sábado, 28 de outubro de 2017

O Benfica abusa de Jonas

"A Liga dos Campeões volta na próxima semana. No meio desta semana quase não houve futebol. Realizou-se somente um desafio em atraso da primeira jornada da Taça da Liga. Coisa pouca. Não houve futebol mas houve política.
O presidente da FPF deslocou-se ao Parlamento. Fernando Gomes revelou aos deputados a existência de "uma claque legal que só tem registados 11 elementos". Referia-se certamente à claque do fabuloso Mira-Coelhos Futebol Clube.
Também o presidente da Liga teve intervenção política a meio da semana. Pedro Proença disse aos jornalistas que "a Liga não tem responsabilidades sobre o sector da arbitragem". Não tem responsabilidades, é verdade, mas tem imensa pena. Oh, se tem.
Na cidade Invicta realizou-se a gala dos Dragões de Ouro e o ex-jornalista Francisco J. Marques foi contemplado com a estatueta para o "funcionário do ano". Justíssimo prémio. Chega com uns bons 20 anos de atraso.
O presidente do Sporting ofereceu-se para "dar algumas cadeiras" do curso de ética para dirigentes. Não especificou, no entanto, em quem pretende dar com algumas cadeiras.
A terminar o capítulo da política, o administrador da SAD do Benfica disse saber o que falta para o clube "poder pensar em ganhar a Liga dos Campeões". O que não impede que o pessoal mais bruto se vá preocupando com o que falta ao Benfica para ganhar ao Rio Ave, ao Boavista, ao Marítimo. Sem esquecer que para ganhar ao Feirense foi uma enorme trabalheira.
Ontem bastaram os primeiros 10 minutos à Jonas para o Benfica construir o resultado. Antes de fazer o 1-0 já Jonas tinha rematado por duas vezes à baliza do Feirense. O primeiro foi um remate fraco, o segundo obrigou Caio Seco a fazer uma bela defesa e no terceiro a bola acabou por entrar. Depois aconteceu o que tem vindo a acontecer nesta temporada. O Benfica assim que se adiantou no marcador recuou em toda a linha. Foi exactamente desta maneira que o tetracampeão nacional empatou em Vila do Conde e no Funchal e perdeu no Bessa. Este tem vindo a ser um pequeno Benfica entregue em exclusivo ao talento de um enorme jogador, Jonas. É um abuso de Jonas. E pouco ou nada mais.
Na próxima terça-feira vai o Benfica a Manchester jogar com United para a tal competição muitíssimo importante para quem sabe que tem "o que falta" para a encarar de frente. O que não é o caso do Benfica nem de nenhuma equipa portuguesa. Provavelmente a equipa de Mourinho não terá muitas mais oportunidades de rematar à baliza de Svilar ou de se aproximar com perigo da área do Benfica do que teve ontem o bem mais modesto Feirense, que dispôs, com enorme facilidade, de um número impressionante de ocasiões em que deu cabo dos nervos do púbico da Luz. Isto não é normal."

Fernando Gomes é, agora, o inimigo

"As recentes intervenções do presidente da FPF foram interpretadas por FC Porto e Sporting como se de uma declaração de guerra se tratasse.

