segunda-feira, 4 de dezembro de 2017
O Benfica
"Não sei qual será o desfecho do clássico, mas a última jornada, na qual o Benfica rubricou uma excelente exibição e goleou o V. Setúbal, além de final e inusitadamente o FC Porto ter sido vítima de uma boa arbitragem, cedendo dois pontos nas Aves, permitiu mitigar o risco, em caso de derrota no Dragão, de nos afastar da corrida pelo título. Assim, uma eventual derrota, embora dificultadora da prossecução dos nossos objectivos, deixar-nos-á numa posição que, não sendo a ideal, não deixará de ser interessante. A vitória significará, indubitavelmente, a revitalização do estatuto de principal candidato ao título. É certo que a estatística não nos favorece, mas não menos verdade é que será a primeira vez que visitaremos o FC Porto enquanto tetracampeões.
A urgência do triunfo é deles. Nós limitar-nos-emos a tentarmos cumprir o nosso desígnio: Ganhar, sempre!
Ganhador é também o nosso jornal, que acabou de cumprir o seu 75.º aniversário. Recordo-me de, da minha infância, perscrutar avidamente as páginas de O Benfica. Foi a partir dele que, a par da vivência benfiquista proporcionada pelos meus pais, comecei a assimilar conceitos que considero basilares no benfiquismo:
Participação na vida associativa;
Acompanhamento constante da actividade do clube e conhecimento da sua história;
Respeito pela pluralidade de opinião;
Ecletismo.
Acontece que tenho, desde a edição de 13 de Fevereiro de 2015, o privilégio de contribuir semanalmente para o nosso jornal, partilhando a minha opinião sem quaisquer constrangimentos. A honra que me é concedida suplanta imensamente o tempo e a responsabilidade devidos. Obrigado!"
João Tomaz, in O Benfica
Cérebro danificado
"O cérebro é o responsável por quase tudo o que fazemos. Se lhe dermos mais alimento, ou mais álcool, ou mais uso, ou mais o que quer que seja, assim ele reage em conformidade.
(...), o que se pode considerar um cérebro normal.
Com cérebros destes podemos perfeitamente estabelecer ligações conversar, socializar, discutir os problemas mais relevantes, enfim, termos uma relação normal e funcional.
No entanto, outros existem que não possuem a mesma configuração cerebral. Falamos dos que têm o formato cerebral constante (...).
Existem uns quantos por aí cuja configuração cerebral é a que acabamos de apresentar.
Os últimos dias do futebol português têm sido uma autêntica catástrofe! O nível nunca esteve tão baixo no que respeita às disputas entre os diversos clubes!
Na verdade, assiste-se cada vez mais a um eclodir de guerras e guerrinhas, troca de ofensas e verborreia, que não ultrapassa o nível da mediocridade.
Não me vislumbra no horizonte uma mudança deste paradigma, mas apenas se vislumbra no horizonte a criação de um paradigma ainda pior! Como resolver tudo isto?
No dia 25 de Novembro, às 22 horas e 42 minutos, o jornal Record publicou o vídeo do lance tão contestado em http://www.record.pt/multimedia/videos/detalhe/dragaos-pediram-penalty-sobre-danilo-nos-descontos.html, onde se vê perfeitamente na 3.ª e 4.ª perspectiva que não é penalty!
Isto é um dado adquirido e quem quiser ter a paciência é só ver!
O que não se justifica é toda a situação posterior que é criada com o único intuito de apagar o evidente!
No momento e altura em que a SportTV mostra as duas últimas repetições no dia 25 de Novembro, vê-se claramente que o jogador do Desportivo das Aves acerta na bola e não na parte ao fundo das constas de jogador de Futebol Clube do Porto.
A criação, ou não, de uma polémica alicerçada numa eventual manipulação de frames apenas veio ocultar a evidência que seria se alguém tivesse pegado no vídeo original que referimos e o tivesse colocado online!
Para se fazer isso, são necessários vários meios, vários recursos humanos e compreende-se que seja mais fácil ir buscar vídeos sem ser à fonte respectiva.
O debate sobre o futebol desviou-se completamente de temas interessantes como são as suas finanças, como funcionam as regras que regulam o futebol, como funciona o marketing, o que é actualmente a indústria do entretenimento, enfim, uma miríade de temas extremamente interessantes e que podem contribuir para o debate sobre o verdadeiro futebol.
Em vez disso, aquilo a que se assiste é uma discussão de uma baixeza atroz, a ruptura de temas e o reavivar de uma cultura que desde há muito tempo se julgava extinta.
Mas não é assim!
Para tudo e para todos, fica esta mágoa que ninguém liga e que nunca mais terá retorno, tudo isto criado sem que os seus verdadeiros responsáveis sejam alguma vez punidos!
Até para semana."
Pragal Colaço, in O Benfica
Que jogue qualquer um...
