"Primeira parte invulgarmente vertical e segundo tempo com menor pressão
Qualidades de Champions
1. Primeira parte de alta qualidade, no que se espera de um jogo de Liga dos Campeões. Duas equipas com estruturas tácticas semelhantes, organizadas em 4x3x3, com níveis de confiança e ousadia suficientes para uma vitória. Ajax e Benfica apostaram ambos, e de forma igual, em dois dos principais momentos de jogo: pressão imediata na primeira fase de construção do adversário e ataque rápido. Isto proporcionou 45 minutos de grande nível, com ambas as equipas a procurarem ganhar a bola numa posição alta do campo, num jogo algo atípico, com muito espaço para transições ofensivas.
O jogo na primeira parte foi invulgarmente vertical, muito partido. Resultou num número grande de oportunidades de golo de parte a parte. Primeira parte muito interessante, mas não era de esperar que o Benfica se expusesse tanto ao ataque do Ajax. Mas como ambas as equipas não baixaram muito os blocos, provocou um jogo com muitas situações no último terço. Restava saber como seria o ritmo no segundo tempo, depois de 45 minutos tão frenéticos.
Perda de pressão
2. Segunda parte diferente, sobretudo pela perda de pressão dos quatro jogadores que alinhavam à frente de Fejsa: Salvio, Gedson, Pizzi e Rafa. Com este bloco menos profundo em campo, a pressionar menos, o Ajax passou a atacar de forma mais permanente, num jogo mais em posse. Daí que os holandeses se tenham aproximado duas ou três vezes da baliza do Benfica. Foi por isso que as duas substituições de Rui Vitória foram as entradas de Gabriel e Cervi para os lugares de Pizzi e Rafa, respectivamente, justamente para refrescar aquela zona e ter frescura no meio-campo do Benfica. O treinador teve essa percepção. Passou a ser menos frequente ver o Benfica a chegar à baliza do Ajax, ao invés do que aconteceu na primeira parte.
Golo trouxe injustiça
3. O mau ataque à bola de Germán Conti, que até estava a ser dos mais regulares do Benfica, acabou por fazer a diferença. O golo do Ajax traz injustiça ao resultado e acaba por condicionar a classificação, no que apuramento diz respeito. Destaco a exibição de três jogadores no Benfica: o guarda-redes Vlachodimos, o médio Fejsa e, particularmente, Seferovic, ao nível ofensivo e defensivo. Foi um jogo ao nível do que se pede na Liga dos Campeões.
Fora de campo
4. À entrada para mais uma jornada das competições internacionais de clubes, e apesar do afastamento precoce do Sporting Clube de Braga, deste em especial mas também do Rio Ave Futebol Clube, que caíram na fase preliminar da Liga Europa, o que resta da representação nacional evidencia até ao momento um desempenho que, não sendo brilhante, também não compromete o objectivo perseguido por qualquer um dos três emblemas que ainda sobrevivem.
Os catorze jogos já realizados resultaram num saldo de oito vitórias, duas derrotas e quatro empates; um quadro aparentemente positivo mas que, ainda assim, reduziu de cinco para três os participantes portugueses.
Os jogos a disputar na presente semana afiguram-se, pois, de importância acrescida para que o grande objectivo da passagem à fase a eliminar venha a constituir-se uma realidade dos anos anteriores e melhorando a nossa prestação global que tem estado longe de um passado de relativo sucesso. O desfecho do jogo de hoje, contudo, não deixa antever grande sucesso."
Manuel Machado, in A Bola
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