segunda-feira, 19 de março de 2018

Treinadores: autênticos ou actores

"Uma breve passagem pela literatura sobre a liderança do treinador e percebemos que existem vários estilos e teorias que abordam os comportamentos do treinador no exercício da sua liderança que nos remetem para modos de estar e ser completamente distintos. Umas mais antigas outras mais recentes, as teorias vão proporcionando compreender melhor que tipos de comportamentos os treinadores têm e o que suporta essas mesmas acções.
Isto a propósito do comportamento mais recente do treinador Sérgio Conceição quando se recusou cumprimentar um colega seu de profissão. Já o escrevi aqui nas primeiras rúbricas desta época desportiva, Sérgio Conceição encaixa-se muito na teoria da liderança autêntica. Que nos remete de modo muito simples para agir consoante aquilo que o líder é enquanto pessoa. E isso leva-o a sentir-se bem com aquilo que faz em qualquer um dos contextos, fruto de convicções muito fortes e com pouca capacidade de abnegação.
Outros treinadores apresentam um conjunto de comportamentos que se encaixam noutros perfis de teorias e estilos distintos da liderança mais autêntica. Fernando Santos é um treinador que se encaixa mais na teoria da liderança situacional. Rui Vitória caminha muito para lá, apesar de ser bastante mais novo que Fernando Santos e este estilo estar identificado muito com a idade e maturidade do treinador. Jorge Jesus encaixa bem no estilo mais autoritário, apesar de ter depois uns retoques de transformacional. E poderíamos estar aqui bastante mais tempo com alguns exemplos. Mas indo ao encontro do título do artigo, o que um treinador deve ser mesmo no que diz respeito à sua liderança: autêntico ou actor?
Eu diria que ambos. Naturalmente a nossa identidade leva-nos sempre para lados da balança distintos. Podemos ser ambos ou até misturando outros ingredientes, mas genuinamente seremos sempre algo que se destacará mais ou será mais eficiente em determinados contextos.
Certamente outros treinadores já tiveram vontade de fazer aquilo que o Sérgio fez. E o contexto tem muito peso aqui. Provavelmente com outro resultado a reacção seria outra, embora lá no fundo o treinador do FC Porto estivesse sempre muito consternado com o que se tinha passado. Mas mais importante é pensarmos por que outros treinadores naquelas situações optaram por ter outros comportamentos. E aqui vem ao de cima a palavra actor. Não porque sejam falsos, mas porque entenderam numa determinada altura da sua carreira que a adaptabilidade e flexibilidade em prol do outro ou do contexto, fomenta terem alguns comportamentos que embora não lhes apetecesse fazer, optam por considerar ser o mais correto tendo em conta: o próprio, o contexto e o outro.
Como em quase tudo na área da liderança do treinador não há propriamente receitas. Leva-nos para este patamar de uns concordarem mais e menos. E esta decisão, atenção, tem muito da nossa identidade de líder por detrás."

2 comentários:

  1. Há diferença entre o líder e o chefe (leia-se, capataz)

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  2. Exacto o conceicao e capataz do pc e o JJ do bruno.
    Rui Vitoria e um LIDER!!!
    Nao precisa gritar, dizer asneiras, ofender para mostrar a sua autoridade/liderança!!!!

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