sexta-feira, 13 de julho de 2018

Artistices

"Fiquei muito satisfeito por, além da França, também a Bélgica a Croácia e a Inglaterra terem atingido as meias-finais

1. Reconheço que há muitos critérios para avaliar e comparar os treinadores de futebol. Desde a condição de terem, ou não, sido jogadores até à metodologia de treino adoptada. É a tal estória dos chamados perfis. Porém, no meu modesto ver, antes e depois das divisões em classes e subclasses, todos os técnicos pertencem a uma de duas categorias, a nomear: i) os que, acima de tudo, têm medo de perder; ii) aqueles, mais raros já se vê, para quem só a luta pela vitória justifica a glória. Os primeiros pretendem-se pragmáticos, realistas, e desprezam a beleza do futebol em nome do zero a zero, enfim, são os resultadistas. A sua ordem chama-se defesa e contenção. Já os segundos são percebidos como líricos ou românticos, ingénuos que acreditam no fair play, enfim, na opinião dos primeiros, uns totós que acreditam no ataque como vocação. Este mundial também serviu bem para ilustrar quem são uns e outros.

2. Fiquei muito satisfeito por, além da França, sem dúvida a equipa mais forte, também a Bélgica, a Croácia e a Inglaterra terem atingido as meias finais. Aliás, esta exclusividade europeia conecta-se com o seguinte paradoxo: em todas as principais ligas europeias há centenas de jogadores sul-americanos. Mas não há técnicos brasileiros, chilenos, uruguaios ou colombianos em equipas de topo. A única excepção que me ocorre é o argentino Diego Simeone no Atlético de Madrid. Conclua-se então que tais treinadores são como os árbitros portugueses - só servem mesmo para consumo interno.

3. Por falar em Atlético, Jose Maria Gimenez, central uruguaio, é um homem! Daqueles que são homens mesmo a sério. Que melhor prova do que as lágrimas que o atacaram ainda antes do fim do jogo?

4. Os adeptos do Japão já tinham mostrado, em diversos eventos por esse mundo fora, o seu culto da limpeza. Neste Mundial, esse exemplo de superlativo respeito voltou a ficar patente: mesmo depois de eliminados, os japoneses deixaram as bancadas impecáveis. E o balneário também.

5. E para quem pensava que no futebol já tudo estava inventado, eis que a Inglaterra apresenta um dispositivo de marcação de cantos jamais visto..."

Paulo Teixeira Pinto, in A Bola

1 comentário:

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