segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Aproveitar a paragem para reflectir

"Tolerância com o VAR em ano zero não deve prejudicar a transparência. Só assim será possível evoluir. À atenção do CA da FPF.

O vídeoárbitro (VAR) veio para ficar, é um elemento poderoso na demanda por uma maior verdade desportiva e em boa hora a FPF decidiu patrocinar uma causa que coloca o futebol nacional no pelotão da frente no contexto internacional, a ponto de ser uma equipa de arbitragem portuguesa, com VAR, a dirigir o próximo Inglaterra-Brasil, em Wembley. Dito tudo isto, e lembrando que estamos no ano zero, o que deve aumentar a tolerância e a compreensão, há que dizer ainda que o Conselho de Arbitragem (CA) da FPF deve vir a público assumir e explicar algumas insuficiências que se têm verificado. Até ao VAR, pode-se-ia dizer que o árbitro não vira o lance, ou que tivera de decidir numa fracção de segundo. Essa realidade pertence ao passado e as equipas de arbitragem que veem tudo e não devem ser penalizadas. E os adeptos têm o direito, em nome de transparência, de conhecer todo o processo. Só assim se evoluirá para os patamares de excelência que a tecnologia permite. Propositadamente não vou fazer referência a qualquer caso específico, para evitar que a clubite acéfala inquine aquilo que pretende ser uma abordagem construtiva. Assim, a bola fica, para já, do lado do CA da FPF.

Primeiro terço em tons de azul
O campeonato nacional atingiu o primeiro terço (paragem agora para a Selecção e para a Taça, só regressando a 12.ª jornada daqui a três semanas, numa calendarização altamente lesiva do interesse da prova) e pode dizer-se que decorreu essencialmente em tons de azul-dragão. O FC Porto de Sérgio Conceição tem pode na venta, ao contrário da versão descafeinada de Julen Lopetegui e da abordagem eminentemente calculista de Nuno Espírito Santo. Resta saber se tem plantel para as necessidades de uma época vivida por cá e na Europa. E se tem argumentos de tesouraria para ir às compras em Janeiro. Bem jeito lhe dava...
Quanto aos outros dois candidatos ao título, agora separados por apenas um ponto, a percepção que está presente é a de um Benfica mais equilibrado dentro das quatro linhas, em crescendo e um Sporting precocemente desgastado e marcador por um surto de lesões musculares. Jorge Jesus tem três semanas para devolver à equipa uma saúde física essencial para o futebol que quer praticar.

Ás
Jonas
54 anos que o Benfica não tinha um jogador a marcar em nove jornadas consecutivas do campeonato. Ontem, em Guimarães, Jonas igualou Eusébio (63/64) e também Julinho (49/50), ganhando direito a um lugar especial na história encarnada. Em boa hora, para o Benfica, o Valência decidiu dispensar o Pistolas...

Ás
Pep Guardiola
Não será abusivo, de tal forma a evidência é forte, afirmar que o Manchester City possui, ao dia de hoje, a melhor equipa do mundo. À liderança confortável na Premier League (oito pontos de vantagem) junta-se uma Champions irrepreensível e ainda um futebol de fino recorte, que é um bálsamo para quem gosta do jogo bonito.

Ás
Abel Ferreira
Belíssima exibição do SC Braga em Alvalade! A forma como os arsenalistas lutaram contra as adversidades, a maneira como surgiram frescos na fase final do encontro, provocando a cambalhota no marcador e a personalidade que revelaram, merecia melhor sorte do que o ponto com que regressaram a Braga.

Segurança nos Estádios
O V. Guimarães-Benfica de ontem esteve interrompido durante cinco minutos por incidentes nas bancadas que colocaram em causa a integridade física dos espectadores. Enquanto as autoridades competentes não assumirem que há, em diversas franjas, uma radicalização criminosa e não agir em conformidade, quer impedindo o acesso dos marginais aos estádios, quer punido severamente os clubes, o risco vai permanecer. O futebol quer-se uma festa, os estádios querem-se seguros e isso é incompatível com o 'hoologanismo' crescente em Portugal, associado à cobardia de quem devia impor a ordem e nada faz. Estão à espera de quê? Não aprenderam nada com os últimos meses? Ou será que preferem nomear comissões de inquérito para apurar responsabilidades, em vez de evitar as tragédias? O caso é demasiado sério para tanta irresponsabilidade.

Barça na pele de actor político na Catalunha
O Barcelona tem sido um 'player' importante no processo independentista da Catalunha e essa realidade voltou a revelar-se no último sábado, durante o jogo dos 'culés' com o Sevilha, em Camp Nou. A imprensa desportiva de Barcelona que defende a independência exultou, como se vê pela capa...

Um depoimento que vale a pena ler com atenção
«Sentir-me-ei sempre responsável pela morte de Ayrton Senna. Culpado não.»
Adrien Newey, engenheiro
Adrien Newey, para muitos o engenheiro mais importante da história da Fórmula 1, lançou uma biografia a que deu o título de 'Como construir um carro', na qual não esquece a morte de Ayrton Senna, ao volante de um Williams FW16, na curva Tamburello de Monza, em 1994. «O carro era artodinamicamente instável; Ayrton tentava fazer impossíveis e dessa vez não foi capaz»."

José Manuel Delgado, in A Bola

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