quarta-feira, 23 de maio de 2018

O novo problema do futebol é a falta de dinheiro e o avanço da Justiça

"Não vale a pena perder muito tempo a tentar encontrar as razões para o clima de extrema tensão que se abateu sobre o futebol português nesta época. Há diagnósticos de sobra, desde os mais básicos aos mais elaborados, passando pelas inevitáveis teorias da conspiração e pelas visões totalmente clubísticas.
As grandes diferenças desta época assentam em três razões e só uma delas é que é desportiva, a luta pelo título até à penúltima jornada. As outras duas jogam-se em planos diferentes: a fragilidade financeira dos clubes e o avanço da Justiça, sem os medos ou erros do passado.
Convém lembrar que esta época arrancou com um FC Porto muito fragilizado financeiramente, com um Benfica que vendeu demais e um Sporting que gastou em excesso. E que a época desembocou rapidamente na divulgação de emails internos do Benfica através de um canal detido pelo FCP, no caso e-toupeira, nas investigações sobre apostas e jogos combinados e acabou no Cashball.
Não há nenhuma expectativa razoável de que a tensão diminua nem que os dirigentes dos clubes estejam interessados nisso. Vão tentar explorar sentimentos básicos e movimentos de manada a seu favor, sempre que lhes apetecer ou precisarem.
Neste momento, Luís Filipe Vieira é arguido num caso lateral ao futebol (o Lex, que envolve Rui Rangel), mas o seu braço-direito, Paulo Gonçalves, está indiciado num caso que a Justiça vai tratar com extrema severidade. Ao mesmo tempo, o responsável pelo futebol do Sporting é arguido num caso de corrupção em que o Ministério Público não acredita que não tivesse ordens ou autorizações superiores.
Neste clima de tensão judicial e de enormes dúvidas financeiras, não há nenhuma expectativa razoável de que a tensão diminua nem que os seus dirigentes estejam interessados nisso. Vão tentar explorar sentimentos básicos e movimentos de manada a seu favor, sempre que lhes apetecer ou precisarem.
A falta de dinheiro e, sobretudo, o avanço da Justiça é mesmo a única coisa que não controlam. Imagino a cara dos fanáticos das claques ao verem que 23 meliantes ficaram em prisão preventiva. Nunca aconteceu nada semelhante em Portugal, vinte e três pessoas presas preventivamente no mesmo caso, todos pela mesma tabela. É um aviso claro às claques e aos clubes. O mundo mudou, o dinheiro é menos e Justiça já não faz os cálculos de outros tempos. Avança e se for preciso peca por excesso."


PS: Não consigo deixar de ficar espantado, como é que se fala de justiça desportiva, e não se distingue viciação de resultados, e outros assuntos extra-desporto...
Extraordinária é também a forma como jornalistas, falam da superior gravidade da quebra do segredo de Justiça!!!

1 comentário:

  1. Extraordinário sem dúvida, quando ainda por por cima os maiores implicados nas fugas de informação em segredo de justiça são os próprios jornalistas que lhes chamam "fontes de informação".
    Não há qualquer dúvida que a viciação de resultados é dos crimes mais graves.

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