar associados a uma realidade em que quem devia defendê-la, dela diz o que Maomé nunca disse do toucinho.
Tudo isto tem consequências dramáticas para a indústria do futebol, em Portugal. E é normal que o presidente da FPF, a entidade mais lúcida nesta nave de loucos, vá procurar chamar à razão os presidentes dos clubes. Tenho muitas reservas, porém, quanto ao sucesso dessa missão, de tal forma a deriva autofágica está inculcada no dirigismo do nosso futebol. E repito um alerta que já deixei nas páginas de A Bola: assim, estão a criar condições para a venda a privados dos principais clubes.

Ás
Jonas / Dost / Marega
Sabe-se sempre quando não estão lá. Benfica, Sporting e FC Porto dependem muito da mais valia proveniente destes matadores e convivem mal com as suas ausências. A ver vamos se o mercado de inverno vai trazer boas novas a Vitória, Kaizer e Conceição, a quem daria jeito ter alternativas à altura destes grandes goleadores.

Ás
Pedro Caixinha
O treinador português, conhecido no México por El Forcado, em honra dos anos que passou nos Amadores de Montemor, classificou o Cruz Azul para a final do campeonato mexicano. Se há uma tampa para cada tacho (este ditado o PAN autoriza...), a de Caixinha está no México, onde é idolatrado.

Duque
Fontelas Gomes
A arbitragem portuguesa, a quem foram dadas, pela FPF, condições de excepção, está a passar ao lado de uma oportunidade histórica de afirmação e de retoma no contexto europeu. O VAR está a ser o espelho da incompetência de muitos árbitros e a lógica corporativista reinante impede que o futebol deixe de ser prejudicado.

Portugal, de 'VAR' a pior
O vídeo-árbitro é uma grande conquista do futebol e o facto de tanto a UEFA quanto a Premier League irem aderir a esta nova forma auxiliar a arbitragem mostra qual é o caminho da modernidade e do futuro. Portugal, com a visão e o poder financeiro da FPF a serem decisivos, foi pioneiro nesta demanda e por isso deve estar de parabéns. Porém, aquilo que se está a verificar, entre nós, semana após semana, é que quem está na linha da frente do VAR não se mostra à altura das circunstâncias, não por qualquer razão menos própria, mas pura e simplesmente por incompetência (creio). Há que chamar os bois pelos nomes (espero que o PAN não me processe por este aforismo...) e não ter medo de dizer que os árbitros e os VAR não têm estado à altura das circunstâncias. E que o corporativismo do sector está a minar uma ideia que devia ter um aproveitamento muito melhor. O presidente do CA da FPF deve uma explicação pública aos adeptos do futebol em Portugal, porque o que tem acontecido não é aceitável, muito menos explicável, à luz das imagens que todos vemos.

A lei dos milionários imperou no Bernabéu
Foi um golo de bandeira do portista emprestado Juan Quintero a fazer pender o prato da balança para o River Plate na final madrilena da Libertadores. Que o futebol argentino tenha aprendido algo com a humilhação de ter de jogar no estrangeiro.
PS - A luta do Boca Juniors deve prosseguir no TAS.

Francamente, merecíamos (muito) melhor...
«A Lusa, uma empresa cem por cento pública...»
Graça Fonseca, Ministra da Cultura
Não terá sido essa seguramente, a intenção de António Costa, mas a realidade mostra-nos que Graça Fonseca, Ministra da Cultura, é um trágico erro de casting na tutela da comunicação social. Arrogante quando disse que o melhor de estar no México era não ler jornais portugueses e ignorante quando afirmou que a Lusa era cem por cento pública, Graça Fonseca é um embaraço para todos."

José Manuel Delgado, in A Bola

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