segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Lixívia 11

Tabela Anti-Lixívia
Benfica ........ 26 (-2) = 28
Corruptos... 31 (+3) = 28
Sporting ..... 27 (+6) = 21

A pouca-vergonha não tem limites... mais uma jornada aberrante!!! A coacção continua a dar pontos, à descarada...

No Dragay, 2 penalty's óbvios, com 0-0 na 1.ª parte, contra os Corruptos, com a respectiva expulsão do Central (o costumeiro Felipe). Se o erro do árbitro é claro, a não actuação do VAR é o cumulo do absurdo... Luís Ferreira, o homem do Benfica-Boavista e do Corruptos-Tondela do ano passado!!!
Num jogo, onde os Corruptos tiveram vários ausentes por lesão, alguns a desmanar as bombas da Champions, a jogar com 10, a perder por 0-2, nunca lá chegariam...!!!

No Alvalixo, o Xistra 'voltou' em grande: golo mal anulado ao Braga, penalty mal assinalado a favor do Sporting... critério disciplinar absurdo, com vários Amarelos perdoados ao Sporting, sendo que o André Pinto tinha que ser expulso... além do Coates que acabou o jogo, mais uma vez, sem Amarelos!!!
No golo mal anulado, a teoria que o Xistra apitou antes da bola entrar, é mentira!!! O próprio fiscal-de-linha só levanta a bandeirola quando a bola está a caminho da baliza...
No penalty ao minuto 94, falta clara do Doumbia sobre o Ricardo Ferreira, antes da falta do Horta. O Xistra tem visão completamente desimpedida, a cotovelada é mesmo à sua frente... mas partindo do principio que lhe escapou a agressão, o VAR tem a obrigação de avisar o árbitro que o penalty é antecedido por falta...
Os dois penalty's 'pedidos' pelos Lagartos não existiram: no primeiro o Bruno César é empurrado por um colega de equipa... sim, um colega de equipa!!! No outro lance, o Podence e o Raul acabam por 'chocar', longe da bola, sem qualquer intenção... o mais 'frágil' acabou a queixar-se, mas o futebol é um desporto de contacto...!!!
ADENDA: Com tantos erros esqueci-me do penalty do Bataligla sobre o Danilo ao minuto 57...

Em Guimarães, penalty óbvio sobre o Salvio não assinalado (o Freitas Lobo, afirmou que o defesa do Vitória, 'ganhou o espaço'!!!). Tal como o penalty do André Almeida é claro, apesar de ambos serem completamente desnecessários...!!!
Fora-de-jogo mal tirado ao Jonas, quando este seguia isolado para a baliza...
O Amarelo ao Svilar foi justo, aquela não é uma circunstância de Vermelho... o avançado não está enquadrado com a baliza, e nem estava isolado!!!
Vários ataques do Vitória após faltas não assinaladas: logo a seguir ao golo do Vitória, o Samaris é albarroado perigosamente, e nada foi marcado... e o ataque foi mesmo bastante perigoso!
Faltas junto da área do Virória, não existiram... ainda na 1.ª parte o Digui é derrubado em zona frontal, e nada foi marcado...

Sobre a carga policial sobre os Vitós: a culpa foi do Benfica!!! Pois é, a conclusão é óbvia: como acontece todos os anos, quando os adeptos do Benfica chegam ao Estádio do Guimarães, uma 'onda' de pseudo-holligans acéfalos, saem a correr das bancadas do Estádio (sim, já estavam dentro do Estádio, mas saem...), começam a 'despejar' tudo sobre os adeptos do Benfica (que estavam 'protegidos' pela PSP), e depois 'finalmente' a PSP (pela primeira vez...) faz a sua obrigação, e efectua uma carga policial em cima dos agressores... Estes agressores, entram em pânico, voltam para dentro do Estádio (aparentemente sem qualquer controle de torniquetes...) e assustam os que já lá estavam...!!! Conclusão: a culpa é do Benfica!!!

Anexos:
Benfica
1.ª-Braga(c), V(3-1), Xistra (Verissímo), Prejudicados, (4-1), Sem influência no resultado
2.ª-Chaves(f), V(0-1), Sousa (Tiago Martins), Prejudicados, (0-3), Sem influência no resultado
3.ª-Belenenses(c), V(5-0), Rui Costa (Vasco Santos), Beneficiados, Sem influência no resultado
4.ª-Rio Ave(f), E(1-1), Hugo Miguel (Veríssimo), Prejudicados, Impossível contabilizar
5.ª-Portimonense(c), V(2-1), Gonçalo Martins (Veríssimo), Prejudicados, (4-0), Sem influência no resultado
6.ª-Boavista(f), D(2-1), Soares Dias (Esteves), Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
7.ª-Paços de Ferreira(c), V(2-0), Xistra (Hugo Miguel), Nada a assinalar
8.ª-Marítimo(f), E(1-1), Sousa (Godinho), Prejudicados, (1-2), (-2 pontos)
9.ª-Aves(f), V(1-3), Almeida (Vítor Ferreira), Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
10.ª-Feirense(c), V(1-0), Godinho (Xistra), Prejudicados, (2-0), Sem influência no resultado
11.ª-Guimarães(f), V(1-3), Soares Dias (Malheiro), Prejudicado, (1-4), Sem influência no resultado