"Hoje (sexta-feira) é dia de Clássico e espero que Rui Vitória não cometa os mesmos erros de alguns treinadores no passado. Mister, livre-se de lançar o Yebda - no Dragão, já sabemos que qualquer gesto desta rapaz dentro da nossa área pode ser passível de grande penalidade. Condeno a xenofobia, mas regras são regras. Como tal, julgo que uma estratégia astuta para logo poderá passar por instruir o Sálvio ou o Cervi a driblarem sempre o Brahimi. Pode ser que essa lei que obriga a assinalar falta sempre que um argelino se atreve a tentar tirar a bola a um argentino ainda esteja em vigor. Vão dizer-me que esse não foi o motivo daquele inesquecível 'penalty'? Impossível, não acredito! Quem diria, hein?
O clube afogado numa horrorosa crise, que se vem arrastando de modo paupérrimo, limitado por um plantel fraquinho - composto por uma mescla de velhos acabados e jovens que não sabem dar um chuto numa bola - está somente a três pontos de distância do super-todo-poderoso clube absolutamente imparável onde abunda mestria e talento. Confiei nos supermegaespecialistas, mas fui enganado: o tão propalado fosso entre Benfica e FC Porto está, afinal, à distância de apenas um jogo. No meu entender, há até um enorme equilíbrio - sobretudo anímico. Não encontro mesmo qualquer diferença entre águias e dragões nessa matéria. São dois clubes que chegam empolgadíssimos a este Clássico após terem vivido alguns dos mais efusivos momentos dos últimos tempos: o Benfica ainda há pouco festejou o tetra: o FC Porto ainda hoje festeja a má campanha do Glorioso na Liga dos Campeões deste ano.
Enfim, cada um festeja aquilo que pode."
Pedro Soares, in O Benfica
De parabéns!
"Nascido em 1942 - dias difíceis para o país e para o mundo... -, o nosso O Benfica é o jornal desportivo português há mais tempo nas bancas. Ancorado no maior clube nacional, foi crescendo com ele. Com ele viveu as glórias de Eusébio e companhia. Com ele sobreviveu aos momentos deprimentes do final do século passado. Com ele renasceu. E com ele se mantém, na luta pelos interesses do Sport Lisboa e Benfica, mas também pelos valores do desporto, e sempre no respeito por todos os adversários. Nesta semana atingiu a bonita idade de 75 anos. Diga-se, porém, que a sua juventude permanece intacta, sendo testemunhada por todos os benfiquistas que semanalmente o lêem, quer seja na versão tradicional, quer na recente plataforma digital - filha mais nova de um processo de modernização que vai acompanhando a viagem dos tempos.
Pessoalmente, devo dizer que é uma enorme honra poder também fazer parte da história, e ter o privilégio de, desde há quase dez anos para cá, semana a semana, através destas linhas, levar um pouco de benfiquismo até às mãos dos leitores. Para mais, fazendo-o ao lado de grandes profissionais do jornalismo, e de figuras de elevado relevo no clube e na sociedade portuguesa, com cujos exemplos tanto tenho aprendido. Permitem-me ainda que, em momento festivo, dedique uma palavra muito especial àqueles que, longe do país, longe do Estádio da Luz, têm no jornal um importante elemento de contacto com o clube do coração. Esse benfiquismo tão peculiar e tão forte, que resiste ao tempo e à distância, é deveras inspirador para todos nós.
A prenda? Que venha esta noite do Porto."
Luís Fialho, in O Benfica
Venham mais 75!
"O 75.º aniversário do nosso jornal não podia ser comemorado de uma forma melhor. A exposição que está patente no nosso Museu é de visita obrigatória. O relato dos factos com rigor e exactidão, sempre interpretados com honestidade, são os princípios que têm sido defendidos nas páginas do nosso semanário, e que são, no fundo, alguns dos valores pelos quais o Sport Lisboa e Benfica tem sido gerido. Destaco a dedicação de todos aqueles que fazem o nosso jornal, com uma aplicação extrema e, sobretudo, o orgulho que todos têm em produzir a publicação mais antiga da maior instituição portuguesa. A abnegação contínua do editor, Rui Miguel Mendes, a responsabilidade e motivação dos paginadores, Luísa Araújo e Jorge Guimarães, a competência dos fotógrafos, Isabel Cutileiro, João Paulo Trindade e Tânia Paulo, o profissionalismo de todos os colaboradores (Filipe Fernandes Garcia, João André Silva, José Pedro Verças, Luís Afonso Guerreiro, Márcia Dores, Marco Rebelo e Sónia Antunes), e a genialidade dos nossos cronistas - Afonso de Melo, António Pragal Colaço, João Tomaz, Luis Fialho, Pedro Soares e Ricardo Santos. Destaco ainda a dedicação da Secretária da Redação, Magda António. Para o fim ficam o grande Director, José Nuno Martins, cujo benfiquismo eu admiro, o administrador, Ricardo Sampaio Maia, que tem sabido manter o espírito da equipa, e o Luís Filipe, responsável pela Comunicação das Modalidades, e cujas ideias inspiram todas as edições. Nada disto seria possível sem o apoio da Direcção, em especial do presidente Luís Filipe Vieira, que tudo tem feito para manter a publicação."
