"Barata Moura, o artista que dedicou mais de um quarto da sua vida em prol da actividade cultural do Benfica
José Barata Moura (1911-2011), o conhecido pintor das beiras - assim referido pela sua obra representar maioritariamente paisagens do concelho do Fundão, onde nasceu -, tinha outro tema que o inspirava: o desporto. Da sua vida centenária, dedicou mais de um quarto a colaborar activamente com o Sport Lisboa e Benfica.
O fascínio pela pintura surgiu-lhe quando, com 10 ou 11 anos, viu Eduarda Lapa a pintar. 'Fiquei embriagado. Comprei uma paletezinha com pastilhas de aguarelas.. e comecei a pintar!', contou ao jornal O Benfica. Aos 17 anos, decidiu estudar pintura e rumou a Lisboa, para ingressar na Escola de Artes Aplicadas. Na capital, aproximou-se do Benfica e, em 1957, ao conhecer o programa de expansão cultural do Clube, fez-se sócio e integrou a Secção Cultural (que passaria a designar-se Comissão de Estudos e Cultura em 1965).
No final de 1958, expôs pela primeira vez na secretaria do Clube, no Jardim do Regedor. A 'exposição (...) de características inteiramente desportivas' contava, entre as obras apresentadas, com 'uma série de retratos - incluindo de dirigentes e campeões', 'apontamentos desenhados durante várias provas de modalidades' e 'até um óleo - aspecto do Estádio em dia de desafio'.
Mas essa não seria 'filha única'. Durante a sua colaboração com o Benfica, realizou diversas exposições em instalações do Clube, de 'entrada livre para sócios, não sócios e suas famílias'. Em 1964, por exemplo, apresentou um conjunto de paisagens inspiradas nos bicampeões europeus. A inspiração disse, surgiu após uma visita ao Lar do Jogador: Troquei então interessantíssimas impressões sobre viagens e arte com os nossos «bicampeãoes»... E sem que eles sonhassem, sequer, iam-me dando o «mote», (...) indicando-me assuntos para eu pintar'. Entre as obras encontravam-se Crepúsculo no Estoril, Moinhos do Barreiro e Um bom petisco - sardinhas assadas, inspiradas em Costa Pereira, José Augusto e Ângelo, respectivamente, 'demonstrando que o jogador não é apenas o homem do músculo, mas que tem sensibilidade para saber compreender e apreciar outros aspectos da vida do espírito também'.
No Museu Benfica - Cosme Damião, na área 16 - Outros Voos, Barata Moura é recordado através do retrato a óleo de Orlando Settimelli pintado em homenagem ao fundador do orfeão do Clube."
Mafalda Esturrenho, in O Benfica
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