sexta-feira, 20 de abril de 2018

Vou ao Estoril

"Numa instituição com a natureza e com a dimensão do Benfica, nunca, em circunstância alguma, podem deixar de se cumprir como norma os mais elevados índices de cultura de exigência que representa a matriz fundacional do Clube: o Sport Lisboa e Benfica formou-se para competir, mas, com o devido respeito por todos os adversários que se mostrassem leais, os nossos antepassados Fundadores logo estabeleceram que nascíamos para os vencer. O que, portanto, a história nos determina é que os Benfiquistas nunca se reuniram para perder, nem para empatar. E sendo aquele o nosso singular termo absoluto de referência comum, nós, sob a égide da águia, sempre temos de jogar todos juntos, para ganhar. Nunca para perder. Nem para empatar.
Com efeito, de acordo com os exemplos míticos que os Fundadores e os nossos heróis dos campos, das pistas e dos pavilhões nos deixaram, a todos aqueles que servem o Benfica, a quem hoje enverga o nosso Emblema ou, seja em que circunstância for, esteja a representar o Sport Lisboa e Benfica, jamais entre nós será consentido pelo bom senso invocar-se a condescendência dos pares (ou, por absurdo, arriscar qualquer pirueta possidónia em bicos-dos-pés) para justificar um erro, uma quebra de um desalento que, normalmente, só induzem a derrota. Nem antes, nem durante, nem depois de uma competição. Nunca.
E se assim é relativamente dos atletas, aos técnicos e aos gestores, também não deixará de o ser no que respeita ao comportamento de cada um de nós, nas bancadas (ou, até, nas palhaçadas agora em alta, nas televisões).
Em contexto algum podemos desistir do nosso primeiro desígnio de vencer, juntos.
Em cada momento do treino ou do jogo (ou no circo mediático), a maximização mais dedicada do esforço competitivo que caracteriza o Benfiquismo exige, de cada um de nós, o respeito por nós próprios. E, enquanto houver o eterno Benfica, é todos juntos que ganhamos.

Só perderemos se nos conseguirem dividir. Por isso, só se não puder: não deixarei de ir ao Estoril."


José Nuno Martins, in O Benfica

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