quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

'Kronica' sem Krovinovic

"O Benfica deu meia parte de avanço, aspecto que me custa a aceitar num clube ganhador que ainda quer alcançar o pentacampeonato.

Oportunidade falhada
Escrevo antes de finalizada a soluçante 20.ª jornada do Campeonato, mas depois de o Benfica ter jogado o clássico no Restelo, esse ainda hoje admirável estádio de olhos no Tejo.
O empate foi o resultado justo. O Benfica deu meia-parte de avanço, aspecto que me custa a aceitar num clube ganhador que ainda quer alcançar o pentacampeonato. E o Belenenses com as suas armas foi uma equipa competente. Assim sendo, nem o título provisório se pôde passar para a liderança e colocar pressão nos opositores.
Dois pontos perdidos e, dependendo embora dos resultados dos concorrentes, o título fica bem mais difícil de alcançar.
Custa a perceber como se ganha em Braga com classe, se joga muito bem contra o D. Chaves e mais de uma semana depois de desbarata a qualidade que parecia estar relativamente consolidada.
Durante todos estes dias que precederem o encontro, só de falou de ausência de Krovinovic. Depois de jogo, percebe-se melhor por que razão a sua falta foi importante, ainda que não decisiva. O jovem croata vinha dando uma consistência ao meio-campo e a ser o elemento que faltava para um 4x3x3 sustentado e sustentável. Azarado no inicio, azarado agora, o tempo que jogou foi o suficiente para se impor e jogar na equipa como se lá estivesse há muito tempo. Não tenho dúvida que será um jogador crucial na próxima temporada, assim ele recupere da grave lesão que tem.
Não jogando o médio croata, logo se ressentiu Pizzi que voltou ao tom mais lento e previsível, bem longe da época transacta. Jonas deixa de ter o municiamento mais fluído e constante do meio-campo. Deu também para perceber que Zivkovic será o jogador preferencial para o substituir, não querendo com isto dizer que João Carvalho, mesmo actuando do lado esquerdo, não possa melhorar. Mas, uma coisa é falar-se de ajustamentos ad hoc, outra bem diferente é ter uma alternativa indiscutível entre as quatro delineadas por Rui Vitória.
Entretanto, terminando hoje o período de transferências invernais, até concordo que não haja aquisições só por haver, como muitas das que se fizeram no início da temporada. A excepção foi o já citado Krovinovic. Até ao momento em que escrevo, houve oportunas saídas sanitárias, não houve entradas e houve um movimento em que não houve nem entrada, nem saída de um tal sueco. Continua à vista o deficiente planeamento da época, agora culminando com a lesão do Krovinovic sem substituto à altura.
Sobre o jogo, uma nota final. No rescaldo da partida, o Belenenses foi beneficitário e vítima de duas situações típicas de pouco fair-play, infelizmente cada vez mais presentes no nosso futebol. A primeira, depois de uma interrupção por lesão (?) do seu guardião, ao retomar o jogo em vez de enviar a bola para o meio-campo do Benfica, como é leal, mandou-a para lançamento lateral do qual acaba por resultar o seu golo. A segunda, fingindo um pretenso penálti depois dos 90 minutos que suscitou a consulta ao VAR, o que, por sua vez, levou a que o jogo tivesse mais seis minutos em vez dos indicados cinco. É nesse minuto que Jonas aponta o golo do empate. Enfim, mais do mesmo deste costume transversalmente endémico feito de manhas, artimanhas, espertezas e truques...