Sporting
1.ª-Aves(f), V(0-2), Tiago Martins (Pinheiro), Nada a assinalar
2.ª-Setúbal(c), V(1-0), Paixão (Hugo Miguel), Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
3.ª-Guimarães(f), V(0-5), Hugo Miguel (Sousa), Nada a assinalar
4.ª-Estoril(c), V(2-1), Godinho (Tiago Martins), Beneficiados, Impossível contabilizar
5.ª-Feirense(f), V(2-3), Soares Dias (Tiago Martins), Nada a assinalar
6.ª-Tondela(c), V(2-0), Manuel Oliveira (Tiago Martins), Nada a assinalar
7.ª-Moreirense(f), E(1-1), Godinho (Pinheiro), Beneficiados, (2-0), (+1 ponto)
8.ª-Corruptos(c), E(0-0), Xistra (Hugo Miguel), Nada a assinalar
9.ª-Chaves(c), V(5-1), Rui Costa (Esteves), Beneficiados, Prejudicados (5-2), Sem influência no resultado
10.ª-Rio Ave(f), V(0-1), Sousa (Capela), Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
11.ª-Braga(c), E(2-2), Xistra (Rui Costa), Beneficiados, (1-4), (+1 ponto)

Corruptos
1.ª-Estoril(c), V(4-0), Hugo Miguel (Luís Ferreira), Nada a assinalar
2.ª-Tondela(f), V(0-1), Veríssimo (Malheiro), Beneficiados, Impossível contabilizar
3.ª-Moreirense(c), V(3-0), Manuel Oliveira (Tiago Martins), Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
4.ª-Braga(f), V(0-1), Xistra (Esteves), Beneficiados, Impossível contabilizar
5.ª-Chaves(c), V(3-0), Rui Oliveira (Hugo Miguel), Nada a assinalar
6.ª-Rio Ave(f), V(1-2), Sousa (Godinho), Nada a assinalar
7.ª-Portimonense(c), V(5-2), Luís Ferreira (Sousa), Nada a assinalar
8.ª-Sporting(f), E(0-0), Xistra (Hugo Miguel), Nada a assinalar
9.ª-Paços de Ferreira(c), V(6-1), Manuel Oliveira (Veríssimo), Beneficiados, (5-1), Sem influencia no resultado
10.ª-Boavista(f), V(0-3), Hugo Miguel (Tiago Martins), Nada a assinalar
11.ª-Belenenses(c), V(2-0), Veríssimo (Luís Ferreira), Beneficiados, (0-2), (+3 pontos)

Jornadas anteriores:
Épocas anteriores:
2016-2017
2015-2016

Aproveitar a paragem para reflectir

"Tolerância com o VAR em ano zero não deve prejudicar a transparência. Só assim será possível evoluir. À atenção do CA da FPF.

O vídeoárbitro (VAR) veio para ficar, é um elemento poderoso na demanda por uma maior verdade desportiva e em boa hora a FPF decidiu patrocinar uma causa que coloca o futebol nacional no pelotão da frente no contexto internacional, a ponto de ser uma equipa de arbitragem portuguesa, com VAR, a dirigir o próximo Inglaterra-Brasil, em Wembley. Dito tudo isto, e lembrando que estamos no ano zero, o que deve aumentar a tolerância e a compreensão, há que dizer ainda que o Conselho de Arbitragem (CA) da FPF deve vir a público assumir e explicar algumas insuficiências que se têm verificado. Até ao VAR, pode-se-ia dizer que o árbitro não vira o lance, ou que tivera de decidir numa fracção de segundo. Essa realidade pertence ao passado e as equipas de arbitragem que veem tudo e não devem ser penalizadas. E os adeptos têm o direito, em nome de transparência, de conhecer todo o processo. Só assim se evoluirá para os patamares de excelência que a tecnologia permite. Propositadamente não vou fazer referência a qualquer caso específico, para evitar que a clubite acéfala inquine aquilo que pretende ser uma abordagem construtiva. Assim, a bola fica, para já, do lado do CA da FPF.

