quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Saídas não podem explicar tudo

"Há uma explicação evidente para a péssima campanha europeia do Benfica esta temporada?
Não. E pretender justificar os insucessos apenas e só com a saída de jogadores nucleares (Ederson, Nélson Semedo, Lindelöf ou Mitroglou) e com a eventual falta de substitutos à altura é tentar limitar a discussão. O Benfica tem vendido elementos importantes todas as épocas e nem por isso os resultados (e a qualidade das exibições) foram afetados de forma clara. Houve alguma falta de sorte, erros de arbitragem, etc, etc, mas a verdade é que a equipa jogou pouco na Liga dos Campeões. Pouco e sem a objectividade, dinâmica, rigor e concentração necessárias a este nível.

Cervi devia ter sido uma aposta inicial de Rui Vitória?
Provavelmente. Mesmo tendo em conta que o argentino não foi brilhante, conseguiu – tal como o compatriota Salvio – empurrar a equipa para a frente. De resto, Cervi já mostrara na Taça de Portugal que merecia mais minutos. Quando uma equipa tem vários elementos em sub-rendimento há que valorizar os que, em contraciclo, vão fazendo algumas coisas.

O adeus à Europa pode deixar a equipa mais fresca nas provas internas?
Sim, pode. Mas as ‘mazelas’ psicológicas também podem ter peso. E esse será negativo. Vão faltar jogos e minutos para distribuir. Vão faltar os duelos com os ‘tubarões’, dinheiro fulcral para o clube e o entusiasmo dos adeptos."

Chegou a hora

"Que avancem, pois. Que os árbitros façam esta greve disfarçada de dispensa. Que podia ter sido feita há muito tempo. Por exemplo, naquele tempo (ainda não havia internet) em que determinados dirigentes ligavam para as redacções dos jornais e das rádios para saber quem seriam os árbitros da primeira e da segunda liga, seguramente apenas na ânsia de fazerem mais cedo o Totobola.
Que avancem. Escolheram o actual momento, quando os três grandes decidiram fazer o pleno quando o Benfica (o responsável pelo início da era dos soundbytes criados pelos directores de comunicação) se queixava das arbitragens pró-FC Porto; o mesmo Benfica que queria ser campeão com Yebda. Podiam tê-lo feito quando o FC Porto se queixou das arbitragens pró-Benfica; o mesmo FC Porto que deu 20 milhões pelo flop Imbula. Podiam tê-lo feito quando o Sporting se queixava do mundo.
Que avancem, pois. Que não pensem nos quase 1400 euros que não vão receber por não apitar um jogo da Liga. Lembrem-se: isso é mais do que a bola para os atletas olímpicos, que de quatro em quatro anos têm os portugueses a exigir-lhes medalhas; é mais do que o ordenado dos polícias que garantem a vossa segurança quando recebem ameaças no Facebook; é mais do que ganham muitos enfermeiros. Ou jornalistas.
Que avancem. Que talvez com uma greve o Governo se lembre que esta indústria vale 1,2 por cento do PIB, mais do que o vestuário e o calçado (e não é raro vermos ministros da Economia a promover sapatos portugueses na feita de Milão). Que tenhamos chegado à altura de pensar na alteração da Lei de Bases do Sistema Desportivo de modo a revolucionar a própria arbitragem e aproximarmo-nos, por exemplo, do modelo inglês. Que a intervenção do Executivo não se limite a secretários de Estado com discursos redondos soprados por assessores.
Que avancem. Não recuem."

