"Quando o Benfica inaugurou uma nova senda vitoriosa, conquistando o primeiro campeonato com Jorge Jesus, a formação do plantel obedecia a uma lógica diferente da actual. À época, a aposta foi numa combinação de valores firmados (Aimar e Saviola), jogadores emergentes, mas já com futebol de selecção (Cardozo e Maxi) e jovens talentos, detectados pelo scouting, e cuja qualidade antecipava pouca probabilidade de insucesso (Ramires e Di María).
Agora, o contexto é outro e a aposta estratégica tem de ser distinta.Parte da explicação está nos constrangimentos: o negócio do futebol está a mudar de forma acelerada e o lugar periférico do campeonato português acentuou-se, retirando capacidade de investimento; ao que acresce que, depois da crise, a alavancagem financeira dos clubes nacionais deixou (felizmente!) de ser possível. Sem dinheiro e sem recurso ao endividamento, resta, por isso, aos clubes portugueses apostar em talento nacional ou formado localmente. É o que o Benfica tem feito com sucesso, mas, também, com riscos competitivos que convém não ignorar.
É óbvio que a necessidade é uma explicação poderosa para a renovada aposta na formação. Pura e simplesmente não há alternativas para um clube português que queira manter-se financeiramente à tona. Mas, por si só, as oportunidades não dão garantias de chegada ao plantel principal de jogadores com qualidade. É preciso um trabalho duradouro, que forme talentos. Quando se olha, hoje, para as selecções jovens e para a principal, salta à vista o número de jogadores que passaram pelo Seixal.
Apostar na formação deixou de ser um risco em termos de qualidade de jogadores. Os desafios são, por isso, outros: reter o talento e permitir a sua maturação.
Quando Luís Filipe Vieira recuperar o sonho de voltar a vencer uma Liga dos Campeões há, é evidente, um lado aspiracional, que aparenta não passar de uma quimera. Contudo, se pensarmos bem, não fora a sangria de jogadores – muitos deles que nem sequer tiveram oportunidades na equipa principal –, o Benfica tinha hoje condições para ser uma equipa de topo na Champions. Bastava, apenas, não ter deixado sair alguns de entre esta geração de sub-25: Ederson, Nelsinho, Cancelo, Lindelöf, Renato, André Gomes, Hélder Costa e Bernardo.
É, por isso, imperioso não repetir o erro, voltar a fazer promessas vãs e, depois, deixar que aconteça com o Gedson, o Rúben, o Félix, o Jota, o Florentino e, logo a seguir, com o Tiago Dantas o que sucedeu com as fornadas anteriores saídas do Seixal. Sobra, contudo, um problema fundamental. Por muito talento que exista, uma equipa de sub-21 dificilmente é muito competitiva e enfrentará sempre dificuldades em provas longas (Liga) ou em contextos internacionais. Não basta, por isso, reter talento: é preciso deixar maturá-lo e garantir que ficam alguns anos no Benfica, acompanhados por jogadores experimentados e vencedores."
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