Primeiro terço em tons de azul
O campeonato nacional atingiu o primeiro terço (paragem agora para a Selecção e para a Taça, só regressando a 12.ª jornada daqui a três semanas, numa calendarização altamente lesiva do interesse da prova) e pode dizer-se que decorreu essencialmente em tons de azul-dragão. O FC Porto de Sérgio Conceição tem pode na venta, ao contrário da versão descafeinada de Julen Lopetegui e da abordagem eminentemente calculista de Nuno Espírito Santo. Resta saber se tem plantel para as necessidades de uma época vivida por cá e na Europa. E se tem argumentos de tesouraria para ir às compras em Janeiro. Bem jeito lhe dava...
Quanto aos outros dois candidatos ao título, agora separados por apenas um ponto, a percepção que está presente é a de um Benfica mais equilibrado dentro das quatro linhas, em crescendo e um Sporting precocemente desgastado e marcador por um surto de lesões musculares. Jorge Jesus tem três semanas para devolver à equipa uma saúde física essencial para o futebol que quer praticar.

Ás
Jonas
54 anos que o Benfica não tinha um jogador a marcar em nove jornadas consecutivas do campeonato. Ontem, em Guimarães, Jonas igualou Eusébio (63/64) e também Julinho (49/50), ganhando direito a um lugar especial na história encarnada. Em boa hora, para o Benfica, o Valência decidiu dispensar o Pistolas...

Ás
Pep Guardiola
Não será abusivo, de tal forma a evidência é forte, afirmar que o Manchester City possui, ao dia de hoje, a melhor equipa do mundo. À liderança confortável na Premier League (oito pontos de vantagem) junta-se uma Champions irrepreensível e ainda um futebol de fino recorte, que é um bálsamo para quem gosta do jogo bonito.

Ás
Abel Ferreira
Belíssima exibição do SC Braga em Alvalade! A forma como os arsenalistas lutaram contra as adversidades, a maneira como surgiram frescos na fase final do encontro, provocando a cambalhota no marcador e a personalidade que revelaram, merecia melhor sorte do que o ponto com que regressaram a Braga.

Segurança nos Estádios
O V. Guimarães-Benfica de ontem esteve interrompido durante cinco minutos por incidentes nas bancadas que colocaram em causa a integridade física dos espectadores. Enquanto as autoridades competentes não assumirem que há, em diversas franjas, uma radicalização criminosa e não agir em conformidade, quer impedindo o acesso dos marginais aos estádios, quer punido severamente os clubes, o risco vai permanecer. O futebol quer-se uma festa, os estádios querem-se seguros e isso é incompatível com o 'hoologanismo' crescente em Portugal, associado à cobardia de quem devia impor a ordem e nada faz. Estão à espera de quê? Não aprenderam nada com os últimos meses? Ou será que preferem nomear comissões de inquérito para apurar responsabilidades, em vez de evitar as tragédias? O caso é demasiado sério para tanta irresponsabilidade.

Barça na pele de actor político na Catalunha
O Barcelona tem sido um 'player' importante no processo independentista da Catalunha e essa realidade voltou a revelar-se no último sábado, durante o jogo dos 'culés' com o Sevilha, em Camp Nou. A imprensa desportiva de Barcelona que defende a independência exultou, como se vê pela capa...

Um depoimento que vale a pena ler com atenção
«Sentir-me-ei sempre responsável pela morte de Ayrton Senna. Culpado não.»
Adrien Newey, engenheiro
Adrien Newey, para muitos o engenheiro mais importante da história da Fórmula 1, lançou uma biografia a que deu o título de 'Como construir um carro', na qual não esquece a morte de Ayrton Senna, ao volante de um Williams FW16, na curva Tamburello de Monza, em 1994. «O carro era artodinamicamente instável; Ayrton tentava fazer impossíveis e dessa vez não foi capaz»."

José Manuel Delgado, in A Bola

4x3x3 com Jonas é para ficar

"A entrada de Jonas para único ponta de lança foi a grande novidade táctica

Equilíbrio e criatividade
1. Perante uma equipa sempre difícil e, ainda para mais, motivada depois de uma excelente vitória na Liga Europa frente ao Marselha, Rui Vitória, ao dispor o seu onze numa estrutura táctica de 4x3x3, com o pivot defensivo Fejsa e dois criativos à sua frente, Krovinovic e Pizzi, procurou maior equilíbrio defensivo com três homens a preencherem essa zona e, simultaneamente, dar mais criatividade neste espaço, privilegiando uma maior circulação de bola no seu miolo. Se esta opção não é estranha, a entrada de Jonas para único ponta de lança foi a grande novidade táctica dos encarnados neste jogo da Cidade Berço.

