domingo, 9 de setembro de 2018

O falso jornalismo

"Foi a minha mãe que me ensinou. As coisas são verdade ou são mentira. Não há meias verdades nem mentiras pequeninas. Hoje é domingo, e é domingo desde o primeiro segundo da meia-noite até ao último das 23.59. Antes foi sábado, amanhã é segunda. Factos são coisas assim. Indesmentíveis.
Mas a minha mãe também me ensinou que nem tudo são factos. Há opiniões. Mas atenção, disse-me, as opiniões não se tornam verdadeiras apenas porque são ditas; e como a mentira é o género mais fácil, comum e perigoso de opinião, é preciso estar precavido contra elas. Mais tarde, percebi que é por isto que, ao longo da História, as sociedades evoluídas ensinam os seus indivíduos, desde a mais tenra idade, a considerar que a verdade é boa e a mentira má; e que este devir histórico, consubstanciado nas leis, civis e religiosas, é o cimento fundacional da boa convivência humana. 
Também aprendi que os guardiães da verdade são cada indivíduo em particular, mas, por causa dos conflitos resultantes, quer da escassez de recursos quer da cupidez, os homens precisaram de proteger a verdade em códigos mais fortes que a ética ou a moral. Inventaram as leis e mais tarde, as democracias inventaram a liberdade de expressão.
Seria neste estado que a nossa sociedade devia estar. Onde a mentira pudesse ser distinguida com clareza da verdade. Onde os que mentem fossem punidos. Mas ao contrário do que seria de esperar, quanto maior é o acesso à informação mais terreno fértil há para as mentiras.
Nos dias de hoje até parece natural alguém mentir, ser apanhado e mesmo assim continuar a insistir na sua mentira, mesmo que já desmentida.
Num mundo atraído pela novidade, onde a Internet amplifica tudo, e as "fake news" se disseminam 70% mais rápido, é urgente que os jornalistas sejam campeões e não meras peças de xadrez. Porque já não lhes cabe apenas dizer a verdade, cabe-lhes, mais que nunca, proteger-nos da mentira.
Cada notícia não verificada e depois desmentida não é só um erro jornalístico ou um atropelo ao código deontológico. É mais um passo para a banalização da verdade, e a sua utilização para benefício de campanhas políticas, de saúde, económicas, ou de qualquer outra natureza, é causadora de danos irreparáveis. Se assim continuarmos, não são só as notícias que são falsas. O jornalismo também é."


PS: Não deixa de ser irónico, um artigo deste teor ser publicado neste pasquim...!!!

2 comentários:

  1. Este não tem a noção onde escreve.


    Miguel

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  2. Como o jornalismo em Portugal é muito falso não admira que todos os jornais estejam a definhar...

    Agora estes apelos tímidos à seriedade já pecam por tardios...

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