Fernando Urbano, in A Bola

PS: Como já repararam este artigo de opinião está completamente 'ultrapassado'!!! Mesmo assim, decide publicá-lo... pois, temos aqui um bom exemplo de como é fácil, desinformar... como é tão fácil retirar palavras e actos do contexto!
1 - Primeiro, o João Gabriel, como director de comunicação do Benfica, foi o primeiro a usar o Twitter, nos finais dos jogos... mas não foi o João Gabriel que 'inventou' os soundbytes, só os adaptou às novas tecnologias. Sendo que o fez, devido a um contexto muito específico:
- o facto das Realizações da PorkosTV serem totalmente parciais, principalmente quando um determinado Realizador as faz...;
- e numa altura onde os ditos programas de debate desportivo se estavam a expandir por todos os canais, e em todos esses programas 98% do tempo era (e é) usado para discutir supostos casos de arbitragem que supostamente beneficiaram o Benfica...
Por exemplo, o primeiro Tweet com impacto do João Gabriel, foi num famoso Sporting 2 - 1 Benfica para a Taça de Portugal, onde além do penalty sobre o Luisão não assinalado, escandalosamente, nos últimos minutos do prolongamento (com o Capitão a partir o braço, e a ficar de fora praticamente até ao final da temporada); nos primeiros minutos da 2.ª parte o Slimani agride o Samaris, e tanto a Realização da PorkosTV, como todas as análises pós-jogo nos diversos canais, ignoraram completamente a agressão do Slimani... podemos mesmo afirmar que se não fosse o Tweet do João Gabriel o lance 'não tinha existido'!!!
2 - Um dos mistérios do programa de Segunda-feira na BTV, é o facto de terem confundido aquilo que foi dito com queixas sobre as arbitragens!!! Aquilo que o Benfica fez, foi tornar público, algumas das ameaças que os árbitros têm sido vitimas... algumas delas denunciadas às autoridades! Algo que o Presidente da FPF já tinha feito no Parlamento... aparentemente desvalorizadas pela Comunicação Social Desportiva!!!!
3 - Quando o Benfica queria ser Campeão com o Yebda, foi mesmo 'roubado' pelo actual Presidente da Liga, ninguém tenha dúvidas disso... e além do Yebda, tinha o Di Maria o Aimar e muitos outros!
Esta conversa de que quando todos se queixam das arbitragens, fazem-no todos com o mesmo grau de hipocrisia, é ridícula...
É muito fácil, fazer uma leitura pela diagonal, dizendo que todos são iguais, metendo tudo no mesmo saco...
Assim não correm o risco de serem acusados de Benfiquismo, como nós sabemos essa acusação hoje em dia. em Portugal, dá'despedimento' ou 'demissão' imediatamente...!!!

Ó Vieira, mete o Moniz!!!

"Uma vitória em casa e um empate fora, na Liga do Campeões, trazem um razoável pecúlio de pontos ao futebol português, que também neste sector está em seca extrema.
O Benfica ameaça sair da Europa sem entregar ao mealheiro português um pontinho que seja, nesta campanha desastrosa para os lados da Luz.
O que se passa no Benfica é mais complexo do que parece. As explicações simplistas, aritméticas, dizem, não desprovidas de razão, que o clube de Vieira vendeu em demasia e ficou com um plantel curto para a exigências. É verdade. Mas não explica toda a decadência do futebol encarnado.
O problema, mais do que nos que saíram, parece estar nos que ficaram. É na fadiga do sucesso, no envelhecimento de algumas peças, que treinam cada vez menos (não, Luisão não está neste lote!), no discurso virado para o passado de Rui Vitória, na aparente dívida de gratidão deste técnico para com alguns dos craques, que reside o grande problema do futebol do Benfica.
Os jornais continuam a conseguir fazer manchetes com Jonas. O brasileiro ainda marca golos lindos, mas quantas bolas divididas ganha? Quantas linhas de passe longo oferece? E Jonas é apenas o exemplo mais gritante de jogadores que estão a ocupar espaço no onze, sem entregarem rendimento compatível com o estatuto.
Agora, o Benfica vai ter, na competição interna, uns meses de vantagem sobre os seus rivais. Rui Vitória vai poder concentrar o seu acomodado plantel no objectivo do penta.
Mas se o futebol da Luz não ganhar fluidez. Se o jogadores que não têm a bola continuarem a poupar-se ao movimento e ao risco dos lances divididos. Se os jogos não tiverem mais de dois ou três centros de qualidade para as áreas adversárias. Alguém acredita que o Benfica vai ser campeão?
O futebol hoje praticado pela equipa de Rui Vitória fica a larga distância das dinâmicas de jogo conseguidas pelo FC Porto e Sporting.
Noutro domínio, o Benfica não se poupa a despesas. Na ridícula guerra de comunicação que agita os grandes clubes portugueses, Vieira contratou mais um ponta-de-lança. Uma figura estimável, que passou pelas franjas do jornalismo desportivo, reforça agora as fileiras de porta-vozes da Luz. Não questiono o benfiquismo do dito reforço, mas não será um tiro ao lado, mais um, de um presidente que tem entre os seus vices alguém chamado José Eduardo Moniz?
Moniz não aparece na guerra por opção própria? Ou Luís Filipe Vieira tem medo do brilho que dele poderia emanar e do dano que isso lhe poderia causar no futuro?
Certo é que, neste jogo de palavras no espaço mediático, o melhor avançado do Benfica ainda não saiu do banco."