As mais recentes intervenções públicas do Presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, colocou o organismo máximo do futebol nacional numa clara liderança na luta contra o que o seu líder chamou - e bem - o discurso do ódio.
Pode ter pecado, apenas, por tardio, mas tanto o artigo publicado nos três jornais desportivos, como a intervenção na comissão parlamentar foram significativas e corajosas. Directas e conclusivas.
Evidentemente que Fernando Gomes sabia que em resultado da sua acção iria ganhar como principais inimigos o presidente do FC Porto e o presidente do Sporting, porque cada qual se sentiria visado por terem escolhido um caminho de confronto sem contemplações e sem margem para tréguas. Sporting e FC Porto criaram uma santa aliança de ataque ao Benfica e a recém afirmada hegemonia do clube de Luís Filipe Vieira. Ambos consideram que os quatro títulos consecutivos foram aproveitados pelo Benfica para dominar o universo do futebol, da disciplina à arbitragem, como se tivesse apropriado da velha herança dos maus princípios e das más práticas que tinham, antes, sido assumidas pelo FC Porto e tinham levado o Dragão a um incontestado domínio de décadas no futebol português.
O FC Porto escolheu o caminho do ataque cerrado pela divulgação dos e-mails que colocam o Benfica numa situação inquieta e frágil perante uma imagem de promiscuidade e de compadrio entre algumas figuras menores da arbitragem e uns quantos benfiquistas marginais, a quem gente responsável do clube, desgraçadamente atribuiu representatividade.
O Sporting, sempre menos hábil, menos racional e, por isso, menos estratégico, atacou com uma obsessão infantil na pequena questão dos vouchers e, sobretudo, através de uma linguagem de varinagem que marca sempre mais quem a fala do quem a ouve.
Neste quadro de guerra civil futebolística, onde só os três grandes clubes são figuras activas e todos os outros figuras passivas, a posição firme e incisiva de Fernando Gomes foi tomada, por parte de FC Porto e Sporting, como uma declaração de guerra.
Sempre mais experiente e competente, o FC Porto deu sinal através das redes sociais e marcou posição inequívoca ao colocar Pedro Proença em inusitado lugar de destaque, sentando-o ao lado de Pinto da Costa, na Gala dos Dragões de Ouro.
O Sporting reagiu intempestivamente no famigerado Facebook do cidadão Bruno de Carvalho, que veio falar de Fernando Gomes, como de um velho ultrapassado dirigente que não quer sair da cadeira do poder e que estaria agarrado ao lugar, esquecendo que estava a falar da figura de dirigente de futebol português de maior prestígio internacional e, sobretudo, de alguém que tem uma notável obra feita a que ninguém, minimamente atento, seria capaz de negar um rara mérito, tudo isto, enquanto ele próprio, presidente do Sporting, ainda terá um longo caminho pela frente para poder fazer qualquer obra e apresentar algum resultado.
Fernando Gomes, até pela força moral da sua posição, do seu estatuto e da sua obra, não terá dificuldades em libertar-se dessa imagem, mas Pedro Proença precisa de encontrar rapidamente uma solução para não se deixar capturar numa guerra que não é, nem pode alguma ver ser a dele.
A verdade é que para o cidadão comum já não resta qualquer dúvida de que Federação e Liga estão de costas voltadas.
(...)"

Vítor Serpa, in A Bola

Holandeses e holandesas

"Nunca me ajustei convenientemente à ideia de que os treinadores portugueses são melhores do que os outros, tantas vezes sustentada pelos próprios. Certamente que sempre houve treinadores portugueses a chegar à elite internacional - Queiroz, Artur Jorge, Mourinho, Fernando Santos... - e fenómenos de qualidade que se aproximam - Leonardo Jardim, Villas Boas... -, no entanto parece-me desacertado deduzir que daqui alguma vez tenha resultado uma liderança intelectual de classe. Uma coisa será, portanto, aplaudir os treinadores portugueses na fina-flor, outra será crer que são, na essência, mais capacitados. É uma visão ingénua, tal como se diz que «nós, portugueses, recebemos melhor as visitas» ou que «nós, portugueses, é que cozinhamos bons petiscos». Como se os outros não achassem o mesmo deles próprios. É pensar de mais em nós, como são quase todos os pensamentos menores.
Mesmo os treinadores holandeses, note-se, estigmatizados pelos legados dos mestres Rinus Michels e Johan Cruyff - esses, sim, de segura liderança intelectual, criadores de escola, de ideologia - não são hoje donos do que quer que seja. Por estes dias, inclusivamente, parecem todos em crise; Van Gaal, Hiddink ou Dick Advocaat têm falhado projectos. Rijkaard, Seedorf ou Van Basten estão esquecidos; Frank de Boer e Koeman não escaparam à onda de despedimentos da Premier League. Paralelamente, até a selecção holandesa anda prostrada, falhando Euro-2016 e Mundial-2018.
Perpendicularmente, de qualquer forma, a melhor treinadora do Mundo para a FIFA, Sarina Wiegman, e a melhor jogadora, Lieke Martens, são holandesas. Aqui, com Ronaldo, estamos a redefinir a cronologia e a narrativa do futebol. Mas nos treinadores somos iguais aos outros temos bons e maus elementos, temos bons e maus momentos."