Direita a funcionar
2. Entrou bem o Benfica com o meio-campo a preencher bem os espaços e a criar dificuldades defensivas ao Vitória pela mobilidade dos seus elementos mais ofensivos: Krovinovic, Jonas e Salvio, canalizando mais o seu jogo de ataque pelo lado direito. Por isso, não admirou que o golo surgisse daí, na melhor jogada de entendimento, sempre ao primeiro toque, entre Krovinovic, André Almeida e Jonas. Após o golo, o V. Guimarães definiu melhor as marcações, ocupou mais racionalmente e os espaços e foi reequilibrando, tirando ao Benfica tempo e espaço para a organização. Foi tempo de duelos, das bolas perdidas e do jogo muito dividido, sem, contudo, criar oportunidades ou tirar o controlo ao Benfica.

O momento chave
3. Na segunda parte, o Vitória entrou melhor, mais subido no terreno, com melhor circulação de bola e a jogar mais no meio-campo encarnado. Durou 25 minutos. Perante este cenário, Rui Vitória trocou Pizzi por Samaris para dar mais força ao meio-campo e Pedro Martins retirou Rafael Miranda e colocou em jogo Rafael Martins na procura de dar acutilância ao seu ataque. Ao desfazer a dupla de médios mais defensivos, o Vitória deu maior espaço entre-linhas ao Benfica e foi por aí que Samaris encontrou o caminho para o golo e Salvio fez o mesmo três minutos depois, Pedro Martins sabia os riscos que corria, mas optou, com coragem, na procura do golo. O Benfica teve a argúcia de aproveitar os espaços criados por essa substituição. Foi o momento chave para abrir o jogo - o Benfica soube aproveitar.

Também marca sozinho
4. Num jogo bem disputado, com grande riqueza táctica e com a entrega total dos jogadores, o Benfica ganhou bem e deu sinais claros que o 4x3x3 com Jonas veio para ficar. Afinal, Jonas também marca quando joga como único ponto de lança."

Henrique Calisto, in A Bola

Ainda há muito campeonato

"Voltou a ser uma jornada aziaga para a arbitragem. Desta vez não houve falhas no vídeo-árbitro mas faltou competência e coragem para tomar decisões que poderiam ter mexido com os jogos. A pressão (e não só) a que os árbitros têm estado sujeitos é capaz de os fazer hesitar quando têm de agir perante determinadas situações. É aceitável que assim seja? Não, de todo, estão lá para decidir em função do que vêem e de acordo com as leis do jogo. Mas honestamente será que estão em condições de se abster do clima que está instalado no futebol português? Só eles o poderão dizer.
Nesta jornada, houve equipas que se sentiram prejudicadas. Em anteriores, foram outras. O problema é que a cada ronda que passa, aumenta o volume da indignação e agrava-se o tom dos protestos. Em muitos casos, é difícil não admitir que têm razão; noutros, é puro oportunismo. Seja o que for, o quadro é preocupante e inspira as mais rebuscadas teorias. O trágico é que com tanta desconfiança o adepto comum começa a acreditar nelas. Pior: algumas até podem ser verdadeiras.
O campeonato vai de férias. É bom e mau. Bom, porque baixa a adrenalina e apela à reflexão. Mau, porque as emoções estão ao rubro e a Liga não está fechada. Sim, ainda há muito campeonato para disputar. Para o bem e para o mal…"

