quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

O balanço que vale a pena sobre o VAR

"O VAR tornou-se uma das figuras da época. Abstracta e controversa.
Ora, comecemos logo pelo nome da coisa. Se Video Assistant Referee não deixa dúvidas, esta figuraça transforma-se entre as gentes de Camões e ninguém se entende. Escreve-se com hífen? Escreve-se sem hífen? E, neste caso, tem dois acentos ou nem por isso? Quase tão difícil como julgar mão deliberada na área.
Em Portugal, o VAR é uma pseudo coisa. E como pseudo coisa que é, é falsa, certo? Certo, até porque está-lhe na origem. Vídeo- é um pseudo ou falso prefixo. O árbitro completa a ideia.
Fora do campo linguístico é mais ou menos o mesmo. O vídeo foi uma pseudo-ideia (escrevo com hífen?) de que viria resolver os problemas do árbitro.
Obviamente, não resolveu. Obviamente, nós que defendemos o VAR, já o sabíamos. Não ia solucionar todos, ia solucionar alguns. Mas onde era necessário colaboração de todos, houve contestação geral. Onde era preciso serenidade, houve tempestade, onde houve fora de jogo, houve golo legal e onde houve vice, houve versa.
Nesta quinta-feira, o Conselho de Arbitragem faz um balanço com os 18 clubes da Liga sobre o VAR. Melhor dizendo, tem a intenção de fazer. Porque é bem provável que o feedback seja apenas um rol de queixas e que o assunto se esgote como a mais barata e bonita das mercadorias de uma feira.
Mas nem o VAR é barato, nem é bonito (na ideia de que é óptimo para o resultado, mas horrível para o jogo). É, também por isto, uma espécie de mal necessário, continuo a achar. E como mal necessário, tem defeitos. Desde logo, ainda é projecto. E projecto é coisa inacabada, primeira intenção.
Sigamos por aqui: o VAR é uma boa primeira intenção. Holanda, Alemanha, Portugal e Itália foram seduzidos por ela. Até que a maquilhagem caiu com o protocolo em prática.
Dizem que a arbitragem portuguesa tem seguido demasiado à risca o protocolado pelo International Board, enquanto na Serie A e na Bundesliga se tem optado por abordagem mais abrangente: os juízes de campo [árbitros principais] vão ver mais vezes os lances por eles próprios. Assumem a responsabilidade da decisão, portanto. Questão de abrangência? Talvez de coragem…
Este balanço a meio da época com os clubes não vai servir para mudar coisa alguma. Serve para mostrar o que foi feito – 28 decisões alteradas na Liga até ao momento –, e reforçar como age o VAR de acordo com o modelo protocolizado.
O único balanço que pode mudar alguma coisa é aquele que o Conselho de Arbitragem terá de fazer no final da época. E não é com os clubes. É o que deve enviar para o International Board (IFAB), com números e sugestões, para que o protocolo seja melhor, o uso do VAR seja mais claro e os árbitros não precisem de tanta coragem para contrariar ou duvidar de uma decisão de outro ou deles próprios.
David Elleray, director técnico do IFAB, foi contratado como consultor da FPF. Pode trazer algumas mudanças comportamentais imediatas, mas mais do que falar, é bom que venha para ouvir. Porque, neste momento, acredito que já tenha mais a aprender sobre os defeitos do VAR com o Conselho de Arbitragem português, do que o contrário.
O VAR é criticado por quem o tem e desejado por quem o não possui [Espanha e Inglaterra]. É uma coisa defeituosa hoje, espera-se que seja uma melhor amanhã. Porque se ontem tinha hífen, agora também é correto que não o tenha.
É videoárbitro... seu estúpido! (Até aqui o insulto é desnecessário)"

1 comentário:

  1. Não percebo como se desculpa os erros dos árbitros VAR como se eles não fossem também árbitros de campo!

    O grande problema não é uma questão de protocolo. É uma questão de imparcialidade e qualidade. E tudo começa com as nomeações que são logo tendenciosas e que dão a ideia aos árbitros de para onde devem errar para estarem protegidos!

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