Miguel Cardoso Pereira, in A Bola

9 factos do Meo Rip Curl Pro Portugal

"1. As previsões de mar para o MEO Rip Curl Pro Portugal eram brilhantes para os primeiros dias de prova. Entenda-se que este ‘brilhante’ vai muito além das motivações do surfista comum. Isto porque os Supertubos estavam de gala mas impunham um respeito de sobrevivência apenas ao alcance de alguns. Falamos dos melhores do mundo e de os colocar perante ondas de consequência mesmo sem ser uma prova do circuito mundial de ondas grandes. Ouvimos reacções extremadas e drama. Confirmamos assim o quão espectacular é receber os melhores do mundo nos Supertubos.
2. O retrato internacional da Praia do Medão, nome original dos Supertubos, retoma agora as suas propriedades de desafio e intimidação lado a lado com qualidade e perfeição. A versatilidade de Peniche em receber provas desta magnitude é boa. Mas melhor são as ondas produzidas pelas bancadas de areia do Medão.
3. Outubro é o mês da excelência em Portugal. Para além da qualidade das ondas, é igualmente importante haver condições meteorológicas que convidem ao evento. Não esquecendo o Outono mas também com alguma sorte à mistura, Peniche brindou os visitantes com autênticos dias de praia como só em Portugal nesta altura do ano.
4. Frederico Morais mantém-se firme na luta pelo prestigiante título de “rookie of the year” (melhor estreante do circuito mundial). Mesmo com o peso emocional da praia toda a apoiar, com uma licra de 150m2 estendida nas bancadas e com os olhos d os que lhe são próximos em cima de si, Kikas não cai. A maturidade e feracidade dentro de água contrastam com a grandeza e devoção fora dela. Como surfista residente na elite do surf mundial, o seu 9º lugar foi o melhor resultado de sempre para um português nesta prova. Frederico aponta e agradece mas fá-lo como só os enormes sabem fazer.
5. Vasco Ribeiro mostra todas as capacidades para figurar entre os melhores dos melhores. Com momentos de superação a si próprio e níveis de confiança elevados, o surfista cascalense fez a melhor onda do primeiro dia de prova (9.37 pontos numa escala de 0-10), eliminou o australiano Owen Wright arredando-o da luta pelo título mundial, e ainda se bateu sem qualquer timidez com o havaiano John John Florence em condições onde este é mestre mas, tivesse o português saído de mais um tubo, e talvez a história hoje contada fosse outra.
6. Viu-se um pouco de tudo. Desde espectadores totalmente vestidos a nadar mar adentro para serem os primeiros a garantir propriedade das muitas pranchas partidas. Passando pela vontade em ver os melhores do mundo na verdadeira primeira fila mesmo que tal implique estar sujeito a ser parcialmente varrido pelas ondas na maré cheia. E terminando pela impressionante quantidade de pessoas que emoldurou a estreita faixa de areia dos Supertubos. Que não haja dúvidas: os portugueses adoram o Surf.
7. Os patrocinadores inventaram-se mais uma vez. Surf em forma bungee jumping, uma campanha de sensibilização e protecção dos oceanos contra os plásticos, drones no ar, gastronomia de mar, e mais um sem número de iniciativas e eventos laterais preencheram a agenda. Para além do surf surfado, animação não faltou. Dia e noite!
8. O título mundial segue para o Havai. Mas não sem a pegada portuguesa ou mesmo europeia. Gabriel Medina, brasileiro, chegou à Europa fora dos lugares de topo. Jordy Smith era detentor da licra amarela antes de França, entregando-a a John John Florence para a prova portuguesa. Mas Medina venceu as duas etapas de forma inédita, apresentando-se quase como alvo a abater, mesmo sem o ser. Uma coisa é certa, após a vitória em Portugal, a mensagem foi só uma: tive que trabalhar bastante!
9. Terminou na passada 4ªfeira mais uma edição do MEO Rip Curl Pro Portugal. E não foi qualquer uma. Pela 9ª vez consecutiva, Portugal constituiu-se como palco por excelência para receber os melhores surfistas do mundo. É bom reviver o sucesso da organização portuguesa. Melhor ainda é constatar que todos – surfistas, espectadores, patrocinadores, parceiros e órgãos de comunicação social – voltam para casa emocionalmente preenchidos. Verdade seja dita: é um dos melhores eventos (e não falo só de Surf) realizados em Portugal. Parabéns a todos os envolvidos."