Três temas que são afinal quatro

"O Benfica continua a melhorar na Liga, subindo de rendimento e mantendo-se como forte candidato ao título – afinal, o Sporting tem apenas mais um ponto. E isso acontece porque, para consumo interno, as saídas não compensadas de jogadores nucleares são disfarçadas pelos múltiplos recursos que sobraram e pela ‘engenharia futebolística’ de Rui Vitória, que tudo aceita com generosidade e tudo resolve com voluntarismo. Mas a Champions é outra coisa e aí o desinvestimento não pode ser maquilhado: quatro jogos, quatro derrotas, um só golo marcado e até a Liga Europa está em risco. A moral da história é velha: não há milagres.
Recordo-me bem do que se escreveu e disse sobre Felipe, após as suas primeiras semanas no FC Porto. Da capacidade técnica modesta ao ataque à bola a destempo, passando pelo mau posicionamento em campo, sobraram críticas. Mas o tempo confirmou a qualidade do central brasileiro, este ano até com valor acrescentado: os árbitros ficam sem sopro nos apitos quando ele faz faltas na grande área. No sábado, no Dragão, cometeu duas para penálti, que o juiz não assinalou e que se tentou mesmo garantir que não tivessem existido. Mas honra para Jorge Faustino, que no Record de ontem não se encolheu e foi bem claro. E a verdade é que, a ter sido cumprida a lei, o Belenenses desfrutaria, cedo no desafio, de duas oportunidades para alterar o marcador a seu favor. E uma certeza: como das faltas resultariam dois cartões amarelos, o excelente Felipe teria sido expulso aos 24 minutos e eventualmente a sorte da partida seria outra. Ou não, concedo, que o FC Porto está a jogar horrores.
Parece incrível como ainda há pouco tempo Real Madrid e Barcelona dominavam o futebol europeu e como rapidamente perderam esse estatuto. Com o Manchester United a tardar em alcançar o nível que sempre se espera das equipas de José Mourinho, os grandes monstros da actualidade são o Manchester City, de Pep Guardiola, e o PSG, de Unai Emery, que somam goleadas umas atrás das outras. No caso dos ingleses, só algo de outro mundo os impedirá de ser campeões. Já no que respeita aos parisienses, existe o perigo do excesso de vedetas e de alguma falta de neurónios. Mas a fase final da Champions promete, talvez com a Juventus a fechar o sexteto galático.
No último parágrafo, o quarto tema de hoje: Lito Vidigal. Em boa hora regressado ao futebol português, o treinador apanhou logo pela frente Benfica e V. Guimarães, e perdeu. Sabiam os seus admiradores, e entre eles me incluo, que era uma questão de dias para que recuperasse fora o que perdera em casa. E assim aconteceu, o Aves foi ganhar a Setúbal e pode finalmente respirar. Lito é um exemplo daqueles treinadores que deixam marca por onde passam, sendo que por vezes são incompreendidos por gente burra, que percebe tanto de futebol como de viagens ao espaço."