Direitos fundamentais

"1. Direitos fundamentais vs. relação jurídica desportiva?
Um atleta é titular de direitos fundamentais, à luz do disposto no art. 12º da Constituição da República portuguesa. No entanto, no âmbito da relação jurídica desportiva, situações há em que (i) bens, (ii) interesses, e (iii) direitos de liberdade são susceptíveis de lesão no direito desportivo, designadamente: (i) integridade moral - pressão competitiva, aplicação de castigos; e integridade física - controlo anti-doping; (ii) protecção contra discriminações injustas - regime de jogadores extra-comunitários, e trabalho e formação - situações em que o atleta é colocado a "treinar à parte"; e (iii) liberdade de informação (art. 37º/1 da CRP), ou liberdade de associação (art. 46º/1 da CRP). Neste sentido, nota para o facto de a FIFA e a FIFPro (Federação Internacional de Futebolistas Profissionais) acordarem a imposição de sanções mais severas para os clubes que obriguem jogadores a "treinar à parte", permitindo a estes rescindir livremente caso os clubes adotem condutas abusivas. 

2. O atleta pode renunciar a direitos fundamentais?
A actividade desportiva é palco privilegiado para limitações a direitos e liberdades dos atletas, pois pretende-se salvaguardar a eficácia de organização das competições, e respectivas regras do jogo. A acrescer, os direitos dos atletas podem ser restringidos, devendo essas restrições limitar-se ao necessário para salvaguardar outros direitos ou interesses constitucionalmente consagrados, conforme se extrai do Princípio da proporcionalidade (art. 18º/2 da CRP) – existindo, assim, uma presunção legal de consentimento de ofensas à integridade física do atleta. O limite encontra-se no núcleo essencial do direito do atleta - intangível e irrenunciável - sendo considerado o mecanismo da ponderação de interesses envolvidos, i.e., direitos do atleta vs. Direitos e liberdades de terceiros com ele envolvidos. Logo, não existe uma renúncia aos direitos fundamentais em abstrato, mas apenas a uma posição jurídica num caso concreto à luz deste princípio."

Uma história do desporto em três actos

"No desporto, os protagonistas promovem almoços grátis onde não se olha o dente do cavalo generosamente dado pela população.

As estatísticas do desporto. Num tempo de métricas, dos rankings do PISA aos Eurobarómetros que o país discute nos media, os governos evitam avaliar o desempenho das políticas do desporto. Ao não medir os resultados das suas políticas, não prestam contas do que fazem no sector.
As estatísticas europeias existem e demonstram que as condições que a população tem para praticar o desporto produzido pelas organizações nacionais são das mais difíceis na Europa. Os governos nacionais parecem aproveitar-se da nossa iliteracia desportiva, enquanto os outros governos europeus promovem a literacia do desporto.

Primeiro acto – de 1990 a 2004.
Neste período os parceiros desportivos criticam as leis de bases do desporto que destroem a produção associativa desde os clubes na base, às federações no topo. O desporto cresceu sem princípios, destruindo valor desportivo em vez de cuidar do crescimento orgânico sustentável avaliado pelas estatísticas do desporto. As estatísticas europeias da actividade desportiva demonstram que Portugal cresceu menos do que outros países, o que significa que divergiu face à média europeia. Na sua origem está a inviabilização da concorrência monopolística das federações e dos clubes desportivos favorecendo os cartéis, a empresarialização, as startups, as selfies do regime. Este modelo liberal assumido pelos ministros das Finanças é incomportável orçamentalmente. A destruição dos departamentos e instrumentos públicos que deveriam promover o bem-comum através do desporto impede a capacidade de boa decisão de política da parte dos governos que fazem nomeações sem princípios e rigor, cujo desempenho coloca Portugal na cauda europeia.