Felipe, Salmos 44 e 89

"Não admira a complacência bíblica perante a religiosidade posta em campo pelo Filipe.

Tal como um senhor doutor juiz da comarca do Porto (aquele que conquistou celebridade internacional graças à dimensão bíblica de uma sua sentença sobre questões familiares de pancadaria de trazer por casa), também um outro juiz do Porto, não da comarca mas da Associação de Futebol da mesma cidade, se viu no decorrer desta semana em altíssimos apuros teológicos quando foi chamado à prática da justiça em pleno estádio do Dragão, na ocorrência de um animadíssimo jogo entre os donos da casa e os seus vizinhos do Leixões, a contar para aquela coisa diabólica chamada Taça da Liga.
Para quem não sabe, a Taça da Liga é a mais recente prova oficial do calendário da bola nacional e vai este ano para a sua 10.ª edição. Significa que está, precisamente neste momento, a sair da infância e a entrar na adolescência. O FC Porto já esteve presente em duas finais mas não ganhou nenhuma, tendo vindo a ganhar apenas uma enorme aversão ideológica à dita competição. O próprio presidente do clube – a quem chamavam "o Papa", noutros tempos – excomungou a Taça da Liga numa noite inesquecível de 2012, depois de a sua equipa ser eliminada pelo Benfica numa meia-final disputada na Luz e excomungou-a com palavras terríveis: "Desta já estamos livres!", disse Pinto da Costa. E disse-o com tanta ênfase que, de facto, até parece que não podia ter encontrado melhor matéria para pôr à prova o atributo da sua divina infalibilidade.
Os críticos, sempre mordazes, e o público em geral têm feito desta alergia do FC Porto à Taça da Liga um bicho-de-sete-cabeças quando, na realidade, se trata apenas de mais uma coisa muito comezinha do nosso futebol. Tome-se o exemplo da Taça de Portugal, hoje considerada a prova- -rainha, que arrancou em 1939 e que o FC Porto só viria a conquistar pela 1.ª vez em 1956, depois de 17 anos a ver-se livre dela. Enfim, o que lá vai, lá vai…
Voltemos ao juiz da Associação de Futebol do Porto que esteve no Dragão na terça-feira passada. Chama-se Vasco Santos e foi acusado recentemente de ser "um padre" ao serviço da Catedral da Luz. Não admira, portanto, a sua complacência bíblica – "haveremos de pisar os que se levantam contra nós!" (Salmos 44) – perante a aprazível religiosidade posta em campo pelo jogador Felipe, do FC Porto, que vem desde o princípio da época exibindo um fervor ímpar, jogo após jogo, e que só por milagre lá vai conseguindo ficar em campo até ao fim dos 90’ de cada serviço. No desafio com o Leixões – que, por sinal, terminou empatado 0-0 –, o bom do Felipe lá fez o que quis dos adversários – "eu os derrubarei" (Salmos 89) – e voltou a sair em glória. Isto não é para quem quer, é para quem pode.

Cinco vezes o melhor do mundo
CR7, a alcunha que mais soa a fórmula química do que a poesia
Em 2013, quando regressou ao Chelsea depois de um périplo por Milão e Madrid, eterno provocador, entendeu José Mourinho que era o momento para ‘picar’ Cristiano Ronaldo, com quem não terá tido uma relação pacífica no Real. Numa entrevista à ESPN, o treinador português, recordando a sua passagem por Barcelona como adjunto de Bobby Robson e de Van Gaal, atirou: "Aos 30 anos treinei Ronaldo, não este, mas o verdadeiro…" sendo que o ‘verdadeiro’ era o brasileiro Ronaldo, o Fenómeno, e o ‘este’ era o português. Assistindo esta semana à entrega, pela quinta vez, do prémio de melhor jogador do mundo ao capitão do Real Madrid e da Selecção portuguesa, esteve o ‘verdadeiro’ Ronaldo na companhia de um argentino a quem chamaram ‘a mão de Deus’. Esta dupla duplamente de peso prestou homenagem a CR7, alcunha que mais soa a fórmula química do que a poesia, o que não deixa de ser apropriado. CR7 é o mais extraordinário produto que o laboratório do futebol alguma vez produziu."