A 'ciência' do futebol

"O futebol, como qualquer outra modalidade desportiva é, para mim, uma das formas da motricidade humana - como é lógico! Embora a pretensa cientificidade de muitos comentadores do futebol seja proporcional à sua desumanidade, quero eu dizer: quanto mais falam de futebol menos humano se revela o seu discurso. É verdade que, desde os inícios do pensamento moderno, mormente com Galileu e Descartes, o “homem” e a “ciência” sempre se constituíram como duas realidades estranhas uma à outra: a inteligência, a personalidade, os sentimentos humanos não podiam pesar-se, medir-se, quantificar-se – não eram, com toda a certeza, científicos. Demais, a ciência moderna nasce e desenvolve-se mecanicista. O universo é uma imensa máquina, composta por um enorme conjunto de máquinas cujas leis importa conhecê-las. E, por isso, Deus é o divino engenheiro, omnipotente criador de um universo que pode ser estudado, matematicamente. Não é de estranhar assim que os filósofos e os cientistas de mais ampla inteligência teorizadora tenham comparado o Mundo a um relógio.
O homem-máquina de La Mettrie (1709-1751), filósofo materialista e médico que pretende ensinar que, no mundo todo, só matéria se encontra e é dessa matéria que o ser humano (e tudo) nasce e de que o ser humano é feito – La Mettrie, minucioso e irónico, não abandona o mecanicismo, apontando as leis mecânicas que regem, segundo ele, as funções do corpo de um ser vivo. Um ponto a realçar: a partir desta altura, o sábio deixa de ser o clérigo aristotélico-tomista e passa a ser um leigo, uma pessoa que sabe que não tem a verdade, mas que imparavelmente a procura, pela razão e pela reflexão e pelo método experimental. No meu modesto entender, a história das ciências, que vai de Copérnico (1473-1543) a Newton (1643-1727) é de um progresso admirável e prepara o Iluminismo e informa, claramente, a Revolução Francesa…
Não surpreende portanto que Ciência, Razão e Progresso caminhassem de mãos dadas e que, quando pela primeira vez, no século XVIII, a expressão Educação Física (que integrava a Ginástica, os Jogos e os Desportos) tenha surgido, no vocabulário científico, os exercícios ginásticos se destinassem ao homem-máquina, a um corpo-instrumento que a Razão esclarecia. Vale a pena reler a Proposta de Lei, de 25 de Fevereiro de 1939, apresentada à Assembleia Nacional para a criação do INEF (Instituto Nacional de Educação Física) português, onde assim se define a Educação Física: “é uma acção intencional que o homem, devidamente dirigido, exerce sobre si mesmo, pela prática racional, sistemática dos exercícios físicos - ginástica, jogos, desportos – metódica e conscientemente executados, como complemento essencial dos restantes meios educativos e higiénicos e tendo como objectivos imediatos a saúde, beleza, força, resistência, disciplina, prontidão, espírito de solidariedade, optimismo, confiança em si, domínio de si próprio, coragem, prudência, caráter, personalidade, tornando o corpo o digno instrumento de uma vontade esclarecida”.
Como se vê, uma antropagogia, ou teoria da formação do ser humano, assente no corpo-instrumento e apontando para uma antropologia declaradamente dualista. Enfim, a dicotomia corpo-mente, sentimentos-consciência, natureza-cultura emergia da educação física até meados do século XX. Muita gente que pontifica, no desporto nacional e internacional, ainda não ultrapassou, nem o mecanicismo cartesiano, nem o solo epistemológico do positivismo. Ousaria mesmo escrever que, no futebol, há muita gente que pensa que sabe explicar o futebol, sem nunca o ter compreendido. Compreendido? Sim, porque ao nível do humano nada escapa à ordem dos valores e das significações, mesmo como exigência do rigor metodológico.
O que eu aconselharia aos “agentes do futebol”?... Digo isto, após uma severa autocrítica (porque, à boa maneira socrática: só sei que nada sei): um corte epistemológico, em relação à pré-ciência de um senso comum que analisa o futebol, sem descontinuidade, nos problemas e na linguagem. O curso de um conhecimento verdadeiramente científico não é linear, o seu grande objectivo é respeitar o Passado, mas construir o Futuro, o que implica pôr de lado e rejeitar muito do que a tradição nos oferece. “A exigência de objectividade, no sentido de objectivação, leva-nos necessariamente a descartar o carácter meramente acumulativo e continuista do saber, bem como a fazer da ideia de progresso descontínuo a espinha dorsal de toda a cientificidade. Se é assim, também esse progresso precisa ser pensado em termos de ruptura” (Hilton Japiassu, Nascimento e Morte das Ciências Humanas, Francisco Alves editora, p. 145). Ruptura, em primeiro lugar com uma organização apressada e desleixada dos clubes. Há dirigentes desportivos de exemplar amor pelos seus clubes, mas sem especialização bastante para, actualmente, organizarem um clube com alta competição, ou alto rendimento. Já é clássica a definição de Peter F. Drucker: “Uma organização é um grupo humano composto por especialistas que trabalham numa tarefa comum (…). Uma organização é sempre especializada. Define-se pelas suas tarefas (…). Uma organização só é eficaz, se se concentrar numa tarefa. Uma orquestra sinfónica não tenta curar doentes, toca música. Um hospital cuida dos doentes, mas não procura tocar Beethoven (…). A sociedade, a comunidade e a família são; as organizações fazem (Sociedade Pós-Capitalista, Actual Editora, Lisboa, 2003, pp. 61/62). E, para as organizações fazerem, é imprescindível o contributo de direcções competentes.
Donde, logicamente se conclui que organizar é tornar produtivos os conhecimentos. Mas, no âmbito das ciências humanas, um especialista é tanto mais eficaz quanto mais tiver em conta a complexidade humana, presente em todos os elementos que a constituem. Num treino de dominância física, o jogador de futebol (o atleta) é um ser de sentimentos. E se ele se encontra incompatibilizado com o treinador?... E, se nesse dia o pai está gravemente doente?... E se um dos filhos ficou em casa, com febre alta?... É evidente que, assim, o treino se transforma num espaço de insanável aborrecimento e, nalguns casos, de aversão.
Não passo sem sublinhar as palavras de António Damásio à revista do Expresso, de 2017/10/28: “Os humanos não têm apenas a inteligência, têm por exemplo a linguagem. E temos uma socialidade muito mais complexa do que a de outras criaturas. E os impulsos criativos. E, analisando estas respostas, vemos a ideia. A ideia forte é a de que tudo o que há de bom e de bem, tudo o que ajudou instrumentalmente a criar culturas nunca teria acontecido se não tivéssemos sentimentos. Sentimentos, ora de dor e sofrimento, ora de plenitude e prazer”. E diz mais adiante, numa entrevista superiormente conduzida por uma jornalista com dotes notórios para o jornalismo (o que nem sempre sucede) e pessoa culta, que se topa no seu infatigável interrogar: “O sentimento é a representação do imperativo homeostático”. O que é peculiar no jogador, por ser homem, é secundário e acaba por reduzir-se às necessidades primárias da táctica, nos “estudos” de alguns pseudo-especialistas. Não, eu não digo que a táctica não é importante, o que eu digo é que não é essencial. Só podemos esperar respostas humanas dos jogadores, se os respeitarmos (e estudarmos) como homens. Só assim podemos fazer ciência… nas ciências humanas! Mas eu vou continuar com este tema."

