quarta-feira, 7 de março de 2018

Eficácia e (in)coerência

"E o sempre tão fulmíneo Sporting dos 'vouchers' e outros vales que, desta vez, se tem quedado pelo silêncio acorrentado.

Ainda e sempre Jonas
Desculpem-me a insistência. Não me canso de escrever sobre Jonas, um atleta soberbo que ficará entre os eleitos da história de um Benfica que acabou de completar 114 anos. Um jogador que, aos 33 anos de idade, joga como um menino que, concluída a primeira comunhão, quer provar que tem o futuro todo à sua frente. Admito a sua arte, elejo o seu inabalável profissionalismo, delicio-me com o prazer que me oferecem os seus golos (dois notáveis contra o Marítimo) e a cristalinidade dos seus passes e movimentos, sinto-o tão benfiquista como eu em função do coração e não transitoriamente por via da carteira. Sem dúvida,  melhor jogador deste campeonato, batendo recordes só ao nível de lendas como Eusébio. Ainda estamos na luta pelo título muito se deve a ele e se há quem mereça o pentacampeonato é Jonas. Há tempos, falava-se muito na sua adaptação a sistemas diferentes e o que se vem verificando é que são estes sistemas em jeito de números x-y-z que se abraçaram a Jonas. É sempre assim com os maiores jogadores, aqueles que superam os esquemas gizados em papel, evidenciam o seu virtuosismo e, no entanto, reforçam a ideia de futebol como desporto association.
Aqui insisto na injustiça de, por causa da bitola inferior da contagem dos golos em razão da descida do ranking na UEFA nesta época, Jonas não pode ser, muito provavelmente, o artilheiro vencedor da Bota de Ouro, ele que tem mais 6 ou 7 golos do que os principais craques do primeiro anel europeu. Já agora, a este propósito, se o ranking conta, porque não acontece o mesmo com a ponderação do número total de jornadas das principais ligas? Nestas, os marcadores de golos têm mais 4 jornadas (são 20 clubes e não 18, como cá) para facturar. Enfim, critérios uefeiros sempre em favor dos mesmos, aqueles que lhes dão dinheiro e outras mordomias...
Uma última nota sobre Jonas: gostei de o ver converter o penálti contra o Marítimo, assim interrompendo a série de 3 penáltis não alcançados. É claro e óbvio que Jonas não leu o que aqui escrevi a semana passada, mas o certo é que, desta vez, o benfiquista marcou a meia-altura e com força, que é muito caminho andado para um guarda-redes nunca lá chegar. Talvez seja a minha embirração com os chutos marcados junto à relva, mas, como já escrevi, esses são os que estão ao alcance do guardião que adivinha o lado...