Futebol precisa de autoridade

"O desprezo dado ao apelo feito pelo presidente da FPF no Parlamento não apanhou ninguém de surpresa.

O desprezo dado ao apelo feito pelo Presidente da Federação Portuguesa de Futebol no Parlamento não apanhou ninguém de surpresa: aqueles que andam há anos a incitar ao ódio e à discórdia dentro e fora de campo não podiam vir agora bater palmas a um qualquer projecto de regulação e concórdia. 
Não é imprescindível uma verdadeira autoridade no combate à violência no desporto? Não são fundamentais sanções mais duras para dirigentes e adeptos infractores? Não são ridículas as multas praticadas em Portugal nesta matéria? Claro que este apelo cai em saco roto junto daqueles que todas as semanas, religiosamente, fazem sair mais um comunicado ou um e-mail a levantar suspeitas sobre os homens do apito ou a procurar o confronto apaixonado e irracional da turba. Nada de novo!"

Cadomblé do Vata

"1. Caro Rui, o que se segue não é uma "fase", é uma "frase"... porra, mas o que é isto homem?
2. Tenho uma boa noticia: o Benfica já não me coloca à porta de uma consulta de cardiologia... tenho uma má noticia: levo tantas vezes as mãos à cabeça a ver o SLB, que quando os árbitros apitam para o fim dos jogos, estou mais despenteado do que o Robert Smith dos Cure.
3. Deixem-me que vos diga que a exibição do Svilar hoje, foi contraproducente para a evolução dele... se sem ter tocado numa bola profissional já era o Melhor do Mundo da Actualidade, depois das duas grandes defesas desta noite até é capaz de subir de posto e ser eleito o Melhor Guarda Redes do Plantel do Benfica.
4. Não quero estar aqui a dizer que o jogo do Benfica é lento e mastigado, mas... tenho dúvidas que o Thomas fosse assobiado se tivesse acampado no meio campo, a titular desta equipa.
5. Receber o Feirense e jogar com um meio campo constituído por Fejsa e Augusto seria cómico se não fosse triste... só espero é que o LFV tenha utilizado esta táctica dos dois trincos em casa, no cofre onde esconde os emails comprometedores, no dia em que a PJ passou a Catedral a pente fino."

A app de mindfullness de Rui Vitória, o Clonix de Seferovic, o rei Leónidas que há em Salvio (...)

"Svilar
Algumas defesas para a profile picture e um jogo de pés propenso a meter os pés pelas mãos. Acima de tudo, ele ou o seu encarregado de educação deverá escolher um equipamento de outra cor. Como se sabe, o amarelo representa luz, felicidade e calor, ou seja, uma série de atributos que definem o oposto a equipa em que Svilar joga. Não é preciso ser-se perito em moda para saber que vestir amarelo perante o futebol deprimente que o Benfica tem jogado está ao nível de aparecer para jantar em casa dos sogros com um daqueles fatos de treino que o presidente Vieira veste. A não ser que seja uma piada, não tem piada nenhuma.

André Almeida
Se André Almeida fosse uma técnica de tortura seria o garfo dos hereges - com um twist. A técnica consiste na colocação de um objecto de metal com duas extremidades pontiagudas colocadas entre o esterno e a garganta. O cansaço sentido pelo torturado leva a que este sofra múltiplas perfurações no pescoço. Isto não acontecia em Portugal desde a Idade Média, mas tem vindo a fazer algumas vítimas desde Agosto. O twist tem que ver com a evolução tecnológica que permitiu dotar esta técnica de um requinte maquiavélico. Para além de um objecto pontiagudo, é colocada uma televisão à frente do torturado, que, se quiser evitar o pior, deverá manter os olhos abertos e a cabeça direita enquanto assiste a um jogo do Benfica. A má notícia é que esta técnica não costuma matar, servindo antes para infligir sofrimento prolongado. A boa notícia é que já só faltam 7 meses para o final da época. 