Carreira de treinador: gerir o factor urgência

"A carreira de treinador não está imune às alterações que a sociedade incute e empurra os vários mercados a tornarem acções esporádicas em hábitos. A presente Liga portuguesa vai na 11.ª jornada e, a este ritmo, o número de despedimentos ou alterações das equipas técnicas vai ficar ou muito próximo da época anterior ou mesmo superar os números da época 2016/17.
O sentido de urgência é algo que os treinadores e empresas vão colocando na agenda de um treino ou de uma formação, com o objectivo que os atletas, gestores, todos nós, tenhamos a ideia do que é gerir o tempo, as várias fases de um projecto, de um jogo, o que é prioritário e como se deve gerir as emoções e as razões em momentos onde há menos ou mais tempo para pensar e decidir. Mas as últimas épocas desportivas, neste caso específico, têm alterado e adulterado tudo o que é racional ou aceitável na gestão de um planeamento ou objectivos de uma época desportiva e consequentemente, dos objectivos individuais, colectivos, desportivos ou de gestão.
Os dois eixos, que se cruzavam e estavam sempre dependentes um do outro, sendo que um representava o projecto desportivo e o outro o projecto de gestão, deram lugar a um eixo que está quase ou totalmente dependente dos resultados desportivos. Em que não interessa muito o investimento humano e estratégico para dar resultados daqui a uns meses ou épocas desportivas. Basta perceber o número de treinadores que completam duas épocas inteiras no actual futebol português para perceber que esta análise não é alarmista. É real.
E este fenómeno é tão ou mais evidente quanto mais se vai baixando na classificação. E por muito que isto nos pareça lógico, o passo seguinte é perceber que a substituição pura e dura de treinadores não resolve os problemas de fundo, que geralmente estão nas condições e na qualidade de planeamento com que se inicia uma pré-época. E isto traz ao treinador a necessidade de dominar uma competência para a qual o treinador não recebe ensinamentos durante a sua formação: estar preparado para mudar aquilo que são os seus pressupostos e bases de uma carreira de treinador, estar preparado para abdicar momentaneamente (ou regularmente?) daquilo que para si é prioritário em termos de conceitos de treinar para estar sempre a pensar no presente, que na verdade, passa a ser vencer semanalmente com a ameaça de que, aos primeiros resultados menos positivos, a decisão de terminar a relação laboral se faça sentir.
O problema, não sendo novo, é cada mais evidente. E já o tinha escrito aqui, qualquer pausa actualmente no calendário desportivo, como vai ser esta das selecções, é uma ameaça para os campeonatos profissionais."

Cadomblé do Vata

"1. Esta é a minha 3.ª tentativa de escrever uma crónica sobre o Vitória - SLB... nas outras duas, o Svilar saiu da baliza e cortou-me o texto.
2. Confesso-me muito desiludido com a exibição do nosso guarda redes... no lance do 1-0 teve que ser o Jonas a desviar para golo, porque o servo-belga ainda não tinha chegado à grande área adversária.
3. Estratégia altamente equilibrada de Rui Vitória... por um lado optou pelo 4-3-3 para mostrar aos jogadores que este era um jogo difícil; pelo outro meteu o Jonas dizendo-lhes que não era complicado o suficiente para podermos abdicar do melhor jogador.
4. Jonas confirmou que não sabe jogar sozinho na frente... só um golo e uma assistência faz-nos ter saudades do Sokota.
5. E aquele pontapé que o Samaris deu no Vitória aos 75 minutos... parecia o Binya se o camaronês fosse jogador de futebol."

Pizzi é o primeiro jogador transgénero do futebol português (...) tem uma explicação para isto

"Svilar
Felizmente para os benfiquistas, Rui Vitória tem andado a ler The Gardener and the Carpenter, livro da psicóloga Alison Gopnik. A máxima do livro é simples: um pai deve ser um jardineiro e não um carpinteiro. Ora bem, o carpinteiro vê um guarda-redes talentoso e pensa que tem o poder de o transformar como se este fosse um bloco de madeira. Nada mais errado. É um facto que existem alguns troncos neste plantel, mas Svilar não é um deles. Já o jardineiro vê o seu papel de modo mais humilde, limitando-se a criar as condições ideais para que o guarda-redes cresça no seu habitat natural, de acordo com leis superiores a todos nós. Até pode ser que corra mal, mas há que louvar. 

André Almeida
Exibição muito equilibrada com alguns momentos acima da média. Níveis de concentração elevados nas tarefas defensivas. Em suma, André Almeida soube explorar muito bem o facto de não ser o Douglas.

Luisão
Aguentou 69 minutos sem um lance digno da expressão “este gajo tá demasiado velho para isto”. É uma melhoria significativa face à sua última presença no onze titular. Quando as coisas correm mal, é um idoso acabado que já devia ter terminado a carreira. Quando correm bem, é uma voz experiente que importa ter no relvado e bate recordes a cada jogo que passa. Não sei quanto a vocês, mas nós já nos habituámos.