Pedro Guerra, in O Benfica
O herói do Dragão
"Aguardam-se com expectativa as consequências que advirão do momento mais triste do clássico de sexta-feira, quando um adepto do FC Porto furou todas as barreiras de segurança e conseguiu chegar ao banco do Benfica para empurrar Pizzi. A discussão centraliza-se na interpretação dos regulamentos para perceber se o FC Porto será castigado só com muita ou se terá de fazer alguns jogos à porta fechada. Percebe-se o barulho, claro, mas a questão é mais profunda do que saber de que forma deve um clube ser responsabilizado pelo comportamento de um adepto.
Eis a perguntar que nos devemos fazer o que acontecerá ao adepto que invadiu o relvado para empurrar um jogador da equipa adversária? A Bola recordava ontem, e bem, o caso do Diabo de Gaia, adepto do Benfica que em 2008 saiu da bancada da Luz para dar encosto parecido ao árbitro auxiliar. O clube levou multa de 2500 euros e o prevaricador ficou impedido de frequentar estádios durante um ano. Cumpriu a pena e desde então está várias vezes na Luz, a ver jogos como se nada tivesse acontecido. Recordando na mesma página foi o caso do adepto do Everton que agrediu, durante um jogo da Liga Europa, o guarda-redes do Lyon, o português Anthony Lopes. A UEFA não condenou o clube inglês a jogar à porta fechada, mas aplicou-lhe multa de 30 mil euros! E não foi preciso esperar pelos tribunais, o próprio Everton baniu o adepto de assistir a jogos da equipa. Por cá, até agora do FC Porto nem uma palavra. E o mais certo é que também ele seja condenado a um ano a ver jogos na TV, podendo então voltar aos estádios que quiser.
Mais grave: as últimas notícias dão conta de que os adeptos portistas estão a angariar, nas redes sociais, ajuda para o invasor lidar com a justiça. Uma espécie de herói. Faz sentido, tendo em conta que o nosso futebol caminha para o que de melhor se faz no terceiro mundo."
Ricardo Quaresma, in A Bola
PS: O colunista também se podia recordar da invasão de campo no Alvalixo, quando o Geovani resolveu marcar um grande golo... e só não houve agressão, porque o Cotonete, então director-desportivo, impediu a carga...
Mas o colunista também se esqueceu que no caso do Diabo de Gaia o Benfica foi penalizado com a pena máxima prevista no regulamento na altura... e o próprio Diabo também foi condenado com a pena máxima... e ambos os processo não houve truques delatórios, nem o Benfica directa ou indirectamente 'defendeu' o agressor... Bem pelo contrário condenou imediatamente; tudo ao contrário do que está a acontecer neste momento, com um comunicado dos Corruptos, supostamente para condenar a invasão e a agressão, praticamente 72 horas depois do acto, claramente enquadrado numa estratégia entretanto delineada para 'defender' o clube e o 'herói'!!!
Nem com bons exemplos
"Os bons exemplos são de enaltecer. O que os treinadores do Tondela e do Rio Ave fizeram, no final do jogo que os opôs nesta ronda, é raro e digno de elogios. Pepa e Miguel Cardoso promoveram uma conferência de imprensa a dois em defesa do futebol. Já agora, é da mais elementar justiça que fique registado o nome de quem teve a ideia: Vítor Ramos, o director de comunicação do Tondela.
A iniciativa teve lugar um dia depois do clássico, onde dificilmente seria possível promover idêntica acção, tal a tensão que se vive entre FC Porto e Benfica, mas infelizmente não serviu de grande inspiração. No país futebolístico, o dia de ontem ficou marcado por episódios lamentáveis que se registaram nos campeonatos distritais e profissionais e que já não são apenas sinais de alarme – como avisou o presidente da FPF – mas sim casos concretos de agressões com árbitros, jogadores e adeptos.
Mais do que uma cultura desportiva, o futebol português sempre teve (e tem) uma cultura clubística. Agora, começa a ter uma cultura de violência. O Governo continua a acreditar na "profilaxia" e a "confiar nas estruturas da FPF e da Liga", como disse o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues. No limite, admite "um novo enquadramento penalizador" na lei. Sinceramente, acho que está na hora de haver pulso forte."
A violência, a impunidade e os exemplos
"Se os árbitros que não resistem às pressões e não fazem orelhas moucas aos insultos devem dedicar-se a outra profissão, o certo é que quando se passa dos impropérios e das ameaças inconsequentes à violência física o caso deve mudar de figura: há que ter mão pesada com os agressores.
Chocamos aí de frente com outro problema: a justiça comum tornou-se frágil perante os criminosos. Se um dos manos valentões que pontapeou com sanha assassina um jovem prostrado – ato de que existe prova em vídeo – já soma dez (!) condenações por agressão e continua à solta, que juiz meterá na cadeia um simples adepto que saltou para o terreno de jogo – e que o justificará com a camada de nervos em que estava, pobre dele – e empurrou um jogador, como aconteceu na sexta-feira, no Dragão? Aliás, o manda-chuva da claque portista aprovou publicamente a tareia dada por selvagens a uma equipa de arbitragem, na Argentina, publicando e comentando a foto em que se via uma das vítimas após a sova: "Este de certeza não rouba mais". Uma frase bonita para emoldurar na parede da sala de todos os energúmenos do país.