Luisão
Vamos lá entender uma coisa. Se eu quiser ver idosos respeitáveis a darem o melhor de si, vou à página de Facebook do Centro Comunitário da Gafanha do Carmo, não vou ver jogos do Benfica. Com todo o respeito pelo nosso capitão, que mais uma vez se exibiu a um bom nível, chegando e sobrando para as encomendas.

Rúben Dias
Continua a ter uma ou outra abordagem aos lances em que não se percebe se é o próximo Mozer ou o novo Ricardo Rocha. Felizmente estamos em condições de afirmar que não será o novo King. E isso por si só já é uma vitória. Rapidez, qualidade de passe, ratice e raça em doses recomendáveis. Mais um bocadinho e daremos por nós a dizer: mal empregado.

Grimaldo
Nos dias que correm, ver a bola chegar a Grimaldo não é apenas a certeza de que a iniciativa do jogo estará assim a cargo de um dos poucos indivíduos competentes em campo. É também uma injecção vital de cafeína que nos mantém mais ou menos acordados, aliás, que nos permite sobreviver a mais 90 minutos deste Benfica 2017/18. É uma benção e uma maldição, já que muitos de nós prefeririam dormir. A objectividade no passe, a acutilância nas combinações, a inteligência e intenção reveladas em todas as incursões no meio campo contrário, assim como os elevados níveis de concentração nas tarefas defensivas, cada vez mais dão a entender que Grimaldo está no sítio certo à hora errada. 

Fejsa
A vida é como uma caixa de Filipes Augusto. Nunca sabes qual é que te vai calhar. Fejsa adaptou-se como pôde à ausência de Pizzi, mas principalmente à presença de Filipe Augusto em campo, assumindo várias vezes a responsabilidade por crimes que não cometeu. Acabou por não resistir à avalanche de erros e más ideias apresentadas pelos colega. Quando demos por ele estava sentado ao balcão a pedir o sexto whisky enquanto explicava ao empregado as circunstâncias da sua participação na guerra colonial.

Filipe Augusto
Princípio de Peter: num sistema hierárquico, qualquer funcionário tende a ser promovido até ao seu nível de incompetência. Princípio de Jorge Mendes: em princípio fico com 10%

Salvio
O futebol de Salvio é mais ou menos aquilo que aconteceria ao rei Leónidas se, depois de gritar We Are Spartans, fosse ele o único a avançar. Três adversários mais rápidos? Vamos, Meus Soldados! Zero linhas de passe? Para Cima Deles Sem Medo. Triangulações com André Almeida e Filipe Augusto? Ok, Isto Está A Ficar Complicado Mas Temos De Continuar A Acreditar. Carrega! Quando dá por si, Salvio olha para trás e vê que metade dos espartanos está no Facebook e a outra foi jantar.

Jonas
Decisivo, mesmo sem jogar grande coisa. Merecia outra noite para celebrar os 100 golos ao serviço do Benfica. Fez-me recordar aquela vez que apanhei uma gastroenterite na véspera do meu aniversário. Como esquecer? Tudo a cantar os parabéns e eu na casa de banho a fazer um Pollock. Enfim.

Seferovic
O futebol do Benfica já me obrigou a tomar Ultra Levur e Rennie algumas vezes, mas nunca tinha precisado de um Clonix.

Diogo Gonçalves
Hélder Conduto bem tenta justificar os erros do miúdo, mas fica difícil quando escolhe dizeres como “faltou frieza na definição do lance”, um tipo de expressão algo inconclusiva que nos dá a sensação de termos descoberto alguma coisa nova, uma nova leitura dos acontecimentos, apesar de não sabermos bem o que tudo isso significa - tal como Diogo Gonçalves.

Pizzi
Bons indicadores no seu segundo jogo de preparação. Precisa de mais ritmo, mas tem todas as condições para ser uma peça influente deste Benfica 2018/19. 

Jimenez
O suplente mais utilizado. [Isto parece um post do Pedro Mexia circa 2003.]

Krovinovic
Detentor de belíssimo toque de bola e co-responsável pela melhor jogada da partida, uma combinação com Diogo Gonçalves finalizada de modo deficiente por Filipe Augusto. Rui Vitória fez bem em colocá-lo em campo tão tarde. Não queremos ficar mal habituados.

