"Nestes últimos dias, houve três episódios muito interessantes na vida do Benfica que gostaria de assinalar, não só tendo em conta os elevados significados que cada um representa, por si, mas também, considerando o inefável laço que é comum a todos eles.
Primeiro, a alegria com que os adeptos vieram partilhar o seu benfiquismo com a equipa principal, no treino aberto de sábado passado. Depois, ainda nesse dia, a suave despedida do nobre Shéu Han do seio da equipa que sempre honrou, continuamente, ao longo de quarenta e oito anos. E, logo no começo da semana, na ocasião em que se abria o segundo ciclo da preparação da equipa, em Tróia, as confiantes declarações do capitão Luisão, ao iniciar a sua décima sexta época no Glorioso.
O espectador registo de expectativa, dedicação e entusiasmo que os adeptos quiseram demonstrar, massivamente, de fora para dentro, ao mais relevante grupo de trabalho do Benfica e, nos casos de Shéu e Luisão, o profundo sentido da vivência do Benfica na perspectiva do ambiente interior, mais protegido e preservado, representam que a força e a grandeza do nosso clube resultam da perenidade dos valores que nos fortalecem entre nós, dos adeptos aos atletas e das cadeias de transmissão cultural que sempre soubemos conservar, proteger e desenvolver, no seio das nossas estruturas de competição.
Na esplêndida manhã de sol daquele sábado, o momento da comunhão dos sócios e simpatizantes e das suas famílias com os craques mais celebrados, assim como o ensejo de reconhecerem as caras dos jovens oriundos da Formação e as figuras dos atletas recém-chegados de outras paragens, resultaram num momento de festa inesquecível para muitos milhares de benfiquistas e para os próprios jogadores.
Não restam dúvidas de que o convite para o 'treino aberto' - pouco comum nos tempos que correm - patenteou a determinação com que todos nos preparamos para o grande desígnio da reconquista que nos permitirá alcançar o 37.º em Maio de 2019.
Por outro lado, ao dar por concluído, com a maior descrição, o seu longevo contributo ao serviço da equipa principal, precisamente na sensível circunstância de uma mudança de ciclo, o significado da serena atitude de Shéu Han não pode deixar de ser correlacionado com o sentimento de confiança implícito nas declarações do grande capitão. Shéu e Luisão são, indubitavelmente, no presente e no cenário muito específico do nosso mais importante grupo de trabalho, os dois exemplos míticos da continuidade da mística do Benfica. Quando um deles, considerando cumprida a sua missão, humildemente se retira, o outro afirma a sua permanência, sinalizando, designadamente, quão decisivo julga poder ser o seu desempenho junto dos newcommers.
O mais relevante denominador comum aos três episódios consiste na solidez dos modelos de transmissão de uma mesma cultura que, ao ser passada de avós a filhos e a netos, e que todos gostam de manifestar entusiasticamente aos atletas, estes, por sua vez, se sentem conscientemente estimulados a preservar e desenvolver, no seu da equipa. Por isso, o Benfica é tão forte.
Por isso, o Benfica é único."
José Nuno Martins, in O Benfica
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