E porque os anormais se entusiasmam uns com os outros, ontem, um espectador do Beira Mar-U. Lamas agrediu igualmente os árbitros, e no final do Académica-Famalicão houve desacatos e invasão de campo, com os arruaceiros animados pelo sentimento de impunidade que por aí vai.
Parece-me, por seu lado, difícil que colham as teorias incendiárias, seja a das cartilhas, a dos e-mails, a do controlo da arbitragem ou a do manual para malucos. No FC Porto – e é apenas um exemplo – onde antes havia hierarquia, profissionalismo e uma só voz, o que vemos hoje? Os jogadores a impedirem o treinador de mais excessos e o treinador a tentar evitar que o director-geral (!) perca também a cabeça. Mesmo que os portistas tenham razões de queixa, e vão tendo, é essa ‘cabeça perdida’ dos protagonistas que gera a violência dos sem cabeça. É preciso parar para pensar: a gente do futebol porque com a outra não se conta.
Último parágrafo para duas pérolas. Uma é Gonçalo Guedes, cuja ausência faz com que o Valencia se veja privado de boa parte do seu caudal ofensivo. Podia estar a dois pontos do Barça e não aproveitou – ficou agora a cinco e Guedes só voltará em Janeiro. A segunda pérola é Renato Sanches, que passou de promessa a realidade e de realidade a estrela. Teve a imprudência, aos 18 anos, talvez por falta de bons conselhos, de ir do Benfica para o Bayern e para um país do qual desconhecia a língua e a cultura, e onde não tinha amigos. Cometeu, ou alguém por ele, novo erro, ao ir de Munique para o País de Gales e para um clube nada adequado à sua redenção futebolística – é último na Premier. Só por ter ainda 20 anos e muito talento não estará perdido, mas necessita, com urgência, de quem o ajude a relançar a carreira. Antes que seja tarde."
2+2 é igual a 3 ou 5
"Na próxima época o vídeo-árbitro também estará na liga espanhola. Depois do golo mal anulado a Messi no Mestalla na semana passada, no jogo entre o Barcelona e o Valencia, em que escandalosamente nem árbitro nem auxiliar viram que a bola tinha entrado e ultrapassado a linha de golo uns dois palmos, todos os programas de rádio, televisão e toda a imprensa de Espanha começaram a pedir aos gritos a entrada do VAR imediatamente na melhor liga do Mundo.
Pessoalmente, confiava cegamente que o VAR ia ser uma mais-valia em todos os aspectos. Mas depois de ver erros anormais e inexplicáveis praticamente em todas as jornadas desde que começou o campeonato português, a minha decepção é brutal. Deixei de acreditar nos VAR portugueses, mas não no VAR. Depois de ver o entusiasmo dos espanhóis nos últimos dias, ainda mais acredito no vídeo-árbitro. Como conheço bem a mentalidade do povo espanhol e o orgulho que têm na sua liga, juntamente com os muitos milhões de euros que entram nos clubes através da publicidade e da venda dos direitos televisivos, sei que os árbitros não podem brincar às imagens como os miúdos brincam às escondidas, fazer o ridículo e desprestigiar a melhor liga do planeta. Não acredito que um árbitro espanhol que esteja no VAR na próxima época a ver as mesmas imagens que estão a ver milhões de pessoas em todo Mundo, tenha a coragem de não avisar o juiz de campo para rever uma jogada polémica, porque corre o risco de não apitar mais. Vários jornalistas espanhóis ligaram-me depois do jogo no Mestalla para saberem a minha opinião sobre o VAR em Portugal. Não podia mentir. Na quinta-feira, escrevi estas linhas no meu espaço no diário ‘Marca’, ‘Los toques de Futre’:
"No dia 6 de agosto de 2017 arrancou o primeiro campeonato do meu país com o vídeo-árbitro e foi um dia histórico para a Liga portuguesa. Já passaram vários meses nesta primeira fase de adaptação ao VAR e houve mais coisas más do que boas. A melhor, sem dúvida alguma, foi o suspense que nasce no adepto quando o árbitro revê alguma jogada polémica por indicação do VAR. Aqueles momentos são como estar a ver os últimos segundos de um bom filme e que o final pode acabar da maneira que menos esperas. Porque estes VAR portugueses já demonstraram que tudo pode acontecer. Se na imagem que eles estão a analisar aparece 2+2, todo o país que está a ver a mesma imagem naquele momento vai dizer que são quatro. Mas para eles não existe lógica e 2+2 pode ser três ou cinco. Mas aqueles segundos de suspense são maravilhosos.