Rui Vitória
Que outras apps de mindfulness recomendam para além da Headspace?"

Vermelhão: 3 pontos... insossos !!!

Benfica 1 - 0 Feirense


São 3 pontos, valem tanto como os outros, mas foram 3 pontos, num jogo com pouca intensidade, com muitos erros, pouca posse de bola... Podemos alegar que o calor sufocante não ajudou (final de Outubro com temperaturas de Verão!!!), podemos especular que os jogadores tinham a 'cabeça' em Manchester... podemos justificar com a boa organização do adversário, mas muito sinceramente a equipa não está bem...
E entre vários problemas, destaco a aparente capacidade física reduzida... o Seferovic que quando chegou ganhava todas as bolas divididas, agora não ganha uma carga de ombro!!!
Outro 'problema' (e este é muito difícil de explicar e de resolver!!!) aparentemente paradoxal é o Jonas!!! O Jonas continua a marcar golos, é o melhor marcador do Campeonato, mas o Pistolas perdeu velocidade e força esta época, os desequilíbrios que ele criava constantemente entre-linhas, 'desapareceram'... a entrada do Krovinovic para o lugar do Jonas, mudou totalmente a forma de atacar o Benfica, e em poucos minutos criámos várias oportunidades... Dito isto, além do golo, o Jonas efectuou o nosso remate mais perigoso e ainda assistiu o Digui na melhor jogada de ataque do Benfica!!!
O Jonas 'parece-me' que entrou na fase 'Nené'!!! Entrar nos últimos minutos, quando o jogo está mais aberto, os adversários cansados...
Isto pode parecer uma heresia, mas é o que eu vi no relvado... Qualquer tentativa de contra-ataque, quando o bola chega ao Jonas, o jogo pára... Qualquer disputa de bola, o Jonas perde...
Existem outros problemas estruturais, mas este é um deles...
O jogo começou bem, um golo num ressalto após uma bola parada (consequência do 1.ª remate perigoso... do Jonas), com o Jonas (o tal paradoxo!!!) a marcar... Mas depois o Benfica praticamente 'deu' a bola ao Feirense, que tem de facto uma boa 1.ª fase de construção, mesmo com alguns jogadores medianos...
E os ataques do Benfica escassearam... só voltámos a criar, perto do intervalo, noutro Canto e novamente pelo Jonas!!!!
A 2.ª parte não mudou muito... a única nota 'positiva' na forma como o Benfica defendeu, é que desta vez o Svilar só teve trabalho em remates de longa distância, dentro da área o Feirense só teve uma oportunidade na 1.ª parte... e as outras semi-oportunidades, até foram quase sempre após perdas de bola infantis do Benfica!!!
Portanto mesmo sem jogar bem, a bola esteve longe do Svilar (a excepção foram os Cantos...).
Com o avançar dos minutos, pareceu-me que o Feirense perdeu força, e as substituições, desta vez, correram bem ao Benfica... O Pizzi deu-nos mais posse de bola (mesmo com alguns erros) e o Krovi deu-nos velocidade e criatividade nos últimos 30 metros!!!
Além destas questões 'tácticas' nota para o apoio que veio das bancadas, que empurrou claramente a equipa vários 'metros' para a frente!!! Foi claramente um daqueles momentos onde os adeptos puxaram pela equipa...
Apesar da vantagem mínima, os últimos minutos não foram de 'sufoco', acabou por ser mesmo o Benfica a desperdiçar o segundo... em várias ocasiões!
Os melhores do Benfica, foram claramente os Centrais: Luisão e Rúben Dias...
O Grimaldo e o Fejsa tiveram hoje algumas perdas de bola inacreditáveis!!! Aliás, desconhecendo as opções para Manchester com os castigados Almeida e Luisão, será 'inteligente' usar o Eliseu na Terça!!!
O Digui foi o nosso principal desequilibrador (boas combinações com o Grimaldo...), o Filipe Augusto que tinha sido bastante assobiado na última vez que jogou na Luz, fez um jogo equilibrado, deu músculo ao nosso meio-campo, nota-se que o Filipe já se movimenta sem bola com mais 'sensatez', mas como é óbvio sem o Pizzi no meio, perdemos capacidade de construção ofensiva... Mas, num momento em que a equipa não está a 'ligar' o jogo, é mais 'prudente' apostar num esquema mais conservador...
Não houve lances polémicos, mas não posso deixar de notar que o Godinho mudou totalmente o critério disciplinar, o ano passado era um dos poucos árbitros que usava o mesmo critério do primeiro ao último minutos, agora já só mostra cartões nos últimos minutos...!!!