Segundo acto – de 2005 a 2017.
A austeridade chegou ao desporto com o fim do Campeonato Europeu de Futebol de 2004 e nunca mais parou, piorando com a devastação da administração pública do desporto e o desaparecimento do sector nos media como um dos pilares do desenvolvimento nacional. O futebol é um furacão de ruído diário que a todos atormenta. Os seus líderes pedem intervenções superiores e a resposta é um absurdo institucionalizado, para gáudio do negócio do ruído. O associativismo desportivo aceita o subfinanciamento crónico, pela “liberdade” que pensa ter, da má moeda da política pública, e não quer investigar a origem da sua falência, desportiva e económica. A lei de bases errada e os princípios liberais de empresarialização do todo desportivo casam bem com os cartéis do regime que capturam as rendas do já magro financiamento público ao desporto português, o qual, na economia europeia, coloca os parceiros privados nacionais em níveis de falência técnica. Todos perdem, seja a população, o que aos governos não interessa, seja, por exemplo, a Sonae ou a Jerónimo Martins, o que se desconhece. O financiamento da produção está ao nível dos países de Leste, com uma estrutura de custos muito superior e sem a tecnologia de produção de desporto desses países. A máquina de exteriorização de benefícios para os cartéis do regime é promovida pelas leis do desporto e pela actuação dos governos do para “além da troika” que nunca esteve na base do sucesso desportivo europeu.

Terceiro acto – Ruína e perdas de oportunidade.
As actuais políticas públicas de incentivo às startups, escolinhas e eventos efémeros, incluindo as selfies com o macho-alfa mundial, são o culminar de um processo de deslaçamento do desporto português, que governos responsáveis teriam atalhado, há muito e consensualmente, pelo menos, com parceiros associativos que fossem activos. O associativismo desportivo perdeu no início do século a oportunidade de se reformar embalando a reforma política do desporto com o sucesso do Euro 2004. Em 2016, o futebol venceu o Campeonato Europeu de França, cujo sucesso, entretanto, o desporto e os governantes esboroaram política e socialmente.

Moral da história, estatísticas e princípios.
Existe um débito grave de política pública no desporto. Os desafios do desporto estão no uso das estatísticas para demonstrar a correcção da aplicação dos princípios. Politicamente acena-se com o paradigma da austeridade quando com políticos inteligentes, de início, as reformas desportivas urgentes teriam um custo financeiro que governantes sensatos aceitariam e que, depois, gerariam resultados positivos mais do que proporcionais face ao investimento inicial. Os países europeus programam os ritmos de crescimento do bem-estar da sua população obtido através do desporto. No seu pouco saber, os líderes desportivos afirmam que a “geringonça” só permite fazer coisas pequenas, queimaram meia legislatura, sem conceberem uma única reforma. Afirma o político reticente: se os resultados no futebol surgem, por exemplo, os do macho-alfa mundial e o Porto ou o Benfica serem campeões, então as políticas públicas são boas! A realidade é que, no desporto, os protagonistas promovem almoços grátis onde não se olha o dente do cavalo generosamente dado pela população."