Por outro lado, hoje a frase que mais se diz em Portugal depois de cada jornada da Liga é ‘entendo que o árbitro e o fiscal de linha não tenham visto algo, mas é uma vergonha que o VAR que está sentado, e a ver as mesmas imagens que todo o país, não tenha avisado o árbitro para rever uma jogada tão clara’. A frase da moda entre os meus amigos, e que já comecei a dizer em direto na CM TV é esta: ‘Há o vídeo-árbitro para ajudar e avisar os três árbitros, e agora falta outro VAR para avisar, ajudar e estar atento ao vídeo-árbitro.’ Com esta ferramenta espetacular como é o VAR, obrigatoriamente os erros tinham de baixar automaticamente, as críticas e a pressão diminuíam, e os árbitros portugueses em dezembro de 2017 tinham de estar mais tranquilos do que nunca e a fazer arbitragens excelentes. Mas infelizmente não é assim... A situação é tão grave que na jornada passada os árbitros iam fazer greve e à última hora desistiram. A Liga e Federação espanholas têm de estar atentas ao que se está a passar em Portugal, especialmente aos erros anormais dos árbitros que estão no VAR, para evitar que dentro de 12 meses o futebol espanhol esteja a viver a mesma situação caótica que vive na liga portuguesa. Hoje, por todos estes erros gravíssimos do VAR, muitos portugueses, em que me incluo, começam a pensar: ‘Será que os árbitros estão contra a tecnologia e erram de propósito para destruir o vídeo-árbitro e voltar a ser tudo como era antes?’"
Apesar desta desconfiança, antes do clássico de sexta-feira tinha uma pequena esperança de que depois do jogo ia dizer pela primeira vez: "Finalmente após 13 jornadas o VAR esteve excelente e em perfeita sintonia com o árbitro". Infelizmente ainda não foi desta!
Caldeirada da Semana -- Athletic Bilbao
Durante a minha primeira etapa na liga espanhola, entre 1987 e 1993, tive o privilégio e a honra de sair aplaudido de vários estádios pelos adeptos rivais, como, por exemplo, em Mestalla ou Nou Camp. Mas o mais especial sem dúvida alguma foi em San Mamés, na catedral do futebol espanhol. O Athletic Bilbao é um clube único, mas a sua actual situação começa a ser preocupante. Na quarta-feira foi eliminado da Taça pelo Formentera, da segunda B, e se esta semana perder em Lviv (Ucrânia), sairá da Liga Europa. Pior do que tudo isto, antes desta jornada era 16.º na Liga. E se esta dinâmica perdedora continua, será um autêntico pesadelo...
Nós Lá Fora -- Voltou o trauma
Na sexta-feira, foi o sorteio para campeonato do Mundo da Rússia. Quando saiu o primeiro rival de Portugal, que foi Espanha, um dos grandes favoritos, disse para mim: "É melhor apanhá-los agora do que nos oitavos-de-final"; o segundo rival foi o Irão; disse "Muito bom, quem tem de estar preocupado neste momento é o seu seleccionador Carlos Queiroz"; o terceiro foi Marrocos e continuei optimista – "Grupo acessível e, se não falhar nada, estaremos nos oitavos-de-final." Estava tão concentrado no sorteio que só me apercebi do último rival segundos depois. Voltou o trauma. Já passaram quase 32 anos do Mundial do México de 1986, mas ainda hoje, quando oiço a palavra ‘Marrocos’, não posso evitar de pensar no nosso balneário depois de perdermos contra eles e no pesadelo de Saltillo.
Álbum de Recordações -- Milan liderado por medíocres
O sonho de qualquer jogador italiano e estrangeiro, como era o meu caso nos 80 e 90, era jogar na melhor equipa do Mundo da altura, que era o AC Milan. Eu consegui. Foi um privilégio vestir a camisola ‘rossonera’ e também trabalhar com uma estrutura directiva genial comandada por Silvio Berlusconi. Por esta razão fiquei estupefacto quando esta semana vi a notícia de que nem Marco Fassone (administrador delegado) nem Massimiliano Mirabelli (director desportivo) falaram com Montella, que acabou por ser despedido por um funcionário do clube quando já estava a entrar no centro de treinos de Milanello, para mais uma sessão de trabalho. Mas, por outro lado, entendi o porquê dos fracassos dos últimos anos: um clube gigante como o AC Milan está a ser liderado por medíocres e amadores."
PS: Pois foi Paulinho: 2 agressões do Felipe Vale Tudo, deram em 0 cartões... e o VAR da Macron caladinho!!!
Crimes no futebol
"Após um clássico com várias nuances tácticas interessantes e com muito de bom futebol para discutir, eis que as máquinas de propaganda de FC Porto e Benfica tomam conta da realidade e temos queixas para todos os gostos. Como jornal não podemos ignorar as opiniões oficiais e oficiosas, frescas ou bafientas, que os clubes trazem à luz do dia. Não falarei disso aqui. Tenho direito de escolha. Mas denuncio a bárbara imagem difundida por Fernando Madureira nas redes sociais. E sou até dos que considera triste que o líder dos Super Dragões tenha sido castigado há pouco tempo quando há claques que podem fazer o que lhes der na real gana e nada sucede – o IPDJ até bate palmas –, mas a foto publicada é demasiado. Incentivo ao ódio claro de alguém com responsabilidades. Criminosos, uns e outros.
