terça-feira, 4 de setembro de 2018

Ah! Afinal a história repete-se de vez em quando...

"O primeiro Benfica - Sporting para o Campeonato Nacional terminou com o mesmo resultado que o último: 1-1. E, curiosamente, o encontro também foi muito mais lutado do que jogado. Algo muito próprio de uma rivalidade centenária.

Um enorme cortejo tomou conta da capital. Não, não tinha nada que ver com futebol. Foi a União Nacional que pôs o povo na rua para agradecer ao general Carmona ter aceitado recandidatar-se à presidência da República.
Outros tempos, outros tempos. Aliás, candidatura ou recandidatura eram termos demasiado vagos para serem levados a sério. E, no entanto, as pessoas enchiam a Avenida da Liberdade e até se esqueciam de que havia um Benfica - Sporting. O primeiro Benfica - Sporting para o Campeonato Nacional! Assim mesmo, com ponto de exclamação.
Dia 10 de Fevereiro de 1935. Campo das Amoreiras. Calma: nem todos se esqueceram - as bancadas estavam cheias. O Benfica entrou a jogar com 'élan': eis como se caracterizava nesse tempo a vontade de ganhar.
Um onze bem definido: Amaro; Gatinho e Gustavo; Albino Lucas e Costa; Torres, Xavier, Vítor Silva, Guedes e Valadas.
Valadas era um goleador tremendo! Guedes não tem descanso nos primeiros minutos: é ele que empurra a equipa para a frente e protagoniza dois remates muito perigosos para a baliza de Jóia. Jóia, o keeper dos leões.
O Sporting alinhou assim: Jóia; Jurado e Serrano; Correia, Araújo e Faustino; Mourão, Pacheco, Soeiro, Ferdinando e Lopes. Soeiro também era um fantástico marcador de golos - foi o melhor nesse primeiro Campeonato Nacional disputado entre nós.
'Há alternativas de ataque que o público aplaude no entusiasmo inicial', escrevia o cronista 'O equilíbrio é a característica do encontro até aos dez minutos. Vítor Silva tem um bom remate que não resulta. O encontro está a ser bem disputado agradável de seguir, embora se note uma dureza prometedora'.
Não estranhem a linguagem: os jornais escreviam relatos, como se fossem a rádio em papel.

Futebol estragado
As quezílias multiplicam-se nas Amoreiras. Soeiro, Gatinho e Ferdinando vão puxando dos galões. A violência fica perto, mas não se propaga.
Lopes, o extremo-esquerdo do Sporting, foge à vigilância encarnada: o seu pontapé saiu estrepitoso mas sobre a barra de Amaro. Fica a ideia de que os leões são mais fortes. Será verdadeira? Pelos vistos, não.
A partir dos 25 minutos, o ritmo abranda, como não poderia deixar de ser. Exige-se tranquilidade: só a calma poderá ganhar vantagem sobre o nervosismo latente. Os vermelhos estão mais controlados. E, assim sendo, chegam à vantagem. 'Uma avançada do Benfica dá a Valadas, em corrida, a possibilidade de um centro. Torres internara-se, e bem colocado lança um remate imparável e faz o 1.º golo do Benfica. Ia-se nos 28 minutos de jogo'. O Sporting procura reorganizar-se, combater a desvantagem. Mas volta a ser Torres a ter o golo nos pés a passe de Valadas.
Segundo tempo: 'Até ao quarto de hora o jogo decorre com domínios alternados, mas com leves vantagens do Benfica. De uma maneira geral, mau foot-ball, dureza, a roçar pela violência; incidentes sucessivos e aspecto barulhento'. Quem diria? Muito semelhante ao que aconteceu no último fim de semana, na Luz. Mourão recebe um passe de Pacheco e faz o empate.
'Os remates dos leões sucedem-se agora de ambos os sectores extremos e pelo centro. O Sporting dispõe-se à vitória, e o Benfica parece, na meia hora, incapaz de reagir, por acção dos médios do Campo Grande. Muitos corpo a corpo e, consequentemente, menos e pior fott-ball'.
É uma batalha que se disputa. A igualdade vai-se tornando, a pouco e pouco, inevitável por via de um equilíbrio final e teimoso: 'O jogo termina com o empate de 1 a 1 que corresponde às alternativas do jogo e à classe das equipas. A vitória de qualquer dos teams seria forçada'.
O primeiro derby para o campeonato terminou exactamente como o último: 1-1. Que ninguém diga sem pensar duas vezes que a história não se repete."

Afonso de Melo, in O Benfica

3 comentários:

  1. Ao anónimo cobarde:
    Se é do clube das prostitutas, estamos falados quanto a corrupção desportiva, atropelos à lei, violência em recintos desportivos, ameaças a árbitros, falta de fair play e outras mil velhacarias inenarráveis.
    Se é do clube a contas com os processos Cardinal e cashball, do clube do Alcacete e do nalgas e dos adeptos que incendiaram a Luz...
    Violação do segredo de justiça? É crime, sim. Mas só o alegadamente cometido por um funcionário do Benfica? E os outros, milhentos deles?
    Só mais uma coisa: vá chamar corrupto ao paizinho e marrar na parede, seu corrupto verde ou azul.

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    1. é verde... a referência ao "ASSASSINOS" não deixa margem para dúvidas.
      é o discurso "brunístico" sobre o pseudo-adepto lagarto que afinal era adepto da fiorentina e da violência.

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  2. Ferro Rodrigues em tempos disse (estou a cagar para o segredo de justiça)hoje é presidente assembleia da republica, só mais uma coisa não é do Benfica.

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