Uma 2.ª Liga emocionante
A mais simplificadamente chamada 2.ª Divisão de futebol tem várias denominações - sem considerar o aposto comercial ou patrocinador - consoante os países: na Itália (e também no Brasil) é uma questão de letra: Serie B, a seguir à Série A. Em Espanha, chama-se La Liga 2 seguida por um terceiro escalão regional que, todavia, é a Segunda Divisão B. Na Inglaterra, atrás da Premier League está o Campeonato (Championiship). Em Alemanha e França é uma questão de número ordinal: continua a ser a Segunda Liga. Assim como em Portugal, com a particularidade de já ter sido Divisão de Honra (estranha denominação para quem era despromovido da 1.ª Divisão sem honra...) e ser seguida por um 3.º escalão ora denominado campeonato de Portugal (então as outras divisões são de que país?).
Ora, esta introdução de mera curiosidade, serve para constatar que a nossa 2.ª Liga é um exemplo de competitividade e renhido interesse. Este ano, como em épocas transactas. Basta atender ao seguinte facto (antes de realizada a última jornada que ainda decorre): entre o segundo dos lugares que dá acesso à divisão principal e o 10.º classificado distam apenas 5 pontos, pouco menos da distância a que este está da despromoção! A 2.ª equipa menos batida (22 golos) é a do Gil Vicente que ocupa um dos lugares que dariam origem à descida de divisão. A Académica que, agora, ocupa o 1.ª lugar de subida (na classificação está atrás do FC Porto B) tem, em 21 jogos, apenas 11 vitórias e 4 empates e 6 derrotas.
Sem duvida emocionante e com jogos bem mais interessantes do que muitos da 1.ª Divisão. Sigo com muita atenção este campeonato, onde muitas equipas com tradição no 1.º escalão têm possibilidades de este ano serem promovidas: Académica, Nacional, Covilhã, Leixões, Penafiel além de Académico de Viseu, Arouca, Santa Clara, Famalicão.
É pena que só subam dois clubes. Bem mereciam ser três, ou, pelo menos, dois e um terceiro disputando um finalíssima com o antepenúltimo da 1.ª Liga.

Escolhas
Neste virar de volta, fiz um exercício de escolha do trio 'melhor jogador - maior revelação - mais decepção' para os três principais clubes. Escolha obviamente subjectiva, até para... mim.
Assim:
Benfica: Jonas; Krovinovic; Filipe Augusto
FC Porto: Brahimi; Marega; Óliver
Sporting: Rui Patrício; Bruno Fernandes; Alan Ruiz
Fora dos 3 grandes despertaram-me atenção jogadores como Raphinha (Vitória de Guimarães), André Horta (Sp. Braga), Fábio Martins (SC Braga), Yuri Ribeiro (Rio Ave), Rúben Ribeiro (Rio Ave), Lucas Evangelista (Estoril), Pedro TIba (Chaves), Gonçalo Paciência (Vitória de Setúbal), João Carlos Teixeira (SC Braga), Cláudio Ramos (Tondela), Nakajima (Portimonense), Salvador Agra (D. das Aves) e outros que a memória finita não me permite aqui identificar. Curioso é que alguns dos que indico estão emprestados pelos maiores clubes ou já a eles regressaram ou irão regressar, neste caso gerando um enorme abalo em equipas com fracos recursos...

Contraluz
- Aniversário: na segunda-feira A Bola fez 73 anos...
... um pouco mais velha do que eu e que sempre me tem acompanhado. Menino e moço, com o jornal tomei o gosto pela leitura e o prazer pelo ecletismo desportivo. Curiosamente, um aniversário no mesmo dia da minha neta Joana, benfiquista até à medula, com os seus sonhadores 15 anos.
- Taça da Liga I: nada tenho contra a Final Four da Taça da Liga em Braga.
Mas prolongar esta decisão mais uns anos, parece-me exagerado e injusto. Afinal, há 3 estádios completamente neutros (Algarve, Leiria e Aveiro) e um potencialmente neutro (Coimbra). E, falando em estádios de clubes que podem chegar à fase final, há Guimarães e Funchal, pelo menos...
- Taça da Liga II: a 1.ª vitória do Sporting e a 6.ª de Jesus (5 pelo Benfica).
Na Final Four só o Vitória marcou de bola corrida. De resto, FCP, SCP e Oliveirense não marcaram. E houve ao todo 23 penálties. Curioso é o facto de nos 5 jogos da competição o vencedor da Taça só ter ganho um jogo (2.ª jornada ao União da Madeira) e ter tido 4 empates (Marítimo, Belenenses, Porto e Setúbal). Até me fez lembrar a selecção portuguesa campeã da Europa...
- Porta giratória: Rakip
Médio Sueco que terá vindo a Lisboa assinar pelo londrino Crystal Palace. Até posso tentar perceber o movimento, mas para que é que temos uma equipa B?
- Arbitragem: em Barcelona.
Os catalães viraram o resultado desfavorável contra o Alavés, perto do fim, com a ajuda categórica do árbitro: um fora-de-jogo claríssimo e um penálti para os visitantes indiscutível. Ai se fosse cá..."

Bagão Félix, in A Bola

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