Agora, temos Manchester e depois Guimarães!!! Com todas as condicionantes, o jogo de Guimarães é mais importante, é preciso ser pragmático... e mesmo com o Guimarães a jogar mal e com resultados negativos, com o Benfica o jogo será 'outro'!!!
Jogava em Manchester com: Svilar; Douglas, Lisandro, Dias, Eliseu; Fejsa, Augusto, Salvio, Digui; Pizzi (Zivkovic ou Cervi), Jiménez.

A diferença entre viver e sobreviver

"Fernando Gomes, presidente da FPF, fez saber à Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto da Assembleia da República que são necessárias alterações legislativas para que o futebol português reentre nos carris. A violência verbal que marca recorrentemente o discurso dos principais clubes, o clima de ódio e intolerância instalado e a instabilidade criada em torno da arbitragem, dificilmente terão fim através do processo de autoregulação vigente. É preciso ir mais longe, com novas ferramentas legais que impeçam o caminho do abismo que está a ser trilhado. A rivalidade entre os grandes e a vontade de cada um deles ganhar tudo não serve de explicação para o estado a que as coisas chegaram.
Porque rivalidade e vontade de ganhar sempre existiram. Mas, mesmo em momentos mais delicados, houve sempre pontes que se construíram para tratar assuntos de interesse comum e fazer evoluir a indústria do futebol. Até ao momento presente, em que passou a vingar a política da terra queimada, da afronta, da acusação, do ódio e da intolerância. Fernando Gomes tem a razão do seu lado, o diagnóstico que fez é certeiro e as medidas para a cura apresentam-se exequíveis. Teve a coragem de dizê-lo, de não enjeitar responsabilidade de reconhecer que não dispõe, na FPF, de todos os instrumentos necessários ao tratamento.
Como se vai vendo que dos clubes não há muito a esperar, resta saber se da área do Governo e dos partidos vai surgir algum sinal, para além da conversa mole e da inércia habituais em quem não se quer comprometer e, mais do que viver, quer apenas sobreviver..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Os 'lobos' uivam

"Fernando Gomes, neste momento, está a tentar passar pelo lameirinho sem sujar as calças. No Parlamento, na quarta-feira, perante os deputados da Comissão da Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto anunciou que te na mente um pacote de medidas para que, pelo menos, se desanuvie o ambiente em torno do futebol. Mudar a filosofia bacoca da indústria nacional é mais difícil. Muito mais difícil. Impossível.
Nesta sua demanda, o presidente da FPF terá sujado um pouco as calças quando deixou reparos aos programas de comentário, que de desportivo nada têm, passados pelas televisões em horário nobre e que por alguns foi interpretado como um atentado à liberdade de expressão, um dos pilares básicos e fundamentais de qualquer democracia com o qual, diga-se, os dirigentes dos clubes convivem pessimamente. O problema aqui será o da regulação, uma vez que os ditos programas apresentam-se como de informação mas de informação nada têm. Salvo raras excepções, não passam de um encontro semanal de chefes de claque um bocadinho mais polidos - não no conteúdo, mas na forma.
E este problemas de regulação pode ser a génese da questão. Os conteúdos pornográficos, por exemplo, só passam a determinadas horas e com bolinha no canto do ecrã. E estes programas, não raras vezes, não passam de pornografia clubista.
A reacção dos clubes, tal como aconteceu após a publicação do artigo do presidente da FPF, foi a esperada. Aquilino Ribeiro escreveu, na década de 40 do século passado, um retrato pungente e magnífico da vivência das gentes beirãs intitulado Quando os lobos uivam. Foi o que se ouviu. Uivos mais fortes ou mais fracos, sabendo-se que os tais lobos - leia-se os grandes - querem todos a mesma presa: o título nacional.
Já perceberam porque é que a justiça desportiva deveria deixar de ser tutelada pelos clubes?"

Hugo Forte, in A Bola