É este ambiente criado por directores de comunicação, cartilhas lidas por opinadores sem coluna vertebral e presidentes que dizem uma coisa e permitem aos seus assalariados outra que causa a invasão de campo no Dragão. Até aí um dirigente deu uma ajuda com um pontapé provocador. Aliás, infelizmente até nós damos uma ajuda. É contra isto que devemos lutar. Mas quando não sabemos parar há alguém que tem de meter mão nisto: a autoridade. Há demasiado crime a passar impune no futebol português. É tempo de agir."
PS: Olha o Bernardo a fazer-se ao 'tacho' do Saraiva...!!!
Somos amigos. Não há problemas!
"No dia 1 de Dezembro de 2017, assisti, pela televisão, aos jogos de futebol Sporting 1-Belenenses 0 e FC Porto 0 – Benfica 0. Depois que atravessei a porta augusta dos 80 anos, deixei de frequentar os estádios de futebol, entre os meses de Novembro e Abril, com receio que o frio me traga uma constipação, ou outra patologia mais funesta.
Mas... uma hora (se tanto) antes de o Porto-Benfica principiar, A Bola TV entrevistou, na cidade do Porto, no Café Velasquez (onde algumas vezes me encontrei com José Maria Pedroto) três rapazes e uma linda menina, quatro jovens que, se não me engano, bordejavam os 20 anos. Saboreavam um café fumegante e conversavam (assim parecia) com alegria e sobriedade. Eram três portistas e um benfiquista. Os cachecóis, com as cores e os emblemas clubistas não o escondiam. Numa semana, em que tanta gente flamejou, como labaredas, assopradas pela rivalidade, que chega a ser doentia, Porto-Benfica, três portistas e um benfiquista, conversavam como gente governada por sãos princípios. A jornalista de A Bola TV aproximou-se e inquiriu: “Estão aqui três portistas e um benfiquista?”.
Um deles, portista, olhou-a com a face iluminada de júbilo e respondeu: “Assim é, mas somos amigos e a amizade está por cima de todas as rivalidades clubistas”. E murmurou ainda: “Quando estou com ele, nem me lembro que ele é benfiquista. Somos amigos! Não há problemas!”. Na mesa do lado, uma figura seca, trigueira, que poderia desenhar-se com ângulos agudos tão-só, sem dizer palavra, acompanhou os jovens com um sorriso plácido e inteligente. De facto, uma conversa entre jovens adeptos, de ampla e cordial respiração humanista, antes de um Porto-Benfica, nem sempre é, infelizmente, muito normal…
O jogo, exceptuando os 20 minutos iniciais, foi de amplo domínio do FC Porto. E, se o jogo terminou sem golos, para além doutras circunstâncias, há que distinguir a “classe”, que nem sempre se tem realçado devidamente, do guarda-redes “encarnado”. Não se infira que neste reconhecimento da superior exibição de Bruno Varela existe implícito o postulado de que aos seus colegas de equipa faltou vontade de bem servir a filosofia de jogo do treinador Rui Vitória (meu antigo aluno e treinador que muito admiro) ou que não foram exemplarmente profissionais, ou que todos eles não estão bem acima da mediania. Quero dizer, simplesmente, que o Bruno Varela se afirma, dia após dia, como um guarda-redes de méritos indiscutíveis. Com lugar, entre os dois ou três melhores do nosso futebol! É natural que alguns críticos, que há pouco o exautoravam, afirmem que estou redondamente enganado. Todos os dons humanos são contingentes e precários e hoje se corrigem erros que ontem foram fugazes verdades. A vida do pensamento é uma série de constantes rectificações. As verdades científicas não passam de uma sucessão de pretensas verdades que o tempo vai desmentindo e aperfeiçoando. Admito portanto que me engano, quando aponto o valor do Bruno Varela. E aceito sempre que me façam a esmola de alumiarem a minha cegueira. Mas, hoje, assim penso e espero não enganar-me. Assim como penso que, sem um avançado, com características iguais às do grego Konstantinos Mitroglou, rematador, inteligente e forte - em jogos da Liga dos Campeões, ou entre os “três grandes” do nosso futebol, ou seja, em jogos de exigência máxima, o Benfica perde muita, muita eficácia. A alta competição desportiva não é circo, é sobre o mais competitividade e produtividade. O futebol de alta competição não tem de ser bonito, mas tem de ser necessariamente eficaz.
A presença de um futebolista, como Mitroglou (1,88 de altura e 86 quilos de peso), na equipa do Benfica, tornaria mais rentável o futebol do Jonas, porque o libertaria, porque lhe abriria os espaços indispensáveis à sua criatividade. Num FC Porto, que deixou de ser inerme e pusilânime, por força da combatividade, da competência técnica e da sabedoria táctica do seu actual treinador; num FC Porto sacudido por uma rajada de esperança – Danilo foi, no último Porto-Benfica, uma figura gigante.
