sábado, 19 de maio de 2018

Fraquinho

"Há um ano, o país parou com três eventos marcantes: o SL Benfica sagrou-se Tetracampeão, o papa Francisco visitou Portugal, o Salvador Sobral venceu o festival da Eurovisão. Tudo no mesmo dia, tudo para celebrar na mesma noite - 13 de Maio. E quando digo que o país parou, é porque parou mesmo, com milhões de pessoas na ruas. Não estou a exagerar, como vocês sabem. Do Algarve aos Açores, de Angola a Timor, do Brasil à Austrália, houve gente a festejar em praças, avenidas, casas e cafés, restaurantes e teatros. A televisão e a internet trouxeram-nos todas essas imagens, de bandeiras e cachecóis vermelhos no ar, empunhados por gente que cantava bem alto o amor pelo seu clube. Não me lembro de, em nenhum momento dessas muitas festas ter havido um cântico ensaiado contra um rival.
Este ano, nada. Ou muito pouco. Umas dezenas de adeptos portistas tentaram fazer a festa no Marquês de Pombal e roçou o ridículo. Nem o trânsito deu para cortar. E quanto a ligações em directo a cidades e países longe da Torre das Antas, foi simplesmente paupérrimo. Meteu dó. Meteu ainda mais pena do que o último lugar das representantes portuguesas na Eurovisão. E também elas estavam a ocupar um lugar que não era delas, depois da desclassificação do principal concorrente. No futebol, não foi a outra equipa que ganhou um campeonato. Fomos nós que o perdemos. E vamos ter de resolver esse problema internamente para evitar a vergonha alheia de ver festas tão deprimentes e pequeninas como a que dizem ter acontecido na semana passada."

Ricardo Santos, in O Benfica

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