Benfica, a obsessão que une SCP e FCP
Tão amigos que eles são. Tão candidamente silenciosos que aparentam ser. Tão escassa a produção de palavras soltas (ou à solta) nas redes sociais. Compreendo a razão: isto de não ler jornais e não ver televisão, expecto o dedicado canal do clube, não poderia dar noutra coisa. Num jogo bem disputado em que, em boa verdade, o Sporting não mereceria ter perdido no Dragão, tudo foi de uma alvura imaculada na apreciação (ou no silêncio) das contingências da partida. Abreijos (abraços e beijos) por todo o lado, rasgados elogios em regime de economia de troca, silêncios eloquentemente enviesados. Só dois exemplos para ilustrar o inocente ambiente entre Alvalade e Dragão. O primeiro relacionado com um eventual penálti a favor do SCP, na primeira parte. Honestamente, acho que foi daqueles lances em que sua marcação ou não é igualmente defensável, ou seja, é um lance em que na falta de completa objectividade factual, reina a suficiente subjectividade pessoal, neste caso da arbitragem. O árbitro foi visionar o lance, o que pressupõe que o próprio VAR estaria indeciso. Fez bem Artur Soares Dias que soube assumir a plena responsabilidade.
O certo é que os dirigentes leoninos, sempre tão afoitos em casos como este a espalhar brasas nas redes sociais e quejandos, se tenham remetido a um silêncio ensurdecedor. Imagine-se exactamente a mesma jogada em que em vez do FCP o opositor tivesse sido o Benfica... Ui, que gritaria e um milhão de insinuações. Já agora, a propósito de mãozinhas, foi interessante ver um golo anulado ao Moreirense em Alvalade porque a bola terá raspado ao de leve no braço do seu jogador. Nessa altura, lembrei-me da braçalhada em dose avantajada de jogadores do SCP na Luz. Ah! logo me lembrei, porém, que o árbitro foi Hugo Miguel.
O segundo ponto tem a ver com notícias sobre um inquérito decidido pelo Ministério Público a uma denúncia anónima ainda relacionada com a segunda parte do Estoril - Porto que, como se sabe, foi interrompida por causa de umas fissuras sanitárias e consequente invasão de campo. Devo começar por dizer que abomino o anonimato em situações similares e não faço qualquer juízo de valor sobre o que não conheço. Aguardarei, como sempre entendo, que tudo seja esclarecido para bem do futebol nacional. Mas, há sempre um mas. E este as e tão-só o da incoerência fétida que se espalha virulentamente. Anda há largos meses um funcionário do FCP a verter documentação surripiada ilegal e ilegitimamente sobre o Benfica, tirando fulminantes ilações de frases e textos criteriosamente truncados e sentenciando do alto da sua douta infalibilidade, chegando-se ao ponto de insinuar combinações de resultados por via de jogadores que não jogaram nem eram do clube (caso Rio Ave - Benfica) e eis que agora é tudo uma farsa de raiz anónima e de carácter bufão quanto ao seu clube diz respeito. Bom teria sido ter a mesma bitola quando falou de todas as insinuações à volta do Benfica.
Ah, já me esquecia. E o sempre tão fulmíneo Sporting dos vouchers e outros vales que, desta vez, se tem quedado pelo silêncio acorrentado. Esqueçam, a razão é simples: em Alvalade nada se lê, nada de ouve, nada de vê, tudo (excepto SLB) se esquece.
São patológicos o ódio e a raiva (não encontro, infelizmente, palavras mais suaves) que a espúria coligação Alvalade - Dragão evidencia sobre o Sport Lisboa e Benfica. Até tento compreender tal obsessão que se veio fortalecendo com a conquista de quatro campeonatos consecutivos pelo Benfica. Um eventual pentacampeonato é o terror na cabeça de certas pessoas. Mas, alcançado-o ou não, acho que, paradoxalmente, tudo isto evidencia a força inquebrantável do meu clube e a sua enorme presença na sociedade portuguesa. Veja-se a atitude dos seus adversários em campo e como os jogadores de qualquer equipa sempre sonham bater o Benfica, porque esse feito o inscrevem no seu curriculum. O Benfica faz sempre o pleno, ganhando os não ganhando. Não gera indiferença, não permite a abstenção, não provoca omissão. Essa é a sua grande força!

Contraluz
- Frase: «O meu segredo? A renúncia» (La Repubblica, 1 de Março)
... disse o notável campeão Roger Federer que, o caminho dos 37 anos, bate todos os recordes e volta a ser o primeiro no ranking do ténis mundial.
- Disparate: «Gelson Martins viaja à condição...»
Assim se referia alguma comunicação social à viagem para o Porto do jogador com a restante equipa: o indigente 'à condição' em todo o seu esplendor, agora não em termos de classificações, mas de viagens. À condição de quê? Ou será que a condição não é condicional?
- Recorde: 7 faltas
Na antepenúltima jornada o Chaves recebeu o FC Porto perdendo por 0-4. O clube flaviense terá batido o recorde mínimo de faltas assinaladas num jogo com um grande. Apenas 7 (3 na primeira parte!), contra 20 do adversário. Uma falta por cada 14 minutos é obra! Disse o seu treinador Luís Castro no fim do jogo: «não podemos terminar o jogo com oito (de facto, foram sete) faltas».
- Repetição: a famosa dupla de árbitros do hóquei Pinto & Rainha
meses resolveu tirar o título ao Benfica. No domingo, voltou à carga com uma arbitragem deplorável contra o Benfica em Valongo. Vale tudo. Por que não atribuir já a Federação o título administrativamente?"

Bagão Félix, in A Bola

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