Usando a concepção clássica de “elite”, opondo à ditadura da quantidade o apelo racional da qualidade, ele integra a “elite” dos nossos melhores jogadores de futebol. O que fez, no Porto-Benfica da última sexta-feira (2017/11/30), só o pode fazer um superdotado, com muitas horas de treino, de preparação, de reflexão, mas capaz também de audácia, decisão e temeridade. De facto, uma exibição inesquecível. Parece não ser erro avançar que avaliar é situar um facto ou um acontecimento, uma pessoa ou uma coisa, numa escala de valores. No âmbito de uma crítica a um futebolista ou a um jogo de futebol, a avaliação transforma-se num processo complexo, pois são muitas as variáveis a ter em conta. Não são principalmente os erros dos árbitros as “causas das causas” de resultados menos felizes, mas os erros dos treinadores e dos jogadores. No Porto-Benfica, de que nos ocupámos neste artigo, os jogadores “azuis e brancos” não concretizaram quatro “golos feitos” (como se diz em jargão futebolístico). O árbitro errou uma vez, ao anular um “golo limpo” ao FC Porto. Não mais! Não se diga, por isso, que o Porto (que foi muito superior ao Benfica, em 70 minutos de jogo) não ganhou por “aselhice” do árbitro: é que a maior “aselhice” não residiu no árbitro! Tenho “amigos do peito” no FC Porto e na Associação de Futebol do Porto (designadamente o seu ilustre presidente, Dr. Lourenço Pinto). Beneficiei da simpatia de José Maria Pedroto. Não sou benfiquista, nem declarado, nem encapotado. Vejam nas minhas palavras, unicamente, uma grande vontade de seriedade. Nada mais!
Leio o texto de Vítor Serpa, na edição do jornal A Bola (2017/12/3): “O FC Porto teve uma segunda parte de grande intensidade, avassaladora, asfixiante, mas com evidentes perturbações ao nível da lucidez e da definição nos momentos decisivos, o Benfica voltou a ter, no início, vinte e poucos minutos de qualidade superior ao FC Porto, no Dragão, mas lentamente fez-se regressar a uma exasperante ausência de solidez competitiva e deixou à sorte do jogo a definição do resultado”. Faço minhas as palavras do jornalista Vítor Serpa. Há que inovar ao nível dos processos de recolha dos dados, tendo em conta a complexidade de um jogo de futebol e dos jogadores de futebol e ainda ao nível dos critérios de observação e valoração do rendimento dos jogadores. Um jogo de futebol não se limita à táctica e à preparação física, desprezando os modelos qualitativos, que apontam para uma visão holística da aprendizagem. A deficiente cultura de alguns treinadores (a cultura, relembro, é a aliança do saber e da vida), com muitos anos de prática, nem sempre dá o relevo devido aos aspectos psicológicos, emocionais, espirituais do jogador, que me parecem fundamentais no desempenho desportivo. Por isso, eu venho dizendo que não há “periodização táctica”, mas “periodização antropológica e táctica”. Porque os jogadores são homens, o campo de confrontação não é meramente futebolístico. O fascínio do quantitativo conduz, de facto, a uma depreciação dos processos qualitativos e gera uma subvalorização das humanidades e das artes, na análise e estudo da pessoa humana e da sociedade. Por isso, não pode deixar de referir-se que os mitos positivistas da objectividade, expressa em números, parecem incompetentes para assumir as emoções, os sentimentos. Mas (porque tenho de terminar) eu só queria dizer que, no último Porto-Benfica, o Porto jogou melhor, foi muito melhor. E que os quatro jovens que A Bola TV entrevistou, no Café Velasquez, nada têm a ver com a mediocridade e o sectarismo que, por vezes, alastram no nosso futebol."
PS: Ser 'amigo' do "ilustre presidente Lourenço Pinto"; "beneficiar da simpatia de José Maria Pedroto" é completamente incompatível com o apelo à pacificação do Tugão!
Se somarmos Adriano Pinto e Pinto da Costa, estaremos perante o 'Quarteto' que orquestrou e 'construiu' o famoso Sistema malévolo que hoje continua a ditar leis no Tugão: dentro do campo, fora do campo, nos bastidores e nas bancadas...
A economia no desporto, e o que realmente fazer com esta paixão
"Na vida temos quase sempre pelo menos duas opções para uma determinada situação. Não se trata de uma frase de autoajuda, mas é a pura e simples realidade. Hoje, não sei por onde anda o futebol de que aprendi a gostar. Já andou pelas ruas da amargura. Uns consideram que por lá continua, outros, mais optimistas, acreditam que não.
Felizmente, existem sempre as transmissões de alguns jogos lá por fora e que o adepto aqui em Portugal pode seguir, sem que chegue a saber das confusões (a existir) que gravitam à volta dessas equipas ou jogos.
Bem podemos sublinhar o bom exemplo de Pepa e de Miguel Cardoso. O dos milhares de adeptos que seguem as suas equipas em alguns dos jogos das divisões inferiores comparativamente com os da Liga. Às boas decisões que os árbitros tomam, várias jogadas interessantes, entre outras coisas.