Suicídio colectivo e uma enorme vergonha

"O processo em torno desta “greve que não era bem greve” ou deste recuo no “pedido de dispensa que afinal só será daqui a vinte dias se”... é tão mau que, por muito que se queira defender o que quer que seja, não se consegue. Não se pode. E mais importante do que tudo, não se deve.
Comecemos pelo começo.
Há umas semanas, a APAF tornou público um comunicado que dava conta de uma possível intenção de greve por parte dos árbitros. Na altura, não se percebeu bem o motivo, a forma e o conteúdo: as coisas não estavam péssimas (estavam apenas más, como de costume), a jornada nem tinha corrido bem em termos de arbitragem e a coisa era apontada não para o imediato mas mais para a frente.
A alegada paragem ocorreria, em exclusivo, na Taça da Liga (como se os clubes em questão não fossem os mesmos que competem na Primeira e Segunda Liga) e apenas no final de Novembro e dezembro (com umas apitadelas pelo meio).
Foi tão feio que tudo se desmoronou em poucos minutos, com uma curtíssima reunião com quem manda e meras palavras de circunstância para atenuar a dor.
Logo aí os árbitros deram dois tiros nos pés: o avanço público, impreparado e impulsivo para uma greve... e o recuo pouco depois, sem que nada de palpável, concreto ou razoável dali resultasse.
Na prática, tudo ficou na mesma à excepção da credibilidade da classe, que perdeu pontos aos olhos de tudo e todos.
Poucas semanas depois, o ambiente geral ficou, de facto, insustentável. E apenas alguém muito incapaz discordará da ideia que o futebol profissional bateu mesmo no fundo: as máquinas de propaganda florescem a um ritmo alucinante, numa guerrilha tripartida que ninguém pára nem consegue travar.
Eles dizem e fazem o que querem, como querem e onde querem. Tudo na maior das impunidades. Tudo sob o manto sagrado da “defesa pela verdade desportiva” que, se não desse vontade de chorar, quase daria vontade de rir.
Entre algumas acusações pertinentes (que podem e devem ser investigadas a fundo), são atirados para a fogueira nomes de pessoas, dados inócuos e paletes de nada ou de poucochinho.
Hoje em dia, vale tudo, mas mesmo tudo para confundir, denegrir e levantar suspeitas.
Todos sabemos que estratégias moram por detrás de cada uma dessas manobras. E todos sabemos o que as motiva.
Mas o problema maior deste enorme problema é o resultado final que produz: o fosso entre três e todos os outros é cada vez maior, o foco passa a ser o jogo jogado fora das quatro linhas (que se lixem jogadores e treinadores) e tudo isso tende a distanciar destas paragens, potenciais patrocinadores e investidores, porque ninguém inteligente quer colar-se a um espectáculo tão deprimente como aquele a que temos assistido nas últimas semanas.
Mas, para os árbitros, o pior mesmo é o vírus que liberta e contagia os adeptos. Os adeptos mais influenciáveis, que reproduzem-se maciçamente em climas como este.
No final do dia, todo aquele ódio resvala para cima dos árbitros e das suas famílias. As ameaças e intimidações quadriplicaram e a sofisticação do ataque também. Há mais emails, mais chamadas e mensagens, mais montras partidas e mais carros riscados. Há mais medo. Há muito mais terror.
Perante isto, sim: greve!
E na passada terça-feira os árbitros disseram “chega”.
Não foi um chega gritado com a raiva de quem se sente a explodir de razão. Foi um “chega” assim, muito tímido, quase que a pedir licença para entrar. Mas bem... foi um chega!
Daí até agora, a história é conhecida e classifica-se numa só palavra: vergonha!
Uma enorme vergonha!
Vejamos: os árbitros, fartos de serem associados a processos de corrupção e de serem citados como desonestos, meteram “dispensa” de actuação para este fim de semana. Não fizeram greve... meteram escusa invocando “motivos pessoais e falta de condições psicológicas”.
Esse foi o primeiro grande erro.
Uma paragem é a bomba atómica, o fim da linha. É o recurso final. E é para usar no momento certo (como agora) e com coragem. Coragem!!
A greve é uma decisão de classe que não pressupõe receio de consequências regulamentares ou disciplinares. A greve não é um pedido avulso de dispensa, que é aquilo que se faz quando se quer ir a um baptizado ou a um casamento.
A greve é uma tomada de posição firme e inequívoca. Do todos. De todo o grupo.
Mas não foi. E como se usou a porta mais pequenina, a saída mais rasteira, a do subterfúgio regulamentar... criou-se um problema enorme para o Conselho de Arbitragem.
É que este só podia aceitar pedidos de dispensa com 20 dias de antecedência. E estes foram feitos três, quatro dias antes da jornada.
Das duas uma: ou os árbitros retiravam (ou adiavam) essa solicitação... ou ela não tinha cabimento regulamentar e o CA tinha que os nomear na mesma.
Ontem os árbitros terão sido sensíveis ao apelo da sua estrutura (para desmobilizar) e o resultado é o que está à vista: pela segunda vez em cerca de um mês, os árbitros recuaram na sua posição inicial.
Cederam e remeteram a coisa para daqui a vinte dias, apresentando - em comunicado - um conjunto de pressupostos ocos, demagogos e inconcretizáveis.
Os árbitros de futebol profissional perderam a melhor oportunidade das suas vidas para se afirmarem enquanto classe.
Tinham toda a imprensa e seguramente muitos agentes desportivos (treinadores, jogadores e até clubes) do seu lado. Com eles!! Solidariamente com eles!!
Foram elogiados pela coragem e firmeza. E depois recuaram, traindo a confiança dos que estavam do seu lado e destruindo mais um pouco da sua credibilidade.
O que os árbitros ontem decidiram feriu a classe de morte. Desiludia-a. E deu carta branca a mais ameaças, insultos e intimidações.
Uma vergonha.
Uma enorme vergonha."

Fundo? Qual fundo?