Rúben Dias
Não gosto de pessoas que utilizam demasiadas vezes a expressão Top, mas acho que há momentos na vida em que a emoção leva a melhor e, subitamente, imunes a qualquer espécie de embaraço, damos por nós a dizer alto e bom som: Top Top Top, sem vírgulas nem letras minúsculas, mem’assim, tájaver? É uma espécie de entrada a pés juntos em antecipação aos formalismo da língua portuguesa. É um pragmatismo sem o qual muitos de nós já não conseguem viver. Ao invés de vos dizer que me faltam as palavras para qualificar Rúben Dias, direi antes que me resta apenas uma, a triplicar: Top. Top. Top.

Eliseu
repararam que há sempre um problema qualquer com os adeptos em Guimarães? Hoje calhou a Eliseu ser insultado por adeptos vimaranenses. Coincidência das coincidências, há uns tempos foi Nélson Semedo É triste, porque se alguém devia ter criticado Eliseu hoje são os benfiquistas. Sim, tenho saudades de Grimaldo, mas não por este ser caucasiano. Há muitos adeptos de futebol que, tal como eu, têm vontade de aplaudir um clube - que não os três grandes - capaz de encher o seu estádio em quase todos os jogos. Por outro lado, talvez devessem pensar em deixar meia dúzia de cadeiras vazias.

Fejsa
As exibições de Fejsa querem-se entediantes como a de hoje. O sérvio não é especialmente bom a atacar e também não tem que ser vistoso a defender. Fundamentalmente, Fejsa deve estar em campo, percorrendo aquela zona do terreno que une os blocos. Não, estou a falar dos blocos conhecidos como vitória e empate. Se querem táctica leiam o Lateral Esquerdo. Ora bem, Fejsa deve ocupar essa zona do terreno e permanecer aí o máximo de tempo possível. Quando tal não acontece, o Benfica sofre mais golos e perde mais jogos. Rui Vitória fez bem em demonstrar isso mesmo ao substituir um dos melhores em campo.

Krovinovic
Anda o Pizzi nas suas crises existenciais e eis que surge Krovinovic, um craque que acaricia a bola sem complicar, que levanta a cabeça não para pensar no próximo jogo, mas para descobrir linhas de passe, que trabalha durante a semana e demonstra o que aprendeu. É bom demais para ser verdade. Deve estar quase a ser preso por assédio sexual.

Salvio
Um péssimo dia para quem gosta de criticar o Salvio. Regressou aos golos, designadamente de belo efeito, e às boas exibições numa das pouquíssimas vitórias esta época a fazer lembrar aquele Benfica capaz de discutir títulos. Como se isto não bastasse, foi o seu quinquagésimo golo em jogos oficiais ao serviço do Benfica. Podíamos falar dos dez lances individuais em que o argentino se perdeu, mas a verdade é que costumam ser cinquenta.

Diogo Gonçalves
Todos sabemos que não é superior a Cervi, Rafa ou Zivkovic. Por outro lado, a culpa de termos uma dúzia de extremos não é dele. Já agora, de quem é? E porque é que não adaptamos estes extremos a laterais? O Chalana descobriu o Miguel, não foi? Esta época Rui Vitória ainda só conseguiu descobrir Douglas e Pedro Pereira. Agora pensem. Continuando, Diogo Gonçalves continua a apresentar elevados níveis de entrega que dificultam a elaboração de uma crítica menos construtiva aos vários lances em que decide mal, sob pena de sermos injustos com o miúdo. Aguardemos serenamente pelo primeiro sinal de displicência.

Pizzi
O primeiro jogador transgénero do futebol português. Depois de uma época do género craque que manda nisto tudo, Pizzi meteu os papéis todos e, sem qualquer justificação lógica, decidiu assumir-se no género centrocampista com problemas existenciais. Atenção. Nada nos move contra a fluidez sexual, mas devemos impor limites à orientação técnico-táctica. Quanto aos progressistas que acham que isto é só uma fase má do Pizzi, podem meter a viola no saco.

Jonas
Qual Jonas, qual quê. Chamem-lhe Moisés, meus amigos. Abriu as águas do Mar Vermelho aos 22 minutos. A partir de hoje, somos todos judeus a caminho do Marquês de Pombal. O backoffice da Tribuna Expresso não aceita hashtags, mas aqui fica: #rumoao37

Samaris
Digam lá a sério. Quem era aquele tipo?

Cervi
Pareceu-nos ligeiramente mais alto.

Jiménez
Parece-nos ligeiramente mais dispensável."