No entanto, a verdade – e não se trata de choradinho – é que, fim de semana após fim de semana, a balança pesa mais para o lado negativo. São importantes as formações que a Federação iniciou? Claramente. Serão importantes as sensibilizações de ética no dirigismo e em outros agentes desportivos? Claramente. Só que o futebol do nosso País não vive numa ilha e os acontecimentos polémicos acabam por prejudicar sempre economicamente qualquer que seja a indústria em que acontecem.
Aquilo que vemos semanalmente nos estádios – e em muitos programas de televisão – é lixo. É ruído. Não vai lá com sensibilização. Essas sensibilizações e formações são importantes para quem ainda não está totalmente moldado às suas identidades, mal formadas.
Tem de existir coragem de afastar estes supostos agentes desportivos.
O desporto tem o seu lugar próprio para fazer a reinserção social. Nas camadas jovens. No desporto prisional. Em projectos sociais que combinam o jogo, com as dinâmicas de grupo e com objectivos de alguma higiene mental e social. O desporto supostamente profissional não deve servir para que os dirigentes dos clubes possam fazer o que lhes apeteça e continuem impunes.
A economia no desporto tem demonstrado ano após ano que, num momento inicial, estas polémicas atraem mais público, mas trata-se de um público que não é fiel ao jogo em si. É um público que irá seguir o futebol até que as polémicas se mantenham ou apareça outro local que supere essa sensação de estado caótico que beneficie as polémicas. Se esse estado se mantiver por demasiado tempo, vai fazer com que, em determinado momento, quando o futebol passe a ter um estado novamente mais calmo, os adeptos que eram fiéis já se tenham deslocalizado para outras sensações, desportos e actividades. Deixam de gostar de futebol? Não. Mas deixam de segui-lo.
É aqui que os nossos clubes vão perceber – desconfio que os clubes ditos mais pequenos já perceberam, dado que não movem as verbas que os ditos grandes movimentam – que as polémicas são algo que prejudicam as finanças de qualquer clube.
Pergunto aqui em voz alta: um potencial patrocinador pode dar ou manter o seu apoio a uma entidade que tem uma claque oficial liderada por um elemento que publica uma foto de um árbitro ensanguentado no balneário? Teremos de esperar para ver."
A aposta no futebol das mulheres
"Quando falamos de futebol, ultimamente não tem sido pelas melhores razões.
Fernando Gomes, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, tem estado no olho do furacão por causa de dirigentes e árbitros.
Também no olho do furacão tem estado a Altice, o gigante das telecomunicações, dona da PT e da Meo.
Mas esta semana a PT e Gomes juntaram-se fazer uma revolução: provar que mulheres e homens valem o mesmo e devem ser tratados de igual maneira. Às vezes, os bons exemplos veem de onde menos se espera…
As selecções femininas têm crescido muitíssimo no mandato de Fernando Gomes, com 2017 a ser um ano histórico para o futebol feminino.
Crescimento anual de 35% nas praticantes federadas e recorde de jogos das selecções femininas. Em 2017, a FPF bateu o recorde de assistência num jogo de futebol feminino no país (12.000 pessoas nas bancadas do Jamor na final da Taça Portugal Allianz).
O jogo entre Sporting e Braga teve 12.213 espectadores no Jamor, mas a transmissão televisiva pela RTP, num domingo à tarde, atingiu os 500.000 espectadores. Meio milhão de pessoas a ver futebol feminino!
O futebol feminino está a crescer em todos os países ricos da OCDE e em Portugal também, a FPF sabia disto, mas uma coisa é saber e outra, bem diferente, é convencer um patrocinador a pagar e a assumir publicamente que trata igualmente mulheres e homens no desporto e na sociedade.
O patrocinador foi encontrado e é nada mais nada menos do que a Altice. A FPF e a Altice/PT anunciaram esta semana o reforço da sua ligação até 2024.
O patrocínio estende-se a todas as selecções nacionais masculinas e femininas, entre as categorias AA e sub- 15, no futebol, futsal e futebol de praia.
Fernando Gomes, falando na cerimónia, sublinhou que se tratava de «ambição».
E vejam bem: não é aquela conversa mole de que as mulheres são diferentes, mais sensíveis porque são mães, etc. Não. A justificação é a ambição. Juntar na mesma frase ambição e mulheres de forma positiva é um ato revolucionário (porque, de cada vez que se quer ofender uma mulher, já não se diz que é uma meretriz, diz-se que é «ambiciosa»).
É assumir que as mulheres têm o mesmo pleno direito de quererem coisas, trabalharem para elas e serem (bem) reconhecidas por isso.
A MEO (que pertence à Altice) será a primeira marca a estar em todas as selecções.
«Para a Federação as mulheres não valem menos do que os homens. Para a Meo também não», disseram.
Isto parece coisa pequena, mas não é. Parece simples, mas a Altice foi o primeiro patrocinador a fazê-lo. E sendo uma empresa de tecnologia e inovação, é um excelente sinal. É sinal de que o futuro não faz descriminações de género.
Era bom que a política, as empresas e os media pusessem os olhos nisto."