quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

A paixão pelo futebol

"Poderia passar horas a ver jogos de futebol de todo o mundo ou a reviver momentos de glória do meu clube do coração: o Sport Lisboa e Benfica.

Interessa-me a dimensão poética, política e popular do jogo, muito do que se escreveu (de Galeano a Montalbán) e o conhecimento que as ciências sociais vão produzindo sobre o futebol em Portugal. Ao invés, desprezo a maioria dos debates televisivos.
O respeito por ex-futebolistas ou históricos jornalistas desportivos não me é suficiente para tolerar discussões histriónicas com temas condicionados por agências de comunicação e em que brilham estrelas de narrativas exuberantes – quase todas com passagem ou em vias de ascensão no PSD ou CDS –, reis dos meandros dos poderes mais obscuros do futebol, mas com pouco conhecimento, cultura e paixão sobre o que se passa no campo.
Escrevo este artigo na semana em que a minha paixão pelo jogo está exaltada pela partida entre Benfica e Sporting de quarta-feira – apesar de a arbitragem ter sido mais responsável pelo resultado que os jogadores. O ambiente popular que carregou cada uma das equipas, a energia colocada na disputa de cada um dos lances, a incerteza do desfecho, as alterações tácticas no decorrer do jogo ou a vontade de superação colectiva e individual – de Rafa a Coentrão – e, no fim, apesar do empate que afasta as duas equipas da frente, aquele aplauso que uniu o estádio fazem parte do que mais admiro no futebol.
A época de Vale e Azevedo (que constituiu a SAD) terá sido responsável pelo único hiato de tempo em que a minha paixão clubística andou adormecida. Não pelo peso da derrota ou pela pantominice, mas pela sobreposição da finança ao jogo e ao fenómeno de massas ou, escrito de outra forma, pelo processo de financeirização do clube (que, para ser justo, já vinha sendo preparado pela direcção de Damásio). Não tendo esse processo sido revertido, encontrou em Luís Filipe Vieira um travão. Manteve-se a assembleia como órgão soberano, fortaleceu-se a estrutura e a formação, com os resultados conhecidos. Esclareça-se agora a nebulosa de quem age pelo Benfica e bloqueie-se o acesso aos que botam faladura e intriga por ele.
É também por esta forma de ver o futebol que, apesar das distâncias clubísticas, vejo com admiração o trabalho de Conceição no FC Porto, construindo equipa e colectivo, e cheiro o cadáver deste Sporting de milhões de proveniência incerta que compra e dispensa jogadores à velocidade do tweet do seu presidente."

1 comentário:

  1. Que o Tiago Mota Saraiva, que eu não conheço de lado nenhum, me desculpe, mas faço aqui uma pergunta, que ele não lerá, claro...mas aqui vai : O chamado Jornalismo de Investigação , O VERDADEIRO, será que é ensinado nas Escolas de Jornalismo em Portugal ? Nessas mesmas Escolas de Jornalismo, será que os nomes de J.Pulitzer e Albert Londres, Jornalistas, cujos apelidos foram dados aos dois Maiores Prémios em matéria de Jornalismo...repito, serão estes nomes citados ? Tenho sérias dúvidas , que os factos não desmentem . A GENERALIDADE dos Jornalistas Portugueses, em vez de questionar, indagar e investigar...limita-se ao que é mais fácil de faze: conjeturar confortávelmente sentado num escritório...não arriscando ficar com " a roupa engelhada" nem com a cara "amolgada". Têm todo o direito de o fazer...mas nesse caso, POUPEM-NOS LIÇÕES DE MORAL! É escrever para revistas "People", ou para publicações sobre animais Domésticos. Dessa forma gozarão , também, de uma tranquilidade absoluta, sem adeptos imbecis a chatear.

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