"Ontem, em conversa com um amigo que trabalha no futebol, desabafei que gostava muito que a greve dos árbitros fosse até ao fim para ver se batemos no fundo. Talvez assim, expliquei, as coisas comecem a melhorar. Esse meu amigo, um tipo com um excelente gosto musical e um grande sentido de humor, riu-se e disse "Qual fundo? Isto não tem fundo!"
Deu-me vontade de rir no momento, mas na maior parte das vezes dá vontade de chorar. O que os clubes têm feito, em especial os grandes, ultrapassa todos os limites do que é razoável numa competição. Andar a medir intensidades de contactos na área para reclamar penáltis é intelectualmente desonesto, mas é uma discussão aceitável, pelo menos em tascas e entre duas cervejas; dizer que determinado árbitro está ao serviço de determinado clube é simplesmente dizer às pessoas para não acreditarem na competição e na modalidade pela qual querem que os adeptos se apaixonem.
Você, adepto, da próxima vez que achar que um árbitro está comprado ou a errar intencionalmente para prejudicar ou beneficiar algum clube, ponha-se no lugar dele. Seguramente que comete erros na sua profissão, que até está disposto a assumi-los e a ser punido por tal. Imagine, só por alguns minutos, que alguém o acusava de errar intencionalmente ou de ter uma agenda escondida para beneficiar terceiros. O que sentiria?
Isto não é brincar com o futebol, isto é ofender pessoas. Gostava que o fundo fosse este, mas temo que o meu amigo tenha razão."

PS: O Benfica insinuou que um árbitro tem uma 'agenda' Corrupta na Segunda (Luís Ferreira....), os Corruptos andam à meses a 'insinuar' mais de 14 árbitros, mas só agora é que vamos a caminho do fundo...?!

Cadomblé do Vata

"1. Há quem diga que André Almeida podia ter evitado o primeiro golo russo, mas eu não concordo... experimentem correr com os braços no ar e vão ver se não tenho razão.
2. Autogolos, golos fora de jogo, penalties mal assinalados... nesta Champions parece que a Maldição do Guttman abriu uma filial na fase de grupos.
3. Por muito que me apeteça rasgar a direito na equipa, sou obrigado a dar o desconto da desmotivação... aliás desde inicio da competição que me sinto de tal forma desmotivado, que so festejei 1 dos 4 golos marcados pelos nossos jogadores.
4. Ao fim de 43 jogos, o CSKA terminou uma partida europeia sem sofrer golos... é motivador para nós sabermos que não há sequência má que não tenha fim.
5. Já vamos em 6 derrotas consecutivas na Champions... parece que a única forma de vencermos um adversário europeu este ano é convidando o Benevento para a Eusébio Cup."

Tudo isto é triste

"Das ameaças aos actos, eis que os árbitros avançam para uma ‘greve’ que irá afectar a jornada deste fim-de-semana na antecâmara do clássico FC Porto-Benfica. Cansados dos insultos, das suspeitas e das insinuações, os árbitros decidiram avançar para a decisão mais radical que naturalmente põe em causa a integridade da competição. Ter árbitros de bancada a dirigir jogos de uma liga profissional não é saudável para a credibilidade de qualquer prova.
Aquilo a que se tem assistido nos últimos tempos (agravado por estes dias) indiciava que os árbitros poderiam efectivar a ‘greve’ que deixa as instituições desportivas – clubes, federação, associações, liga - muito mal na fotografia pela simples razão de não terem sido capazes de resolver os seus problemas. O apelo de Fernando Gomes no parlamento caiu em saco roto e nem impeliu o governo a actuar.
A conclusão é triste: parece que tudo se faz para denegrir a imagem do nosso futebol. Que dirá o mundo da bola que há pouco mais de um ano se espantava com Portugal campeão europeu? A imagem fica afectada, prevalecendo os defeitos sobre as imensas virtudes que temos. Às tantas já não sei se o melhor não será mesmo sujeitarmo-nos a tudo isto, batermos no fundo para que a depuração seja total, eliminando-se, em definitivo, os podres que existem."

António Magalhães, in Record

PS: A sério: «(agravado por estes dias)» !!! Então o facto do Benfica ter tornado públicas ameaças e coacções feitas a árbitros, é visto como um insulto aos árbitros!!! A sério...!!!

Vitória difícil, mas saborosa...

Benfica 3 - 1 Zalau
26-24, 19-25, 25-23, 25-16


Excelente vitória, contra um adversário de boa qualidade... Nos últimos anos, nesta fase, encontrámos adversários mais acessíveis!!!

A equipa melhorou bastante em relação aos primeiros jogos, o Gradinarov está a receber melhor, e o Mrdak está a demonstrar que vai ser um Oposto útil...

Foi bom fazer os '3 pontos', porque o jogo na próxima semana na Roménia não vai ser fácil... temos que melhorar o Bloco!