"A actividade física é cada vez mais associada à saúde e ao bem-estar, seja pelos benefícios que fisicamente dela retiramos, seja pela capacidade de agregação e inclusão social que o desporto reconhecidamente tem, muito particularmente no caso dos chamados desportos de equipa. Na verdade, com a prática desportiva, a aproximação entre os indivíduos produz melhorias importantíssimas na relação e salda-se invariavelmente pela atenuação dos níveis de conflitualidade e violência física e psicológica a que os diferentes e os mais fracos estão crescentemente sujeitos nas instituições em que desenvolvem as suas vidas e onde socializam quotidianamente. Na verdade, instituições como a escola ou a empresa cumprem um papel fundamental nas nossas vidas dado o volume de tempo nelas dependido. Assim, para lá da família nuclear e das relações vicinais de maior proximidade e interdependência, é nestas instituições que escolhemos e cultivamos amizades, que desenvolvemos e afirmamos lideranças. E, não menos importante, é também nelas que validamos comportamentos e sucessos pessoais pelo reconhecimento dos nossos pares. Somos uma espécie gregária, cujo sucesso individual no jogo competitivo da evolução e da selecção natural depende em larga medida do grupo que nos acolhe e protege.
Somos indivíduos complexos, porque competitivos entre nós e colaborativos contra as outras espécies ou contra outros grupos culturais da nossa mesma espécie.
Isto faz com que, não raras vezes, surjam disfunções no jogo normal da relação entre os indivíduos, levando à afirmação de lideranças pela negativa e ao jogo competitivo dominado pela força física e/ou psicológica.
O bullying encontra neste terreno a suas melhores lavouras. Acentua-se e legitima-se pela diferença, pela redução dos indivíduos que não atingem patamares mínimos de beleza, destreza física ou intelectual, mas também pela cor, pelo vestuário, pela orientação sexual, pela religião, pela nacionalidade. Ou dentro do mesmo país, pela região donde somos oriundos, ou ainda por dicotomias campo-cidade, pobre-rico. Ou ainda, crescentemente, pela discriminação pela idade, a que até uma nova palavra (o 'idadismo') já veio dar nome em sinal dos tempos que atravessamos...
A tudo isto, e muito mais, faz bem a prática desportiva. Muito para lá de vísceras e músculos, de órgãos vitais ou aperfeiçoamentos físicos, a prática desportiva, regida por valores aproxima, liga e constrói pontes indeléveis entre os indivíduos, acelerando e descoberta mútua, a tolerância e a cooperação e esbatendo a diferença qualquer que ela seja. O desporto conserva intacta a nossa natureza competitiva e predadora, mas também gregária, garantido a satisfação dessas necessidades em sociedade e a convivência pacífica entre todos. É, sem dúvida, uma importante ferramenta de construção de coesão social e bem-estar individual e um importante factor de integração social. É por isso que na Fundação Benfica damos tanta importância à Semana Europeia do Desporto:
Porque, da maneira que vai o mundo, bem precisamos dele, em casa, na escala, no trabalho e em toda a parte!"
Jorge Miranda, in O Benfica
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